O desencadear da Geografia Agrária retoma pontos culminantes em torno da essência filosófica em que a ciência geral dos seres, rainha de todos os saberes segundo Augusto Comte, denomina-se superiora às outras ciências no que se refere ao objeto. A filosofia e seus pensadores célebres despertou um novo rumo para o capitalismo monopolista, que adquire de certa forma padrões de acumulação e exploração, culminando no que muitos eruditos denominaram de a modernidade.

A Geografia desponta na aurora do século XIX, assim também como outras áreas do saber humano, que suprimidos pela filosofia alçaram sua independência própria de interpretar a realidade. Mas a Geografia moderna possui em seu âmago investigativo sobre a realidade questões de cunho filosófico altamente defendido por escolas tradicionais européias sendo, portanto a Geografia bebe na seiva positivista, historicista e também nos rigores da dialética, que ainda na modernidade desempenha papel fundamental entre os pensadores.

Mas o embate entre filósofos em relação às ciências que despertam o ensejo de tornarem-se independentes trava questões recorrentes ao pensamento hegeliano, que visava construir um sistema rigorosamente científico, ou até mesmo um sistema que aproveite todos os dados inegavelmente adquiridos pelas ciências e tirar deles a história universal do Espírito Absoluto.

Sob a ótica do positivismo, representado pelo seu maior pensador Augusto Comte (1798 – 1856) é observado que vários ramos do conhecimento humano tenham entrado na fase positivista e Comte defende a idéia da falta de uma física social, que seja o estudo positivo dos fenômenos sociais. Talvez sob a concepção de Comte, a Geografia seria de fato a física social que dê conta de solucionar os fenômenos?

Em oposição ao positivismo, Wilhelm Dilthey denomina que a historia é parte fundamental da filosofia e ambas caminham atreladas, pois a verdadeira filosofia é a história, sendo, portanto que o historicismo está na raiz das investigações filosóficas e a Geografia em muitos casos tem que se render aos critérios do historicismo.

A fenomenologia insere-se na seiva da investigação geográfica, sendo um legado da filosofia para a sustentação da Geografia moderna e também um escudo para as gerações futuras. O que de fato influenciará a Geografia Agrária vai ser o arcabouço marxista e historicista.

A agricultura no Brasil terá estudos voltados para as vertentes do marxismo e outros estudos tentam descavar a idéia do feudalismo e suas sucessíveis relações às formas de produção. Mas a geografia Agrária aporta para a visão geral de que o capitalismo está indo de encontro ao campo, extinguindo a remota idéia do feudalismo, que é entendido como uma manifestação utópica em terras brasileiras.

Os camponeses inevitavelmente irão desaparecer em breve, pelo seguinte motivo: ao tentarem produzir para o mercado, acabaria indo para a falência e os bancos devorariam seus bens em curto espaço de tempo e tornar-se-iam proletariados. O que tange aos trabalhos da Geografia Agrária reduz a esta concepção dramática.

Os camponeses contrariados pela História não terão futuro na sociedade brasileira, ao qual a mesma irá se constituir de duas classes sociais: a burguesia e o proletariado.

Seguindo a idéia marxista, percebe-se que as classes mais fortes e robustas da modernidade sobreviverão às imposições do capitalismo, mas percebe-se que os camponeses lutam ferozmente por manter suas tradições. Extinguir o campesinato seria na verdade ocultar as tradições dessa classe, pois mesmo com o imperialismo do capital há as relações camponesas de produção devido à presença do aumento familiar no campo.

O texto de Ariovaldo de Oliveira visa uma análise analítica sobre a compreensão desse assunto, que contraditoriamente afeta as transformações que estão ocorrendo na atualidade e, sobretudo, na agricultura brasileira no advento do século XXI.

 

 

Referências:

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino; MARQUES, Marta Inêz M. (org). O campo no século XXI território de vida, de luta e de construção da justiça social. São Paulo: Ed. Casa Amarela e Ed. Paz e Terra, 2004.