O texto apresentado constrói uma reflexão sobre a geografia, sua história, as teorias, os métodos, os debates da geografia e do ensino de geografia. É um espaço em construção, que vai crescer .

O prussiano Karl Ritter (1779-1859) divide, com Humboldt, a condição de fundador da geografia moderna. A sua obra constitui prova de que a disciplina nasceu impregnada pela preocupação com o tempo histórico. E, ainda, que aqueles que buscam no recurso ao tempo histórico uma alavanca para a renovação da geografia não estão rompendo com uma tradição, mas tentando recupera-lá. Há duas escolas anti-históricas do pensamento geográfico - a "possibilista" e a quantitativa - encontraram-se no ensino básico e médio. Uma pesada tradição didática, contra a qual se chocam docentes buscando a renovação do ensino de geografia, mescla ou apenas justapõe a descrição da paisagem fornecida pela primeira à formalização da paisagem oferecida pela segunda.  Em última instância, o resultado consiste na abolição da explicação dos fenômenos, amputados da sua gênese e evolução. Despidos do tempo histórico, objetivados como "características da paisagem", os fenômenos geográficos perdem sentido e inteligibilidade. A geografia. As repercussões ultrapassam o âmbito da geografia humana, para atingir a própria geografia da natureza. Aqui, não é o tempo histórico, mas a noção geral de tempo que se esvai, substituída pelo receituário corográfico. A geomorfologia - o tectonismo de placas,a dinâmica de construção e destruição das formas da litosfera - perde terreno para os modelos esquemáticos de distribuição de províncias geológicas, unidades de relevo, tipos climáticos e coberturas vegetais. Uma geografia sem alma descortina o reino da memorização.Já na década de 70 no Brasil, um movimento de renovação da geografia e do ensino da disciplina, influenciou teses e ensaios universitários, obras didáticas, propostas curriculares oficiais e exames vestibulares. O corpo principal de propostas de renovação desenvolvidas nesse períodogerar uma "geografia marxista". O "materialismo histórico e dialético" a paradigma da renovação e noções como "modo de produção" e "formação econômica e social" foram transformadas em pilares da reflexão geográfica. Tentou-se, inclusive, extrair argumentações geográficas supostamente implícitas nos clássicos do marxismo.  O resultado geral dessa tentativa foi mais a importação de uma linguagem que a incorporação de conceitos operativos.Com a leitura coerente dos textos e reflexos constatamos que a geografia escolar e´ uma disciplina construída e indispensável para a capacitação de seres humanos críticos, capazes de transformam a realidade.