Ginástica Laboral no período de Trabalho da Secretaria de Saúde de Itajaí

Bruna Regiane de Souza[1]

Sirlei Rodrigues**

George Saliba Manske***

Resumo

 

Este estudo teve como objetivo indentificar quais os motivos da adesão e nao adesão da ginastica laboral pelos funcionários da Secretaria de Saúde de Itajaí – SC do período vespertino. A amostra foi constituída por indivíduos de ambos os gêneros e com idades variadas. O método utilizado para produção deste artigo é a pesquisa de campo com caráter exploratório e abordagem qualitativa, foi um estudo do tipo transversal realizado no período de 12/03/2015 à 28/05/2015.

 

Palavras-chaves: Ginástica Laboral; Qualidade de vida; Educação Física e Saúde.

 

 

  1. 1.      Introdução

 

Pesquisas apontam que atualmente as empresas estão com maior preocupação no bem estar dos funcionários, sabe se que já existem empresas em grandes centros que adotaram um molde internacional de espaços diferenciados de relaxamento e descansopara sua equipe de trabalho, isso se da pelo fato de que a produtividade melhora.

Pode se dizer que a ginástica laboral surgiu como forma de trazer benefícios para trabalhadores de diversas áreas, evitando a LER (lesão por esforço repetitivo) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho)

Para Oliveira (p.2, 2006)

“A ginástica laboral é uma atividade desenvolvida por meio de exercícios específicos de alongamento, de fortalecimento muscular, de coordenação motora e de relaxamento realizados nos diferentes setores ou departamento da empresa, tendo como objetivo principal prevenir e diminuir os casos de LER/ DORT”.

Sendo assim, a Ginástica laboral na vida do trabalhador poderá além de trazer o bem estar em todos os aspectos proporcionar uma melhora no âmbito da produtividade profissional, passando a ser um investimento para a empresa e não mais uma despesa ou uma perda de tempo como a grande maioriaainda acha, na verdade a ginástica laboral deveria ser um procedimento de rotina fixa assim como são as questões de segurança e de reciclagem através de cursos e especializações como acontece nas empresas. 

1.1.   Problema de Pesquisa:

De que maneira pode se obter maior adesão dos funcionarios da Secretaria de Saúde de Itajaí.

1.2.   Objetivo Geral:

Indentificar quais os motivos da adesao e nao adesao da ginastica laboral pelos funcionarios da secretaria de saúde de Itajaí

1.3.   Objetivos Específicos:

  • Quais são as atividades que contribui para uma maior adesão da ginastica Laboral pelos funcionários da Secretária de Saúde de Itajaí.
  • Quais os motivos da não adesão dos funcionários da Secretaria de Saúde de Itajaí sobe a perspectiva dos mesmos.
  • Identificar se a inserção de atividades diferenciadas ajudam na melhor adesão dos funcionários da Secretaria de Saúde de Itajaí.
  1. 2.      Revisão da Literatura

 

2.1  Ginastica Laboral

 

Antes da era Industrial, os homens tinham uma carga horária de trabalho que exigia muita força braçal, com o passar dos tempos e com a Revolução Industrial isso mudou, saíram os homens e entraram as máquinas. “Surgindo, então, as administrações do trabalho, devido ao crescimento das indústrias, dando origem à produção em série, às linhas de montagem e à produção em massa” (FAYOL, 1964 apud POLITO, 2006,). Algo que ilustra bem esse cenário é o filme do Charles Chaplin “Tempos Modernos”, o qual mostra que após uma jornada de trabalho exaustiva com movimentos repetitivos, ele continuava a fazer os mesmos movimentos. “Isso mostra que com a produção em série os funcionários se especializam em uma atividade, ocasionando uma monotonia dos movimentos repetitivos” (POLITO, 2006).

Os primeiros relatos da Ginástica Laboral são de 1925 na Polônia onde é conhecida como Ginastica de Pausa. “Na Rússia, 150 mil empresas envolvendo 5 milhões de funcionários, praticavam e ainda praticam a Ginástica de Pausa, adaptada a cada cargo” (CAÑETE, 1996 apud POLITO, 2006).  Mas a Ginástica Laboral surgiu mesmo no Japão em 1928, onde os funcionários do Correio praticam diariamente, tendo como objetivo principal a descontração e o cultivo a saúde.

Após a Segunda Guerra Mundial, este hábito foi difundido por todo o país e, atualmente, um terço dos trabalhadores japoneses exercitam-se diariamente, tendo obtido como resultados, em 1960, a diminuição dos acidentes de trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores. (CAÑETE, 1996 apud POLITO, 2006).

No ano de 1960, França, Bélgica e Suíça também adotaram a GL e começaram a realizar pesquisas quantitativas e qualitativas, em busca dos benefícios da prática.

Segundo Sharcow (apud CAÑETE, 1996 apud POLITO, 2006) “o ser humano nasceu para movimentos globais, e as condições de trabalho atuais, com alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza humana”.

Nos últimos anos a GL teve um grande crescimento no país, alcançando assim um reconhecimento dos profissionais das empresas, que começam a vê-la como algo muito importante na qualidade de vida no trabalho e na promoção da saúde.

A GL pode ser classificada de acordo com os horários (preparatório, compensatório e relaxante) de execução e quanto ao seu objetivo (preparatória, compensatória, corretiva e de conservação ou manutenção).

Oliveira (1998 apud MACIEL, 2008) “a LER/DOR não é uma doença aguda, que se desenvolve durante o exercício profissional, e o quadro sintomatológico progride, às vezes, irregularmente”.

“A origem das LER/DOR pode ser atribuída a vários fatores que desencadeiam o processo inflamatório das estruturas musculoligamentares, esses fatores podem ser divididos em: Stress Psicológico, Fatores Psicossociais e Fatores Ergonômicos”. (LYM e CARYON, apud OLIVEIRA, 1998 apud MACIEL, 2008).

De acordo com Couto (1997 apud MACIEL, 2008),

A prevenção e o controle da LER/DOR é algo muito complexo, pois exige uma mudança tanto nas condições e organização do trabalho, quanto da visão do empresariado sobre o assunto, e também do estilo de vida das pessoas.

Segundo Grandjean (1998, apud LIMA, 1969), “a ergonomia é definida como a ciência da configuração de trabalho adaptado ao homem”. “Tem como objetivo melhorar o método do trabalho, transformando condições primitivas dos postos de trabalho, por meio das devidas adequações para que o ser humano possa executar suas tarefas com segurança, conforto e eficiência”. (LIMA, 1969).

2.2  Qualidade de Vida

 

Qualidade de vida é um tema que esta sendo tratado de maneira bastante evidenciada, pois existem maneiras diferentes de conceituar esse termo. Para De Marchi (p. 3, 1997) qualidade de vida “é estar saudável, desde a saúde física, cultural, espiritual até a saúde profissional, intelectual e social”.

Já Prestes Rosa apud Vieira et al (1996)diz que a qualidade de vida é a busca da melhora dos processos de trabalho, os quais  precisam ser construídos não só para incorporar novas tecnologias, como para aproveitar o potencial humano, individual e em equipe”.

O termo qualidade de vida tem uma estreita ligação com trabalho, vários estudos apontam que um aspecto de se obter qualidade de vida dentre muitos fatores o trabalho é um dos primeiros a ser apontado pois a vida pessoal e profissional estão muito ligadas, já que algumas pessoas passam maior parte do tempo do dia no trabalho do que em casa.

Já existem termo de Qualidade de vida no trabalho usado como um termo genérico  que  engloba temas como motivação, satisfação, condições de trabalho, stress, estilos de liderança, dentre outros. Há pontos positivos e negativos que estão diretamente relacionados a estes fatores e estão diretamente ligadas ao trabalho (SILVA, 1999).

De Marchi (1996), aponta que as empresas que almejam estar dentre as melhores do mercado precisão investir cada vez mais nas pessoas, ou seja,possibilitar aos funcionários um bem estar, e maior qualidade de vida  torna se um investimento para a empresa possibilitando que o mesmo melhore sua produtividade e satisfação no âmbito do trabalho.

A qualidade de vida abrange todos os aspectos da vida humana, geralmente é vista como um resultado de hábitos saudáveis, satisfação na vida pessoal, e profissional, porém a qualidade de vida poderá ter um conceito bem pessoal, pois pode ser atribuído a fatores, desejos e gostos de cada um, o que poderá ser qualidade de vida para uma determinada pessoal poderá não ser para outra e assim sucessivamente.

 

2.3  Educação Física e Saúde

Assuntos como praticas corporais, qualidade de vida, bem estar, e promoção de saúde são temas recorrentes e estão sendo discutidos pelos mais variados profissionais, e a inclusão do profissional de educação física na área da saúde, é algo muito novo e que precisa ser bem orientado para que não se reproduza um modelo biomédico onde passamos ao invés de promover saúde, prevenir doenças.

Para Da Ros, Vieira e Cutolo (2005) existe uma confusão entre promover saúde e prevenir doenças, que vem sendo afirmado pela OMS onde diz que promoção de saúde esta além da prevenção de doenças, pois a prevenção trata de uma doença especifica os objetos de estudo são opostos onde um discute doença e a outro à saúde.

O conceito de promover saúde vem sofrendo mudanças ao longo dos anos na década de 40 através de Sigerist (1946) era vista como uma das tarefas essenciais do campo da saúde. Na década de 60 veio a tona com o conceito positivo de doença no sentido de incentivar a prevenção das doenças, através do estimulo de hábitos e comportamentos saudáveis (Buss 2003) atualmente Da Ros, Vieira e Cutolo (2005)pontuam a promoção de saúde como um amplo processo social e político, que não engloba apenas as ações dirigidas para fortalecimento das habilidades e capacidades dos indivíduos, mas também das ações direcionadas para mudanças nas condições sociais, ambientais e econômicas, de forma a aliviar seu impacto sobre a saúde publica e individual.

Ao contrário da grande maioria dos profissionais da saúde o educador físico tem como já traz no nome, a palavra educador o que nos possibilita educar o individuo, ou seja, o assunto que nos compete, pode chegar a população como forma de educação e não como algo de proibição ou mudanças de hábitos radicais, como uma pedagogia do susto como afirma Da Ros (2000).

Atuar nas unidades de saúde pode ter sido uma grande conquista, porém o desafio maior do profissional de educação física é conquistar melhorias da população em geral, utilizando a atividade física como tática para alcançar o objetivo que se deseja em saúde e não como alvo de nossos esforços.

Ao longo dos anos usa se uma concepção positivista do processo saúde doença pela fragmentação, pela negação do social, do psicológico, tratando o ser humano como sendo somente biológico e um ser fragmentado, essa concepção trazida por Flexner 1910 perdura até os dias de hoje. Onde muito se vê a ideia que ter uma vida saudável como estando limitada a um corpo sadio, e crendo que saúde é não estar doente. Assim como ver na pratica corporal uma atividade mecânica (como: andar, correr, nadar, fazer ginástica) e não o se movimentar que pressupõe conhecer limites e possibilidades na dimensão física, biológica, fisiológica, mas também intelectual da pessoa, como afirma Carvalho (2002).

Muito se critica a postura biomédica, porém no inicio da formação acadêmica começa uma ênfase para disciplinas biológicas, fisiológicas como sendo de maior importância na formação, percebe se que os acadêmicos em uma aula pratica estão sem a vestimenta adequada e muitas vezes é permitida a participação, porém no laboratório de anatomia são barrados se não estejam vestidos adequadamente. Ou seja, é preciso o aluno ter uma postura onde trata as disciplinas com igual importância.

Da Ros, Vieira e Cutolo (2005) sugere um novo conceito de saúde que busca uma vida mais prazerosa, com objetivos coletivos e solidários, tentando colaborar para modificar de fato a forma que as pessoas estão se relacionando com a vida e com a sociedade.

  1. 3.      Metodologia

O presente estudo é caracterizado como pesquisa de campo com caráterdescritivo e abordagem qualitativa. A pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente relevantes para ulteriores análises (RUIZ, p.50, 1976).De acordo com Gil (2008 apud SANTOS, p.2, 2009), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência.

A pesquisa qualitativa deve ser usada quando se deseja entender detalhadamente porque um indivíduo faz determinada coisa, [...] é usada para identificar a extensão total de respostas ou opiniões que existem em um mercado ou população. [...] a pesquisa qualitativa é frequentemente descrita como sendo essencialmente indutiva em sua abordagem. (MORESI, p. 69, 2003).

Pesquisa realizada na Secretária de Saúde de Itajaí, localizada na R. Leodegário Pedro da Silva, 300 - Barra do Rio, Itajaí – SC, realiza mais de 300.000 atendimentos de pessoas do município e de cidades vizinhas. Os principais serviços da secretaria são: consultas médicas e tratamentos, atendimentos de enfermagem, visitas domiciliares de agentes comunitários de saúde, vigilância sanitária e epidemiológica, exames de laboratório, como ressonância magnética, ultrassonografia, endoscopia e tomografia, entre outros. Sua estrutura divide-se em: Diretoria de Atenção a Saúde, Diretoria de Vigilância Sanitária, Diretoria e Setor Administrativo, Unidade de Pronto Atendimento 24horas, Unidades de Atendimento a População e Unidades Farmacêuticas e Assistenciais (SITE DA SECRETARIA DE SAÚDE).

Como instrumento foi desenvolvido e aplicado um questionário contendo 06 questões fechadas e 1 questão aberta, das quais abordavam (idade, gênero, importância da Ginastica Laboral, etc.). Segundo Perrien (1986), os questionários normalmente levantam informações sobre o posicionamento demográfico, tais como idade, grau de escolaridade, atividade, renda, etc.; e o estilo de vida, traduzido sob os aspectos de atitudes, interesses e opiniões.

De acordo com Minayo (1993, p: 100)

[...] Um diário de campo é caracterizado, desta maneira: “[...] constam todas as informações que não sejam o registro das entrevistas formais. Ou seja, observações sobre conversas informais, comportamentos, cerimoniais, festas, instituições, gestos, expressões que digam respeito ao tema da pesquisa. Falas, comportamentos, hábitos, usos, costumes, celebrações e instituições compõem o quadro das representações sociais”.

A amostra foi constituída por indivíduos de ambos os sexos com idades entre 18 e 67 anos. Os funcionários eram abordados de acordo com a disponibilidade e voluntariedade para a realização da prática, as práticas foram realizadas no próprio setor dos funcionários, a pesquisa teve um total de 9 intervenções práticas, que foram divididas de acordos com os objetivos propostos no plano semestral que tiveram como base a literatura.

A ginástica é composta por exercícios físicos, alongamentos, relaxamento muscular e flexibilidade das articulações, e é uma prática coletiva, promovendo a descontração e interação entre os colegas de trabalho. Além disso, ela age psicologicamente, ajudando a aumentar o poder de concentração e motivando-os em sua auto-estima (ARAÚJO, 2010).

As intervenções foram realizadas todas as quintas-feiras no período vespertino, na ultima intervenção, após a prática foi aplicado um questionário com os funcionários dos setores. A coletade dados foi realizada nos dias 12/03/2015 à 28/05/2015.

  1. 4.      Analise de Dados

 

Decorrente das respostas obtidas através do questionário aplicado, e das observações através do diário de campo, podemos identificar os motivos pelos quais se obteve maior ou menor adesão da pratica da laboral na secretaria de saúde de Itajaí.

Os questionários foram aplicados no ultimo dia de intervenção, após a intervenção prática os funcionários respondiam os questionários. Os quais continham questões fechadas e abertas, os resultados obtidos com o questionário nos mostram que 61% dos praticantes da Ginastica Laboral da Secretaria de Saúde de Itajaí são do sexo feminino e 39% são do sexo masculino. Isso pode nos mostrar que a prática tem uma maior adesão pelo publico feminino, isso pode ser também uma consequência dos funcionários a maior parte ser desse gênero.

A primeira questão do questionário é referente à prática de alguma atividade física fora do ambiente de trabalho, dos 64% que realizam alguma pratica, relatam que participam nas academias, caminham com amigos, etc. 36% que não participam é porque não tem tempo, por causa da correria do trabalho. Dos que participam 55% realizam a prática pelo menos 2x por semana.

Quando perguntados há respeito da ginastica laboral foram unanimes na resposta, 100% dos funcionários gostam da prática e acham ela muito importante na melhora do rendimento do trabalho.

A penúltima pergunta era a respeito da melhora dos resultados, todos os funcionários responderam que os resultados obtidos com a pratica da ginastica laboral seriam muito melhor se esta fosse uma pratica diária.

A última pergunta foi uma questão aberta onde eles poderiam fazer sugestões para posterioridades e critica, estavam livres, pois não precisavam por nomes, e a respostas foram bem satisfatórias, a maioria gostariam que continuassem a prática, que não houvesse uma pausa que fosse algo continuo, e que principalmente adoraram todas as intervenções.

Isso também pode ser confirmado através das intervenções, onde os funcionários sempre relatavam tudo isso que foi firmado novamente nos questionários.

Um dos motivos da adesão dos funcionários da secretaria de saúde de Itajaí foi a música. Para Saba (2003 apud MOURA et al, p. 3, 2007), a música durante a atividade é considerada um fator desinibido do desconforto psicológico que a prática em locais públicos pode causar em alguns. Já Miranda (2001 apud MOURA et al, p. 4, 2007) cita que a música também pode beneficiar o esforço, aumentando a motivação ou agindo como um elemento de distração do desconforto. Relacionando com as intervenções, e após relatos dos funcionários [...] a música faz com que o ambiente sério do trabalho fique mais descontraído, as pessoas se divertem mais na realização dos exercícios (DIARIO DE CAMPO, 09/04/2015).

Outro motivo que motivou os funcionários na prática das intervenções foram o materiais levados, que servia como auxilio na execução dos exercícios. Venâncio e Carreiro (2005, apud SEBASTIÃO; FREIRE, p. 2, 2009), descrevem atividades como ginástica artística e lutas, nas quais a utilização de materiais é indispensável. Com a pratica, concluímos que a utilização dos materiais contribuiu para o bom andamento da aula, havendo assim um maior interesse e curiosidade, despertando uma expectativa em relação as próxima intervenções, isso fez com que as aulas fossem cada vez mais elaboradas e diversificadas,com  a utilização de bolas de pilates, bolinha de tênis, corda, bastão, entre outros. “[...]exercícios habituais que são feitos em academias ficam mais fáceis com a ajuda da corda” (DIARIO DE CAMPO, 30/04/2015). “[...] adoramos, os exercícios realizados com o auxilio dos bastões, principalmente a massagem”. (DIARIO DE CAMPO, 23/04/2015). Ouve intervenções que o próprio material habitual de trabalho foi auxilio para a realização dos exercícios, foi uma intervenção onde os exercícios foram realizados sentados “[..] foi algo divertido e dinâmico, é algo que podemos realizar todos os dias. (DIARIO DE CAMPO, 21/05/2015).  

Um dos motivos que alguns setores não aderirão a pratica foi à correria do dia a dia. Para Lima (2008, apud), é uma ginástica com duração aproximada de 10 minutos e realizada durante a jornada de trabalho. Interrompe a monotonia operacional, com a realização de exercícios específicos de compensação para esforços repetitivos ou estruturas sobrecarregadas, e as posturas solicitadas nos postos de trabalho. A ginástica laboral tem objetivos bem específicos que pode ser de maneira terapêutica como de prevenção da saúde do trabalhador, estudos indicam uma redução de gastos na saúde publica, com a prática, além de melhora no desempenho das atividades exercidas pelos funcionários.

O ambiente de trabalho, tende a ser um local onde há uma necessidade de se ter certa seriedade, e até mesmo uma tensão, é ai que a ginástica laboral entra, além de beneficiar em muitos aspectos, propicia relaxamento e motivação para o trabalhador tanto no trabalho como  na vida pessoal. “[...] os setores não participam é porque frequentemente há atividades extras palestra, reuniões, celebrações e etc.” (DIARIO DE CAMPO 09/04/2015, 16/04/2015 e 23/04/2015). Isso foi algo recorrente durante nossas intervenções, algo que aconteceu em vários momentos. Segundo Lazarus (1995, apud PASCHOAL, p.3 2004) e Lazarus e Folkman (1984), a simples presença de eventos podem se constituir como estressores em determinado contexto. Os funcionários também alegavam que a pratica não interessava a eles pois não havia uma continuidade do projeto e a tinha pouca duração.

A correria do trabalho foi um fator muito citado pelos funcionários para a não adesão de vários setores no decorrer das intervenções, o horário das intervenções também foi algo que influenciou nesse aspecto, pois relatos dos funcionários dizem que “[...] o período vespertino é muito corrido para os funcionários, são reuniões, atendimento, congressos dentro e fora da secretaria, por isso há menos funcionários nesse momento” (DIARIO DE CAMPO 30/04/2015).

Considerações finais:

Podemos concluir baseados nas evidencias adquiridas em campo que a um longo caminho a ser percorrido a respeito da ginástica laboral na vida do trabalhador, em especifico do trabalhador da secretaria da saúde, pode se dizer que há vários fatores determinantes para a adesão e não adesão da pratica da laboral.

A baixa adesão se deu pelo fato das intervenções ocorrerem no período da tarde, onde a rotina de trabalho já seguia um ritmo, e pelo grande volume de trabalho que a maioria tinha em alguns setores, e também pelo fato de pontuarem que esse trabalho não tinha uma continuidade.

A adesão se deu pela preocupação dos participantes em relação à consciência corporal, qualidade de vida, descontração, promoção de saúde, além de envolvimento com a musica o que os deixava motivados a fazer a pratica, outro ponto positivo foram os materiais utilizados nas aulas.

            Diante dos dados resultantes das vivências adquiridas em campo, o que se pode perceber é que há necessidade de um trabalho continuo e regular da ginástica laboral com essa população para que possa ter redução em casos de LER e DORT, aumento da produtividade, maior motivação, melhora na autoestima e consequentemente uma maior qualidade de vida para esses trabalhadores.

Para se obter melhora na participação e conscientização desses trabalhadores para a pratica da ginástica laboral, precisa-se de uma regularidade na construção desse processo, para que os mesmos já venham preparados para aula, além de aulas que motivem a pratica, bem como, programas que possam promover a saúde do trabalhador.


 

Referências

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CARVALHO, Yara M. Praticas corporais e comunidade: um projeto de educação fisica no centro de saúde escola Samuel B. Pessoa (Universidade de São Paulo). 63-72p, 2002.

DA ROS, Marco Aurélio; VIEIRA, Ricardo Camargo; CUTOLO, Luiz RobertoAgea. Educação fisica – entre o biológico e o social. Há conflito nisto?.Motrivivência, 107 – 117 p, jun./2005

DE MARCHI, Ricardo; SILVA, Marco Aurélio Dias da. Saúde e qualidade de vida no Trabalho. São Paulo, Editora Best Seller, 1997.

FREITAS, Fabiana Fernandes de; CARVALHO, Yara Maria de; MENDES, Valéria Monteiro. Educação física e saúde aproximação com a “clinica ampliada”. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v.35, n.3, p.639-656, jul./set. 2013.

LIMA, Valquíria de. Ginástica Laboral: Atividade Física no meio do Trabalho. São Paulo: 3ª ed.: Phorte, 349 p. 1969.

MOURA, Nicole Lopes; GRILLO, Denise Elena et al. A influência motivacional da música em mulheres praticantes de ginástica de academia. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo: v. 6, n. 3, p.103-118, 2007.

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MACIEL, Marcos Gonçalves. Ginástica Laboral: instrumento de produtividade e saúde nas empresas. Rio de Janeiro: Shape, 279 p, 2008.

MENDES, Ricardo Alves. Ginástica Laboral: Princípios e aplicações práticas. Barueri – SP: 2ª ed.: Manole, 216 p, 2008.

MINAYO, Maria Cecília de S. O Desafio do Conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 2ª ed. SP: HUCITEC/ RJ: ABRASCO, 1993.

OLIVEIRA, João Ricardo Gabriel de. A prática da ginástica laboral. Rio de janeiro: Sprint, 2006.

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Acessado: 17 de junho de 2015 às 22h30min



[1] *Acadêmica de Educação Física Bacharelado – Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

[email protected]

**Acadêmica de Educação Física Bacharelado – Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI

[email protected]

*** Professor e Orientador da Disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física na Universidade do Vale do Itajaí

[email protected]