Muitos pais de hoje estão se rotulando de "Geração asinha". Explicaremos o porquê disso.

Os pais de hoje quando filhos, ao sentarem-se à mesa das refeições, encontravam somente as asinhas do frango. Era costume, na época, os pais, os adultos, realizarem as refeições antes das crianças, antes dos filhos.

Esses filhos de outrora que hoje são pais, ao sentarem-se à mesa das refeições continuam encontrando somente as asinhas do frango e muitos pais desses nossos tempos modernos se perguntam do por que disso.

- Por que isto acontece hoje se, quando crianças, já sonhávamos quando fossemos pais, iríamos nos sentar à mesa por primeiros e, conseqüentemente, comermos a melhor parte do frango ou a melhor comida?

- Seria fruto de uma educação rígida, grotesca, autoritária, própria daquela época, que não desejamos agora para os nossos filhos hoje?

- Seria uma revolta não seguirmos o modelo usado por nossos pais, hoje avós: - Pouca conversação, muita disciplina e exigente obediência?

- Seria influência dos novos conceitos educacionais e pedagógicos que preceituam muito diálogo com os filhos, coisa que nós não sabemos fazer, visto que, nossos pais não nos ensinaram a conversar, somente a obedecer? Não aprendemos a questionar e por isso não sabemos dizer não?

- Seria falta de observamos que esses novos conceitos não estão dando certo, visto a delinqüência juvenil que se instalou à nossa volta?

- Seria por comodidade que seguimos esse novo modelo. Seria apenas por nos mostrarmos como "modernos", "inseridos no contexto", que os novos tempos requerem isso, sob pena de sermos processados por estarmos infringindo algum artigo do "Estatuto da Criança"?

- Seria por não sabermos observar que àquela disciplina que nos foi imposta no passado, nos tornou hoje pessoas de fibra, talhadas para a vida, pessoas retas, preparadas para enfrentarmos o mundo?

Tudo o que os pais de hoje sofrem com a educação de seus filhos pode ser o conjunto de tudo isso somado à conjuntura atual de dificuldades econômicas que os obriga a permanecerem a maior parte do tempo em busca do sustento de suas famílias; à necessidade de se instaurar e manter um padrão aceitável de vida, que obriga inclusive as mães a trabalharem fora, situação não aceitável em tempos passados.

- Mas será que tudo isso justifica que esses pais modernos, continuem a se sentarem à mesa das refeições e encontrarem somente as asinhas da galinha?

Para responder a essas e outras, segue uma relação de 10 questões que devemos observar para podermos melhor avaliar a situação em que nos encontramos.

1) Procuremos lembrar quantas vezes levamos nossos filhos ao McDonald´s. - Feito isso, verifiquemos a NOTA dele na disciplina de Educação Física e constaremos que ela é inversamente proporcional às vezes que os levamos, na dita lanchonete, e o peso deles é diretamente proporcional.

2) Procuremos observar quantas horas nossos filhos passam frente a um computador ou um vídeo-game. - Estarrecidos constataremos que o número de horas que ele passou e passa frente a esses brinquedos é exatamente igual ao número de horas em que eles esgotaram nossa paciência, em progressão geométrica.

3) Seremos capazes de lembrarmos quantas vezes, quando alguma data especial se aproxima tipo: aniversário deles, Natal, Páscoa, dia das crianças, etc. Ouvimos nossos filhos dizerem: "No... (dia tal) eu quero um..."? - Com certeza constataremos que o número de vezes que ele "presentearam-se" por antecipação, que multiplicado por um número otimista tipo 100, poderá ser igual ao número de "Não´s" que eles nos disseram.

4) Seremos capazes de lembrar quantas vezes demos presentes a eles, sem que eles possuíssem qualquer requisito de merecimento, às vezes, nem podíamos dar por questões de ordem financeira? - Constataremos tristemente que se somarmos os valores gastos com estes mimos dados sem o menor merecimento, será igual ao grau das mentiras que eles já nos impingiram.

5) Seremos capazes de lembrar quantos "nãos" dissemos aos nossos filhos? - Se formos capazes de lembrar, com certeza ele será igual ao número de vezes que eles não se comportaram como gostaríamos que eles se comportassem.

6) Quantas vezes observamos que nossos filhos estavam jogando jogos de guerra, de luta, contra o computador e nada dissemos? - Com certeza esse número se igualará ao número de vezes que eles já provocaram ou participaram brigas na escola ou fora dela, ou ainda, em outras situações que nem ficamos sabendo ou, até mesmo, será igual ao número de vezes que eles agiram com violência, mesmo ao falar, ao se dirigirem à outras pessoas.

7) Conseguiremos lembrar quantas vezes demos umas boas palmadas em nossos filhos, de acordo com a lei? - Com certeza, ela será inversamente proporcional às bofetadas que a vida tem nos proporcionado em relação a eles.

8) Conseguiremos lembrar quantas horas por dia demos acompanhamento nos deveres escolares de nossos filhos? - Se positivo, este número estará diretamente proporcional à maioria das notas deles.

9) Conseguiremos lembrar quantas vezes "cobramos" algo deles com autoridade, competência e discernimento? - Para responder a essa pergunta bastará apenas olharmos as gavetas, os armários, os cadernos, até mesmo própria aparência deles e obteremos a resposta a essa pergunta.

10) Conseguiremos lembrar quantas vezes nossos filhos nos proporcionaram algum momento de real felicidade, excetuando-se o dia do seu nascimento, os primeiros passos, a primeira palavra pronunciada? - Se conseguirmos lembrar, ótimo!Maravilha! Continuemos educando-os desse jeito. Estamos no caminho certo e, com certeza, não estaremos sentando-se à mesa e encontrando somente asinhas para comer.

Por outro lado, se os desgostos suplantam os momentos de felicidade e já estamos fartos de comermos asinhas, talvez ainda não seja tarde para:

- Cortar-lhes McDonald´s; Jogos em computadores, ´vídeogames´; Presentes imerecidos;

- Vigiá-los em tudo o que eles fizerem, dizem e onde vão e seus deveres escolares, principalmente, incentivá-los à leitura;

- Obrigá-los a arrumar suas coisas, gavetas, armários, sua aparência; zelar pelo que lhe foi confiado e o que não lhe pertence;

- Deixar-lhes claro que, enquanto estiverem sob nossa proteção somos nós que mandamos e a eles só cabe obedecer; que eles só terão os direitos inerentes de filhos se cumprirem com suas obrigações; que tudo o que eles desejarem estará diretamente proporcional às reais virtudes por eles apresentadas, aos seus merecimentos.

- Não permitirmos que nossos filhos sentem-se à mesa das refeições antes que nós.

- Finalmente, mostremos-lhes sempre, eles reclamando ou não, que chegará a época que eles serão os educadores e não mais os educados. Por conseguinte, eles serão os primeiros a sentarem-se à mesa segundo seus merecimentos.

Ensinemos-lhes ainda que vão precisar contar com muita sorte, esforço próprio e ajuda do Criador.

Sendo assim, quem sabe, eles poderão ter frango à mesa para comer e oferecer aos filhos as asinhas, caso contrário, nem isso eles terão e poderão ser um a mais para engrossar as fileiras dos sem teto, dos sem terra, dos menos favorecidos, até dos "sem vergonhas".

Luiz Antonio Schimanski
Advogado
Curitiba/Paraná