GENÉTICA DA CARNE E GENÉTICA DO ESPÍRITO

A essência e as características de cada ser estão inteiras no DNA da sua espécie. O DNA é o código genético de uma espécie, que é transmitido a cada indivíduo no momento da sua geração, para garantir a perpetuação da espécie de geração em geração. As influên-cias positivas, a saúde e o bem-estar dos indivíduos fortalecem o DNA da sua espécie. O bem, os sentimentos e pensamentos positivos, as influências externas positivas, a saúde e o bem-estar, a fé, a esperança, o amor fraterno fortalecem o DNA da espécie humana. Mas, a maldade, as doenças, as influências externas negativas, os sentimentos e pensa-mentos negativos, a baixa auto-estima alteram negativamente a genética da espécie hu-mana, e cada geração transmite à outra um DNA enfraquecido, enfermo. Mas a força do DNA é tão grande que as coisas negativas o enfraquecem, mas o anulam. Sadio ou doen-te, o DNA humano guarda as características da espécie ao longo da história. O mesmo se-ja dito de outras espécies de animais e plantas. Quando plantamos sementes de girassol, esperamos ver nascer e crescer pés de girassol, que darão flores e sementes iguais às flo-res e sementes do pé de girassol de onde aquela semente veio. Jamais esperaríamos que da semente de girassol nascesse um pé de gergelim, milho ou mamão. Temos confiança absoluta naquela humilde semente e sabemos que não errará o alvo genético ao brotar, crescer, florescer, frutificar. Felizes, porém não surpresos, dizemos: "o girassol nasceu, es-tá florando, no ponto de colheita". Surpresos e confusos ficaríamos se brotassem e frutifi-cassem plantas diferentes do girassol. O segredo desta certeza está escondido no código genético, no genoma, no DNA do girassol, que se transmite de planta em planta pelas se-mentes de cada novo pé de girassol. Cada semente contém em si o DNA da espécie, que se transmitirá sem erro por milhões e milhões de gerações daquela planta. Insondável sa-bedoria da natureza! Cada espécie de ser vivo tem genoma próprio, que garante a conti-nuidade da espécie, não obstante os danos que seu DNA venha a sofrer. O mesmo para o ser humano. A biologia humana é complexa, pois comporta dimensões material e imateri-al, espiritual e psíquica, mental e corporal, indissociavelmente unidas no DNA. De modo que, ao gerarem filhos e filhas, os pais lhe transmitem por inteiro o genoma humano, com as dimensões imaterial e material, corpo e alma, matéria e espírito. Deus dispôs tudo assim desde o início da criação. Por isso, os pais humanos não geram apenas os corpos dos seus filhos, mas os seres deles completos: o pai e a mãe geram filhas e filhos comple-tos, com corpo e alma inseparavelmente unidos. Por isso, os filhos trazem os traços físicos e mentais dos pais, tão indeléveis que nem a morte os separa. Se Deus precisasse colocar a alma no corpo de cada novo ser humano gerado, a criação seria imperfeita. Se cada es-pécie traz no seu genoma todas as informações necessárias para a geração de novos se-res, não seria diferente com a espécie humana. O ser humano, corpo e alma, está inteiro e completo no DNA humano. De geração a geração, corpo e alma juntos são transmitidos pela ação segunda dos genitores. A ação primeira é o ato criador divino no marco zero da história humana. As ações segundas são a continuidade da ação criadora o-riginal. A ação segunda de gerar filhos reproduz integralmente a intenção original do Cria-dor no início dos tempos. Deus não precisa acrescentar nada a cada ser humano gerado, porque deu aos pais o potencial genético de gerar filhos completos, com corpo e mente. Cada ser humano é, portanto, gerado completo. Ao criar as espécies de ser, o Criador pôs em cada uma as razões seminais, o DNA próprio, que garante a continuidade da espécie de geração em geração. Eis o milagre, a maravilha do sábio e previdente Criador. Milagre vem "miraculum, mirabilia", "mirare", que significa olhar atentamente, contemplar, admi-rar algo. Maravilhas são as obras da criação. Por isto, o Salmista diz extasiado: "Os céus cantam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra das suas mãos. O dia entrega a mensagem a outro dia e a noite a faz conhecer a outra noite. Não há termos, não há pa-lavras, nenhuma voz que deles se ouça; e por toda a terra sua linha aparece e até os con-fins do mundo a sua linguagem". O Criador fez o ser humano curador e continuador da criação, para transformá-la em história, cultura, civilização, habitat humano. O ser huma-no faz milagre, quando, agindo eticamente, faz o mundo ser um lugar digno de se viver. O Criador já fez o primeiro milagre: criou todas as coisas do nada, com o poder da sua Pala-vra. Cabe ao ser humano continuar o milagre original, assumindo o papel de gestor ético da criação, não devastando-a, mas sendo o senhor, isto é, o servidor e curador dela.

Deus pode tudo, a ele nada é impossível. Ele pode realizar e dizer o que quiser sem ne-cessidade da nossa ajuda. Mas, Deus é bom e generoso, e quer partilhar seu poder e seus dons com os seres humanos, criados à sua imagem e semelhança. Isto é, com caracterís-ticas que expressam a essência de Deus. De modo que as palavras e atos humanos são semelhantes aos atos e palavras de Deus. Cada um de nós realiza obras no mundo, seja nas artes, na ciência, na filosofia, no campo social, na economia, na política, na religião, em favor dos outros, para sinalizar a presença de Deus no mundo. Quem tem sensibilida-de para o divino, quem tem fé percebe a ação de Deus no mundo através das ações cons-trutivas dos seres humanos, independentemente da cor política e do credo religioso. Se cada um desenvolver os dons naturais recebidos do Criador, será feliz e fará felizes os ir-mãos e a criação. Sendo assim, não convém pedir a Deus que faça o de que somos capa-zes e nos compete fazer. Assumindo nosso papel de aliados do Criador, amando os irmãos e cuidando da criação, não mais faremos orações inúteis, chantagistas, visando obrigar Deus a fazer por nós e os outros o que nos compete e lhes compete fazer. Deus não fará por mim nem por ninguém nada que nos compete fazer. Porque cabe a cada um cuidar da saúde corporal e mental, consumindo alimentos saudáveis, fazendo exercícios físicos, cul-tivando sentimentos e pensamentos positivos, fazendo brilhar no mundo a luz dos dons que recebeu. Feito isto, pedirá menos e agradecerá mais pelo privilégio de partilhar o po-der divino, realizando maravilhas em nome dele, usando os dons recebidos de presente. Se adoecemos porque nos cuidamos mal, não adianta pedir a Deus que nos cure, pois nós é que geramos a doença e não queremos nos curar. Se não desejamos ser curados, insta-lando-nos na doença como um biombo e uma desculpa para não enfrentarmos o mundo e nele realizarmos nossos dons, não adianta rezar. Deus não cura nem salva quem não quer ser curado nem salvo, mas se instala na paralisia do medo e da culpa patológica. Somos os salvadores de nós mesmos, antes de Deus nos salvar. Ele não fez nem quer inúteis no seu Reino. Cabe a cada levantar da maca da sua inutilidade e fazer bilhar no mundo a luz dos seus dons. Jesus perguntava aos doentes: "Que queres que eu faça por ti? Queres ser curado". Da nossa saúde cuidamos nós, não Deus. Ele pôs em nossas mãos os meios para termos saúde e evitarmos as doenças, no que depender de nós. Se eu não me cuido e a-doeço, cabe-me usar os recursos disponíveis no mundo para curar-me, não pedir a Deus que me cure e eu continuar maltratando meu corpo, a morada de Deus, com alimentação errada e o que mais for. Das nossas doenças cuidamos nós e os médicos, não Deus. A ar-te médica é dom divino para o bem da comunidade, como o é todo dom. Por isso, em vez de rezar, mude seus maus costumes e hábitos, seu jeito errado de viver, renove a menta-lidade, e pare de chantagear Deus, fazendo-se de coitadinho/coitadinha para receber a pi-edade dele e você continuar paralisado na maca das suas desculpas, da sua falta de fé, do seu medo da vida, tirando proveito da sua impotência imaginária, cruzando os braços e fa-zendo orações vazias, reclamando que Deus não o escuta, quando é você mesmo que não se ama nem se ajuda. Jesus é claro: "Quando orares, não precisas de muito palavreado, tentando enrolar Deus, pois o Pai sabe das necessidades dos filhos e filhas antes mesmo que o peçam, até enquanto dormem. "Quando orares, basta dizer: "Pai nosso, que estás no céu..." Mt 6,7-13.  Deus quer fazer por nós coisas muito mais importantes que atender orações chantagistas, pedidinhos mesquinhos de graças egoístas. Ele nos quer dar o Reino e todos os bens por herança. E nós perdemos tempo pedindo-lhe quinquilharias. O Pai não negará jamais "o Espírito da santidade filial aos que o pedirem" Lc 11,13. Se dermos espa-ço a Deus Mãe no nosso coração, podemos pedir o que quisermos, o Pai nos concederá. Se temos fé em Jesus, nossa vida passará por transformações profundas. Deus Mãe, o Es-pírito de santidade do Pai e do Filho, restaurará por inteiro o nosso ser enfermo, desde a profundeza insondável do nosso DNA. A primeira coisa a pedir em nossas orações é que Deus Mãe, a água e o fogo divinos, lave e cure nosso DNA enfermo, onde estão grava-dos de maneira indelével os pecados dos antepassados, transmitidos pela genética de ge-ração em geração. Sim, a genética da carne é afetada por sentimentos e pensamentos bons e maus, por ações construtivas e destruidoras, por omissões covardes e por influê-ncias externas independentes da nossa vontade. Os pecados pessoais e o pecado do mun-do são o câncer mais devastador do nosso DNA, e suas toxinas são transmitidas de gera-ção em geração, desde o primeiro pecado da primeira geração de humanos e o primeiro pecado de cada ser humano, até o dia de hoje. O pecado pessoal e o pecado do mundo adoecem nosso DNA, que se torna vítima do pecado, pecador passivo e fonte de mais pe-cado, de novas vítimas. Filhos de pais drogados e alcoólatras nascem doentes porque re-ceberam dos pais o DNA enfermo. Consciente e confiante, o Salmista pede clemência na oração, a um só tempo, dolorida e contrita: "Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor. Eis que eu nasci na iniqüidade, minha mãe concebeu-me no pecado" Sl 50 (51) 3.7. Que pecado? A relação sexual dos pais é pecaminosa? Nada em si é pecado, se feito da maneira certa. "Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, ho-mem e mulher criou-os", sexuados, com desejo, com atração mútua, "abençoou-os e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra. Deus viu que isso era bom" Gn 1,25-28. Toda a criação é ontologicamente boa porque procede do Criador ontológica e moral-mente bom. Por isso, a sexualidade é uma coisa boa e não há pecado no relacionamento sexual saudável entre homem e mulher, gerando ou não filhos. A atração recíproca é coisa boa criada por Deus. A mulher, toda fêmea é sedutora por natureza. Nada de errado nis-to, pois foi Deus quem criou as fêmeas com este dom. Contudo, "minha mãe concebeu-me no pecado". Todos somos concebidos no pecado. De que pecado se trata?

O ser humano é imperfeito por natureza; um ser imperfeito só pode praticar atos imper-feitos. Não há mal algum nisto. Assumindo-se e agindo como ser imperfeito, ele estará em harmonia consigo mesmo, com os outros seres e com o Criador. Mas, quando pratica atos não condizentes com sua natureza, geradores de desarmonia consigo mesmo, com os se-melhantes, com demais seres e com Deus, o ser humano falha. Falha porque é imperfeito, mas quer agir como se fosse perfeito. É o delírio de autonomia absoluta da liberdade rela-tiva. Ora, sendo imperfeitos, tudo em nós é imperfeito, até a liberdade de escolha. Mas, o ser humano é embalado pelo delírio de ser deus, sendo apenas criatura. Aqui se origina o pecado pessoal e do mundo. Cada um, cada uma é Adão e Eva, origem de pecado e víti-ma do seu poder desagregador das relações consigo, com Deus e os semelhantes. Há três tipos de pecado: pecado potencial, pecado atual, pecado do mundo. O pecado potencial é a fragilidade congênita, a falibilidade, a possibilidade inata do ser humano de pecar, de-corrente da sua imperfeição congênita. Se o ser humano permanecer nos limites de suas possibilidades, tirando energia das relações harmoniosas com o Criador, as criaturas, mor-mente com os irmãos, ele não pecará. Cabe-lhe decidir pecar ou não. O pecado atual é a atualização livre da potência de pecar, é o pecado de fado. É o ato mais imperfeito que o ser humano pratica, porque descontextualiza sua imperfeição e o deixa sem rumo. Ora, o ser relativo ganha força relacionando-se, não isolado. O pecado do mundo é o amálga-ma impessoal dos pecados de muitas pessoas, configurado em estruturas opressoras, que vitimam as pessoas que nelas vivem. As vítimas do pecado do mundo são pecadoras pas-sivas. Aí se incluem os seres humanos e demais seres da criação. "Meu povo é tolo, eles não me conhecem, são filhos insensatos, não têm inteligência; eles são sábios para o mal, mas não sabem fazer o bem. Por isso, se lamentará a terra e ficará seca a erva do campo, desfalecerão todos os seus habitantes e desaparecerão os animais selvagens, as aves do céu e até os peixes do mar. Por causa da maldade de seus habitantes perecem os animais e os pássaros. A criação inteira geme e sofre as dores do parto até o presente. E não so-mente ela, também nós gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso cor-po de pecado" Jr 4,22-28; 12,4; Os 4,3; Rm 8,19-23. O pecado do mundo é mais devasta-dor que o pecado pessoal, porque é coletivo e gera vítimas inocentes, pecadores passivos. Ele gera baixa auto-estima, paralisia psicológica, moral e física, sensação de impotência, patologia social e desequilíbrio ecológico. Jesus ressuscitado envia os discípulos em mis-são diaconal e profética de tirar o pecado do mundo, gerador de morte na sociedade e na natureza, expulsar os demônios que nos paralisam: "Ide por todo o mundo e proclamai a boa nova a toda criatura" Mc 16,15. Atente-se para a sabedoria do mandato de Jesus: a redenção alcança a criação inteira, "que geme e sofre as dores do parto até o presente, na esperança de ela também ser libertada da corrução, para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus". A criação e a sociedade serão libertos da corrução do pecado do mun-do quando os seres humanos se converterem, amarem o próximo e cuidarem da criação. Aí, a boa nova terá sido anunciada a toda criatura, além dos humanos. A missão do Cor-deiro de Deus é tirar o pecado do mundo (sociedade e criação), libertar os cativos das es-truturas de poder opressoras que lhes tiram a liberdade de escolha, e refazer o equilíbrio ecológico, para que usufruam da criação em paz e assumam com liberdade na sociedade e no mundo a tarefa de construir o Reino de Deus em aliança com ele, unidos a ele, usan-do os dons recebidos para servir a todos.  Os dons são nossas potencialidades naturais para o bem coletivo e pessoal. Ser santo é usar com sabedoria os dons para amar os ir-mãos e servir a criação. O uso egoísta dos dons atenta contra o dever de servir, que é da natureza dos dons, e, de santos, tornamo-nos pecadores.

 Uma capacidade essencial que o Criador deu ao homem e à mulher é a sexualidade. Como tudo que Deus criou é bom, a sexualidade humana é uma coisa boa. Por isso, o ato sexual em si não é pecaminoso. Ele o é quando praticado sem amor, como todo ato peca-minoso. Por isso, o ato sexual de pessoas que se amam, gerando ou não filhos, não é em si pecaminoso, nem o zigoto ou feto cometeram pecado. O pecado de que fala o Salmista é, em primeiro lugar, o pecado do mundo que oprime os pobres de Javé; em segundo lu-gar, é a enfermidade genética, o pecado original transmitida pelo DNA de geração em geração.A patologia social e o desequilíbrio ecológico, as estruturas de pecado infir-mam a genética, o DNA do ser humano inteiro, corpo e alma juntos, e de toda a criação. É neste sentido que "minha mãe concebeu-me no pecado e eu nasci na iniqüidade". O ato sexual que gerou o Salmista não foi pecaminoso, mas o DNA dos seus pais estava en-fermo, era vítima do pecado do mundo, que fez o DNA primevo sadio sofrer uma mutação genética patológica. Todo ato que violenta a natureza enfraquece quem o pratica, até no seu DNA. O DNA enfermo, pecaminoso dos pais é transmitido ao ser que acaba de ser ge-rado. Por isto, o Salmista e todos nós somos gerados e nascemos no pecado. Insisto: não porque o ato sexual que nos gerou tenha sido pecaminoso, mas porque o DNA dos nossos pais estava "geneticamente enfermo", vítima do pecado do mundo e dos pecados pessoais deles, e é transmitido a cada filho ou filha que geram. O DNA dos pais contém e transmite a enfermidade do pecado ao corpo e á alma, ao ser inteiro, de cada novo humano que ge-ram. Mas, o pecado não destrói por completo o DNA humano, só o enferma. Por isso, as marcas da bondade do Criador permanecem no DNA dos pais e são transmitidas aos fi-lhos, sem intervenção divina. O Criador imprimiu sua marca no DNA das espécies, e sua imagem e semelhança no DNA humano, uma vez por todas, quando criou todas as coisas do nada. O pecadooriginalé a enfermidade genética da semelhança, não da imagem do Criador. Apesar de pecador, de não praticar atos semelhantes aos do Criador, o ser huma-no conserva no DNA as características do Original divino, assim como uma foto revela os traços do objeto ou pessoa que ela retrata. O DNA é a unidade genética do ser humano e encerra em si as características do Criador (a imagem), que o pecado não destruirá. No ser humano, corpo e alma são inseparavelmente unidos desde o DNA e não deixam de ser imagem do Criador por causa do pecado. O pecado atinge a semelhança, não a imagem do Criador. Por isso, as marcas da morte no DNA, nas entranhas, na profundeza inacessí-vel do ser humano Deus Mãe, a Senhora que dá vida a todas as coisas, as remove e nos faz novas criaturas, capacitadas a praticar de novo atos bons semelhantes aos do Criador: de maneira mais brilhante ainda, a semelhança restaurada refletirá a imagem do Original, do Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. Foi esta a obra do Redentor (goel) Je-sus, o Portador plenipotenciário do Espírito de santidade (Deus Mãe) do Pai e Filho. A á-gua que lava e o fogo que queima e purifica simbolizam a ação recriadora de Deus Mãe (Ruah). Assumindo pela fé a redenção regeneradora do nosso DNA, em nós a genética da carne deu lugar à genética do Espírito. "A todos que o recebem na fé, ele lhes dá o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não foram gerados do sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas (do Espírito) de Deus". Pela fé, podemos orar di-zendo: "Senhor, cura-me do meu pecado oculto, enraizado no meu DNA, cuja gravidade e extensão só tu conheces. Remove do meu sangue, das minhas células e moléculas, órgãos e tecidos, dos meus membros, das minhas palavras e atos, pensamentos, desejos, proje-tos e decisões as marcas de morte transmitidas pelo DNA de meus ascendentes, como um estigma, uma sina, uma chaga no meu DNA. Cria em mim um DNA, um coração puro, um espírito novo, restaura minha genética, cria em mim a genética do Espírito, que a genética da carne me levou ao impasse". Esta oração será ouvida com certeza, pois converge para o projeto salvífico de Jesus de tirar o pecado do mundo, enraizado no nosso DNA e que se traduz em atos, atitudes, gestos e palavras equivocadas, geradoras de morte. Restau-rados pelo sacrifício de Jesus, que assumimos na fé, estamos ontologicamente capacitados a colaborar com ele na reconstrução da sociedade e da criação doentes. Pelo trabalho éti-co e honesto de cada um conforme seus dons e capacidade, somos a extensão das mãos de Deus na construção do seu Reino e do povo de fé, ético, de boa-fé. "Alegra-te, peque-no rebanho, pois é do agrado do Pai dar-vos o Reino". Esta é a missão diaconal e profética dos herdeiros da genética do Espírito, perdoados em, com, por Jesus Cristo, mediante seu sacrifício redentor, que destruiu a genética da carne, o homem e a mulher velhos, e os re-criou ao ressuscitar com eles para a plenitude da vida, que o pecado não atingirá mais. Je-sus enviou seus seguidores na fé a continuarem no mundo a missão profética e diaconal que ele cumpriu enquanto esteve no mundo. Concluiu sua obra no mundo dando a vida por nós, no pleno exercício do Sacerdócio existencial, do dom da vida em louvor a Deus. "Depois de ter realizado a purificação dos pecados, retornou ao Pai e a Deus Mãe, sentou-se nas alturas à direita da Majestade" Hb 1,3b, para cumprir a missão sacerdotal, de In-tercessor, de apoio logístico pneumático aos que enviou em missão diaconal e proféti-ca. Esta dupla missão, cabe aos enviados cumpri-las, não Jesus. A missão do nosso sumo e eterno Sacerdote, o Cordeiro de Deus, eternamente imolado (morto e sepultado) e de pé (ressuscitado), juntamente com os missionários contemplativos (a contemplativa Santa Terezinha é a padroeira das missões) é interceder pela Igreja militante, pelos enviados em missão explícita no mundo, para que a sua fé não desfaleça. "Como o Pai me enviou, eu vos escolho e envio também. Ide e anunciai a boa nova a toda criatura. Eles saíram a pre-gar por toda parte, agindo com eles o Senhor Jesus" (não por eles, mas dando-lhes o apoio logístico d e Deus Mãe), confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam: expulsarão demônios, falarão em novas línguas, pegarão serpentes, e se beberem algum veneno mortífero, nada sofrerão; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados" Mc 16,15-20. Portanto, só nos resta permanecer firmes na fé, para conservarmos intacto o DNA recriado. Curados, salvos, somos enviados a gerar vida e saúde no mundo, anunciar ao mundo que o Reino de Deus chegou, está próximo, ao alcance da nossa fé. Pelo anún-cio, suscitaremos a fé em outras pessoas, geraremos filhas e filhos de Deus Pai e Deus Mãe, discípulos, seguidores de Jesus. A fé é maior conquista do ser humano. A fé nos divi-niza, faz-nos participar da natureza de Deus, nos une ao Corpo de Cristo, nos faz ramos da videira, pedras vivas do Templo de Deus, filhos e filhas no Filho, membros da Família de Deus, concidadãos dos santos. Unidos simbioticamente à SS Trindade pela fé, vivemos a vida de Deus e somos investidos do seu poder, para atuarmos no mundo em Nome de Jesus, realizando e dizendo as mesmas coisas que ele realizou e disse, dando a vida como ele deu para gerar vida no mundo. Munido da fé, mal algum me atingirá: "Não temerás o terror da noite nem a flecha que voa de dia, nem a peste que caminha na trevas, nem a epidemia que devasta ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, dez mil à tua direita, nenhum mal te atingirá. A desgraça jamais te atingirá, praga alguma chegará à tua tenda. Porque a mim se aliou, eu o livrarei, o protegerei, porque conhece o meu nome" Sl 90 (91).

Geraldo Barboza de Carvalho