GASTROSQUISE- REVISÃO INTEGRATIVA NA LITERATURA

Acadêmicas de Enfermagem:

 

Luiza da Costa de Deus

 

Josilene Diniz Pereira

 

Dhorranna de Oliveira Batista

 

Profº Orientador: Edmar Feijó

RESUMO 

Neste trabalho buscamos esclarecer e identificar uma das principais causas de malformações congênitas resultantes na mortalidade neonatal denominada gastrosquise, no qual sua incidência na taxa de mortalidade é a segunda maior causa de complicação da pré-maturidade e período perinatal. O estudo foi desenvolvido a partir de artigos relacionados resultando na revisão integrativa na literatura referente a gastrosquise. Neste estudo foram observados dados sócio-demográficos e clínicos das gestantes, histórico familiar,  antecedentes mórbidos e obstétricos, dados da gestação atual e dados dos recém-nascidos com a finalidade de determinar assim os fatores que podem levar ao aparecimento da doença, bem como uma assistência qualificada de enfermagem ao cliente/família. 

PALAVRA GHAVE: Gastrosquise, recém-nascido, Complicações. 

ABSTRACT

In this work we clarify and identify a major cause of birth defects resulting in neonatal mortality called gastroschisis, in which their effect on the mortality rate is the second leading cause of complications of prematurity and perinatal period. The study was developed from related articles on integrative review resulting in the literature regarding gastroschisis. In this study we observed socio-demographic and clinical data of pregnant women, family history, past medical history and obstetric data from the current pregnancy and newborns' data in order to thus determine the factors that can lead to disease, as well as a skilled nursing care to the client / family. 

KEY WORD: Gastroschisis, newborn, complications. 

 

INTRODUÇÃO 

    Através dos artigos evidenciamos que gastrosquise é uma malformação caracterizada por um defeito de fechamento da parede abdominal associado com exteriorização de estruturas intra- abdominais, principalmente o intestino fetal. Segundo Santos(2010), o defeito é localizado na região para-umbilical, mais comumente à direita, o cordão umbilical não apresenta alterações na sua inserção e raramente se associa à outras malformações ou síndromes genéticas, porém algumas malformações locais, como atresias ou estenose intestinais podem ocorrer. 

   Castilla(2008), afirma que gastrosquise é uma malformação congênita secundária a um defeito de fechamento da parede abdominal, caracterizada por herniação de vísceras abdominais através de um defeito em todas as camadas da parede abdominal, lateral à inserção do cordão umbilical. Este está normalmente inserido e o defeito não é recoberto por membrana.

 

   Segundo Rocha e Delgado(2007), a gastrosquise é considerada um evento esporádico com etiologia multifatorial. É mais freqüente em gestantes jovens e sua incidência gira em torno de 1 a 2,11 em 10.000 nascidos vivos, no qual não há predominância de um dos sexos. A predominância em gestantes jovens pode ser secundária ao estilo de vida, relacionado a uma maior exposição a agentes teratogênicos.

 

    Segundo Santos(2010), a área paraumbilical direita é uma área em risco porque ocorre uma importante transição vascular na irrigação desta região entre a 5ª e 8ª semana da embriogênese: a involução da veia umbilical direita e a transição nutricional para a artéria onfalomesentérica direita. Se ocorrer alguma disrupção embrionária de algum destes vasos ou houver desencontro no tempo desta transição vascular, então um defeito de parede abdominal pode ocorrer em conseqüência da isquemia gerada na parede.

 

      No entanto, Rocha e Delgado(2007) afirmam que o defeito é resultado da disrupção da artéria onfalomesentérica ou da involução anormal da veia umbilical direita. A parede abdominal é formada pelo invaginamento das dobras embrinárias cranial, caudal e duas dobras laterais, mudando o disco embrionário trilaminar para a forma curvilínea da posição fetal. Enquanto a parede abdominal é formada, o rápido crescimento do trato instestinal leva à migração deste para fora da cavidade abdominal através do anel umbilical para dentro do cordão umbilical durante a sexta semana fetal retornando após a 10ª semana(12ª semana de amenorréia).  

 

    Nichol(2008), relata que na gastrosquise, a incidência de anomalias associadas está entre 10 e 20% e a maior parte delas está localizada no trato gastrointestinal. As mais comuns são atresia ou estenose intestinal, outras alterações associadas incluem cpritorquidia, divertículo de Meckel e duplicação intestinal. Raramente associada a outras malformações graves ou síndromes genéticas e alterações cromossômicas .

 

    Segundo Santos(2010), uma das grandes complicações do fechamento da gastrosquise é a desproporção visceral-abdominal, ou seja, a cavidade abdominal é pequena demais para permitir um fechamento primário da parede abdominal sem comprometer a função gastrointestinal e pulmonar. O desenvolvimento do silo foi um passo decisivo no manejo da gastrosquise, consiste em bolsa de PVC ou silicone estéril, que evita a perda de calor e líquidos, e progressivamente as alças e o conteúdo exteriorizado são colocadas para dentro da cavidade abdominal até fechamento da parede abdominal em torno de 5 a 10 dias, no qual o intervalo do nascimento e a operação para o fechamento da parede abdominal pode determinar a sobrevida do recém nascido.

 

   Feldkamp(2008), relata que fatores de risco tenham sido propostos, é razoável sugerir que idade materna baixa mostra-se como o fator de risco mais forte, claro e reprodutivo entre os diferentes estudos. Uma das hipóteses da etiologia deste defeito foi relatada em 1981 por Hoyme et al, quando sugeriram que uma disrupção da porção distal da artéria onfalomesentérica direita poderia gerar uma isquimia na porção da parede abdominal em formação irrigada por esse vaso. Apesar de bem aceita, essa hipótese não explica os casos de gastrosquise à esquerda. O papel dos fatores genéticos não está claro, apesar de podermos observar recorrência familiar, assim como a concordância em gêmeos monozigóticos. Associação com parentes de primeiro grau foi estimada em 0,5%. Embora fatores genéticos “fortes” possam influenciar em uma pequena fração de casos, a possibilidade de suscetibilidade genética ainda não descoberta permanece.

 

 

 

 

METODOLOGIA

 

    Pesquisa computadorizada realizada através de diferentes estudos científicos relacionada a gastrosquise no período de 01/03/2012 a 20/05/2012 no qual a metodologia desenvolvida é de caráter descritiva e exploratória . Para  atingir  aos  objetivos,  foram analisados 15 artigos entre os anos de 2007 a 2012, afim de obter um melhor entendimento  sobre a  temática baseado em estudos anteriores. Portanto através desse estudo, obtivemos como finalidade identificar todos os fatores relacionados a gatrosquise de acordo com os artigos ciêntificos publicados entre o ano de 2007 a 2012 resultando assim, na revisão integrativa na literatura.

 

 

 

RESULTADOS

 

 

 

     Tendo  em  vista  os  estudos  dos  artigos  selecionados  nesta  revisão  integrativa, obteve-se algumas informações para melhor sintetizar a temática, onde observou-se que a incidência de gastrosquise tem aumentado nas últimas décadas em diversas populações, no qual a idade foi um dos fatores identificados estando associada a baixa idade materna, especialmente abaixo de 20 anos. Entre outros fatores de risco identificados estão entre eles o tabagismo materno, uso de drogas ilícitas(maconha, cocaína), drogas vasoativas (pseudo-rpinefrina presente em descongestionantes nasais), toxinas ambientais, sem, no entanto, encontrarem forte respaldo na literatura ou reprodutividade. Embora inúmeros fatores de risco tenham sido propostos, é razoável sugerir que idade materna baixa mostra-se como o fator de risco mais forte, claro e reprodutivo entre os diferentes estudos.

  Foram observados que a maior parte dos casos de defeito de parede abdominal, incluindo gastrosquise, são diagnosticados no exame ultrassonográfico morfológico de “rotina” entre 18 e 22 semanas de gestação. Acompanhamento ultrassonográfico após 28 semanas e cardiotocografia após 32 semanas foram recomendadas para reduzir o risco de complicações intra-uterinas e estabelecer o melhor momento para o nascimento obtendo um resultado positivo.

 

    Na gastrosquise isolada o prognóstico foi muito bom, com uma taxa de sobrevida pós-correção cirúrgica que variou de 43% a 92,3% após o diagnóstico pré-natal. Portanto a sobrevida esteve diretamente relacionada à presença de complicações pré-natais (oligoidrâmnio, trabalho de parto prematuro, roptura prematura de membranas, sofrimento fetal), prematuridade, peso no nascimento e condições das alças intestinais no nascimento.

 

 

 

 

DISCUSSÃO

 

 Segundo Patroni(2000), a idade materna média de 20,7 anos, constatada no presente estudo, confere com os dados da literatura, que correlaciona a gastrosquise com baixa idade materna.A importância da diferenciação ultra-sonográfica entre gastrosquise e onfalocele reside no fato de que a gastrosquise raramente se associa a outras malformações e anomalias cromossômicas. Neste estudo, a incidência de malformações associadas foi de 37,5% e a maioria esteve relacionada à brida amniótica com prognóstico letal. O cariótipo foi normal nos casos em que foi investigado. Outros autores também observaram taxas elevadas de associação com outras anomalias, de 20% ou mais. Porém, numa análise de 897 casos de gastrosquise, a ocorrência de malformações associadas foi de 6,8% (61/897) e de anomalias cromossômicas de 0,68% (61/897).

 

    O prognóstico do recém-nascido com gastrosquise também depende das condições do intestino no nascimento. Vários estudos clínicos e experiências em animais sugerem que o dano intestinal na gastrosquise ocorre antes do parto e, mais provavelmente, nas últimas semanas de gestação. Embora a etiologia do dano intestinal não esteja completamente esclarecida, várias considerações, referentes ao acometimento das alças intestinais, são descritas na literatura. Estudos recentes, dosando mediadores inflamatórios no líquido amniótico, informam que existe uma resposta inflamatória no líquido amniótico de fetos com gastrosquise, que pode levar a uma periviscerite com lesão de alça intestinal. Alguns estudos, em modelos animais e em fetos humanos com gastrosquise, demonstraram que uma amnioinfusão ou troca de líquido amniótico poderia melhorar o prognóstico destas gestações, provavelmente pela diminuição da resposta inflamatória.

 

    Patroni e Mustaffá(2000), afirmam que o prognóstico dos recém-nascidos com gastrosquise isolada dependeu, principalmente, da idade gestacional no parto. A baixa taxa de sobrevida observada no presente estudo (60%), quando comparada com a literatura, foi influenciada, principalmente, pela alta taxa de prematuridade (10 casos com idade gestacional inferior a 37 semanas) com baixo peso associada a uma maior incidência de oligoidrâmnia. O diagnóstico pré-natal permite uma melhor monitorização das condições fetais.

 

   Contudo, Middrio(2008), afirma que a tendência atual dos estudos em paises desenvolvidos, afim de evitar o dano às alças e diminuir a morbidade da gastrosquise, foca-se em interromper a gestação mais precocemente ou identificar achados que indiquem intervenção.

 

 

 

CONCLUSÃO

 

     Através deste estudo ficou evidenciado que a idade materna média de 20,7 anos, constatada no presente estudo, confere com os dados da literatura, que correlaciona a gastrosquise com baixa idade materna.

 

    Portanto os benefícios do diagnóstico pré-natal da gastrosquise são muitos e incluem preparo e apoio familiar, planejamento adequado do nascimento com equipes obstétrica, cirúrgica e neonatal em alerta, categorização do risco e possibilidade de desenvolver protocolo de ação.

 

    Podemos concluir o resultado esperado está associado com os cuidados primários tais como orientação, preparo psicológico, orientações até o momento do parto e cirurgia do recém-nascido. É importante o enfermeiro realizar programas de vigilância e coletas afim de atingir a taxa de sobrevida em recém-nascidos vitimas de malformações, além de esclarecer aos pais as duvidas relacionadas a tal patologia, assim como oferecer apoio psicológico e orientação para os fatores de risco.

 

 

 

 

 

 

 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

 

 ROCHA M; DELGADO S. Intervenção fonoaudiológica em recém-nascido pré-termo com gastrosquise. Rev. soc. bras. fonoaudiol. vol.12 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2007.

 

 

SANTOS HC. Gastrosquise: Diagnóstico Pré-Natal, Seguimento e Análise de Fatores Prognósticos para óbito e recém nascidos. Rio Grande do Sul. 2010.p.17.

 

 

 CASTILLA EE; MASTROIACOVO P; ORIOLO IM. Gastroschisis: International epidemioology and public health perspectives. Am J Med Genet 2008; 148: 162-79.

 

 

 NICHOL PF; BYRNE JLBB; DODGION C; SAIJOH Y. Clinical considerations in gastroschisis: Incremental advances against a congenital anomaly with severe secondary effects. Am J Med Genet 2008; 148C:231-240.

 

 

 

 MENDES; GALVÃO. Revisão Integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto e Contexto em Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, out./dez 2008.

 

FELDKAMP ML. The embryology of body wall closure: relevance to gastroschisis and other ventral body wall defects. Am J Med Genet 2008; 148 C:180-85.

 

PATRONI L; BRIZOT ML; MUSTAFÁ AS; CARVALHO MHB; SILVA MM; MIYADAHIRA S; ZUGAIB M. Gastrosquise: avaliação pré-natal dos fatores prognósticos para sobrevida pós-natal. Rev Bras Ginecol Obstet. 2000;22(7):421-8. 

 

 MIDRIO P, STEFANUTTI G, MUSSAP M, ET AL. Amnioexchange for fetuses with gastroschisis: is it effective? J Pediatr Srg 2007; 42, 77-782.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

In this work we clarify and identify a major cause of birth defects resulting in neonatal mortality called gastroschisis, in which their effect on the mortality rate is the second leading cause of complications of prematurity and perinatal period. The study was developed from related articles on integrative review resulting in the literature regarding gastroschisis. In this study we observed socio-demographic and clinical data of pregnant women, family history, past medical history and obstetric data from the current pregnancy and newborns' data in order to thus determine the factors that can lead to disease, as well as a skilled nursing care to the client / family.