O modo como as pessoas dirigem  negócios sofre influências de suas experiências, formação curricular,  talento, mas principalmente de sua vocação para desbravamento de mercado.

A pessoa com  perfil empreendedor é arrojada, tem gosto pelo risco, é extremamente ativa, está sempre em busca de novas fronteiras e barreiras a serem superadas. Apresenta novos projetos, debate-os, está sempre em movimento, questionando, perguntando, apresentando possibilidades, avançando com as propostas e desistindo.

Quando muito arrojadas, pelos debates que gera, passa de gênio a louco e de louco a gênio em curtos espaços de tempo.

Pude observar  profissionais extremamente empreendedores que desenvolveram fantásticos projetos, mas também alguns desastres.

O gestor com perfil administrador é bastante cauteloso, avesso ao risco, busca manter a ordem e o ritmo dos negócios, procura inovar e explorar o mercado sem  tanta agressividade.

Ninguém é totalmente empreendedor ou administrador, todos nós  temos um pouco de cada uma dessas características, o que ocorre é que  uma pode se destacar mais que  a outra definindo o perfil.

Uma empresa necessitando ser sacudida para melhorar os resultados pode  ter dificuldades de adicionar à equipe esse perfil e aceitá-lo se o principal gestor tiver característica puramente administrativa.

Para uma organização   em constante crescimento  com  vocação para o risco o perfil empreendedor  sugere adequação, contudo não tendo empresa  um histórico dos mais arrojados, o administrador poderia atender melhor.

Não seria mais indicado para a empresa estacionária um perfil empreendedor de forma a torná-la mais competitiva?

A questão  é a quem responderá este profissional?

É importante lembrar que o empreendedor incomoda positiva e negativamente, pois estará o tempo todo debatendo, desenvolvendo projetos  e quer vê-los implantados.

Escolher o perfil adequado não é tão simples, é importante  observar alguns  aspectos:

Qual exatamente é o projeto da empresa?

Que perfil os gestores consideram adequado e esperam agregar ao grupo?

Como será avaliado esse profissional?

Qual a disposição para debater as discordâncias?

É comum encontrarmos gestores empreendedores que agregam ao grupo profissionais com perfis parecidos com os seus, mas tem dificuldades de manter em bons termos o relacionamento, aceitar sugestões, debater, impedindo com isso a continuidade dos contratados.

Empreendedores centralizadores têm uma tendência maior a contratar colegas administradores, evitando com isso choques, mas também se ressentem de não ter profissionais com quem possam  debater as avalanches de idéias com as quais convivem.

Imaginem um profissional 99% empreendedor  trabalhando  com alguém que lhe dissesse o tempo todo: “Pode fazer o produto que quiser desde que seja redondo e azul”.

O  perfil administrador pode completar  o empreendedor, muitas vezes a pessoa mais arrojada precisa falar, ser ouvida e gosta de opiniões que   o ajudam a refletir, confirmando  ou refutando  suas teses.

Quando for contratar não deixe de avaliar o perfil que o ajudará na sua empreitada, analise seriamente a sua disposição de aceitar opiniões e ser contestado.

Nesse sentido Domenico de Massi faz uma observação contundente:

Muitas empresas após ter selecionado pessoas medíocres, desde que dóceis, e depois de lhe terem sufocado qualquer vislumbre de audácia sob um amontoado de procedimentos e controles, sentem a necessidade de revitalizar a criatividade dessas pessoas.

É como se eu gostasse de mulheres louras, mas desposasse uma morena e depois as levasse ao cabeleireiro para oxigenar os cabelos.

Adicionar competência é totalmente diferente de adicionar concordância.

 

 

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

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