Em abril de 1994, Ruanda, localizada no continente africano, foi palco de um dos maiores massacres da história. Divergências envolvendo duas etnias locais aliadas a campanhas de ódio e interesses políticos acabam tirando a vida de centenas de milhares de pessoas.

       O início dos conflitos se deu pouco tempo depois da morte do então presidente do país, Jouvenal Habyarimana, vítima de um atentado. O avião em que estava Habyarimana foi abatido quando sobrevoava a capital Quigali. Em substituição ao presidente falecido, assumiu o poder um grupo político hutu (da mesma etnia do presidente morto). Esse grupo acabou acusando pessoas da etnia tutsi pela morte do presidente. Esse fato, somando as tensões étnicas que já existiam, acabou desencadeando um enorme derramamento de sangue.

       Antes do início dos ataques, Tutsis e Hutus conviviam pacificamente. Frequentavam os mesmos locais, tinham tradições similares e falavam a mesma língua. Porém, nem mesmo essas semelhanças foram capazes de evitar que pessoas próximas umas das outras começassem a se agredir. O ódio plantado naquele local foi tão forte que fez com que vizinhos matassem vizinhos, professores matassem alunos e pais degolassem filhos a golpes de facão.

       Para escapar da morte, milhares de pessoas buscaram refúgio fora do país. Outras tantas, sem ter para onde ir, acabaram se escondendo debaixo dos cadáveres para escapar do massacre. Muitas mulheres foram estupradas e condenadas à morte indiretamente, pois contraíram o vírus do HIV.

       Em aproximadamente cem dias de conflito, o genocídio de Ruanda contabilizou aproximadamente um milhão de pessoas mortas, a maioria da etnia tutsi (entre homens, mulheres e crianças). Cerca de onze por cento da população de Ruanda foi dizimada em aproximadamente cem dias.  Hoje, pouco mais de duas décadas do fim do episódio trágico, a população de Ruanda ainda luta diariamente tentando superar os traumas e outras consequências negativas deixadas como legado.

       Ao longo do tempo, a história da humanidade registrou situações semelhantes a ocorrida em Ruanda em diversas partes do mundo, inclusive em nosso país. A disseminação do ódio, aliado ao preconceito e a intolerância, fez com que determinados grupos de pessoas fossem aniquilados simplesmente por serem diferentes quanto a crença, religião, etnia, opção sexual, etc.

       Traçando um paralelo com os dias atuais, percebe-se que, devido à facilidade na comunicação através das redes sociais, muitos usuários acabam abusando do direito de liberdade de expressão, expondo opiniões preconceituosas (antes veladas) e assim incentivando outras pessoas a praticar atos hostis contra determinado grupo de pessoas.

       Independente de orientação sexual, raça, partido político, religião ou qualquer outro aspecto, nada justifica o desrespeito e a intolerância. Todos nós somos diferentes, cada um com suas particularidades. Discursos que incitam a violência ou promovem a discriminação devem ser amplamente combatidos para que seus efeitos negativos não sejam propagados.