PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais
Curso de Ciências Contábeis
6° Período - Noite
Anabelle Ferreira Amaral
Filipe Henrique Paulista de Abreu
Jéssica de Oliveira Costa
Lais Moreira Mendonça
Wilker Jose dos Santos Batista
GESTÃO AMBIENTAL
Conceitos, características e aplicações em empresas de atividade de mineração
Belo Horizonte
Outubro/2013
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Anabelle Ferreira Amaral
Filipe Henrique Paulista de Abreu
Jéssica de Oliveira Costa
Lais Moreira Mendonça
Wilker Jose dos Santos Batista
GESTÃO AMBIENTAL
Conceitos, características e aplicações em empresas de atividade de mineração
Relatório apresentado às Disciplinas: Análise de
custos, Auditoria, Contabilidade Governamental,
Contabilidade e Orçamento Empresarial, Ética
Profissional e Sistema Contábeis II do 6º Período
Noite do Curso de Ciências Contábeis do Instituto
de Ciências Econômicas e Gerenciais da PUC
Minas BH.
Professores: Amaro da Silva Junior
Amilson Carlos Zanetti
Alex Magno Diamante
Giovanni Jose Caixeta
Jose Luiz Faria
Jose Ronaldo da Silva
Belo Horizonte
Outubro/ 2013
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................4
1.1 OBJETIVO...................................................................................................................5
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................5
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................6
1.4 METODOLOGIA............................................................................................................6
2 A DEGRADAÇÂO AMBIENTAL ................................................................................7
2.1 O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL...................................................................7
2.2 A CONSCIENTIZAÇÃO ..................................................................................................8
2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................9
2.4 A LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS PROBLEMAS AMBIENTAIS ...........................................10
3 APLICAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS...................................11
3.1 CONCEITO DE GESTÃO AMBIENTAL.............................................................................11
3.2 O GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO DA GESTÃO AMBIENTAL..........................................12
4 POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL................................13
4.1 ISO 94001...............................................................................................................13
5 ESTUDO DE CASO – EMPRESA VALE S. A..........................................................14
5.1 A EMPRESA PESQUISADA...........................................................................................14
5.2 PROJETO DE GESTÃO AMBIENTAL ..............................................................................15
5.3 INVESTIMENTOS NA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL.....................................................15
5.4 EXEMPLOS DE INVESTIMENTOS E PROJETOS SUSTENTÁVEIS..........................................16
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................17
7 REFLEXÃO E DISCUSSÃO INTERGRUPAL ..........................................................18
REFERÊNCIAS..............................................................................................................19
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1 INTRODUÇÃO
O mundo vive uma época de grandes preocupações ecológicas. O planeta sofre
um processo de degradação ambiental que vem se desenvolvendo através dos tempos,
desde que o homem, na acelerada corrida pelo desenvolvimento, preocupou-se durante
muito tempo com o retorno financeiro daquilo que era explorado e se esqueceu de que
essa atividade deveria ser amparada por conceitos e atitudes relacionados à
sustentabilidade da empresa, do negócio e do ambiente.
Segundo Oliveira apud Moutinho (2009, p.42), historicamente, o sistema
econômico capitalista tem causado desequilíbrios entre as trocas de energia e materiais
dos ecossistemas, sobretudo por retirar mais do que a natureza é capaz de repor. É
certo dizer que nesse processo houve ganhos econômicos, científicos e tecnológicos
extraordinários, além de ganhos sociais expressivos. Mas, em contra partida, houve
perdas ambientais gigantescas. Por causa disso, o meio ambiente, a natureza e a
sociedade são temas dominantes dos dias de hoje, interessando a todas as
organizações, governos, empresas, comunidades, grupos sociais, entidades políticas,
culturais, educacionais e religiosas. Além disso, constituem objetos de estudos e
pesquisas acadêmicas, focos de debates e discussões nos meios intelectuais,
empresariais e institucionais. Atentas às mudanças que ocorrem à sua volta e sempre
dispostas a incorporar, em suas estratégias, novos modismos, necessidades,
tendências e ações transformadoras, as empresas, rapidamente se apropriaram desses
temas em seu próprio benefício.
Mas, junto com essas empresas, os consumidores também mudaram e passaram
a ter preocupação não mais apenas com preços e funcionalidades daquilo que
adquirem, como também passaram a se preocupar com questões ambientais, temendo
pela degradação da natureza, escassez de matérias primas e, principalmente, a
sustentabilidade do planeta.
Em resposta a isso, o padrão empresarial de sustentabilidade ampliou seu escopo
e passou a incorporar a sociedade e a comunidade em suas estratégias, fazendo com
que o compromisso da empresa se estenda ao próprio desenvolvimento da sociedade.
5
Trabalhando dentro desses princípios a empresa tem a missão principal de
contribuir para uma sociedade sustentável e uma qualidade de vida melhor para seus
membros.
Com a preocupação de se demonstrar a importância de uma conscientização
ambiental em planos gerais por parte das empresas, esse trabalho pretende analisar os
conceitos e as características da gestão ambiental, assim como as formas de aplicação
dentro da sociedade e a capacitação e a motivação dos colaboradores para que os
mesmos tenham possibilidade de entender, aproveitar e, principalmente, de transmitir
essa ideia adiante e agregar valores aos produtos e serviços oferecidos pelas
empresas.
A partir dessa situação, foi desenvolvido esse estudo para conhecer, analisar e
entender o processo da Gestão ambiental, compreendendo a sua relevância no
mercado e no desenvolvimento sustentável. Os objetivos do trabalho estão
apresentados a seguir, sugerindo responder aos seguintes questionamentos a respeito
desse processo: Qual a necessidade das práticas ambientais sustentáveis
praticadas pelas empresas? Por qual motivo fazer o bem ao meio ambiente se
tornou um valor e um compromisso estratégico para as empresas?
1.1 Objetivo
Entender o conceito de gestão ambiental e quais os conceitos, características e
aplicações nas empresas.
1.2 Objetivos específicos
Conhecer os impactos dos negócios e da indústria no meio ambiente.
Entender o processo da gestão ambiental.
Analisar os conceitos e características desse processo.
Avaliar as aplicações da gestão ambiental dentro do planejamento estratégico das
empresas.
6
1.3 Justificativa
A preocupação com o meio ambiente e a necessidade das empresas procurarem
colocar o crescimento sustentável dentro de suas metas tornou-se uma característica
global. Não se pode mais crescer financeiramente sem a preocupação de ajustar a
ferramenta industrial e os serviços existentes ao meio social e à recuperação de
impactos ambientais. É necessário que os dirigentes e empresários procurem aprender
a diagnosticar, planejar e acompanhar a gestão ambiental como parte de suas
responsabilidades.
1.4 Metodologia
.
Como metodologia, foi adotada a pesquisa de cunho bibliográfico, a partir da análise
de fontes de obras literárias, sendo em alguns casos, disponibilizadas eletronicamente,
para inserir na pesquisa, materiais que serviram de referenciais teóricos.
Por meio de um delineamento histórico-conceitual, a abordagem foi qualitativa,
tratando-se de pesquisa documental considerada descritiva. Por isso mesmo a
pesquisa foi baseada em conteúdos de documentos, com análise descritiva e, por
vezes, discursiva.
7
2 A DEGRADAÇÂO AMBIENTAL
As atividades de exploração das riquezas do ambiente e a necessidade de
produção desenfreada deixam como resultado um planeta doente e condenado à
autodestruição. Fatores ecológicos como gases de efeito estufa, aquecimento global,
camada de ozônio, recuperação de áreas degradadas e preservação da biodiversidade
passaram a ser assunto frequente nas reuniões entre as nações, que preocupadas com
a sustentabilidade do planeta, procuraram meios para a sua preservação.
2.1 O processo de degradação ambiental
Mesmo sendo, dentre os animais, aquele que tem raciocínio lógico e por esse
motivo, ser o primeiro a ter que se preocupar com as consequências de seus atos, o
homem, segundo Nalini (2004), é o maior responsável pelos impactos destrutivos no
meio ambiente, pois é o único que o transforma, enquanto os outros seres apenas
buscam adaptar-se a esse novo meio. Só o que está acontecendo é que essa
transformação é inconsequente, pois agride o meio ambiente de maneira irresponsável.
O quadro de degradação é tão grande que, segundo Neiman (1989, p.1), nunca se
chegou tão longe, já existindo ameaça para a própria vida no planeta. A poluição, os
desmatamentos, a exploração irracional dos recursos naturais, a degradação dos solos
agricultáveis e outras regiões, atingiram no século XX, níveis inadmissíveis.
Porfírio Júnior, (2002, p. 28), explica que a poluição, acidental ou não, causada
pelos diversos meios de exploração e processamentos dos recursos naturais, – como,
por exemplo, o uso indiscriminado e descontrolado de agrotóxicos em culturas
agrícolas, as mais diversas emissões de gases e resíduos tóxicos nas industrias e nos
meios de transporte e os derramamentos de petróleo nos mares (também conhecidos
por “marés negras”) – não trazia em si maiores preocupações ao homem enquanto tais
atividades eram exercidas longe dos grandes centros urbanos e as consequências
danosas dos acidentes geológicos eram sofridas por poucos, geralmente comunidades
humildes e incapazes de se mobilizarem e se fazerem ouvir pelos responsáveis.
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A partir do século XIX, com o advento da Revolução Industrial, começaram a
ser registradas queixas mais frequentes contra o ruído e a fumaça das fábricas.
Os trechos urbanos dos rios passam a ser contaminados com a descarga de
esgotos domésticos e industriais, provocando epidemias de cólera e febre
tifoide. A esses fatores o século XX vem acrescentar muitos outros,
destacando-se a poluição radioativa causada por experimentos com explosivos
nucleares e aquela produzida por veículos automotores (PORFÍRIO JÚNIOR,
2002, pp.28-29).
Caracterizado por essa relação meramente utilitarista, quase nada do que o
homem produz na sociedade é sustentável, implicando sempre estresse da natureza e
dificultando a sua regeneração. Como se a natureza existisse apenas para atender as
suas necessidades, o homem se esquece que ele é apenas parte dessa natureza e que
ela não é composta apenas pelos seres humanos e que todos os seres são
interdependentes e formam a comunidade de vida. A rede, que desta conectividade se
deriva, é responsável pelo equilíbrio da vida e do planeta.
2.2 A Conscientização
Em determinado momento, a degradação se tornou tão grande que, houve um
conscientização geral de que a sustentabilidade desse meio só ocorre quando se
garante o equilíbrio global de forma que as necessidades de todos os seres vivos sejam
atendidas, os bens e serviços naturais possam ser mantidos e até enriquecidos, para
que seja entregue às gerações futuras um planeta habitável.
A partir da conscientização de seu verdadeiro papel nesse meio, o homem convive
diária e permanentemente com expressões relevantes como aquecimento global,
educação ambiental, desenvolvimento sustentável, responsabilidade social das
empresas, energia limpa, economia verde e outros conceitos que foram criados no
sentido de que ao buscar lucros e vantagens em atividades de exploração e
transformação, isso seja feito de forma responsável e consciente.
Segundo Porfírio Júnior (2009, p. 29), passou-se, então, a compreender com
maior clareza que a Terra não era mais uma lixeira sem fundo e que os resíduos das
atividades humanas podiam efetivamente comprometer a qualidade do meio ambiente
até um ponto em que este deixasse de propiciar condições adequadas para a
manutenção e o desenvolvimento natural da vida. Mais do que isso, passou-se a
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verificar quão complexos e inter-relacionados são os fenômenos biológicos da
adaptação e resposta dos organismos vivos às variações do ambiente. Descobriu-se -
não sem certo desconforto e inquietação – que a Ciência não podia prever
satisfatoriamente todas as consequências, a médio e a longo prazo, das alterações
introduzidas pelo homem no meio ambiente, notadamente daquelas decorrentes dos
avanços tecnológicos mais recentes.
2.3 A Educação ambiental
Dentro desse contexto, a educação ambiental é, sem dúvida, um dos meios mais
indicados para se resgatar valores que incluem o respeito pela diversidade cultural e
biológica, fundamentais para a conservação e para um convívio harmônico entre
diferentes culturas e a natureza. Em um sentido ético, responsabilidade é a situação
daquele que tendo violado uma norma moral, está exposto a sofrer consequência pelos
seus atos, sendo indispensáveis à vida social. É a situação de quem se encontra na
obrigação de reparar as consequências de danos resultantes de seus atos.
Nesse sentido, de acordo com Porfírio Júnior (2002, p. 29-30), passou-se a exigir
do Estado, enquanto organização suprema da sociedade, dotada de poderes para
regular e orientar o convívio social, que passasse a atuar de forma eficaz e positiva no
sentido de que as atividades humanas viessem a ser desenvolvidas de maneira
racional, para não mais causarem lesões irreversíveis ao meio ambiente, e – mais do
que isso – se desse de forma a possibilitar o não esgotamento de recursos naturais e
seu contínuo fornecimento ou renovação.
E essa conscientização, segundo Ananias (2005) é uma peça fundamental para a
realização da responsabilidade social, sendo que o primeiro passo é relacionar as
necessidades desse homem com as da comunidade na qual se está inserido. E para as
empresas, para o Estado e para o próprio indivíduo, a disseminação da ideia de
responsabilidade social avança a partir da conscientização da parcela de cada um no
resgate da dívida com a sociedade, com o ambiente e com o planeta.
10
2.4 A Legislação referente aos problemas ambientais
Desta forma, a partir de ações e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente, os Estados passaram a agir, criando e sancionando leis, dentro das quais as
pessoas físicas e/ou jurídicas seriam responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente, conforme o disposto nessas leis.
Porém, segundo Copola (2003), não se pode considerar um crime aquilo que é
poluente. Nesse contexto, pode-se considerar como exemplo uma empresa ou
atividade que não gera poluição, ou ainda, que gera poluição, porém, dentro dos limites
estabelecidos por lei, mas que não possui licença ambiental. Neste caso, embora ela
não cause danos ao meio ambiente, ela está desobedecendo a uma exigência da
legislação ambiental e, por isso, está cometendo um crime ambiental passível de
punição por multa e/ou detenção de um a seis meses.
Conforme expõe Prado (2001, p. 31), a imprescindível tutela penal do meio
ambiente encontra suporte jurídico-formal no indicativo constitucional do art. 225, § 3º,
da Constituição Federal Brasileira (Brasil, 1998), ao declarar que “Todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum ao povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
No Brasil os crimes ambientais estão dispostos na Lei 9605/98, criada em 12 de
fevereiro de 1998, (Brasil, 1998a), que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências.
11
3 APLICAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
Segundo Melo Neto e Froes (2011, p. 5) a questão social tornou-se estratégica
para a empresa quando ela percebeu que suas relações com seus diversos públicosalvo
poderiam ser aprimoradas com base em uma nova temática de interesse para o
governo, mídia, sociedade, empregados, clientes e parceiros. Mas, sobretudo, porque
era um tema universal e de grande apelo comercial.
3.1 Conceito de Gestão ambiental
A gestão ambiental ou gestão de recursos ambientais é a administração do
exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os
recursos naturais, incluindo fontes de energia, renováveis ou não. A gestão ambiental
deve visar ao uso de práticas que garantam a conservação e a preservação da
biodiversidade, a reciclagem de matérias-primas e a redução do impacto ambiental das
atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de
conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas
degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração sustentável de
recursos naturais e o estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos
empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas.
Conscientes de que meio ambiente, natureza e sociedade são temas de apelo
universal que interessam a todos, as empresas se apropriaram deles em seu próprio
benefício, incorporando em suas estratégias novos modismos, necessidades e ações
transformadoras, sempre focando na responsabilidade socioambiental e procurando
atuar junto às comunidades e à sociedade em geral.
Essa nova tendência estratégica é apresentada abaixo por Melo Neto e Froes
(2011).
Sob a denominação de gestão estratégica da responsabilidade socioambiental,
as empresas transformaram esses temas e seus focos estratégicos de atuação.
Não demoraram a desenvolver programas e projetos, a criar seus braços
operacionais para atuar junto às comunidades e à sociedade em geral e a
eleger o meio ambiente como um dos seus principais alvos estratégicos (MELO
NETO; FROES, 2011, p. XIII).
12
3.2 O Gerenciamento estratégico da Gestão ambiental
De acordo com Melo Neto e Froes (2011, p.9), o gerenciamento do foco
estratégico no exercício da responsabilidade socioambiental é centrado em questões
sociais e ambientais.
• Elas são sociais quando se referem aos relacionamentos da empresa com
seus empregados, colaboradores, clientes, acionistas e parceiros. São
internas quando se aplicam ao relacionamento da empresa com seus
públicos internos (empregados, colaboradores e acionistas).
• Elas são ambientais quando envolvem o impacto das ações da empresa no
meio ambiente.
Essas questões também ocorrem em dois níveis dentro da empresa, em nível
operacional e em nível estratégico. O nível operacional engloba as atividades e os
procedimentos operacionais que se desenvolvem nas operações do dia a dia da
empresa em suas unidades administrativas de produção e de suporte. O nível
estratégico compreende as atividades desenvolvidas pela administração superior em
seus processos de planejamento e são relevantes na tomada de decisões.
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4 POLÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Como a atuação de um empreendimento industrial ou comercial afeta, positiva ou
negativamente, toda a comunidade à sua volta, que é formada por autoridades
governamentais locais e nacionais, reguladores, associações comerciais, clientes,
colaboradores e acionistas, acontece a pressão para minimizar esse impacto. Essas
pressões também aumentam devido à crescente gama de partes interessadas como
consumidores, organizações ambientais e não governamentais de minorias (ONGs),
universidades e vizinhos. A todo esse grupo dá se o nome de stakeholders.
Considerando que o meio ambiente é considerado um bem jurídico tutelado por
toda e qualquer nação que se preze, ele tem merecido atenção dos poderes públicos e
órgãos não governamentais, cujo objetivo é garantir uma melhor qualidade de vida
através de um ambiente ecologicamente equilibrado.
4.1 ISO 94001
Dentre esses órgãos encontra-se o ISO (Organização Internacional para
Certificação)1, que criou o Certificado ISO 14001, definindo o que as empresas devem
fazer estabelecer um Sistema de Gestão de Ambiental (SGA). Exigindo das empresas
relevantes requisitos como política ambiental, planejamento da implementação e
operação, verificação e ação corretiva e análise crítica pela operação, esse certificado
tem o tem o objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a
redução do impacto ambiental, com o comprometimento de toda a organização.
Isto significa que, na atuação de um empreendimento, devem ser identificados
nesse negócio os aspectos e compreender a legislação ambiental relevante à sua
situação. O próximo passo é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão
para atingi-los, com análises críticas regulares para melhoria contínua.
Para isso, no Brasil, que é um dos líderes mundiais da biodiversidade, urge a
necessidade de uma educação ambiental, com evidência em valores que incluem o
respeito pela diversidade cultural e biológica, fundamentais para a conservação e para
um convívio harmônico entre diferentes culturas e entre essas e a natureza.
1 Tradução literal de International Organization for standardization
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5 ESTUDO DE CASO – EMPRESA VALE S. A.
Com o propósito de analisar a efetividade da gestão ambiental em uma organização
empresarial, e também levantar dados e analisar aspectos relacionados a esse
processo, o grupo foi a campo para realizar essa pesquisa.
5.1 A empresa pesquisada
A organização escolhida foi a empresa Vale S.A2. (anteriormente denominada
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce), criada em 1º de junho de 1942 e privatizada
em 7 de maio de 1997. A Vale é a segunda maior empresa de mineração diversificada
do mundo, líder mundial no mercado de minério de ferro e pelotas, segunda maior
produtora integrada de manganês e ferroligas, além de ser a maior prestadora de
serviços logísticos do Brasil. Por ser a maior exportadora global de minério de ferro e
pelotas comercializa seus produtos para indústrias siderúrgicas do mundo inteiro. No
Brasil, o produto é explorado em sistemas integrados, formados por mina, ferrovia,
usina de pelotização e terminal marítimo.
Sendo considerada a empresa brasileira que mais investe em Treinamento e
Desenvolvimento e com mais de 170 mil empregados entre próprios e terceiros,
presente em 38 países, a Vale é uma empresa global de mineração que, segundo seu
próprio relatório, preza a ética nos negócios, a responsabilidade econômica, social e
ambiental, e, acima de tudo, as pessoas. Sua meta é contribuir para a construção de
um legado positivo para as gerações futuras nas regiões onde atua.
Os investimentos da Vale geram diversos benefícios para os territórios em que
está presente e faz parte de sua política atuar de forma integrada com governos e
sociedades para promover o desenvolvimento local e regional.
Com Missão, visão e valores bem sedimentados, a empresa trabalha para
transformar recursos minerais em riqueza e desenvolvimento sustentável e tem como
aspiração ser a melhor empresa em retorno aos acionistas, em desenvolvimento
sustentável e em clima organizacional.
2 Fonte: Relatório de Sustentabilidade da Vale - Ano 2012 (Disponível por meio de WWW.Vale.com)
15
5.2 Projeto de Gestão ambiental
Presente em locais distantes e diferentes, a Vale sabe que, por se relacionar com
exploração de reservas naturais, e principalmente, mineração, a agressão à natureza e
ao meio ambiente é inevitável. Por causa disto disso, a empresa convive com
questionamentos e manifestações esporádicas de comunidades indígenas, de
organizações governamentais e não governamentais, quando a atividade exploratória
se faz em seu território. Além disso, mesmo em áreas urbanas acontecem impactos
ambientais e se não estiver dentro de uma responsável e comprometida política de
exploração sustentável, o legado que deixa é comprometedor.
Por causa disso, em cada projeto de exploração, a Vale procura apresentar
soluções ambientais com o objetivo de minimizar os impactos que tempos atrás,
pareciam inevitáveis. Isso pode ser visto por meio da Política de Desenvolvimento
Sustentável, criada em 2009, que orienta a atuação da empresa a partir de três pilares:
Operador Sustentável, Catalisador do Desenvolvimento Local e Agente Global de
Sustentabilidade.
Somados a essa política, a Vale estabeleceu outros documentos globais
relacionados à sustentabilidade, como a Política Global de Mitigação e Adaptação às
Mudanças Climáticas, a Política de Direitos Humanos, a Norma de Responsabilidade de
Saúde, Segurança e Meio Ambiente e a Política de Saúde e Segurança, entre outras.
5.3 Investimentos na sustentabilidade ambiental
Após a criação do seu Plano de Ação em Sustentabilidade (PAS), cujos
indicadores são vinculados a temas que buscam a melhoria contínua dos ativos da
empresa, tais como energia, água, resíduos, emissões e recuperação de áreas
degradadas, a Vale se destaca por publicar maciços investimentos em atividades
relativas à preservação do ecossistema e à sustentabilidade do planeta. Isso acontece,
normalmente, quando anuncia um projeto de exploração.
Como exemplo desse procedimento, está o projeto Carajás S11D. Localizado no
estado do Pará, é um empreendimento pioneiro porque incorpora a sustentabilidade
desde a sua concepção. Em fase de concessão da licença de instalação, com início das
operações previsto para 2016, o projeto garantirá à Vale a liderança mundial no
16
fornecimento de minério de ferro, com a produção de 90 milhões de toneladas métricas
por ano. Soluções como a substituição de caminhões fora de estrada por correias
transportadoras no transporte de estéril, beneficiamento do minério com umidade
natural e utilização de áreas já degradadas para a instalação da usina de
beneficiamento e pátio de estocagem estão entre as novidades. Aspectos ambientais
associados à ocorrência do minério de ferro também são contemplados.
Se comparadas aos métodos convencionais de exploração, a mina e a usina
reduzirão em 93% o consumo de água, em 77% o uso de combustível e em 50% a
emissão de gases de efeito estufa. Na área social, os investimentos trarão à região um
novo ciclo de crescimento. Ações voltadas ao desenvolvimento de mão de obra local e
de fornecedores e ao fortalecimento da comunidade serão realizadas por meio dos
programas da Vale e da Fundação Vale.
5.4 Exemplos de investimentos e projetos sustentáveis
Em seu Relatório de Sustentabilidade, a Vale apresenta ações exemplares, que
são reconhecidas como estratégias e práticas ligadas à sustentabilidade, contribuindo
para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, ambientalmente equilibrada
e economicamente viável. Por isso, faz questão de tornar públicos os prêmios e
reconhecimentos, como alguns citados abaixo:
• Mineradora listada no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de
Valores de São Paulo (ISE-Bovespa).
• Líder mundial entre as mineradoras no ranking de mudanças climáticas do
Goldman Sachs
• Relatório de Sustentabilidade de 2009 foi classificado entre os cinco melhores do
Brasil,
• Única empresa brasileira listada no Carbon Disclosure Leadership Index (CDLI),
ranking do Carbon Disclosure Project (CDP) que avalia qualidade e abrangência
nos relatórios empresariais.
• Vencedora, em 2010, do prêmio de Melhor Estratégia de Redução de Emissões
de Gases Estufa da Indústria Brasileira, entregue pela revista Época.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aceitação sem questionamento do modelo de desenvolvimento baseado no
consumo desenfreado tem levado o ser humano a adotar atitudes que acabam
resultando em diferenças sociais crescentes e em perdas culturais e biológicas
irreparáveis.
Com o desenvolvimento da sociedade, as necessidades do ser humano aumentam
por consequência. Entretanto, o crescimento já não pode mais acontecer de forma
irresponsável com o ser humano e suas empresas pensando apenas em solucionar o
seus problemas de produção, manutenção e abastecimento sem se preocupar com a
sustentabilidade do meio em que vive e opera. Não se pode mais apenas extrair e
produzir sem pensar em recuperar as áreas degradadas e sem se preocupar com os
impactos que provocarão na população e no ambiente de forma geral. Por causa disso,
todos – pessoas e empresas – procuram crescer e produzir com responsabilidade e
para isso, em seus planejamentos estratégicos a gestão ambiental ocupa relevante
papel.
Tendo por base um processo educacional preocupado com o respeito ao meio
ambiente, a gestão ambiental é, sem dúvida, um dos meios mais indicados para se
resgatar valores que incluem o respeito pela diversidade cultural e biológica,
fundamentais para a conservação e para um convívio harmônico entre diferentes
culturas e entre essas e a natureza.
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7 REFLEXÃO E DISCUSSÃO INTERGRUPAL
Até pouco tempo atrás, as empresas se preocupavam apenas com o seu
crescimento patrimonial e financeiro. Para isso, além do necessário foco no cliente,
buscava-se também garantir a qualidade dos funcionários, colaboradores e,
principalmente, o patrimônio físico do empreendimento.
A partir da década de 90 do século XX, devido à percepção dos impactos no
clima, teve início um processo de conscientização a respeito da sustentabilidade do
planeta. A partir desse momento, os líderes governamentais começaram a se
movimentar, criando reuniões, seminários e fóruns globais para que se pudessem criar
ações relacionadas à redução de impactos e também se pudessem elaborar
mecanismos para a prevenção desses impactos.
Com base nisso, o termo “sustentabilidade” se tornou comum entre os líderes de
empresas e passou a ser palavra de ordem tanto na formação profissional, quanto na
ação dos gestores, que passaram a se preocupar com o papel de seu empreendimento
dentro de determinado meio. Além de se preocupar internamente com a própria
empresa e com os funcionários, o bom gestor deve se preocupar com o meio externo,
que conta com clientes, fornecedores, comunidades, ou seja, com o planeta de uma
forma geral.
Por essas razões os estabelecimentos educacionais têm procurado colocar em
sua grade disciplinar atividades relacionadas à gestão ambiental, fazendo com que a
formação educacional seja o motivador da conscientização do estudante para que,
quando se formar, já saiba que no seu processo profissional, esse tema seja de
fundamental importância para seu amadurecimento.
Conhecendo os termos e parâmetros da gestão ambiental, o profissional procurará
crescer com consciência e responsabilidade, captando as inúmeras oportunidades de
crescimento. Reconhecendo os limites físicos do planeta, focando na educação, na
pesquisa, no emprego de tecnologias e no uso consciente de recursos naturais, o
empreendedor estará colaborando com o desenvolvimento sustentável.
19
REFERÊNCIAS
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Revista conjuntura Econômica –Vol. 59, n.08 pag. 110 - 111 – Fundação Getúlio Vargas
– Rio de Janeiro – agosto 2005.
BRASIL, Lei nº 9.605/98, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acessado em
19/04/2012.
BRASIL. Constituição (1988):. Constituição da República Federativa do Brasil ed.
atual. Brasília: Senado Federal, 1988
COPOLA, Gina. Crimes ambientais. Artigo postado em 2005, disponível em
http://www.jureia.com.br/mostramateria.asp?idmateria=105, Acessado em 06/09/2013
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. O Bem-feito: Os novos desafios da
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MOUTINHO, Paulo; PINTO, Regina P. (Org.). Ambiente complexo, propostas e
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