FACULDADES INTEGRADAS DE CATAGUASES

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

GLACIAÇÃO E DINÂMICA BIOGEOGRÁFICA

DO PLEISTOCENO

 

 

 

 

 

 

 

Trabalho entregue pelo aluno Daniel Moraes a Professora Renata Barreto Tostes na disciplina de Biogeografia

Cataguases -MG

Outubro/2010

Brown, James H. -  FUNPEC-Editora,2006, p 691, 2° Edição;

 Lomolino, Mark V. -  FUNPEC-Editora,2006, p 691, 2° Edição

 

GLACIAÇÃO E DINÂMICA BIOGEOGRÁFICA DO PLEISTOCENO

 

Assim, como resultado da deriva continental durante o Fanerozóico, a Terra sofreu vários períodos de extensa glaciação. Ao longo da maior parte do Mesozóico e início do Cenozóico, o clima global era relativamente quente e uniforme, com poucas variações entre as estações ou latitudes.

De acordo com o registro paleontológico recente, esses eventos tinham profundos efeitos nas biotas terrestres e marinhas. A Cordilheira dos Andes sofreu glaciação, mas a maior cobertura de gelo foi no Chile e na Argentina. Em terra firme da Austrália não houve glaciação, exceto por uma pequena cadeia de montanhas em Vitória e na África apenas nas Montanhas Altas, do lado extremo sudoeste, e nas montanhas mais altas do leste.

Três características da órbita terrestre em torno do Sol mudam com o tempo, cada uma com uma periodicidade característica. Essas mudanças são denominadas de Ciclos de Milankovitch devido a seu descobridor.

Os climas equatoriais eram tropicais, como são hoje, mas os gradientes latitudinais na temperatura eram menos pronunciados e os climas terrestres eram geralmente mais homogêneos. Devido à alta capacidade térmica da água, a temperatura global dos oceanos variou apenas 2° ou3°Centre os períodos glaciais e interglaciais. Por outro lado a circulação oceânica e atmosférica mudaram substancialmente e a zonas climáticas se alteraram muito em latitude e altitude a cada seqüência climática.

A reconstrução resultante das temperaturas globais durante os últimos 2 milhões de anos revela que a Terra sofreu pelo menos dez períodos glaciais principais, (isto é, períodos durante os quais as temperaturas globais estavam pelo menos4°Cabaixo da temperatura interglacial atual). Nesses tempos, as geleiras do Ártico expandiram-se pelas pradarias e montanhas de latitudes médias na Eurásia e na América do Norte.

  Antes dessas reconstruções recentes e de alta resolução das temperaturas globais, os geólogos e paleontólogos reconheciam apenas quatro ou cinco ciclos glaciais durante o Pleistoceno, cada um deles identificado por evidências geológicas de suas extensões mais ao Sul da América do Norte ou na Europa.

Os ciclos glaciais-interglaciais do Pleistoceno acarretaram mudanças não apenas na temperatura, mas em regimes climáticos inteiros.

Um efeito importante, mas frequentemente ignorado, dos ciclos glaciais é que à medida que as zonas térmicas mudavam, novas combinações de temperatura, ventos prevalescentes, correntes oceânicas e precipitação criavam zonas climáticas sem análogas atuais.

Os dados paleoclimáticos também revelam uma forte associação entre eventos glaciais, circulação de monções e precipitação. As monções são controladas por um aquecimento solar diferencial da terra e do mar durante os verões quentes em latitudes tropicais e subtropicais. Devido a sua baixa capacidade térmica, a terra se aquece muito mais rapidamente do que a água. Massas de ar ascendentes sobre a terra criam ciclos convectivos que puxam as massas de ar oceânicas para o interior, causando forte precipitação de verão – a chuva de monções. Tanto as mudanças eustáticas quanto as isostáticas durante o Pleistoceno influenciaram fortemente a distribuição e a diversidade das biotas.Durante o início do Holoceno ( entre 12.000 e 10.000 anos atrás ), por exemplo ,o Vale de São Lourenço e os Grandes Lagos da América do Norte foram inundados com águas marinhas do Atlântico.

As mudanças climáticas associadas com a máxima glacial provocou a expansão generalizada das estepes, savanas e outros ecossistemas terrestres de cobertura aberta em detrimento de ecossistemas fechados, especialmente tropicais úmidas. Como resultado, os eventos do Pleistoceno criaram novos ambientes, nutrindo o desenvolvimento de novas comunidades, enquanto outras comunidades desapareciam. As zonas climáticas mudaram radicalmente, não apenas em localização e cobertura de área, mas também na natureza de suas características (isto é, combinações de temperatura, sazonalidade padrões de precipitação e condição do solo).

Devido aos tipos de vegetação superior ocorrerem nas proximidades dos picos mais estreitos das montanhas, a área total coberta por esses biomas flutuo muito ,causando extinções quando as populações estavam isoladas  em áreas montanhosas restritas.Nessas regiões montanhosas ,as oscilações de altitude variaram de 150 a 1.500 m entre os períodos glaciais e interglaciais e eram tipicamente muito mais rápidas do que as oscilações latitudinais.Apenas o sul da Nova Guiné ,Queensland no nordeste da Austrália, exibiu uma mudança excepcional e rápida de matas esclerofila para florestas úmidas entre o Pleistoceno Superior e 6.000 anos atrás.

Em décadas recentes, um novo tipo de dados fósseis tem sido utilizado para reconstruir a historia dos vegetais de uma complexa região: as zonas desérticas do sudoeste semi- árido e árido dos Estados Unidos. Ratos selvagens do gênero Neotoma são roedores abundantes em habitats xéricos.

Eles escondiam material de plantas em grandes despensas subterrâneas, que às vezes estavam protegidas em cavernas ou fendas nas rochas .Os restos dessas despensas tornam-se estruturas solidas denominadas middens e persistem por milhares de anos se conservados em ambientes seco.

 Já os Lagos pluviais em regiões árida, durante os períodos pluviais ,grandes lagos de água doce ou salinos se formaram nessas regiões por causa de uma combinação entre as baixas taxas de evaporação .Essa região desértica exibe uma topografia de bacias-e-cadeias, na qual muitas áreas baixas e achatadas (bacias) são interrompidas por cadeias isoladas de montanhas.

As mudanças eustáticas e isostáticas no nível do mar alteraram muito as oportunidades de troca biótica tanto para biotas terrestres, quanto para as marinhas. A troca biótica de organismos marinhos freqüentemente tendia a ser assimétrica ,dependendo  do tamanho e da diversidade de cada espécie do conjunto e também das correntes oceânicas ,além de outros fatores que influenciaram a dispersão.

 No entanto, muitas linhas recentes de evidências sugerem que essas evidências tropicais úmidas passaram por marcantes mudanças climáticas de modo que variaram muito quanto à sua distribuição dentro dos últimos 40.000 anos, algumas vezes sendo bem mais restritas do que são hoje. Dentro da Bacia Amazônica, que atualmente abriga a mais extensa e contínua floresta úmida do mundo, os pesquisadores encontraram centros de grande riqueza de espécies e endemismo relativamente alto tanto para plantas, quanto para animais.Haffer, por exemplo,identificou seis áreas principais nas quais 150 espécies de pássaros são estreitamente restritas.

                 A formação e o desenvolvimento de geleiras fragmentaram as amplitudes contínuas das espécies ao Norte, promovendo suas divergências evolutivas em santuários isolados. Por outro lado, o elevado endemismo dos antigos santuários glaciais pode ser decorrente, pelo menos em parte, da incapacidade de muitas espécies em invadir esses sítios.

A hipótese da matança excessiva pré-histórica ou pleistocênica afirma que os humanos foram os responsáveis pela extinção em massa dos grandes mamíferos herbívoros (acima de 50kg) e dos carnívoros e necrófagos que deles dependiam ,após o recuo das geleiras Wisconsianas.

             São várias as evidências que apóia esse cenário. Primeiro: evidências fósseis mostram que os humanos pré-históricos e os grandes mamíferos coexistiam nas Américas e que as pessoas caçaram os herbívoros extintos. Segundo: as extinções do Wisconsiniano Superior na América do Norte não eram aleatórias. Terceiro: os imigrantes da Beríngia e da Eurasia, incluindo caribus, alces, veados e ovelhas, conviviam melhor com os humanos do que as espécies nativas. Quarto:as extinções de grandes mamíferos parecem ter começado no Norte e depois sistematicamente em direção ao Sul.

            A eliminação da maioria dos grandes mamíferos e aves tem sido um dos mais importantes eventos da história relativamente recente das biotas terrestres. Não apenas esses próprios animais experimentaram reduções em suas populações e amplitudes geográficas, culminando em suas extinções, mas seus desaparecimentos também podem ter tido efeitos importantes em outras espécies.