O texto de Ariovaldo abrange temas cruciais da filosofia Moderna, como as linhas do marxismo, positivismo e historicismo e remonta à dialética tangente ao método fenomenológico. Essas abordagens culminam na aurora da Geografia Agrária que é em sua essência irrigada por ideais de grandes pensadores para interpretar a realidade e suas sucessivas manifestações.

No enlaço de debates filosóficos, profundamente críticos sobre a concretude da realidade, nasce à moderna Geografia, que na Era Medieval e na Renascença, quase todas as áreas do saber humano eram suprimidos pela filosofia e também pela teologia.

O autor explana uma visão cosmogônica sobre a situação das ciências, inclusive a Geografia que desperta o espírito investigativo mais aguçado, decorrente de um sistema cientifico que almeja tirar conclusões sobre a história universal do Espírito incontestável e soberanamente crítico.

É o marxismo que influenciará no âmago da Geografia Agrária. Seu maior representante é Augusto Comte, ele defende a idéia de uma física social, tomando em conta os reflexos da fenomenologia de Hegel, cujo propósito é extrair conceitos universais da realidade com a faculdade racional de interpretar as variadas formas que o fenômeno se apresenta.

Há, portanto, quem se oponha as idéias marxistas e até mesmo positivistas; o filósofo Dilthey propõe que a história se constitui numa célula fundamental do conhecido atrelado com a filosofia e o historicismo é a raiz dos conceitos modernos em que a Geografia se sustenta no delinear de sua ascensão aos critérios e exigências do Mundo Moderno.

Estudos sustentam idéia que no Brasil houve o sistema Feudal juntamente com suas sucessíveis relações às formas de produção. Mas o capitalismo está indo em direção ao campo, exterminando toda a idéia do feudalismo, que por certo, somente sortiu efeitos significativos na Europa.

A análise da Geografia agrária alerta para o fato do desaparecimento repentino das classes camponesas, razão pela qual esta classe está tentando produzir para o mercado externo e com isso acarretará dívidas no qual os bancos serão obrigados a confiscar suas propriedades, conduzindo ao proletariado e a burguesia.

Não é a idéia de Darwin, que os mais fortes sobrevivam em relação aos seres menores, mas a idéia marxista caminha por este lado: as classes fortalecidas da modernidade serão capazes de triunfar no turbilhão de problemas em torno do capitalismo. Mas a extinção do campesinato irá causar problemas diversos, a sucessiva migração para as cidades e conseqüentemente a marginalização, entre outros fatores.

O texto de Ariovaldo faz uma análise criteriosa sobre os mais diversos problemas que afetarão as concepções modernas sobre a situação agrária no Brasil. Será talvez que retomando os ideais filosóficos aqui abordados serão suficientes para solucionar essas tendências? A Geografia Agrária encontra-se com transformações da atualidade e deverá interpor seus conceitos embasando-se no legado de grandes pensadores, para com isso constituir-se numa ciência que consiga oferecer soluções satisfatórias sobre a realidade na agricultura brasileira no século XXI.

 

Referências:

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino; MARQUES, Marta Inêz M. (org). O campo no século XXI território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Ed. Casa Amarela e Ed. Paz e Terra, 2004