Outro dia um aluno do curso de administração de empresas me indagou: "professor, o nosso Curso ainda não terminou e já estão mudando a sua grade!" Usando a máxima de Tom Zé de explicar para confundir e confundir para explicar, eu respondi que hoje ninguém se forma mais! Devido às mudanças constantes, o aluno estará sempre em contato com a faculdade.
Se pudesse resumir o ambiente empresarial em uma só característica, esta seria a mudança! As mudanças globais sempre ocorreram e este não é o problema. O filósofo pré-socrático Heráclito disse aproximadamente há 2500 anos que a única certeza é a mudança. O problema, de fato, é a velocidade das mudanças... Como diria o Lulu Santos: "Nada do que foi será do jeito que a gente viu a um segundo...".
Com a Gestão de Pessoas não é diferente. Também se encontra passando por grandes transformações! ...e estas mudanças, a levará para onde?
A primeira mudança ocorre no nível administrativo em que se encontra: deixa de ser operacional para ser cada vez mais estratégica. Isto significa aproximar-se da presidência da organização e ganhar em importância. Segundo a revista Exame, uma das empresas que mais se destacam no Brasil e que servem de modelo para esta mudança, é o banco Real.
A segunda transformação acaba sendo conseqüência desta mudança. Ao passar a ocupar o nível estratégico, deixou de realizar diversas atividades. As atividades mais operacionais, como a atualização dos dados cadastrais, foram delegadas ao próprio funcionário; as atividades legais, aquelas típicas de Departamento Pessoal ? DP, foram terceirizadas ou delegadas aos demais departamentos; as atividades táticas como treinamento, desenvolvimento, avaliação de desempenho, entre outras, foram delegadas aos gerentes de linha.
Dessa forma, o que resta para ser feito no Departamento que tinha estas competências? Bom! Aí vem a terceira mudança. Passa a ocupar hoje uma função de staff, ou seja, prestar assessoria a todos os demais gerentes que ficam responsáveis pela execução das atividades táticas da gestão de pessoas!
Outra alteração importante, conforme aponta o Chiavenato em seu livro Gestão de Pessoas, diz respeito à forma de organização: ao invés de tratar a gestão de pessoas por funções, passou a organizar por processos. Isto significa que uma atividade pode pertencer a mais de um processo. Por exemplo, os exames médicos admissionais podem pertencer ao processo agregar pessoas e ao mesmo tempo ao manter pessoas. O método de aconselhamento pertence ao processo desenvolver, mas poderá ser empregado pela disciplina positiva no processo manter pessoas.
A quinta transformação apóia-se na percepção de Vitor Cláudio, entre outros, em "Gestão com Pessoas", que indica não só uma mudança de denominação, mas também uma alteração na postura! A mudança de nome não se resume a alterar a preposição de "de" para "com". A gestão de pessoas indica uma postura passiva das pessoas, enquanto a gestão com pessoas denota uma postura mais ativa do funcionário no processo. Antes, a gestão de pessoas apenas reagia às situações passadas, como: treinar quando há um problema ou contratar quando houver uma demissão. De acordo com a visão mais estratégica, as ações passam a ser pró-ativa e o treinamento, por exemplo, passa a ocorrer para evitar os problemas!
A gestão de pessoas do ponto de vista organizacional, apesar de ter reduzido seu tamanho, ganhou em importância. Contudo a redução de seu tamanho não significa uma menor demanda de profissionais da área. Muito pelo contrário! Agora todos os gerentes devem saber lidar com pessoas e, dessa forma, amplia-se a necessidade de profissionais que demonstrem tais competências.

Bibliografia
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; FORTUNA, Antonio Alfredo Mello; TACHIZAWA, Takeshy. Gestão com Pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001.