1) Objetivos:

a) passar aos alunos as maneiras e técnicas de identificar os elementos estruturais e musicalidade do poema (estrofes, versos, rimas ou não-rimas, ritmo), os processos intensificadores, a imagística, e uma das interpretações possíveis dentro da multisignificação poemática;

b) Drummond e sua obra poética figura entre os grandes da poesia brasileira, Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Cruz e Sousa, Gonçalves Dias, Castro Alves, Casimiro de Abreu, Gregório de Matos, Tomás Antônio Gonzaga, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela, Cecília Meirelles, Vinícius de Moraes, Augusto dos Anjos, Corrêa Júnior, Brant-Horta, etc. Em busca de um sentido para a vida, poetando temas sociais, vivendo tempos de guerra, depressão econômica, desemprego, ditaduras, as duas guerras mundiais, a ditadura militar, a Guerra Fria, ... , tinha conteúdos de vida e experiência em transmitir com emoção, é um céptico mineiro-carioca que parece se desencantou com a religião e Deus; escreveu também sobre suicídio e temas sensuais. Brinca com as palavras e emociona e faz pensar, faz humor e piada com os versos, tem estilo próprio e inconfundível. Eis então, por aí, a sua relevância como autor poético. William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, no livro "Português: Linguagens – Literatura, Gramática e Redação, vol.3", Atual Editora, assim comentam sobre a poesia de 30 e a segunda geração modernista: "A poesia (tratando de conflitos do homem em geral, mais universal) e o romance de 30 (regionalista, a falar do homem brasileiro ou do homem de uma das regiões do país) estavam preocupados fundamentalmente com o sentido da existência humana, com o confronto do homem com a realidade, com o "estar-no-mundo", as inquietações social, religiosa, filosófica, amorosa, etc. Os poetas de 30 seguem caminhos diversos, vão da reflexão filosófico-existencialista ao espiritualismo, da preocupação social e política ao regionalismo, da metalinguagem ao sensualismo. Em 1930, a luta da primeira geração modernista contra a cultura acadêmica já era vitoriosa. Suas propostas, como o verso livre, a busca de uma língua brasileira, o interesse pela paisagem nacional e pelos temas ligados ao cotidiano, estavam definitivamente consolidadas em nossa literatura.A segunda geração livre do compromisso de combater o passado, mantém muitas das conquistas da geração anterior, mas também se sente inteiramente à vontade para voltar a cultivar certas formas antes desprezadas, em razão do radicalismo da primeira geração. É o caso dos versos regulares, estrofação criteriosa,formas fixas (como o soneto). Carlos Drummond de Andrade como Vinícius de Moraes foram excelentes sonetistas. Não se trata de uma geração antimodernista no interior do próprio Modernismo. Pelo contrário, esses poetas levaram adiante o projeto de 'liberdade de expressão' dos seus antecessores, a ponto até de incluírem nesse conceito de liberdade o emprego de formas utilizadas pelos clássicos." Sobre a paz, Drummond escreveu: "As discussões políticas e filosóficas em torno da ideia da paz, e sobre os meios de alcançá-la, são infindáveis. A bem dizer, apenas sofrem um intervalo enquanto se travam as guerras, sempre mais fáceis de declarar. Entretanto, a chave do problema é teoricamente simples, e pode ser encontrada no Antigo Testamento, Salmo 84.no. 11: 'A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram. ' Resumindo: o outro nome da paz é justiça."

E conclui: "Carlos Drummond de Andrade, ao longo de 56 anos de carreira literária, é o poeta que melhor representa o espírito dessa geração e um dos pontos mais altos de nossa literatura." É de lembrar, comentam Audemaro T. Goulart e Oscar V. Silva em Estudo Orientado de Língua e Literatura, ed. do Brasil - SP, "o uso de estrangeirismo como gauche, sweet home, meeting, tudo muito contrário àquilo que postulam os puristas. Todavia, faz-se necessário esclarecer que tais produções ressaltam um fato muito importante, que é a realidade lingüística existente no Brasil (...)despertam o leitor de seu bem comportado alheamento obrigando-o a participar de um processo envolvente que caracteriza a poesia da era tecnológica".

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