GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA

GESTÃO AMBIENTAL NA EMPRESA Neste artigo será apresentada uma contribuição metodológica para implantação e gerenciamento de gestão ambiental, auxiliando na identificação e qualificação dos resíduos gerados no processo produtivo das indústrias e na tomada de decisões, direcionando as mudanças e reduzindo os custos de qualquer empresa que contemple processos produtivos geradores de impactos ambientais. 1 A Empresa como Instituição Sociopolítica Atualmente as empresas não são mais vistas somente como uma instituição econômica, mas também são analisadas pela mudança no ambiente em que operam. A população se preocupa com o caráter político-social da atividade empresarial e a sociedade encontra-se mais atenta ao comportamento ético das empresas. Atores sociais, de grupos pluralistas, se formam para combater a poluição, a existência de cartéis e a sociedade busca conseguir conciliar crescimento com desenvolvimento econômico, causando uma ruptura do conflito clássico entre Economia e Ecologia (MEDEIROS, 2003). 2 A questão ambiental na empresa A questão ambiental está se tornando matéria obrigatória das agendas dos executivos da empresa. A globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descritos na série NBR ISO 14.000, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas permitem antever que a exigência à preservação do meio ambiente deverá intensificar-se. A implantação de estratégias ambientais nas empresas é determinada por diversos fatores. Lau e Ragothaman (1997) observaram que os principais fatores, em ordem de importância, são: regulamentações ambientais, reputação das organizações, iniciativas da alta administração e a demanda dos consumidores. Mostraram, ainda, que a redução de custos e o aumento de lucros são fatores significativos para a implantação de estratégias ambientais. Contrariando o ponto de vista empresarial tradicional de que qualquer providência que venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e acréscimo dos custos do processo produtivo, novos paradigmas empresariais demonstram que as estratégias ambientais proporcionam a melhoria da reputação da empresa, evidenciada a partir da diferenciação dos produtos e redução de custos, contribuindo também, para a manutenção e/ou ampliação da posição no mercado. “[..] aliar melhores performances ambientais e econômicas se convencionou chamar ‘ganha-ganha” (TOCCHETTO, 2004, p.1). Segundo Tocchetto (2004), a conceituação da empresa ambientalmente amigável é determinada também pelos produtos que fabrica. O processo é conceituado pelos seguintes objetivos: poluição zero; nenhuma produção de resíduos; nenhum risco para os trabalhadores; baixo consumo de energia; eficiente uso dos recursos. Em relação à organização interna, muitas empresas ainda não se adequaram às questões ambientais propostas, pois muitos executivos ainda não se deram conta de que a proteção ao meio ambiente é um objetivo empresarial importante a ser alcançado. No que se refere à capacitação de pessoal, estar comprometida com a preservação do meio ambiente, demanda que a empresa enfrente eficientemente este desafio. Para Soares (2009), a tecnologia permite provocar mudanças nos processos e produtos e exige pessoal competente e bem treinado capaz de transformar os planos idealizados em ações efetivas e eficazes. Portanto, educar, treinar e motivar pessoal, para que possam desempenhar suas tarefas de forma responsável em relação ao ambiente é estratégia central da gestão ambiental. 3 Princípios de gestão ambiental A gestão ambiental é a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. Ela consiste em um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto ambiental de uma atividade (KRAEMER, 2000). Torna-se importante determinar como prioridades ambientais na empresa para uma gestão eficiente - reconhecer que a questão ambiental está entre as principais prioridades da empresa e estabelecer políticas, programas e práticas no desenvolvimento das operações que sejam adequados ao meio ambiente. Considerar as repercussões ambientais antes de iniciar nova atividade ou projetos, construir novos equipamentos, desenvolver e fabricar produtos e serviços que não sejam agressivos ao ambiente, que sejam seguros em sua utilização e consumo, eficientes no consumo de energia e de recursos naturais e passíveis da reciclagem e reutilização, armazenados de forma segura são princípios de gestão ambiental eficiente na indústria. Segundo Soares (2009), cabe ainda à gestão eficiente, orientar e educar consumidores, distribuidores e o público em geral sobre o correto e seguro uso, transporte, armazenagem e descarte dos produtos produzidos. Quanto aos equipamentos e operacionalização cabe desenvolver, desenhar e operar máquinas e equipamentos levando em conta o eficiente o uso de água, energia e matérias-primas, a minimização dos impactos negativos ao ambiente e a geração de poluição. A ação investigativa e de pesquisa em busca de novos procedimentos mais limpos, conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os impactos ambientais das matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados ao processo produtivo da empresa, visando à minimização de seus efeitos, integra o bojo de atividades da gestão ambiental eficiente. Necessita-se ainda, modificar a manufatura e o uso de produtos ou serviços e mesmo os processos produtivos, de forma consistente com os mais modernos conhecimentos técnicos e científicos, no sentido de prevenir as sérias e irreversíveis degradações do meio ambiente. A CRIAÇÃO DE UM MODELO DE GESTÃO Segundo Bruns (2011), "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. Um modelo serve para se ter uma visão melhor do que é um sistema de gestão e eventualmente aproveitar a estrutura ou parte dela adaptada a uma instituição ou outra. No entanto, cada projeto é único, mesmo que se trate da mesma área de atuação. Professor José Flávio Poças