KENEDY, Eduardo. Gerativismo. In: Mário Eduardo Toscano Martelotta. (Org.). Manual de lingüística. São Paulo: Contexto, 2008, v. 1, p. 127-140.

Palavras-Chave: Linguagem; Gerativismo; Behaviorista; Lingüística; Gramática.

No texto Gerativismo, o autor destaca a importância dos trabalhos do lingüista Noam Chomsky sobre o funcionamento da linguagem humana. Elucida que a origem da teoria de Chomsky, conhecida como lingüística gerativa ou gerativismo ou ainda, gramática gerativa, é uma corrente de estudos da ciência da linguagem que teve início na década de 50, para buscar resposta e rejeição ao modelo behaviorista de discrição dos fatos da linguagem. Segundo o autor, a rejeição de Chomsky ao modelo behaviorista, no qual se destaca o lingüista Leonardo Bloomfield, deve-se ao fato de que para essa vertente teórica, a linguagem humana é um fenômeno externo ao individuo, um sistema de hábitos gerados como resposta a estímulos e fixada pela repetição.

Em virtude dessa visão comportamentalista, o autor coloca que Chomsky escreveu uma resenha em 1959, onde fez severas críticas aos behavioristas, chamando a atenção para o fato do ser humano sempre agir criativamente no uso da linguagem, pois para Chomsky a todo momento os seres humanos estão construindo frases novas e inéditas, jamais pronunciadas antes pelo próprio falante que as produziu ou por qualquer outro indivíduo. Resalta ainda, que Chomsky afrima, que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento lingüístico humano, aquilo que distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal.

O autor coloca que, se o behaviorismo deve ser abandonado, como de fato foi após a publicação da resenha de Chomsky, o gerativismo se apresenta como um modelo capaz de superá-lo e substituí-lo. A partir das ideias de Chomsky, a concepção racionalista dos estudos da linguagem foi revitalizada, mostrando que a capacidade humana de falar e entender uma língua, deve ser compreendida como resultado de um dispositivo inato, uma capaciidade genética, interna ao organismo, e não completamente determinada pelo exterior com defendiam os behavioristas. E essa disposição inata para a competencia linguistica ficou conhecida como faculdade da linguagem.

A partir de sua concepção Chomsky, coloca o gerativismo no seio da lingüística, com o papel de construir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade. Segundo o autor, com o gerativismo as línguas deixam de ser interpretadas como um comportamento socialmente condicionado e passam a ser analisadas como uma faculdade mental natural.

O autor prossegue lembrando que apenas postular a existência da faculadade da linguagem como dispositivo inato, não resolveria todos os problemas da lingüística gerativista. Chama a atenção para o fato de que era e ainda é preciso descrever exatamente com é essa faculdade, ou seja, com essa funciona.

Na perspectiva de explicar o funcionamento da linguagem, os gerativistas vêm elaborando teorias que segundo o autor, pocuram responder algumas perguntas como expemplo: O que há em comum entre todas as línguas humanas e de que maneira elas diferem entre si? A partir de perguntas como essa, os lingüístas gerativistas propõem a analisar a linguagem humana de forma matemática e abstrata, afastando-se do trabalho empírico da gramática tradicional, da lingüística estrutural e da sociolingüística, aproximando-se da linha interdisciplinar de estudos da mente humana, as ciências cognitivas.

Para dar conta dessas dificuldades, o autor destaca que lingüístas de todas as partes do mundo, inclusive do Brasil, têm trabalhado no refinamento do modelo teórico gerativista, sendo Chomsky o mais importante estudioso dessa corrente teórica e considerado um dos mais importantes estudiosos da linguagem de todos os tempos.

Por esse motivo, o autor coloca que a gramática gerativista transformacional foi desenvolvida e reformulada diversas vezes durante as décadas de 60 e 70, tendo com objetivo nessa fase descrever como os contítuintes das sentenças eram formados e como esses constítuintes se transformavam em outros por meio de aplicação de regras. Destaca que os gerativistas perceberam que infinitas sentenças de uma língua eram formadas a partir da aplicação de um finito sistema de regras, a gramática que transformavam uma estrutura em outra, ou seja, uma sentença ativa em passiva, uma sentença declarativa em interrogativa, ou ainda, uma afrimativa em negativa.

De acordo com o autor, é precisamente esse sistema de regras que então se assumia como conhecimento lingüístico existente na mente do falante de uma língua que deveria ser descrito e explicado pelo gerativismo. Nesse contexto, o autor destaca algunas sentenças, fazendo exposição de uma estrutura sintagmática contendo: o sitagma nominal(SN), o sitagma verbal(SV), o determinante(DET), o nome(N) e o verbo(V). Afrima que toda essa estrutura sintagmática é donominada de diagrama arbóreo, ou simplismente árvore forma pela qual os gerativistas representam estruturas sintáticas. A partir dai essas regras de composição sintagmaticas explicam como uma estrutura simples “o estudante leu o livro” é gerada, mas não são suficientes para explicar como uma outra estrutura relacionada “ o livro foi lido por o estudante”, com a voz passiva, seria formada a partir da estrutura base no caso a voz ativa. Para explicar essa relação os gerativistas formularam as regras trasnformacionais, onde a uma transformação forma uma estrutura a partir de uma outra previamente existente.

No que se refere a essas regras de transformação, o autor argumenta que a estrutura primeiramente formada é chamanda de estrutura profunda(voz ativa), e que a estrutura dela derivada seria a superficial(voz passiva). Mas, essa idéia de transformação de uma estrutura profunda em superficial foi abandonada na década de 90, em favor de uma visão não mais de representação, mas sim de derivação. Apesar disso, a idéia das transformações como fenômenos sintáticos que derivam sentenças é o tópico central dos estudos gerativistas do presente momento.

O autor destaca que outro ponto de atenção dos gerativistas sempre foi compreender como é possível que falantes de uma língua tenham intuição sobre estruturas sintáticas que produzem e ouvem. Chama a atenção para essa capacidade de formar frases gramaticais( normal, sem usar estranhamento) ou frases agramaticais(estranhas). E que esse conhecimento seria segundo, os gerativistas um conhecimento implícito, inconciente e natural acerca da língua que todos os falantes nativos possuem, também chamada de competência lingüística. Assim, a partir da evolução da lingüística gerativista, em meados dos anos 80, a idéia de compêtencia lingüistica cedeu lugar para a gramática universal(GU), onde segundo o autor, os gerativistas formularam uma teoria chamada de princípios e parâmetros, sendo que essas pesquisas foram desenvolvidas principalmente na área da sintaxe. Afinal a sintaxe cria sintagmas e sentenças a partir das palavras do léxico, e o produto final da sintaxe deve receber uma leitura fonológica e também uma interpretação semântica básica, que no gerativismo chama-se lógica.

A partir dos seus estudos Chomsky abriu caminho para vários pesquisas, como a que surgiu em 2001 (FOXP2), que anunciou a descoberta do primeiro gene que aparentemente está destinado a controlar a capacidade lingüística humana. Sendo assim, o autor destaca que a lingüístca gerativa será a corrente da ciência da linguagem que travará forte diálogo com as ciências naturais.

Finalmente, tendo em vista o texto apresentado, fica claro que o gerativismo é uma corrente de estudos que propôs uma reflexão sobre a linguagem, isto é, uma gramática centrada na sintaxe que explicasse a linguagem. Com seus estudos Chomsky defendeu que a linguagem passasse a ser explicativa e científica. Para ele, os lingüístas deveriam descrever a competência, que é a capacidade que todo falante tem de produzir e compreender as frases da língua. Concluindo, o texto possibilita o aprendizado e incentiva ainda mais o estudo dessa vertente teórica tão relevante para a ciência da linguagem.