Estudante: Claudio José Bezerra de Aguiar

Tarefa: resenha

Obra: DREHER, Martin N.. Fundamentalismo. São Leopoldo, Sinodal. 2006.

Fundamentalismo

  Fundamentalismo tem origem da palavra fundamento. Ser considerado um fundamentalista traz consigo uma conotação ruim, devido os acontecimentos que o envolveu no decorrer da história. Mas no sentido expresso da palavra todos são fundamentalistas, pois necessitam de fundamentos para argumentar, construir, panejar e mesmo para viver. Por isso, fundamentalismo não esta restrito ao esquema religioso, mas abrange toda área que necessita de fundamento.

 O Pietismo e a Ilustração foram dois pensamentos que se estabeleceram entre o século XVI e XIX. A Ilustração acreditava na liberdade de expressão, no progresso e na razão. Sendo que esse podia ser vinculado ao Pietismo, que era enfatizado pela ação dos homens.

O Pietismo via a reforma do século XVI, como uma mudança teórica, e eles se denominavam como uma reforma na prática de vida. As vidas das pessoas tinham que mostrar transformação, a santificação e a consciência de dependência por Deus. Esse movimento influenciou o pensamento de muitos homens influentes. Ente eles: Felipe Jacó Spener (1635-1705), August Herman Francke (1663-1727), Nicolau Luís. Esses, por sua vez foram influenciados por Johan Arndt. No entanto Luís, fixou seu pensamento nos sentimentos, concluindo que toda pessoa tende a ser ateu.Para ele, toda explicação racional acerca de Deus era inútil, porque conhecimento e relação só acontecem no coração. Falar não adianta nada a pessoa tem que experimentar Deus. Esses pensadores foram influenciados, e também influenciaram a teologia da época. Até o surgimento da expressão Sagrado Coração de Jesus, que se deu devido uma visão que Maria Margarida Alacoque diz ter recebido, influenciou o pensamento luterano, calvinista, jansenista, etc.

 A Ilustraçãoteve seu inicio na Holanda, que serviu de abrigo para muitos pensadores de variados segmentos, pois a perseguição em muitos países culminou nesse encontro. Ela se valia da ideia que, a educação era a solução dos problemas da sociedade. Com isso, passaram a ler a Bíblia racionalmente, eliminando tudo que não pudesse ser explicado, como milagres, ressurreição, salvação,etc. Logo a Bíblia não passa de um livro qualquer, que ensinava princípios morais de uma civilização antiga. Outros tentam argumentar o contrário. Mostrando que Deus existe para o bem a humanidade, caso ele não existisse o mundo seria o caos, e haveria a necessidade de inventá-lo. Mas o que fica em evidencia é o conhecimento, com principio do bem para humanidade. 

  Na Alemanha, a ilustração buscou o equilíbrio, enquanto nos outros lugares da Europa a razão estava no cume. Nela, a razão e fé tinham que estar em harmonia, mesmo que a primeira fosse considerada mais importante. Esse foi o ponto de destaque da Alemanha.

  A igreja CatólicaRomana não se deixou influenciar muito pelo pensamento da ilustração. Porém, nas outras regiões da Europa, ela não estava tendo mais voz nessa época. Suas ideias, e suasobservâncias não eram atendidas, e pouca influência estava tendo na politica. A igreja estava passando por uma crise onde seus esforços estavam tendo pouco resultado, a contra-reforma foi seu trabalho que mais teve resultado, o que a fez aos poucos ir aderindo alguns traços da ilustração. No entanto para os ilustrados, a igreja católica e os jesuítas eram apoiadores do papado, o que era ódio para eles. Assim, foram sendo expulso de quase toda Europa os jesuítas, e a igreja católica estava cada vez mais num estado deprimente. O que levou na Alemanha a surgir alguns seios católicos ilustrados, queresultou num ecumenismo decatólicos e protestantes, o que marcou essa época.

  Contudo, no advento do século XIX, foi marcado por revoluções e guerras, caracterizaram esse período. Fazendo das igrejas um lugar de consolo e abrigo para as massas. A revolução francesa por volta de 1800 levou a descentralização do poder que estava na minoria e o levou para o povo, impulsionando-os a lutarem pela nação em prol da liberdade. Outro advento que marcou, foi aindustrialização, que acelerou o ritmo devida da população. As pessoas estavam sendo bombardeadas por todos os lados por uma onda de ideias e acontecimentos. Isso refletia na vida das igrejas que estavam carregadas de preocupações. Agora a história começa a ocupar o lugar de destaque na teologia. A Bíblia deixa de ser interpretada pela razão, e passa pela interpretação história. A igreja perde toda influência que ainda tinha no estado e passou a subordinar-sea ele. Devido a revolução e as constantes guerras, a pobreza aumenta, os necessitados e enfermos são inúmeros, o que alçou o trabalhos da igrejas. Onde calvinistas e luteranos, cogitam a união das igrejas com um único propósito, se denominando de Evangélicos. Passando unidos, a lutar pela causa dos necessitados. O que resultou numa abertura para evangélicos na política, e rematando num maior espaço para as mulheres na liderança de igrejas, como diaconisas.

  Em decorrência, neste período o catolicismo romano começa se levantar. Com argumentos que o bem da sociedade depende da religião, e somente por intermédio de uma papa a religião estaria bem estabelecida. Nessa época é fixado o dogma da infabilidade Papal, da imaculada concepção de Maria. Assim eles tentam impor seus prestígios que a pouco haviam perdido, o que estava gerando um fundamentalismo católico romano.

  No século XIX, a teologia foi marcada pelo pensamento de Schleiermacher, onde a fé era a certeza de dependência de Deus. No mais, essa era foi impulsionada pelo reavivamentismo, um movimento transconfessional, que foi influenciado no geral, pelo partido pietista. No protestantismo, sua teologia foi guiada pelos conceitos de Hegel. Pelo que tudo se resume a uma tese, que gera uma antítese, levando uma síntese, que cria outra tese, sendo formulada uma antítese, e formando uma síntese, e assim por diante. Logo tudo gira em torno do dialético. Esse pensamento permeou a teologia protestante, e levou muitos a concluírem que o Jesus da Bíblia era apenas um mito, que não condizia nada com o Jesus histórico. A teologia liberal também marcava sua ideia, anunciando o Jesus real, que se encontra por trás das tradições. Deus não é um objeto que possa ser empiricamente comprovado, mas em Jesus essa possibilidade emergiu. Basta descobrir o verdadeiro Jesus, que está coberto pelos dogmas, pela tradição, e pelos relatos a cerca dele. Pois os próprios relatos estão envolto por uma interpretação que os autores quiseram passar de Jesus. Esse foi o embate da teologia liberal.

  Mostrou-se até aqui um panorama da história do cristianismo, para se entender um pouco das variações de pensamentos que nele ocorreram a partir do século XVII. Como se podem perceber os constantes desvios que a fé veio passando, o movimento fundamentalista se levantou para manter as diretrizes do cristianismo, fugindo da modernidade que estava ganhando campo em território religioso. Nesta persistência, se utilizaram dos princípioscatólicos romanos, estabeleceram dogmas imutáveis, como trindade, salvação, ressurreição. Esses nenhuma ciência ou teoria podia dizer nada ao contrário. Nisto eles se aliaram as politicas dizendo que a sociedade dependia dela. E começaram a lutarcontra quem fosse contrário a seus princípios. Esse foi o movimento fundamentalista do final do século XIX, e início do século XX. Hoje, os fundamentalistas tem o mesmo pensamento, mas não têm o mesmo poder. A procura por eles se faz por pessoas inseguras, sem opinião certa,que buscam um apoio em regras rígidas, e que mostram um único caminho.