DCI
12 de maio de 2005

Investir em fundos exclusivos é uma boa alternativa para empresários e donos de grandes fortunas que não têm tempo para dedicar-se à administração dos próprios recursos.
Trata-se de um produto que possui praticamente as mesmas características de um fundo de investimento tradicional, com a diferença de que todas as cotas pertencem a uma única pessoa, que recebe tratamento personalizado.
Os fundos exclusivos são indicados para clientes que têm patrimônio acima de R$ 5 milhões e buscam montar seu próprio portfólio de investimento sem ter de conhecer detalhes de cada aplicação. Ao aplicar no fundo exclusivo, o investidor entrega a um gestor profissional a tarefa de diversificar suas aplicações.
Segundo Alberto Monteiro, da BB DTVM, gerente-executivo de fundos especiais do BB DTVM, do Banco do Brasil , a procura por carteiras administradas e fundos exclusivos tem apresentado um bom crescimento nos últimos anos.
“Muitos empresários e grandes investidores estão percebendo a vantagem de ter um profissional especializado para gerenciar seus investimentos. Isso está impulsionado os fundos exclusivos”, diz Monteiro.
Para onde vai o dinheiro
O dinheiro dos fundos exclusivos pode ser investido em diversos produtos financeiros, como Fundos DI (Depósito Interfinanceiro), CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e ações, mas a gestão permanece centralizada. Isso permite que o investidor tenha uma visualização rápida de onde seu dinheiro está aplicado e de quando ele está rendendo.
Outra vantagem é a não incidência de CPMF (imposto do cheque) nas movimentações dentro da carteira do fundo exclusivo, algo que só chegou aos pequenos e médios investidores recentemente, com a criação da conta-investimento.
Isso significa que o dinheiro pode ser transferido de uma aplicação à outra sem pagar imposto. Além da não arcar com a CPMF, o investidor obtém a redução de custo, pois deixa de pagar taxa de administração ou corretagem de cada aplicação.
“É uma diversificação com administração centralizada por um profissional especializado. O gestor aloca os recursos em diversos fundos, como ações, renda fixa e multimercado, formando uma grande cesta de investimentos”, afirma Sérgio Cordone, gestor de risco da Tática , especializada em investimentos.
Um cliente de perfil mais arrojado, por exemplo, pode compor seu fundo exclusivo com um terço de ações, um com derivativos e outro com investimentos em renda fixa. Já o aplicador de perfil conservador, pode dedicar a maior parte aos Fundos DI ou CDBs.
De olho no administrador
Como nas outras modalidades de investimento, o aplicador tem de ficar de olho na história e reputação do banco ou administrador que montará o fundo.
“Se o investidor, aceita correr risco em busca de maior rentabilidade, tem de buscar um banco ou gestora de recursos que possua uma história de conquista de retorno tomando riscos. Caso contrário, não obterá bons resultados”, diz Fernando Lovisotto, sócio-diretor da Risk Office* , especializada em investimentos.
A administradora de recursos do Banco do Brasil (BB DTVM), por exemplo, oferece fundos exclusivos para grandes investidores institucionais com aplicação mínima de R$ 30 milhões. A partir da contratação, defini-se o regulamento do fundo e as formas de investimento de acordo com o perfil do cliente.
O BB DTVM não revela a taxa de administração dos fundos exclusivos, mas afirma que elas geralmente estão abaixo das praticadas nos fundos de varejo tradicionais, já que o alto volume de recursos permite que os custos caiam. “As taxas de administração e o regime do Imposto de Renda são definidos cliente a cliente. Geralmente, os investidores de fundos exclusivos criam um relacionamento forte com a instituição, o que reduz em muito os custos”, diz Alberto Monteiro.
Carteira administrada
Para investidores com recursos entre R$ 5 milhões e R$ 30 milhões, o BB DTVM oferece um produto similar, a carteira administrada. Embora também seja elaborada segundo o perfil e os objetivos de investimento do cliente, que também conta com o gestor exclusivo, essa modalidade não permite acompanhamento diário do desempenho e nem a troca de fundos sem a incidência de CPMF.
Participar de fundos abertos é como ter um apartamento em um condomínio. O investidor vai definir a regulamento junto com os outros proprietários. No fundo exclusivo, o aplicador é dono de “todo o condomínio”, cujas regras são feitas exclusivamente para ele.
Já na carteira administrada, o aplicador fecha um contrato jurídico concedendo ao gestor a liberdade de escolher onde investir o dinheiro. Ou seja, o gestor vai comprar “apartamentos” em outros fundos, aplicar em ações ou adquirir títulos públicos em nome do investidor.

*Marcelo Rabbat, consultor de risco, um dos dirigentes da Risk Office, é também sócio da PR&A - Consultoria de Investimento, Risco de Crédito e Risco de Mercado.