Sabe-se que o enfoque sócio-econômico sobre um assunto resultaria em análise ampla e abrangente. Cabe nesse trabalho, estudar as ações realizadas pelaArcelorMittal Tubarão para controlar a geração de resíduos sólidos no processo industrial, bem como os avanços que se tem alcançado na elevação da reutilização, destinação adequada e os benefícios sócio-econômicos dessas ações.

O trabalho de pesquisa foi idealizado a partir da formulação do problema: Os objetivos passam pela apresentação da ArcelorMittal Tubarão, sua Gestão Ambiental, tecnologias utilizadas, a Gestão de Resíduos, as unidades produtivas e suas gerações, as formas de reutilização, comercialização, doações e, finalmente, os resultados sócio-econômicos.

Percebe-se com facilidade que a deterioração do meio ambiente é um fato presente à realidade contemporânea. Porém, através das exigências legais respaldadas pelos apelos da sociedade, as empresas passaram a investir em controle ambiental.

Nos últimos anos, além da preservação e racionalização dos recursos naturais, as empresas vêm trabalhando para reduzir a poluição com reflexos positivos na qualidade de vida dos trabalhadores e comunidades adjacentes.

Torna-se estratégico, portanto, para as usinas siderúrgicas, evoluir o Sistema de Gestão Ambiental complementando-o com um Programa de Gestão de Resíduos, cuja ênfase deve ser dada à uma postura proativa, antecipando-se às exigências legais, às organizações não governamentais e à sociedade, com possibilidades de ganhos econômicos.

A reutilização/comercialização do que for gerado no processo produtivo passa a ser encarado como um negócio, podendo ainda, se bem explorado, elevar a imagem dentro e fora do país, tornando-se um desafio e diferencial competitivo.

O objetivo final é conhecer o resultado dos benefícios para a sociedade e empregados, receita obtida com vendas e outros. Pode-se considerar que o processo siderúrgico é bastante gerador de resíduos e a pesquisa verifica e conclui que é possível, trabalhando com competência, investindo em tecnologia e capacitação e determinando uma política voltada para o desenvolvimento sustentável, conquistar resultados surpreendentes e buscar outros ainda melhores.

Determinar até que ponto a reutilização/ comercialização de resíduos sólidos trazem benefícios sócio-econômicos para a ArcelorMittal Tubarão, proporcionar um maior desenvolvimento sustentável e promover para gestões futuras este desenvolvimento.

O aprendizado sobre as questões ambientais vem evoluindo progressivamente em importância nos últimos anos. Torna-se relevante para esse estudo o interesse pessoal na área de meio ambiente, a importância em educar e formar opiniões, influenciando no processo de educação ambiental. Como relevante ainda se tem as informações a serem disponibilizadas de parte de um processo de gestão de uma grande empresa no parque industrial siderúrgico nacional e internacional. A argumentação teórica passa pela evolução da consciência ecológica, a gestão proativa, as regulamentações e estratégias para solucionar problemas de geração de resíduos industriais.

Durante muito tempo, a sociedade permaneceu adormecida não abrindo os olhos para os abusos que se Impunham à natureza, como se ela fosse uma fonte inesgotável de recursos. Todavia, os alertas que se iniciaram esporadicamente e muitas vezes de forma solitária, ou seja, em forma de ações isoladas, como a exemplo do naturalista capixaba Augusto Ruschi, foram se alastrando e tomando grandes proporções, chamando a atenção para os problemas que estavam por vir.

Inicialmente, os grupos ambientalistas ainda não apresentavam argumentos suficientes que pudessem convencer a adoção de medidas adequadas, gerando assim certa desconfiança quanto aos apelos feitos. De fato, nessa nova fase de amadurecimento, os ambientalistas e os legisladores passaram também a se preocupar com o modismo, ou seja, com a utilização exagerada de termos como "reciclável", "degradável", e outros. Essa preocupação engloba ainda maximizar a qualidade de vida, que implica na observação de que para se alcançar uma vida com qualidade, não é necessário se ter em exagero bens de consumo.

A sociedade, bem mais educada e por isso mais consciente, passa a exigir nova postura dos agentes produtivos, pois reflete que deve fazer parte do passado a característica consumista que se abateu sobre a população em décadas anteriores.

Essa soma de fatores leva a indústria a repensar a sua prática, que deve estar propiciando benefícios no presente, sem comprometer o cenário futuro.

No contexto atual empresarial, se presencia uma série de mudanças nas últimas décadas que fizeram com que se entrasse no terceiro milênio com um novo perfil em diversas áreas, inclusive quanto à consciência e às responsabilidades ambientais. Surge, portanto, a postura proativa, onde a auto-regulação age de forma que as empresas lancem suas próprias iniciativas no desempenho de seus negócios.

Essas posturas proativas em relação ao meio ambiente passam a fazer cada vez mais parte das metas e estratégias. Esse novo perfil muda de forma significativa o conceito que se tinha da proteção ambiental como uma despesa a mais passando a ser percebida não como um adicional de custo, porém com possibilidades de lucros.

Considerando que a questão ambiental assume cada vez mais destaque na sociedade atual, as agressões ao meio ambiente tornam-se emergentes e existe grande preocupação por parte dos ambientalistas que alertam que se não forem evitadas ou minimizadas poderemos entrar num processo de degradação irreversível.

A maioria das empresas ainda não está dando a devida importância à dimensão ambiental, relutando na adoção de uma postura proativa. No Brasil, o quadro é dramático.

Existe hoje uma tecnologia avançada, embora seja preciso reconhecer que esta por si só não assegura o sucesso da implantação, pois é preciso uma gestão apropriada, o que leva muitas empresas a adotarem uma estrutura tal que permita a incorporação de um corpo técnico específico e um sistema gerencial especializado, formando um departamento ambiental na estrutura da organização. Assim, são minimizados os impactos negativos ao meio ambiente.

Dentro do item tecnologias de prevenção da poluição é que se encontram as estratégias de reutilizar ou reciclar os resíduos produzidos, e em último caso resulta no tratamento dos resíduos que não podem ser eliminados. Nas tecnologias de produtos e processos a estratégia inclui a eliminação de matéria prima tóxica e a redução da quantidade da toxidade. Aqui reside também a redução de impactos pela redução do ciclo de vida do produto.

Os especialistas em resíduos industriais tentaram colocar como recomendação para a questão da gestão dos resíduos sólidos a diminuição de sua geração. Entretanto, essa alternativa cai por terra quando se leva em conta a tendência de aplicação do ramo industrial, o que em conseqüência também se amplia a quantidade de resíduos.

Diante disso, surge a reciclagem no centro das discussões. Há então a compreensão de que o resíduo de uma empresa serve de matéria-prima para outra. Essa alternativa tende a ser muito bem aceita, uma vez que com ela, as empresas envolvidas estariam sendo reciprocamente beneficiadas. Entretanto, Cláudio (1993) alerta que:

Quem melhor conhece o resíduo é quem gera. Se ele não consegue dar uma destinação para o resíduo, a experiência tem mostrado que é muito difícil que um outro setor consiga dar um uso econômico para aquele material.

Esgotadas as possibilidades de reciclagem, parte-se para a incineração, tratamentos físico-químicos, solidificação, encapsulamentos, etc.

Para normalizar a questão, existe uma legislação própria que orienta e dá sustento ao meio ambiente. As normas da ABNT – Associação Brasileira das Normas Técnicas dirigem as soluções para a questão dos resíduos industriais no país. Estas, freqüentemente esbarram na falta de políticas mais definidas ao nível dos órgãos ambientais.

A ABNT classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, afim de que estes possam ter manuseio e destinação adequada.

Ainda para os efeitos desta norma, é definido: resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e variações. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, os gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, além dos líquidos cujas características tornem inviável o lançamento em rede pública de esgoto ou corpos de água. Exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis.

Os resíduos recebem também da ABNT, classificação quanto à sua periculosidade.

A incineração dos resíduos sólidos perigosos significa o processo de oxidação à alta temperatura que destrói o reduz o volume ou recupera matérias ou substâncias. Já o seu armazenamento, significa a contenção temporária à espera de reciclagem recuperação, tratamento ou disposição final adequada.

Todos os resíduos perigosos precisam ser analisados quanto às suas propriedades físicas e químicas antes de serem armazenados em locais que também exigem critério para a sua utilização. Dentre as observações necessárias é citado que o local deve ser que o perigo da contaminação ambiental seja minimizado, a aceitação da instalação pela população seja maximizada, evite, ao máximo a alteração da ecologia da região esteja de acordo com o zoneamento da região.

Existe também um aparato legal que constituem as regras a serem observadas quanto aos resíduos perigosos.

Considerando que as empresas siderúrgicas movimentam enormes quantidades de matérias-primas, energia e produtos, é natural que gera também grande quantidade de resíduos.

Os resíduos sólidos são apresentados em forma de escórias, pós, carepa, etc. considerando os problemas de ordem ambiental, por soluções tem levado à estratégias diversas por parte de muitas empresas de vários países. Um exemplo é a utilização da escória de Aciaria, orientada pelo processo de transformação de ferro gusa em aço.

Alguns países como Inglaterra, França, Alemanha e Japão já possuem, inclusive, normalização a respeito da utilização deste material, cuja falta de política de aproveitamento vem causando sérios problemas ao setor siderúrgico. Recentemente o uso de escória de aciaria tem despertado o interesse, chegando a ser considerada como uma fonte de matérias-primas artificiais de baixo custo.

No Espírito Santo, 100km de ruas e avenidas foram pavimentados com esse material nas camadas de sub-base e base. Esse fato ocorreu em ocasião do Projeto Transcol, em 1986, que já se permite uma avaliação dos resultados, que é considerado bom, uma vez que apesar do intenso tráfego não apresenta anormalidades.

Outra experiência bem sucedida é a utilização das escórias de alto forno na indústria cimenteira. A relevância dessa experiência está no fato da economia de energia, além de minimizar os impactos ambientais no processo de preservação do meio ambiente.

Essa alternativa permite que sejam incorporadas ao cimento Portland,

Não só o cimento Portland incorporou essa estratégia, pois existiram no mercado Europeu e no mercado norte-americano, cimentos de escória de alto forno ativa com cal hidratada e mesmo com a soda acústica. Os cimentos eram inclusive mais baratos que os cimentos Portland. Entretanto, o fato de não apresentarem o desempenho esperado, estes cimentos não permaneceram no mercado.

A gestão de controle de resíduos sólidos industriais, baseada na legislação, parte do princípio de que o gerador dos resíduos é o responsável por sua destinação. Por ser uma questão que apresenta muitas variáveis, apesar de não desejarem causar danos ao meio ambiente, as empresas muitas vezes não conseguem administrar todos os fatores relacionados aos resíduos que produz.O discurso da preservação dos recursos naturais se torna vazio, se estiver voltado a defender simplesmente o eco das falas ligadas a não utilização desses recursos, uma vez que na proporção que muitos produtos atingiram a sociedade atual, a utilização consciente é tão essencial a todos as formas de vida do planeta quanto a sua preservação.

A partir da revolução industrial, o homem tornou-se dependente de muitos produtos e sem eles não conseguiria sobreviver. Não se pode ignorar que o processo de industrialização é cada vez mais crescente, mesmo na era pós- industrial, e assim, se antes haviam de um lado as produtoras de matérias primas e do outro os produtores de bens industrializados, hoje as economias industrializadas possibilitam que algumas empresas sejam elas próprias produtoras de grande parte da sua matéria prima.

Isso ocorre, graças ao avanço tecnológico e a criatividade de algumas empresas, que descobriram formas de atender tanto as suas necessidades de "dar conta" dos resíduos gerados, quanto à redução do desperdício. Sem contar, que havendo melhor aproveitamento dos insumos, o lucro obtido é de valor considerável.

Nesse contexto, onde a palavra de ordem é a globalização, não se pode ignorar que os problemas ecológicos tornam-se também globais, e assim, as experiências bem sucedidas devem ser divulgadas em grande escala. Em outras palavras, isso representa a necessidade de globalizar as informações.

As variáveis ambientais são muitas, e englobam questões econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e ecológicas.

Recentemente surge no contexto empresarial, a tática do benchmarking, que tem como objetivo mudar a organização para aumentar sua performance.

Richers analisa que há vantagens tanto para a empresa que recebe a informação quanto para a que fornece, uma vez que a sobrevivência de qualquer empresa depende cada vez mais do desenvolvimento que possibilite o fortalecimento da produtividade nacional, aumentando a competitividade internacional.