Futebol , Política e Religião não se discutem. Por que, mesmo?

Na semana passada saí com algumas grandes amigas minhas para um barzinho.

Fofoca vai, fofoca vem, e no meio disso tudo surgiu o comentário de que Mariazinha* (uma amiga nossa) tinha ido pra missa com o namorado. O comentário gerou euforia entre o grupo, porque ela não tinha o hábito de ir para “essas coisas”, e devia mesmo estar apaixonada.

 Até aí tudo bem. Papo normal de mesa de bar.

Só que logo em seguida surgiu outro comentário, só que dessa vez, mais cabeludo: “Eu sempre disse pra Mariazinha* que ela tinha que arranjar uma religião...”

Ai....Eu tinha ouvido isso mesmo??? “Arranjar uma religião”???

O comentário desceu mais pesado do que cerveja quadrada em comercial da Skol.

Aquilo doeu nos meus ouvidos de uma forma... Quase não acreditei que isso tinha saído da boca de uma pessoa tão inteligente, e tão querida. Ainda assim fui incapaz de discutir o assunto, afinal esse tipo de coisa não se discute em nenhum lugar, muito menos em mesa de bar. Não é mesmo?

Só que dias se passaram e o assunto cresceu em mim.

E agora eu preciso falar:  PORQUE RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE???

As vezes acho que Religião já foi um assunto tão pesado, tão obrigatório, tão inflexível no passado, que hoje que temos a liberdade de falarmos o que pensamos, preferimos não opinar.

Só que toda liberdade vem com responsabilidade. Não conversar sobre política e religião, quando temos a plena liberdade de expressar o que pensamos é o maior ato de irresponsabilidade que alguém pode cometer contra si mesmo.

Isso porque enquanto a política define como será a sua vida em sociedade, a sua percepção sobre religião definirá como será a sua vida.

Existe coisa mais importante do que isso? A sua vida?

E se você tem preguiça, medo, ou acha o assunto muito complexo, pode deixar que eu discuto por você. Basta continuar a ler o artigo...

Tudo começa de uma maneira bem simples.

Em primeiro plano você tem duas opções: Sou ou não sou ateu?

Se você optar por ser ateu, ou seja, não acreditar em nada, isso significa que quando você morrer nada mais existirá. Você irá desaparecer, assim como todo o resto da humanidade. Amar, enriquecer, ganhar troféus, ajudar os outros, tudo é temporário porque um dia, isso tudo irá acabar, perecer. E nesse caso até mesmo o sonho de deixar um legado e de ser lembrado pelas gerações futuras é meio bobo, afinal, você não vai estar vivo para saber.

Já pensou como deve ser o “Não existir”? Você conseguiria imaginar a vida sem você?

Pensar nisso dá uma vazio, não dá? Dá uma tristeza...

Isso acontece porque Ser ateu é aceitar que a vida não tem sentido.

Lendo isso, você pode até tentar me acusar de ser tendenciosa. E estar querendo te catequizar. “Afinal, ser ateu não deve ser tão mau assim”. E eu poderia até concordar, se não fosse por um pequeno detalhe: É exatamente isso que pregam os filósofos ateus.

Faço das palavras de Russell as minhas palavras:

“A menos que se admita a existência de Deus, a questão que se refere ao propósito para a vida não tem sentido”. Bertrand Russell, ateu.

Não é por acaso que praticamente todo ateu que já passou pela terra, se matou, matou os outros, ou passou a vida tentando matar o conceito de religião – sem exceções.

Caso você decida que não é ateu (o que é a decisão tomada por 9 em cada 10 indivíduos que já pisaram na terra), você tem uma segunda decisão a tomar: que religião eu vou seguir?

E é aí, meu amigo, que o bicho pega.

Porque como minha amiga mesmo disse, é preciso “Arranjar uma religião”.

Só que gente, não querendo ser chata, Religião não é algo que possa ser arranjado! Se de fato você acredita que existe um Deus, ou mais de um, ou uma força que rege o universo...enfim, qualquer que seja a sua crença, ela sempre vai exigir alguma coisa de você. Ela vai ditar o seu modo de ver o mundo, de se relacionar com as pessoas, de amar...

E uma vez que se escolhe uma religião, não existe, estar aberto a outras crenças, porque elas inevitavelmente se chocam. E quando eu digo estar aberto, não quero dizer que você deve odiar, se afastar ou brigar com qualquer pessoa que tenha outra crença. Não, não é isso.  Mas ao mesmo tempo, você não pode concordar com elas.

Quem acredita em tudo, não acredita em nada.

“Não se podem servir dois senhores ao mesmo tempo”.

Escolher significa abdicar de uma coisa por outra melhor.

De alguma forma, nessa sociedade louca que vivemos, alguém resolveu transformar religião em hobbie: você pode ter mais de um, por que não?

Religião virou acessório, ou pior, virou Buffet: você pega um pouquinho de cada – do que você mais gosta, é claro – e monta o seu prato.

Não vê que isso não faz sentindo??? Estamos vivendo uma espécie de poligamia mística, onde vale tudo, desde que se acredite em alguma coisa. E quem resolve discordar, é um radical, fanático e intransigente.

É muito cômodo para cada um de nós montar a sua própria religião conforme nossas vontades. Mas, preciso alertar, que ao fazer isso você não estará servindo ninguém alem de você mesmo.

Há! E não podemos esquecer dos agnósticos. Que pra mim dá no mesmo que os “polireligiosos”. Porque quem acredita em qualquer coisa, não acredita em nada.

Você já ouviu falar na expressão: “seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito”. Pois é...traduzindo, é melhor ser ateu do que ser essa aberração espiritual que nossa sociedade faz questão de exaltar.

Tem uma amiga minha que se diz espírita e cristã (aliás, tenho várias).

É de dar risada...Se alguma delas tivesse parado para ler a Bíblia completa e parado para ler tudo o que o Kardec afirma que o espiritismo deve ser, elas entenderiam o absurdo que é juntar as duas coisas. Mas elas não querem entender. Ninguém quer entender. Afinal, é tão mais cômodo personalizar a sua religião, né? Alem disso, é muito mais descolado ser um espírita cristão do que um cristão. Espiritismo está tão mais na moda...

Aliás os cristãos espíritas já se auto-denominam um grupo religioso. O que é muito louco, porque o próprio Kardec afirma em seu principal livro que eles apenas se vendem como cristãos para atraírem as pessoas para suas próprias idéias. Ser espírita não é ser cristão! Isso está escrito no livro dele, o Livro dos Médiuns.

Tenho outra amiga que diz: - Eu não acredito em Religião, eu acredito em Deus. Todo mundo acha essa frase o máximo. Sempre que ouço isso – que ela repete com uma freqüência irritante - Dá vontade de gritar: O que é que isso significa?

Ou então perguntar “Querida, você sabe o que é ter uma religião? Ok, você acredita em Deus, mas que Deus é esse? Quem ele é? O que ele gosta? O que ele desaprova? Porque ele fez você? Porque ele criou a humanidade? Porque você ama esse Deus? Como é possível acreditar em um Deus sem saber nada sobre ele?”

Gente eu estou falando alguma besteira? Eu estou falando alguma loucura?

A verdade é que eu não estou falando. Eu nunca falo.

Tudo isso fica sempre entalado dentro da minha garganta.

Porque religião não se discute. Porque as pessoas têm medo de pensar. Tem medo de se comprometer com alguma crença. Tem medo do que os outros vão pensar. Tem medo do que terão que abdicar ao fazer uma escolha. E por isso elas ficam na defensiva e não aceitam discutir o assunto.

Quer saber de uma coisa?

Eu sou cristã. Eu acredito no que está escrito na Bíblia e foi pregado por Jesus. Eu adoro quando as pessoas me questionam e colocam à prova as evidencias, os fatos, as concordâncias do que é pregado. Eu estudei a minha religião e continuo estudando. Porque a minha fé não é uma fé cega, não é uma fé burra, é uma fé racional.

Eu sou cristã, porque dentre todas as religiões que conheço, essa é a única religião que conseguiu suprir todas minhas dúvidas, deixando em aberto apenas o suficiente para exigir de mim a aceitação do incompreensível.

Eu sou cristã, porque o Deus relatado na Bíblia é único que serei capaz de seguir, servir e amar. Tudo o que é dito por ele sobre amor, perdão, eternidade, é o que pulsa no meu coração e espírito como verdade.

Enfim,

É uma pena que religião não seja discutida. Porque eu estou aberta a discussões. Perguntas sobre a minha crença, não me agridem. Muito pelo contrário, me estimulam a pensar e buscar respostas.

É uma pena que religião não seja discutida. Porque pra quem realmente acredita em Deus e na eternidade... esse deveria ser um dos assuntos mais fascinantes para se conversar...