Gagueira na Infância

A disfluência ou gagueira, como é comumente denominada, caracteriza-se pela interrupção do ritmo natural da fala, provocando repetições, prolongamentos e/ou bloqueios em fonemas, sílabas ou palavras, com tal freqüência que chama atenção do ouvinte.
Em casos mais severos podem ocorrer movimentos associados, como piscar de olhos, arregalar sobrancelhas, balançar braços, entre outros.
Existe uma fase na infância em que é normal a criança gaguejar, principalmente entre 2 e 6 anos. Neste período a criança está começando a desenvolver sua comunicação e exercitando sua fala, sendo portanto, comum pausas e repetições para o ajuste da fala e elaboração do enunciado. Estas pausas se assemelham à gagueira, porém é uma disfluência normal de fala, que ocorre por indecisão na escolha das palavras, organização da linguagem e estruturação da fala.
Estas disfluências aumentam quando a criança fala rápido, conta uma estória longa, está nervosa, agitada ou ansiosa. Caracteriza-se principalmente pela repetição de palavras e reelaboração de sentenças, na tentativa de expressar-se mais claramente.
Exemplo: mamãe, mamãe... oooooo Paulo bateu no no João, a professora brigou, brigou com com com o Paulo.
Essas inadequações são comuns e naturais, fazendo parte do processo normal de desenvolvimento. Conforme a criança vai dominando a fala e a maneira correta de usar as palavras dentro da frase essas repetições vão diminuindo. Somente algumas crianças transformam a disfluência normal de fala em gagueira. Isto pode ocorrer por diferentes razões, sendo agravado conforme a reação familiar diante da disfluência.
Segue abaixo algumas orientações para auxiliar no desenvolvimento adequado da fala:
1. Não fale rápido com a criança, converse numa velocidade agradável, pois ela tentará imitar você.
2. Use uma voz calma. Não grite.
3. A expressão facial e corporal também transmite sentimentos, podendo indicar nervosismo e impaciência, contribuindo para o aumento da disfluência.
4. As perguntas devem ser feitas uma de cada vez, esperando a resposta para que nova pergunta seja feita.
5. Se a criança estiver demorando a falar, ESPERE, não fale por ela. É importante que ela perceba que você gosta de ouvi-la.
6. Utilize frases curtas e pausas entre uma frase e outra.
7. Use palavras simples, de fácil entendimento, adequadas ao vocabulário da idade.
8. Deixe a criança a vontade para falar, se ela não quiser falar naquele momento, não a obrigue falar.
9. Escute com paciência, prestando atenção ao conteúdo da mensagem e não a forma como ela fala.
10. Não interrompa a fala da criança.

É importante diferenciar a disfluência normal de fala de uma disfluência patológica.
Quando o início da disfluência é além da idade supracitada, caracteriza-se por prolongamentos e bloqueios, ao invés de repetições. Quando vem acompanhada de tensão ao falar ou movimentos associados, procure um fonoaudiólogo para correta avaliação, diagnóstico e orientação. Bem como se a disfluência persistir por mais de seis meses, ou houver muitas dúvidas e ansiedade por parte da família.