Gestão planejada e qualidade dos serviços

A gestão do sistema de saúde, caracterizada pela complexidade das interrelações, marcada pela diversidade dos interesses, induz a mudanças de ordem política, organizacional e operacional dos serviços de saúde.
Neste sentido, o planejamento estratégico, a fim de promover a integralidade das práticas dialógicas, proporciona à população serviços de saúde com qualidade, eficácia e eficiência.
A dinâmica do planejamento da "Gestão Participativa" contempla a relação entre os sujeitos profissionais, gestores e usuários dos serviços de saúde, permeada pelo estabelecimento de metas, conforme o diagnóstico das necessidades, configurando uma nova forma de administrar voltada para a qualidade de gestão, estabelecendo o fortalecimento da autonomia dos usuários nos processos decisórios relacionados à saúde.
Esse novo modelo de gerenciamento demanda a superação da dicotomia imposta pelo contexto hegemônico. Deste modo, surge novo paradigma de cuidados à saúde, que privilegia a promoção da saúde, o bem-estar do indivíduo, e não a prática do curativismo imediatista do modelo hospitalocêntrico.
Dentre os desafios enfrentados, conforme André (2006, p. 34), "enfrenta o de responder aos anseios da comunidade, utilizando-se dos recursos disponíveis", sendo necessária a adequação equânime, minimizando as desigualdades sociais, em razão do princípio ético da beneficência. Para isso, faz-se necessário desenvolver, de um lado, a habilidade de liderança e coordenação, incentivando parcerias intermunicipais e viabilizando a rede interligada de serviços de saúde e, de outro, a administração dos conflitos gerados pela diversidade de interesses e de perspectivas dos parceiros.
Outro aspecto importante é o alinhamento estratégico e operacional do processo de Programação Pactuada e Integrada ? PPI, pactuação realizada entre os gestores, de forma transparente com objetivos de estabelecer o fluxo assistencial das redes regionalizadas e hierarquizadas de serviços e o percentual financeiro de cada município para o atendimento da população, relacionado aos serviços não disponíveis na localidade, principalmente de média e alta complexidade, garantindo assim, o acesso "universal" a todos os usuários do sistema.
Deste modo, o papel do gestor torna-se uma peça imprescindível ao planejamento estratégico, bem como à democratização da saúde pela visão compartilhada, possibilitando a participação e manifestação de opinião dos envolvidos nos processos de decisão relacionados à saúde.
Por outro lado, o procedimento de designação para o cargo de gestor, na grande maioria das vezes, não se dá por mérito, mas sim, pelas relações de amizade mantidas com o superior, denominadas como "de confiança", ou com políticos, que fazem a indicação ao cargo.
Portanto, a implementação do processo de educação continuada é imprescindível à qualidade e essencial a todos os integrantes, inclusive os usuários do sistema de saúde, conforme a atribuição e cargo de cada um. Cabe à equipe de enfermagem a implementação de oficinas com os usuários do sistema de saúde, a fim de orientar, prestar esclarecimentos, incentivar as práticas de autocuidado e prevenção de doenças.
Concluímos que o processo de gerenciamento se torna mais transparente e eficiente, quando a participação social é incentivada pelos gestores e as atribuições são compartilhadas, possibilitando melhor adequação dos objetivos às necessidades identificadas.


Referência
ANDRE, Adriana M. Competências para a gestão de Unidades Básicas de Saúde: percepção do gestor. 2006. 177f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) ? Universidade de São Paulo ? USP, São Paulo. Disponível em:< http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7131/tde-29032006-101242/pt-br.php>. Acesso em 25 mai. 2011.

Valéria de A. Vieira