Fundamentos Filosóficos, históricos, sociais, culturais da educação
Publicado em 23 de janeiro de 2015 por Antonio Carlos Matias dos Santos
Fundamentos Filosóficos, históricos, sociais, culturais da educação
Antonio Carlos M. dos Santos[1]
Temos uma ideia inegável de educação que ela serve para a transmissão de cultura para as gerações futuras. Esta concepção está sendo sempre descritas pelos pensadores e filósofos que tratam sobre o tema educação. Assim, para entendermos melhor os fundamentos da filosofia precisamos conceituar o que seria a filosofia. Segundo BELLO (1994) “o termo filosofia vem do grego philos que significa amigo e sóphon que significa sabedoria. No sentido primeiro da criação de Heráclito, filósofo seria, portanto, o amigo da sabedoria; aquele que caminha em busca de saber; o que vai em busca do que está por trás do real aparente”.
Vamos falar sobre socialização e a educação, a fim de compreender o que a sociedade quer da educação.
O aluno ingressa na educação infantil com o principal objetivo de socializar, ou seja, iniciar seu processo de conhecer o outro e também aceitá-lo na sua completude de diferença. Então para que haja a socialização, faz-se necessário a interação entre os alunos; o contato com os seus semelhantes para, desta maneira, compartilhar experiências e crescer culturalmente. Logo, a educação, em si, só é possível através da transmissão do conhecimento ao longo do tempo, por meio do diálogo, do contato entre as pessoas. Aqui entra Vygotsky e sua teoria da aprendizagem.
Temos também de pensar sobre educação. O que seria educação? Quando vemos um aluno mal educado estamos falando da mesma educação que temos nas escolas?
Para isso, vamos falar sobre a educação escolar e a educação extraescolar.
A educação extraescolar é aquela que o indivíduo adquire fora do ambiente escolar, ou seja, com seus familiares, amigos, entre outros. Esta educação é a que lhe ensina, por exemplo, dar um bom dia, pedir licença, desculpa, etc.
Já a educação escolar é aquela sistematizada pelo governo para atender a necessidade de mão de obra e desenvolvimento da sociedade a qual está vinculada. Além de servir também para a transmissão da cultura dominante. Desta forma, o aluno vai aprender o conhecimento de forma sistematizada com regras e métodos. Posteriormente, ele dará sua contribuição para a sociedade fazendo parte dela.
A dualidade consenso e conflito da educação escolar foi alvo de investigação de muitos autores e serviu para a criação de teorias e tendências pedagógicas. Durkheim e Comte diz que: “para o paradigma do consenso os valores em comum e a cooperação entre professores e alunos é essencial para que a escola cumpra seu papel socializador, a palavra-chave é integração. Além de ensinar conteúdos, a escola deveria moralizar e, para tal, punir infrações as normas” Os autores veem que precisamos de regras para que a sociedade não caia na desordem.
Os conflitos foram observados por Max. Para ele como a escola impõe sua forma de trabalho acaba gerando conflito entre os professores e os alunos. Estes conflitos podem ser bons ou ruins. Bons no sentido de tanto o aluno quanto o professor buscar formas de se adequar a realidade e ruins quando nem o professor nem o aluno estão dispostos a se adaptarem para resolver o conflito.
A base do conflito aluno/professor é a distância entre o conhecimento do professor e do aluno. Como todos possuímos o capital cultural, os professores são responsáveis por reproduzir a cultura dominante, da elite, e os alunos só possuem a cultura popular acabando por gerar o conflito.
A forma de pensamento de Comte e Durkheim influenciou até o Brasil. O positivismo de Comte foi usado pelo regime militar que dominou o Brasil entre os anos de 1964 até 1985. Logo, os militares usaram as teorias positivistas na educação para modificar as massas e impor hierarquias mesmo no mundo civil. O indivíduo só serviria para a sociedade se ele se enquadrasse nela por mérito próprio. O positivismo defende que a sociedade deve ser dirigida por uma elite e os dirigidos devem obedecer e aceitar seu lugar de inferioridade.
Como a sociedade é muito complexa os valores, princípios e regras teriam que serem impostos através da escola para conseguir uma harmonia social.
O sistema educativo imposto adotado pelos militares tinha a seguinte forma:
“Á medida que o indivíduo percorre o sistema educacional da base ao topo, passaria da educação comum, de natureza coercitiva, até as experiências diversificadas, possibilitando a manutenção da ordem capitalista” (RAMOS, 2011)
Esse sistema de ensino baseado nas ideias positivistas foi criticado por um contemporâneo de Paulo Freire, Ivan Illich. Ele criticava a forma fragmentada do conhecimento. Para Ivan Illich, a culpa das desigualdades perdurarem é justamente este sistema em que o indivíduo deve aceitar a sua condição inferior.
Em 1970 Ivan Illich pensou em como poderia ajudar a sociedade melhorando e aumentando as possibilidades da aprendizagem. Ele formulou quatro formas para facilitar a obtenção de conhecimento:
1. Serviços de consulta a objetos educacionais (bibliotecas, laboratórios, museus, teatros, etc);
2. Intercâmbio de habilidades (troca de conhecimentos entre as pessoas);
3. Encontro de colegas (formação de parcerias de pesquisa, comunidades de pessoas que interagem para buscar conhecimento);
4. Consulta a educadores (orientadores na busca pelo conhecimento).
Conclusões
A educação ainda é uma das formas que a elite usa para se manter no poder. Quanto menos educados, mais fácil manipular.
Cabe ao professor tentar quebrar um pouco o sistema e ir ao longo do tempo de trabalho encontrar formas de diminuir a dificuldade em ensinar os seus alunos. Mesmo com as dificuldades impostas pelo sistema temos que procurar meios para melhor a educação.
Referências
BELLO, José Luiz de Paiva. O Que É Filosofia. Vitória, 1994. Disponível em: <http://www.geocities.ws/maeutikos/pdfspedagogia/OkUEEFILOSOFIA.pdf >. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
RAMOS, Fábio Pestana. A concepção pedagógica de filosofia no Ensino Médio. 2014. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2014/07/a-concepcao-pedagogica-de-filosofia-no.html>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
___________________. Comte e a construção do método sociológico: o positivismo. 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/03/comte-e-construcao-do-metodo.html>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
___________________. Comte e a construção do método sociológico: o positivismo. 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/03/comte-e-construcao-do-metodo.html>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
___________________. Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação: problematizações sobre a ação educativa. 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/03/fundamentos-historicos-e-filosoficos-da.html>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
___________________. Os estudos de Durkheim. 2011. Disponível em: <http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/03/os-estudos-de-durkheim.html>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
SILVA, André Luis Silva da. Teoria de Aprendizagem de Vygotsky. Disponível em: < http://www.infoescola.com/pedagogia/teoria-de-aprendizagem-de-vygotsky/>. Acessado em 18 de janeiro de 2015.
[1] Licenciatura plena em matemática – UEPA; Especialização em Educação Matemática Comparada – ESAB; Mestrando em Ciências da Educação – UNIDA/PY