Bruno Henrique Marinelli

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INTRODUÇÃO

O estudo tem como base o fenômeno Contra cultural, que é amplo e complexo.  Inicialmente quer-se, indagar sobre as causas e circunstâncias, que proporcionaram o seu surgimento.

Tornar-se-á relevante, nos dias atuais, tratar tal estudo, já que, de uma forma ou de outra, somos afetados por esta geração, que cravou raízes profundas na sociedade, estas permanecem, ora subjetivamente, ora objetivamente, em nosso próprio cotidiano, pois, dela inseridos em novas e atuais maneiras de ver e compreender o espaço de transformação social, que até hoje interiormente e exteriormente se afeta.

Com isso, buscar-se-á abordar no primeiro capítulo um apanhado histórico, sempre levando em conta as causas geradoras deste fenômeno, desta análise histórica, que demarca o advento da Contracultura. Analisar-se-á primeiramente o período pós-guerra, denominado como guerra-fria, a partir, desta definição histórica, reflete-se a guerra do Vietnã, bem como a seu impacto moral e ético diante do mundo. Para completar este capítulo, contextualiza-se em uma breve análise, a tecnocracia que faz do homem mais uma mera mercadoria de produção, dando assim, sustento teórico para o surgimento do fenômeno denominado como contracultura.

No segundo capítulo trataremos da própria Contracultura, com todas as suas ramificações nas décadas de 50 e 60, tendo como pano de fundo os EUA, centro cultural da manifestação chamada contracultura. Analisadas as variadas manifestações de oposição a esta sociedade denominada como tradicionalistas, daremos ainda, um maior enfoque sobre uma das principais referências que esta geração acarretava em suas mãos, o rock, que foi essencialmente necessário e fundamental, tanto ao aspecto interior dos jovens manifestantes, como a própria exterioridade de oposição à sociedade vigente daquele período. A partir deste, reflete-se em um breve comentário à própria repercussão deste movimento no Brasil na década de 60.

Assim, no terceiro capítulo, delineado o fenômeno contra cultural, buscar-se dar respostas, sobre o aspecto filosófico, que, tiveram grandes influências, ao processo de oposição desta geração. Desta fomentação destaca-se o filósofo Herbert Macuse, que alimenta a própria contracultura, acreditando fielmente no fim da Utopia, pois, esta é algo intrinsecamente possível de ser realizada. Marcuse, ainda fornece a este presente estudo, a própria ideologia desta geração, tendo como fim a adequada reflexão sobre as novas maneiras de se protestar em favor dos mais primitivos direitos, que todo homem pode desejar.   

CAPÍTULO I

O FENÔMENO “CONTRACULTURA”:

FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA.

Este Capítulo busca fundamentar-se em um período pós-guerra (II guerra mundial). Neste, o mundo se encontrara em um constante conflito, ideológico e econômico, por parte, se torna relevante ainda tratar o sistema tecnocrático, em que tem por função reduzir o homem à dependência total sob a técnica. Gerando um ambiente de insatisfação, revolta e medo destas causas que buscaremos fundamentar.

 

1.1  A Guerra-Fria de 1945 á 1962

 

É de grande relevância analisar os aspectos históricos que geraram o fenômeno Contracultura, o fato que o século XX é marcado por grandes avanços tecnológicos e grandes conflitos mundiais, como a primeira guerra e a segunda guerra mundial.

Após a segunda guerra mundial[1] gera-se no seio do mundo uma predominância econômica e ideologicamente imperialista.

 

Todavia, a reflexão feita por René Remond de que: A vitória da Alemanha em1940 e sua derrota em 1945 colocaram a Europa na dependência do exterior[2]”.

Nota-se que está época a Europa está profundamente arruinada, sendo ela palco da própria guerra, afirmando com clareza a vitória dos aliados, entre eles Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha e França. Fato é que, a supremacia norte-americana e russa destacar-se-ão, com o final da segunda guerra mundial.

O EUA deixa em retirada o solo europeu, a Rússia como outra grande potência, marcará suas dominações, sendo que em 1948 ela própria detém o poder dando o “Golpe de Praga” [3], assim a mesma se encontrará rodeadas de países satélites, transformando suas próprias estruturas políticas e econômicas da Nova União Soviética.

Contudo, após o golpe de praga, o Chanceler britânico (Churchill) propõe um tratado de ajuda mútua que agrupava França, Grã-Bretanha, Bélgica, Paises Baixos e Luxemburgo, colocando-se contra qualquer tipo de agressão soviética, o tratado foi assinado em Bruxelas a 17 de março de 1948. Aderindo em 4 de abril de 1949, EUA, Canadá, Itália, Noruega, Dinamarca, Portugal e Islândia, o plano foi denominado Organização do Atlântico Norte (OTAN), que fora considerado pelos nortes americanos uma aliança essencialmente militar que se contrapunha a URSS. Truman[4], contudo aprovado pelo congresso envia 1.5 bilhões de dólares para armar os membros da organização.

 Os Ingleses já haviam reconhecido o perigo da independência Européia, pela ameaça comunista, sendo que, no primeiro semestre de 1945, Churclill[5] intervém sobre Atenas, pois, a Grécia estava sofrendo uma guerra civil, da qual, a esquerda comunista havia desencadeado, contudo, o exército inglês restabelece a ordem. Stalin[6] não se manifestou a retaliação inglesa, conseqüentemente, os acordos feitos em Ialta,[7]colocará a Grécia sob a influência britânica.

Churchil é afastado do poder em julho de 1945, após ter-se aliado ao partido de oposição, sendo ele em 1946, o primeiro a impregnar a famosa expressão cortina de ferro. [8]

Compreende – se que os objetivos feitos entre as potências (alianças), durante a segunda guerra mundial fora apenas momentâneo se divergindo ideologicamente, gerando uma busca pela supremacia mundial, o autor Eric Hobsbawm reflete que:

 

[...] os EUA se preocupavam com o perigo de uma possível supremacia mundial soviética num dado momento futuro. Moscou se preocupava com a hegemonia de fato dos EUA, então exercida sobre todas as partes do mundo não ocupadas pelo exercito vermelho.[9]

 

Compreende-se então que os objetivos de Stalin (URSS), após a segunda guerra foram limitados e condicionados não pelas doutrinas marxistas, mas pela própria segurança nacional caracterizando assim uma esfera que contrabalançasse as esferas mais benignas dos EUA na Europa Ocidental e na própria América Latina. Os EUA, por sua vez, se preocupava com a força do exército vermelho diante da Europa que se encontrava profundamente neutralizada.

Deste fato levará os EUA em1947 aconclusão de que, apenas uma política de “jogo bruto” poderia deter a ação dos soviéticos.

O governo Trumam propõe um programa de recuperação econômica da Europa, oferecendo ajuda a todas as nações européias que se considerassem ameaçadas pela expansão comunista. O programa foi denominado plano Marshall por ocasião do General George Marshall, que havia pronunciado a ajuda no mesmo ano, sendo ele secretário de Estado do governo Trumam.

Contudo, o Plano Marshall dará ao governo norte americano o maior salto vivenciado pelos EUA, através de créditos e pela própria produção técnica que era injetada no solo europeu, uma jogada dupla por parte dos EUA, pois, o mercado norte americano crescia esorbetantemente e a Europa unificada e reconstituída seria capaz de assegurar- se a si mesma a ameaça soviética, outro fator é de que a exportação tecnológica na Europa patrocinada pelo capitalismo norte- americano suplantaria de vez a ameaça comunista, uma verdadeira guerra ideológica entre o capitalismo e o comunismo.[10]

Stalin responde as iniciativas norte-americanas apertando ainda mais os países da Europa Ocidental da qual, aumentará o domínio soviético nos paises satélites. Outro fator foi Stalin ter fechado todos os acessos da superfície a Berlim (localizado 160 Kmadentro no setor soviético), dividindo a Alemanha em duas, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental.[11]

Contudo, os perigos de uma suposta nova guerra alarma o mundo, sendo que a política do plano Marshall começa a ser substituída por uma política militar do qual equivale à supremacia técnica e estratégica, retratando com clareza o dia 6 de agosto de 1945, em que humanidade testemunhou, pela primeira vez, a energia contida nos núcleos atômicos. Naquela data, os americanos (EUA), lançaram sobre a cidade de Hiroshima (Japão), a primeira bomba atômica, desencadeando uma reação em cadeia, com um poder altamente destrutivo. Sua potência era o equivalente a 20 mil toneladas de TNT, o que foi suficiente para arrasar a cidade, matando 120 mil pessoas em um curto espaço de tempo. Nota-se assim que:

 

A decisão dos EUA de lançar duas bombas atômicas sobre o Japão, em agosto de 45 inaugurou nova era na historia bélica. Por quatro anos, os EUA mantiveram o monopólio das armas nucleares. A URSS testou a sua primeira bomba em agosto de 49. O primeiro teste norte-americano da bomba de hidrogênio, ou termonuclear, (770 vezes mais potente do que a de Hiroshima), aconteceu em novembro de 52. Os soviéticos explodiram a primeira bomba termonuclear em agosto de 53.[12]

 

A era atômica lançou uma nova perspectiva no campo das guerras, pois, tal armamento colocará o mundo em uma disputa totalmente competitiva, dentre os quais, destacam-se EUA e URSS, ou seja, equivale a partir de então, a própria supremacia técnica, é neste aspecto que os EUA mostrarão primeiramente ao mundo o seu poderio de destruição em massa, a bomba atômica.   

Entretanto, com a eleição de Dwight David Eisenhower em 1952, assumindo em 1953 e se reelegendo em 1956, os Estados Unidos tem a partir deste um novo presidente, bem como a URSS, com a morte de Stalin em 1953[13], do qual assumirá o poder soviético Bulganine e Kruschev, refletindo ao mundo diálogos de paz. No entanto, Kruschev assume o poder total da URSS após a acusação em setembro de 1958, de Bulganine ter-se afiliado ao anti-partido soviético.[14]

Todavia, ambos dirigentes (EUA, URSS) almejavam o desejo pelo próprio resfriamento da guerra-fria, do qual através das divergências geradas por ela frutificava-se a própria manipulação nuclear. O mundo respirava novamente, pois, as guerras haviam deixado cicatrizes de insatisfação e medo, com a guerra-fria, o medo e a insatisfação se transformarão em angústia, já que a tecnologia bélica demonstrava que a bomba atômica seria o novo timbre de uma suposta nova guerra.

No ano de 1960 Kruschev anuncia o fragrante de um avião espião dos EUA no espaço aéreo soviético gerando novas divergências entre as potencias, realarmando assim a guerra-fria. Tornando invalido o congresso de Genebra que havia se realizado em 1955 entre as potências, refletindo em si um grande valor simbólico, embora nada de concreto se realizará.

No mesmo ano é eleito John Fitzgerald Kennedy[15], presenciando em seu governo a própria persistência antagonista entre as potências.

Durante o governo de John Kennedy (EUA), e Kruschev (URSS), o mundo presenciará o maior risco de uma suposta nova guerra, entretanto no ano de 1961, Kruschev separa as duas Alemanhas, oriental e ocidental, demonstrando uma forte antipatia entre as potencias.

Em 1962, surge aos olhos do mundo o maior perigo de uma suposta guerra nuclear entre EUA e a URSS. A introdução secreta, em Cuba, de foguetes soviéticos, a própria intervenção por parte dos EUA declarando o ultimato, registra o paroxismo da confrontação, contudo John Kennedy anuncia o ultimato a URSS, o fato é que ambas as potencias se retiraram saindo amplamente vitoriosas, já que a própria guerra foi evitada.[16]

 

1.2 A Guerra do Vietnã

 

Sob a névoa da guerra fria, outro fator que contribuirá para a manifestação contra cultural é a guerra do Vietnã.

O Vietnã está localizado no sudeste asiático fazendo parte da Indochina, contudo, durante a segunda guerra mundial o Vietnã lutou contra a invasão japonesa sob a proteção dos EUA e Inglaterra que temiam a ameaça japonesa ao domínio vietnamita, cuja ajuda era de enviar armas ao próprio Viet Minh.[17]

Entretanto, após a segunda guerra mundial, o Vietnã é mais uma vez ameaçado por parte dos franceses que se encontravam desfragmentados devido à guerra e uma suposta colonização ao Vietnã colaboraria a própria reconstrução francesa.

Em 1945 o imperador do Vietnã, Bao Daí, renuncia ao trono perante o poder de Ho Chi Min, que com a ameaça francesa declara independência ao Vietnã do Norte, tendo como capital Hanói, Ho Chi Min, entrava assim para a história do povo vietnamita, pois, dava a seu povo o que sempre desejaram a liberdade. [18]

Todavia, o Vietnã estava dividido, e em meio a crescentes conflitos, dos quais não eram sanados, fará de Ho Chi Min em 1946 adesencadear uma guerra na Indochina, buscando a independência sul, vietnamita que se encontrava sob a predominância francesa, tornando válido o nacionalismo do Vietnã, o povo vietnamita são filhos da mesma terra.[19]

Bao Daí é posto na chefia do Estado Nacional do Vietname (sul) demonstrando a seu povo uma grande supremacia política e militar.

Contudo, o Viet- Minh passa a ser patrocinado pela China do qual, fortalecera seu poderio militar, frutificando na derrota dos franceses em Lao- Caye Cao- Bang, posto as ordens do General Nguyem Giap sob a decisão de Ho Chi Min que obteve grande prestigio, sendo que, em 1950 aRepublica Democrática do Vietnã (norte), fora reconhecido internacionalmente entre a Rússia e China.[20]

No entanto, os EUA temiam a uma ascensão comunista na Indochina, passando a prestar ajuda a França.

A guerra se alastrará, e o acordo de Genebra em 1954 dividira formalmente o Vietnã, formalizando a derrota e o fim do poderio francês.

As esperanças de Hanói era o acordo que de paz conferidos ao acordo de Genebra que determinava a realização das eleições em todo o país no ano de 1956, com o objetivo de reunificar o próprio Vietnã. Contudo, Ngo-Dinh-Diem primeiro ministro de Bao-Dai se recusa em concordar com as eleições, tornando inválidas as esperanças de Hanói que atacará seu vizinho sulista.[21]

Entretanto no ano de 1955 os EUA sob o governo de Dwight David Eisenhower começaram a mandar seus conselheiros a favor de Diem, sendo que o Vietnã do sul não seria capaz de se manter frente à ameaça comunista, que gerava tanto, conflitos internos e externos. Contudo, no mesmo ano resultará na deposição de Bao-Dai, sendo eleito em 1956 Diem como primeiro presidente constitucional do Vietnã do Sul.

A guerra se manterá presente na vida do povo vietnamita, sendo que em 1960 é criado no Vietnã do Sul a Frente Nacional de Libertação (FNL), que em si reunia os dirigentes políticos e comunistas do próprio Vietnã do Sul, seus guerrilheiros eram conhecidos como vietcongues, Ho Chi Min, contudo, infiltrara seu exército no Sul reforçando o poderio dos comunistas.

Em 1961 John Kennedy presidente dos EUA reassumira definitivamente a presença norte-americana em favor de Diem, disto, os camponeses passaram a encarar os norte-americanos do mesmo modo como encaravam os franceses, sendo que:

 

Um povo tão desiludido e ferido estava maduro para a propaganda do movimento da nova resistência, e crescente número aceitava a interpretação dada ao apoio americano a Ngo Dinh Diem como sendo um indício do desejo americano de estabelecer uma espécie de colonialismo em seu país[22].         

 

 Nota-se que o povo vietnamita temia mais uma espécie de colonialismo em seu país, deste fato, lutariam a qualquer custo para sua liberdade.

Em 1963 o presidente Diem fora assassinado pelo seu próprio exercito, a partir de então, o país foi dominado por uma série de governos militares, o presidente John Kennedy coincidentemente foi assassinado no mesmo ano tendo como sucessor Lyndon Johnson, que manteve a decisão de ajudar o Vietnã do Sul e impedir que as forças comunistas tomassem o poder.[23]

Conseqüentemente, sob o mesmo julgo a tentativa do imperialismo norte-americano ao Francês, os vietnamitas nunca viram tamanha presença de soldados americanos em seu país, os EUA mostrava ao Vietnã do Sul sob o governo de Van Thieu (eleito presidente) um novo timbre de guerra que representava um poderio bélico e uma presença qualitativa, extremamente superior a da França, visto que, em 1965 o numero de soldados era de 200.000 e em 1966 atingia aproximadamente a 400.000, o país estava repleto de soldados norte-americanos dos quais muitos nem sequer sabiam onde se localizava o Vietnã, não conheciam nem sequer suas culturas, assim se viam sozinhos nos campos de batalhas prontos a cometer seus atos impopulares, gerando revolta do próprio povo vietnamita.[24]

Assim podemos ressaltar que, diante desses fatores de opressão e corrupção, criara no povo vietnamita uma semente de descontentamento, que seria vencida pela chama da esperança, a independência do Vietnã.

No entanto a visão da guerra era bem ambígua, pois, os americanos acompanhavam a guerra através dos jornais dos quais viam seus filhos lutarem com bravura contra inimigos desesperados, Já os vietnamitas viam a guerra um pouco diferente, ela estava ali nas suas aldeias, no sangue de seus filhos e mulheres, viam os vietcongs não como comunistas, mas conterrâneos e irmãos que são filhos da mesma pátria.

O mundo almejava a paz, pois, nota-se que a guerra deixava suas marcas “desumanas”, se perdia todos os valores éticos e morais, assim sendo a sua desonra não é somente a desonra do povo vietnamita, mas a vergonha de todo o mundo que terá sua parcela de culpa se não lutarem ao fim desta guerra destruidora e exterminadora de raças.[25]

 

1.3 A Tecnocracia

 

O objetivo deste tópico é relatar sobre o problema da tecnocracia que pode ser definida como “[...] forma social na qual uma sociedade industrial atinge o ápice de sua integração organizacional”.[26]

Contudo, no sistema tecnocrático tudo compete a se tornar puramente técnico, sendo objeto de uma atenção profissional.

O homem com suas manifestações e desejos bem como a política, educação, cultura e lazer se tornar-se-ão fatos da própria tecnocracia que aparecerá sobre o homem em suas necessidades que por sua vez realizadas alicerçarão a outras, transformando-o em um consumidor compulsivo.[27] 

No entanto nem todos percebem a manifestação tecnocrática, em que, o homem é escravizado pela autonomia técnica.

Basta lembrar a realidade de um jogo qualquer em que nos fitamos apenas nos jogadores, concentramos sobre o time do qual torcemos, analisamos se as condições dos jogadores condizem, com a expectativa esperada, assim, nem notamos a presença do arbitro que é a figura mais importante do jogo, pois, é ele quem determina a regra com limites e metas, julgando o próprio percurso do jogo. Assim, é a tecnocracia, do qual tem por característica de se fazer ideologicamente invisível.[28]

A tecnocracia tende a nos propor três premissas independentes, a) as necessidades humanas são puramente de fruto técnico, contudo, se a necessidade não responde à técnica a mesma não é real, mas uma mera ilusão, b) uma análise formal da própria necessidade satisfeita pela tecnocracia, c) os especialistas que proporcionaram a realização do desejo sabem o que dizem, pois, o conhece.[29]

Podemos notar que a técnica foi transformada em um instrumento fundamental de dominação do homem sobre o homem, do qual vivendo nesta realidade o mesmo perde a sua verdadeira experiência de liberdade tanto individual quanto coletiva.[30] 

Todavia, equivale ressaltar a sociedade tecnocrática como um “governo com consentimento de governados”, pois, a presença de especialistas que nem sempre é notada nos torna escravos da técnica e do medo, sendo assim, tais especialistas que não elegemos podem ser enviados a qualquer lugar que seja, talvez um próximo Vietnã.[31]

Segundo o autor Theodore Roszak é importante compreender que “[...] a tecnocracia não é produto exclusivo das maquinações daquele demônio, o capitalismo”.[32]

Compreende-se então que mesmo que se eliminasse o lucro, a tecnocracia existirá, no entanto a reflexão feita pelo autor nos deixa dúvidas, pois, como se pode aprimorar técnicas sem a competitividade capitalista que visa o lucro a mola propulsora para o desenvolvimento técnico?

Nos basta lembrar um órgão socialista que almeja somente o bem-estar da sociedade, no entanto para responder a tais necessidades terá que se aprimorar cada vez mais, assim para tal aprimoramento necessitará de novos especialistas que proporcione o desenvolvimento tecnocrático. 

Nota-se que ao se eliminar o lucro nos resta apenas à busca tecnológica para assim responder as necessidades da sociedade que sempre se encontra em transformação, no caso, não devido ao capitalismo, mas, na capacidade criadora do homem, que busca uma vida mais confortável e segura, no entanto inserido neste contexto não se tem resposta por parte da sociedade tecnocrática, pois, ela não responde as necessidades humanas, já que em seu próprio contexto compete à autonomia da técnica sobre o próprio homem que por fim necessitará de respostas senão pelos próprios especialistas.[33] 

Diante destes aspectos em que a sociedade tecnocrática que almeje o ápice de sua modernização, por uma crença absoluta aos objetivos do conhecimento cientifica da produtividade e do progresso que faça dos privilégios “valores” técnicos racionais superiores ao social e humano, ou seja, a necessidade humana que se transforma em puro desejo tecnocrático.

Deste modo, como nos comportar diante desta realidade?

Seria este o destino da humanidade?

Destas indagações tratar-se-á no próximo capitulo.

 

  

CAPÍTULO II

 

 

A CONTRACULTURA

 

 

 As indagações mencionadas no capítulo anterior se tornarão partes da própria realidade da juventude da década de 50 e 60 que as presenciava em seu cotidiano. Estas questões frutificarão uma nova geração, que via em seus potenciais uma força totalmente questionadora e modificadora que seria capaz de não só transformar o mundo, mas sim reinventá-lo, neste aspecto, para mobilizarem tais perspectivas se desligarão totalmente da realidade existente, impondo a uma nova cultura, que contrabalançasse com a própria cultura atual, tal manifestação é denominada como Contracultura, que aprofundaremos mais adiante.

 

2.1- Como tudo começou: Uma invasão de Centauros

 

Falar de contracultura é referir em primeira instancia os EUA, tendo em vista que, é neste país que o fenômeno contra cultural encontrara maior credibilidade para sua manifestação.

 A realidade da guerra fria bem como a guerra do Vietnã obtevem grande repercutibilidade nos quatro cantos do mundo, proporcionando um novo ambiente de contestação e indignação em que não era somente a guerra que estava errada, mas o próprio mundo.

Efetivamente, com a participação dos EUA, nos conflitos mundiais, entre eles já citados, a guerra-fria em parceria com a guerra do Vietnã, frutificarão a uma nova geração, esta, sugere uma nova cultura, que se oponha radicalmente a todos os valores estabelecidos da sociedade atual, no caso ainda, da década de 50; nascia assim a Geração Beat, dos quais seus adeptos eram denominados Beatniks, por ocasião do Satélite russo Sputnik[34], no entanto, tal impregnação destes termos deve-se a um dos maiores poetas desta geração, Jack Keroac[35] que primeiramente tentara descrever uma “fechada” comunidade de amigos dentre os quais, participavam-se, artistas, poetas e escritores, o fato é que mais tarde o termo não se referia somente a uma pequena comunidade, mas a um próprio movimento que tinha por meta o desengajamento total em massa contra a sociedade tradicional. Uma libertação de corpo e de alma que infligia com todas as amarras tradicionais, tal ideologia seria sustentada primeiramente pela própria poesia, dentre tal concepção refletia Keroac em que: “[...] sua maior luta era fazer com que o homem tivesse o direito de ser o que quisesse”.[36] Em outros termos, uma libertação que se tornava desde já a própria arma das manifestações contra culturais, ou seja, uma escolha que implicaria em ser aquilo que se quer. Era transformar-se em um beat. Assim o termo beat referia-se a esta geração, obtendo intimamente seu significado “arruinado”, e era justamente o que Jack Keroac católico devoto (antes do budismo), queria fomentar, pois, o mundo em que se vivia era muito devagar, dogmático e careta, assim o desligamento a este mundo implicaria a vista do sistema como um bando de loucos e arruinados.

Segundo Keroac, tal libertação viria principalmente da busca literária, esta, levaria a cada indivíduo a sua libertação, tratava-se assim de dar ao mundo um certo abalo tornando-o habitável era, beatificá-lo. O fato é que Keroac desenvolvera juntamente com outros poetas, dentre os quais se destaca ainda Allen Ginsberg[37] uma nova literatura, esta, com uma marca própria a “prosa espontânea”, como refletia o próprio Keroac: Eliminai a inibição literária gramática e sintática (...) nenhuma disciplina que não seja de exaltação retórica e da afirmação”.[38]

Trata-se assim, de uma libertação literária que coloque o homem ao encontro de si mesmo, uma saída, que se transpunham ao mundo os ideais da própria cultura beat, sendo refletida no desengajamento, produção e construção de ser aquilo que se deseja.

É evidente ainda notar que, os beatniks ao idealizarem e tornado real esta nova cultura herdam uma personificação marcante pela própria cultura oriental sendo movidos pela sensação natural ao invés de uma vida escrava que busque apenas um futuro promissor ponto fundamental em que herdarão nos anos 60 o movimento hippie, deste abordaremos mais adiante.

 Keroac é o principal idealizador deste movimento, chegando a escrever várias obras em favor e incentivo a própria geração beat, seu principal livro é ON THE ROAD “Pé na estrada” (1957), chegando a influenciar várias mentes da época, tal é sua importância que chegou a ser chamado por esta geração como a Bíblia beat, o fato é que, Keroac destaca neste romance, pontos fundamentais para esta geração como: liberdade sexual ou até mesmo a vida livre de se tornar um aventureiro beat. Por conseguinte, as desamarras sexuais e a vida livre, eram pontos culminantesem On The Road, que se destacava na própria personificação dos novos aventureiros que almejavam a vida beat, complementada, repito, por uma busca ao sexo livre:

 

 

(...)Marylou estava saltando no sofá, Dean tinha expulsado o  inquilino do apartamento para a cozinha, provavelmente para que fizesse café, enquanto ele dava prosseguimento às questões amorosas, já que, para ele, sexo era a primeira e única coisa sagrada e realmente importante na vida, ainda que ele tivesse que suar e blasfemar para ganhar o pão e assim por diante.[39]

 

Da vida livre, ou a aventura beat, Keroac destaca:

 

Na meia-noite seguinte, cantando esta pequena canção, Lar em Missoula, Lar em Truchee, Lar em Opulousas, Não há lar para mim. Lar em velha Medora, Lar em Wounded Knee, Lar em Olgallala, Não terei lar até o fim (...).[40]

 

No entanto, outro grande poeta desta geração é Allen Ginsberg que também fizera de seus poemas fonte de inspiração a cultura beat, pois, fornece a esta um novo estilo poético, afirmando com clareza os próprios ideais beat, ou seja, dava a sua poesia um grande impulso visionário e mítico do mundo, um certo tipo de êxtase do corpo e da terra que de algum modo abranja e transforme a mortalidade esta que seria superada e transformada pela busca de uma felicidade desvinculada a qualquer desejo materialista, como se refere o próprio Ginsberg: “apenas escrever(...) soltar a imaginação , descerrar o segredo, anotar as linhas mágicas saídas de minha mente real[41]”.  O fato é que Allen Ginsberg se perpetualizava no coração desta geração, sua poesia tornava-se a partir de então, o próprio espírito, o êxtase para a reinventação da sociedade, a resposta estava lançada ao ar, o caminho era a própria literatura beat, Ginsberg infligia em seus poemas sua própria posição diante do mundo, sendo ela ainda um incentivo às manifestações beat.[42]

 

                                        Por que o mundo é uma

                                        montanha de merda

                                        se vamos movê-lo

                                        é preciso que lhe

                                        metamos a mão.[43]

 

   Neste trecho, notamos a própria flecha ideológica da contracultura, que busca no caso nas poesias beat, a própria contestação ao mundo até então estabelecido, pela sociedade tradicional, que se constituía por uma sociedade alienante e selvagem, regida apenas, sob a lei do mais forte, e é neste aspecto que esta geração vem se opor tendo por característica e marca a própria valorização da cultura negra que até então era discriminada na sociedade atual, norte-americana, desta ainda refletia-se na própria identificação da musica com o Jazz e uma relevante dose pela busca de festas e drogas, pois, a qualquer decisão precipitada da guerra-fria poderia acabar de vez com o mundo. Assim ser um beat significava o próprio desengajamento com a realidade em que o mundo se passava, pois, o mundo que se vivia era relativamente careta e muito devagar, assim sendo, a ideologia beat contrapunha estes tabus proporcionando ao mundo certo abalo em ligação as festas.

Disto os EUA (em primeira instância) presenciam uma cultura que rompia com todos os laços da cultura oficial, esta banhada por um desejo enorme de mudança a todos os paradigmas doentios, impostos pela sociedade tradicional, a partir desta ideologia que a nova cultura se moverá, pois, lutarão desesperadamente dando efeito prático às teorias revolucionarias da nova filosofia denominada “drop out”, ou seja, cair fora de todo e qualquer sistema tradicional.

Diante desta realidade, surgia nos EUA um verdadeiro conflito de gerações a começar por São Francisco, berço dos beatniks, se espalhando por todo o país (EUA), que a partir deste passava a exportação dos ideais beat para o mundo. Embora os ideais da contracultura, não seja aqui um produto exclusivo daquela juventude, sendo ela ainda sustentada pelos ideais dos mais velhos, que viam na juventude estadunidense um grande poder de mobilização e contestação à sociedade atual que permanecia altamente massificante pela notável busca de racionalização que suplantasse o próprio homem, transformando-o em um consumidor altamente necessitado. [44]

No entanto, é no interior desta inflamação beat que surge os hipster, dos quais sendo movidos pelos mesmos ideais, estes, se opõe radicalmente aos Square (conformistas e fieis defensores do American way of life), em outras palavras os hipster vem se opor definitivamente contra a sociedade tradicional, os hipster simbolizam a partir de então o próprio grande desengajamento total do mundo e é por este motivo que são conhecidos pela sociedade americana como “negros brancos”, sendo que para esta sociedade o negro era tido como uma classe excluída e marginalizada.

Ser um hipster significava a criação de uma nova geração de homens que se permitem guiar pela paixão interior, esta sob o aspecto de: [...] se desligar da sociedade de existir sem raízes de empreender essa viagem sem rumo pelos rebeldes imperativos do ego[45]”, disto caberia a própria realidade de se opor e combater totalmente a qualquer norma de valores estabelecidos pela sociedade tradicional trata-se de empreender viagens, que se desfaleça a esta sociedade alienante, racista e corrupta.

A partir destas discussões, se tornava cada vez mais freqüente e comum notar o grande relance da contracultura que crescia rapidamente, estando presente em todas as áreas sociais, era vista em uma juventude que utilizavam uma forma totalmente inovadora que se colocasse totalmente contra o “comum” da sociedade estadunidense, ou seja, contestava o sistema de frente e para isso modificavam com todas as estruturas possíveis, dando assim, a esta sociedade novas maneiras como os próprios aspectos físicos: cabelos cumpridos, roupas coloridas, uma boa dose a favor das drogas e festas, sinais que demonstravam a esta sociedade que esta geração boêmia não era uma geração perdida ou louca, mas a partir de tal concepção estes viam uma juventude que queria chocar de frente a todos os padrões de sua época. Desta repercutibilidade que a contracultura já se fazia presente em escolas, bem como a discussões ideológicas (contra culturais) nas próprias universidades, na musica, era a própria reflexão de que aqueles que tinham acesso a cultura, era os que mais a rejeitava.[46]

Trata-se aqui de uma juventude transviada, que passava a fazer parte do cenário político e cultural da época, produzindo a sociedade um espírito totalmente libertador e questionador de todos os laços e amarras da cultura tradicional, ou seja, o mundo presenciava a partir de então uma verdadeira ascensão de Centauros, do qual, Apolo não seria capaz de interromper.[47]

  

2.2 A sociedade alternativa: O movimento Hippie

 

Sob o mesmo ideal beat surge na metade da década de 1960 os alegres e contagiantes Hippies, embora contagiados sob tal aparência estes eram totalmente descrentes do futuro e desencantados com a realidade, a proposta hippie viria da tentativa de um mundo alternativo “undergraund” que permanecesse totalmente contra a sociedade industrial e ao sistema capitalista.

Hippie significa em seu sentido etimológico, jovem relaxado, que se droga e aceita a libertação sexual. É a partir destas características que a ideologia hippie fazia-se presente na própria revolução do fenômeno contra cultural que abria os olhos da sociedade estadunidense. Esta aos vê-los, começava a recusar seus impostos devido aos próprios investimentos do governo norte-americano (EUA), em armas nucleares e a própria guerra do Vietnã. O fato é que, os hippies desencantados e descrentes do presente e do futuro notavam que algo mudava, era necessário sair das comunidades (hippies), e abrir os olhos de todos os habitantes engolidos pelo sistema americano.[48]

Desta explosão, os alegres hippies começavam a se espalhar pelo mundo, sempre em comunidade, com seus famosos slogans coloridos e alegres recheados pelas frases simbólicas e até mesmo humorísticas, mas tendo sempre um único ideal, o amor e paz. Como referência ainda destacava-se frases como: Faça Amor, Não a Guerra; Paz e Amor. Destes passavam a uma nova maneira de expressar suas “revoltas”, estas mobilizadas pelas grandes e valorosas manifestações, que ao invés de violentos ataques a sociedade, os hippies costumavam a fazer seus protestos pela notável distribuição de rosas, estas eram marcadas por valorosos sorrisos na única tentativa de uma total mudança á sociedade, dando a partir de então novas perspectivas ao futuro do mundo, tal manifestação era marcada ainda pela relevante dose de música, que refletia a sociedade uma revolução juvenil que a partir de então acreditava em uma retomada da própria humanização do homem, e a deixa pela mecanização tecnocrática que faz do homem escravo da própria maquina.

Desta ideologia, os hippies marcarão profundamente as maneiras de se protestar, pois, uma das mais relevantes manifestações hippie deste caráter, surge no ano de 1967, este é marcado pela grande distribuição de rosas, fazendo deste ano um marco na historia contra cultural, pois ficará conhecido como o ano das rosas. Tal manifestação se deve a unificação das próprias tribos hippies, tendo por finalidade a divulgação desta para outras tribos, que alcançava rapidamente grande repercutibilidade, desta ideologia, surge a primeira manifestação, a começar pela cidade de São Francisco (EUA), desde o Golden Gate Park a se alastrar até o World’s First Human Be-In, este foi marcado pela presença de 20 mil jovens que com alegres cantos e danças, espalhavam ao público algo nunca visto até então, estavam cobertos de flores, colares e pulseiras de contas. Com isso, no mês de junho daquele mesmo ano a manifestação daqueles jovens já atingia a quantia de 100 mil hippies, sendo intitulados pelo público e a imprensa como, “filhos da flor”, que definitivamente invadiram São Francisco, fazendo desta cidade a grande capital dos hippies, o que frutificou a vinda de inúmeros turistas.[49]     

A inspiração para as manifestações vinha das próprias drogas destacando-se o ácido lisérgico denominado como LSD, principal droga que infligia à comunidade hippie.

Os hippies viviam sempre em comunidade abstraindo uma forte influência das tribos primitivas, tornavam-se adeptos da não violência, sendo movidos por uma busca incessante ao prazer, ao misticismo, que se frutificavam nas próprias sociedades alternativas (hippies) localizadas em sua grande maioria, nas zonas rurais, ou seja, longe de toda aquela loucura falida da sociedade urbana, os hippies contagiavam toda aquela juventude da década de 60, que a partir de então passavam a se manifestavam por uma notável descrença aos estudos que visava somente o bem-estar de uma vida promissora e materialista, esta mais uma presa fácil ao sistema capitalista, assim desta explosão hippie por parte de novos adeptos que assim como os prematuros beatniks estes jovens da década de 60 era em sua grande maioria da classe média, refletindo diante do mundo a própria recusa ao sistema até então estabelecido pela própria ordem mundial está sob o poderio imperialista que se personificava as próprias forças bélicas[50].

No entanto, a grande chave desta geração é a unificação entre os movimentos, pois, os jovens da contracultura formavam uma verdadeira frente esquerda, aos valores tradicionais, está nova esquerda contava desde hippies, aos movimentos gays, destacando-se também o próprio black power “O poder negro”, o fato é que está esquerda almejava um único ideal, liberdade, felicidade que eram sobrecarregados por uma boa dose de amor e calor humano, no entanto, a grande explosão para estas manifestações de frente esquerda viria da própria música destacando-se o Rock, que desde a metade da década de 1950 já se fazia presente sob a figura de Elvis Presley[51], mas algo mudará. O rock estava amadurecido o bastante para expressar o que aquela juventude queria. Está força seria bruscamente significada através das grandiosas figuras de Bob Dylan, Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. [52]

 

2.3 Bob Dylan: Um caminho contracultural

 

Robert Zimmerman “Bob Dylan” se tornava na década de 60 o grande guru daquela juventude que inflamados pela notável busca por um mundo mais humano sofrerá inúmeros ataques, estes, tanto por parte da grande sociedade aburguesada quanto pelo próprio sistema que prevalecia sob o solo norte-americano no caso dos EUA, no entanto, Bob Dylan com apenas 19 anos no ano de 1960 abandonava seu estado de origem Minnesota pelo polêmico Greenwich Village em Nova Yorkoutro grande centro das manifestações da contracultura, que deste já contagiava toda aquela juventude. O fato é que a partir da saída de Dylan de seu estado de origem, este acabará por proporcionar a juventude uma nova expressão contra cultural, sob o fato de necessidade, por parte, desta geração a figura de um próprio mito, e Dylan caberia muito bem a este papel, devido à própria transformação que ele fizera com a música se tornando um grande inovador do rock “(...) Cantor folk, porta-voz da Nova-Esquerda americana, guru dos hippies, inovador do rock (...)”.[53]Dylan passava a partir de então, a ser visto por esta juventude não somente como um cantor, mas passava a ser um dos lideres que fomentava todos os ideais daquela mesma juventude.

Durante a trajetória de Bob Dylan o sucesso era a marca evidente em suas canções, pois, desde o seu primeiro LP lançado em 1962 que cujo título fora intitulado como “Bob Dylan”, levando o cantor a atingir desde já os grandes índices de proporcionalidade Record diante de outros cantores da época, assim sendo, é a partir deste que Dylan impulsionado pela notável repercussão de seu primeiro LP, lança em maio de 1963 seu segundo LP, que fora denominado como, “The Frewheelin’Bob Dylan,” este LP desenvolverá um papel de grande importância, pois, é neste disco que Dylan começa a se afirmar como porta voz desta juventude transviada e sedenta de justiça, paz e amor. O fato é que, Dylan se tornava um grito, a esperança daquele jovem esquerda que se permanecia fortemente presente naquele país, no entanto, um dos exemplos desta participação de Dylan nas manifestações contra-culturais, viria deste mesmo disco, destacando-se na canção “Blowing in the Wind” esta se tornava um grande hino da Marcha dos Direitos Civis que teve seu auge em agosto de 1963 na cidade de Washington.[54]

Deste mesmo disco destacam-se canções como “A Hard Rain’s a-gonna fall,” que trazia em sua letra a própria angustia sob as denúncias da grande devastação atômica ou nuclear, destacavam-se ainda outras canções como “Masters of war” referindo-se a própria guerra do Vietnã, assim sendo, é no ano de 1964 que Dylan pioneiramente no festival de Newport implanta o admirável som da guitarra elétrica, gerando entre alguns incrédulos desta geração algumas manifestações hostis. Embora, sob tais críticas que se lançava sob Dylan, aquela juventude era crente de que o mito de Bob Dylan não ensinava somente o caminho para as manifestações contra-culturais, mas ele mesmo infligia através da música os próprios ideais que inflamava toda aquela juventude, Dylan se tornava o próprio caminho, pois, suas canções se tornavam, a partir de então, uma verdadeira encarnação daquele novo mundo jovem.“Minhas canções protestam contra a guerra, contra as bombas e os preconceitos raciais, contra o conformismo”.[55]

Dylan retratava também que para tal manifestação a favor da paz, não caberia somente dizer ou relatar os fatos, mas caberia a própria juventude a busca de seu mundo interior, de cada um, como refletia em suas próprias musicas, ou no grandioso festival de Newport Folk (1964) já citado, em que pela música “Mr. Tambourine Man” tematiza as relevantes “viagens”, ao invés de catastróficas revoltas. Todavia, tais viagens vinham através do uso das drogas, que proporcionava uma verdadeira liberdade de espírito, após tal discurso Dylan se tornava um ídolo especifico do grandioso movimento hippie.[56]

   No entanto, é, a partir deste ano, que Dylan se colocará de maneira mais tradicional, buscando novas maneiras de envolver o publico, mas sempre se posicionando a favor desta geração (contracultura), chegando a lançar em 1974, um de seus maiores sucessos, “Planet Waves” este, demonstrava a imensa capacidade que Dylan tinha sob os estilos musicais, deste disco, Dylan, fazia referência desde os hippies às próprias fontes de indignação de todas as partes sociais, no entanto, era evidente que, Dylan já se havia perpetualizado nesta geração que jamais ousaria em esquecê-lo[57].

No entanto, o rock explodiria, pois, a sua invenção na sociedade tradicional, fizera grandes mitos. O rock demonstra ser capaz de sustentar os ideais da contracultura, e, é a partir deste estilo musical, que os jovens daquela época vivenciarão a presença de seus próprios mitos que sobrevivem até nos dias atuais, nascia as grandes muralhas dos ideais da contracultura, estes: Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison (The Doors).

 

2.4 Jimmy Hendrix: Um novo rock

 

 Johnny Allen Hendrix nasceu no dia 27 de novembro de 1942, em Seattle, Washington (EUA). Sua mãe chamava-se Lucille Jeter (filha de uma índia), seu pai era James Allen Hendrix, que fora convocado a participar da segunda guerra mundial no mesmo ano que Hendrix havia nascido. Contudo, no anoem que Hendrixfizera três anos de idade, seu pai retorna da guerra, mudando seu nome para, James Marshall Hendrix, os pais de James viviam em constantes conflitos, frutificando a maior parte da infância do filho, na presença de sua avó materna. 

A mãe de James faleceu quando ele tinha apenas 10 anos de idade, no entanto, seu pai casava mais uma vez, gerando deste segundo casamento mais três irmãos a James, um homem e duas mulheres.

Desde cedo James demonstrava grande talento musical, pois, aos 11 anos seu pai o presenteia com um violão. James aprende a tocá-lo rapidamente, chegando a impressionar seu pai, que vende o próprio Sax, para comprar ao talentoso filho, uma guitarra elétrica, um ano mais tarde.[58]

James gostava muito de rock e do blues, tocando desde os 14 anos em bailes e festas. Aos seus 16 anos James deixa o colégio “Ginásio Garfield”, após ter sido acusado de namorar uma garota branca e James era negro, por parte de seu pai. Esta acusação acarretou na sua expulsão do colégio, pois, este não permitia tal relacionamento entre negros e brancos.

Em 1961 James alista-se no exercito, como pára-quedista de Fort Ord, Califórnia. É neste mesmo período, que James conheceu o baixista Billie Cox, que fica impressionado ao ouvir o som da guitarra do jovem Hendrix.No entanto após uma fratura no tornozelo durante um salto no ano de 1962, James pede dispensa, chegando certa vez a afirmar que a fratura fora apenas uma desculpa para sua saída, pois, já estava de saco cheio a tantas ordens e gritos, por parte das autoridades do exército.[59]

James havia experimentado a adrenalina dos saltos, conhecia os céus, bastava agora conhecer as ruas e os palcos.

No ano de 1963, James resolve colocar o pé na estrada, tornando-se mais um aventureiro da vida undergraund, era um talentoso guitarrista, que sabia muito bem se sustentar ao som de sua guitarra. Já no ano de 1966 James forma seu primeiro grupo, denominado “Jimmy James e os Blues Flames”, tocavam em um estabelecimento que cujo nome era “Café Wha?”, certa vez ao tocar neste estabelecimento Hendrix é admirado por Bob Dylan, bem como pelo grupo de rock Inglês Rolling Stones, em especial pelo Stone Keith Richard que fica admirado com o potencial de James, que o encaminha sob os serviços do produtor Chas Chandler (baixista de um grupo denominado “The Animals” ), este, lança a proposta de James ingressar-se para a cidade de Londres (Inglaterra), e é, a partir desta viagem que James se torna definitivamente Jimmy Hendrix. Duas semanas mais tarde Jimmy se encontra com Noel Redding e Mitch Mitchell, deste o primeiro tocava baixo e o ultimo bateria, estava assim composto um novo grupo denominado “The Jimmy Hendrix Experience”. O nome fora composto pela notável mania de Chander por ficção cientifica.[60]

Em 1967 o grupo lança seu primeiro LP, destacando-se a música “Hei Joe”, foi um LP simples, mas em termos de som era fantástico, pois, é a partir deste LP que o grupo começa a se destacar na Europa, evidenciando em destaque o show de Munique (França) em que é marcado pela notável apresentação de Jimmy. Após uma invasão ao palco, escorrega quebrando sua guitarra. Surpreendentemente Hendrix se levanta, recolhe os restos do instrumento e acaba de quebrá-lo nas caixas de som, este comportamento se tornava a partir de então, em um verdadeiro ritual nas apresentações de Hendrix que atingia grandes índices de participação do publico.

A voz grossa e firme de Jimmy, ao ritmo dos blues, era sustentada pelo maravilhoso som da guitarra elétrica, um total complemento, que fazia de suas apresentações um momento catártico, este, regido por uma boa dose de uso as drogas. Jimmy era moldado especialmente por uma planta de alto poder alucinótico, a Maconha.[61]  

Em junho daquele mesmo ano (1967), Jimmy apresenta-se aos americanos (EUA), no festival de Monterey (Califórnia), deixando aos olhos e ouvidos do publico, uma apresentação de extrema adrenalina e força de arrebatamento musical, causada especialmente pelos ácidos que Hendrix ingeriu antes do show. O fato é que, os Estados Unidos presenciava algo nunca visto em sua cultura, pois, Jimmy conduzia a platéia através do rock, como um verdadeiro pastor, que sempre tinha algo de novo, pois, ainda no fim de sua apresentação, Jimmy joga a guitarra no chão, bota fogo, e a exorciza como em um ritual de oferenda aos deuses. Aqueles que perderam teriam a oportunidade de rever aquele sacrifício, já que Jimmy o repetirá varias vezes, chegando a dizer em um certo momento: “Às vezes em que queimei minha guitarra foi como um sacrifício. Você sacrifica as coisas que você ama. Eu amo a minha guitarra”.[62]      

Jimmy retorna para a Inglaterra, deixando seu primeiro LP nos EUA pela gravadora Sinatra, seu LP foi intitulado como “Are, You Experienced?”, que atinge grandes índices de sucesso. Em novembro daquele ano (1967), Hendrix lança seu segundo LP na Inglaterra “Axis: Bold’as love”, marcando para o próximo ano varias jornadas pela Europa, embora, sob o desgosto dos próprios organizadores, referente a mania de quebrar guitarra nos amplificadores .

Em maio de 1969, Hendrix é preso no Canadá, sendo acusado de porte de drogas, embora, nada comprove que Jimmy, realmente trazia drogas consigo naquele dia. Hendrix foi libertado, após pagar uma fiança de 10 mil dólares.

Em agosto de 1969, Jimmy retorna aos EUA, para cantar no grandioso festival de Woodstock, que tinha desde já, grandes repercussões mundiais, retratando que este festival era um verdadeiro marco de paz e amor, via-se uma juventude, que não queria a guerra (em especial a do Vietnã), em que se chorava a própria perda de parentes e amigos.

Jimmy apresentou-se de manhã abalando definitivamente todas as estruturas de Woodstock, com sua guitarra. Jimmy animava ritmicamente aquela juventude ao som do rock psicodélico sob ajuda dos próprios ácidos, que eram complementados ao som de sua guitarra elétrica. O fato é que, Jimmy sintonizava a piração do acido com a guitarra, e lê na grandiosa multidão de Woodstock, sua própria apresentação, sendo ela uma notável performace hipnótica que se estralava ao som do hino americano ao da própria juventude, em destaque a música “Purple harze” (A viagem do àcido), alimentando milhares de mentes daquele festival histórico[63]. Chegando a afirmar: “Eu tento usar a minha música como uma máquina para fazer estas pessoas agirem para que façam mudanças”.[64]

Hendrix morreu no dia 18 de setembro de 1970, era uma quinta-feira de manhã, quando sua namorada de descendência Alemã de cujo nome é Monika Danneman, o encontrou inconsciente no quarto do Motel Cumberland, em Londres, esta tratou logo de pedir socorro, no entanto, Jimmy morre na entrada do hospital de St. Mary Abbot em Kensington, Inglaterra. A causa seria de sufocamento em seu próprio vômito, gerado pela intoxicação de uso as drogas. Hendrix foi enterrado, no cemitério de Greenwood em Renton, Washington (EUA), em 1 de outubro de 1970 após o intenso velório na Igreja Batista Rainier.[65]

 

2.5 Janis Joplin: Um uivo para os céus.           

 

Janis Joplin nasceu no dia 19 de janeiro de 1943, em Port Arthur, pequena cidade do Texas (EUA), Janis passou grande parte de sua juventude nesta região, e sabia muito bem abarcar com a tradição ortodoxa daquela localidade, sendo que, esta devido a tais aspectos tradicionais exigia e se posicionava totalmente contra qualquer forma de manifestação contracultural, em especial o desprezo à própria geração beat.[66] 

Janis tocava Folk Blues com uma pequena banda local, sempre em troca de boas doses de bebidas ou drogas, o fato é que, desde a juventude Janis demonstrava seu desprezo e angustia diante das situações do mundo que visa somente á busca por um futuro promissor, um mundo de carreira, em que ela mesma sofrerá as exigências, devido ao próprio desejo de seus pais, dela se tornar em uma grande professora, era evidente que a própria Janis sabia que ela sempre fora uma marginalizada (beat), e a música seria a chave certa, para a explosão que Janis guardava deste mundo extremamente ortodoxo e lerdo, “minha musica é sobre sofrimento sua urgência. Sua presença” [67]. Janis encarava com clareza suas maneiras de pensar, cantar e gritar, como uma meta e um fim, fazer com que aqueles que a ouvissem sintam exatamente o que ela mesma sentia.

Devido aos concertos que se realizavam na cidade de São Francisco, atraindo ao berço dos beatininks varias bandas, um antigo amigo de Janis do tempo em que ela cursava a Universidade do Texas, em Austin, a desejo dos pais, Travis Riverers amigo e empresário de uma das bandas denominadas “Big Brother and the Holding Company”, que necessitava de um outro vocalista, percebe que Janis se encaixaria perfeitamente ao grupo, assim Travis retorna a cidade do Texas em busca de Janis, que se une ao grupo no ano de 1966, ganhando grande prestigio e destaque no concerto.[68]

No entanto, o primeiro LP do grupo só chegara a ser lançado em setembro de 1968, na cidade de Nova York, o disco fora denominado como “Cheap Thrills”, do qual ganhará o premio disco de ouro.

O fato é que, devido os grandes sucessos em tão curto espaço de tempo, se via o inevitável à separação de Janis ao grupo, pois, a partir de então todos tratavam as apresentações do grupo como: Janis Joplin e o grupo Big Brother. Surgia ainda, vários fatores negativos, que contribuía para o surgimento de desavenças no grupo, como a própria forma de Janis se manifestar, publicamente: “Talvez eu não dure muito tempo, mas se eu me controlo, não vou servir de nada, agora”[69], era a própria revolta e o sentimento da música que influenciava, desde já, o mito de Janis Joplin.      

E é diante de inúmeras ofertas que Janis aceita fazer uma turnê star, levando a conclusão de que, o grupo era definitivamente o reflexo de Janis Joplin. Todos a adoravam, sua voz era um verdadeiro uivo aos céus, pois, arrastava uma numerosa e fiel multidão, neste aspecto reflete o próprio baixista do grupo Big Brother:

 

[...] Depois de 68, era Janis a estrela: nós apenas fazíamos um acompanhamento de fundo para ela. Quando chegava ao final da música ela exagerava seu cansaço. Certa vez, ela ofegando à  frente do microfone e eu fiz uma brincadeira, dizendo que ela parecia a Lassie. Depois, nós tivemos uma briga nos bastidores. Eu não concordava com aquela maneira de ela provocar a platéia.Depois [...]ela voltou ao palco e se ajoelhou.Talvez estivesse sendo mais uma performance profissional mas ela certamente sabia cantar.[70]            

 

Janis forma um novo grupo, denominado como “Kozmic Blues Band”, que se apresenta em grande repercussão no ano de 1969, pelo festival Pop de Atlantic, o grupo apresentava-se em um estilo totalmente inovador, trazia uma característica nova, jamais vista, as guitarras tinham sido substituídas pelos metais que trazia para platéia um estilo mais aproximado dos antigos conjuntos de Jazz, Janis demarcava o espetáculo com sua voz aguda e áspera, criando ao seu redor toda uma discussão de que Janis, já não tocava com aquele intenso e alucinante Hard Rock, que tocava na banda Big Brother.[71]

O ano de 1969 marcava um grande período de crise na vida de Janis, sendo que neste mesmo ano, Janis tem complicações com a polícia, sendo acusada de vulgariedade e indecência, pelo uso de palavras indevidas, e gestos imorais.

Para aquela juventude Janis manifestava uma nova maneira de sentir a musica, fazendo desta um estado catártico que se redirecionasse em todos os aspectos físicos e mentais, como referia a própria Janis às autoridades em defesa de seus gestos: “Eu não quis ficar nua. Apenas fui sentindo a musica me possuir. As guitarras explodiam atrás de mim, eu não poderia deixar de explodir também”.[72] 

Embora sob grandes dificuldades Janis canta em 16 de agosto de 1969 no grandioso festival de Woodstock Music and Art Fair em Betlel, Nova York, colocando-se sob o mesmo estilo, e a mesma personalidade, provando que, aquela estrela de aparência áspera com uma voz rouca e agressiva, sabia muito bem se defender exteriormente, mas era completamente indefesa em seu interior, pois, magoava-se facilmente a se tratar do mundo, como ela mesma reflete: “No palco eu faço amor com 25.000 pessoas, mas depois vou para casa sozinha”.[73]                   

Era a própria realidade do mito, que se tornava nos palcos uma deusa que interagia e manipulava uma multidão inteira com seus gritos e gestos, embora Janis fosse extremamente sensível.

O tempo chegava para Janis, que encerra sua carreira aos 27 anos. Sua grandiosa vida “undergraund” passando do estrelado a estrela, Janis morre no dia 4 de outubro de 1970, três semanas depois da perda de Hendrix. Janis fora encontradaem um Hotel, estirada ao chão com o nariz quebrado, tendo ainda, sua boca ensangüentada, com isso, o laudo final “autópsia” concluía duvidosamente que Janis Joplin havia morrido acidentalmente, causada pelo exagerado consumo de heroína.

Era evidente a morte de Janis que sentia desde setembro a dor da perda de seu amigo Jimmy Hendrix, assim Janis sentia a necessidade de se cuidar melhor. Janis vivia neste período um dos melhores momentos da sua vida, o lançamento de mais um de seus álbuns e o almejado casamento com o jovem executivo Seth Mogan da cidade de Los Angeles, assim quando Janis soube da morte de seu amigo, entrou em uma depressão profunda chegando a dizer: “Não vou dizer que fiquei espantada. Eu conhecia Jimmy tira muitas probabilidades de eu morrer cedo, também”.[74]     

Janis deixava assim toda uma mitologia ao seu redor sendo conhecida por vezes como, branca de alma negra ou a própria deusa dos marginalizados ou ainda a musa dos hippies e dos beatinik, o fato é que o que está musa fornece à aquela juventude é o próprio sentimento dos blues,em que ela buscava expressar, um mundo desumano e imoral. [75]

 

2.6-O Xamã da sociedade: Jim Morrison e sua tribo The Doors.

 

James Douglas Morrison (Jim Morrison) nasceu em 8 de dezembro de 1943, nas localidades de Melburne, estado da Flórida, filho do famoso contra-almirante, George Steve Morrison que passava grande parte do tempo a serviço da marinha norte-americana.

Por conseguinte, já no ano de 1949 o pequeno Jim presenciou o maior momento de sua vida, em que viajando com seus pais por uma estrada montanhosa, rumo à cidade de Albuquerque. Com um tempo relativamente escuro que era transpassado a luz de vários relâmpagos, começava a chover e Jim vê uma luz vermelha que ofuscava a sua frente, George Morrison (pai de Jim), freia bruscamente o carro, diante de um caminhão que acabava de capotar deixando ao chão vários índios que se agonizavam, naquele asfalto, Jim não para de chorar enquanto seu pai pede por socorro a fim de continuar a viagem, o fato é que. Jim não para de chorar, seus pais na tentativa de consolar o garoto de apenas 6 anos de idade dizem: “Meu filho nada disso aconteceu, foi apenas um sonho”.[76]Jim nunca mais se esqueceu daquele episódio, chegando a afirmar que varias vezes um dos índios “um xamã”, que ele havia visto morrer sempre o acompanhava.

     No ano de 1957 afamília Morrison muda-se para Alameda pequena ilha da baia de São Francisco a motivo de serviços militares por conta de seu pai.Jim era um excelente aluno embora desde já demonstrava traços de indignação e revolta, em casa Jimpassava grande parte do tempo trancado em seu quarto lendo, até que certa vez leu um livro de Jack Kerouac “On the Road”, Pé na Estrada. Influenciado por estes poetas da geração Beat, Jim começa a se dedicar a outros poetas desta mesma geração como Allen Ginsberg, e é a partir, destas leituras que Jim percebe que aquela chama ideológica beat o inflamava, pois, se via como um próprio beat.[77]  

Em 1958, Jim parte pra Alexandria no estado da Virginia tendo por finalidade a conclusão de seus estudos no conhecido Liceu George Washington, o fato é que, Jim era um beat, que não gostava de receber qualquer tipo de ordem autoritária, chegava atrasado, saia repentinamente das salas de aula, embora sempre atingia grandes índices de média, chegando a ocupar por varias vezes o posto de honra do Liceu.[78]

Estudou profundamente a filosofia de Nietzsche[79] sob a tradição dionisíaca das tragédias gregas,em que Nietzsche da à própria definição entre o mito e o seu sentimento expressado pelas próprias tragédias que eram expostas nas próprias tragédias ao cidadão grego, marcas estas que são indeléveis no próprio homem.

As tragédias gregas tiveram origem no séc. V a.C. tendo seu apogeu no séc. VI eram desenvolvidas em concursos que foram institucionalizados pela própria necessidade de complementação as festividades desenvolvidas pelas Dionisías na primavera quando o mito de Dionísio era homenageado, sabe-se que este deus não contém nenhum rosto especifico, pois, pode assumir a vários rostos, assim esta característica de Dionísio (deus da bacanagem) dava um sinal perfeitamente sugestivo aos ritos trágicos, que eram parcialmente complementados por outras festividades como, dança, bebidas e aos próprios jogos que eram ofertados aos deuses.[80]         

Das tragédias surgia à figura do herói que eram interpretados pelos poetas a seguir das encenações dos atores que sustentava as lendárias máscaras revestindo seus próprios rostos. Surgia uma relação de distanciamento e aproximação, entre o herói e o cidadão, distanciamento pela força incomum que acarretava a própria figura do herói, que se tornava perto dos cidadãos pelas próprias características que este carregava do seu mito, fraquezas humanas, como a dor e o sofrimento. Segundo Nietzsche há aqui toda uma relação, um conjunto entre o herói, o ator mascarado e o cidadão grego, ou seja, um conjunto que trás uma imagem viva e sentimental do próprio mito ao homem-cívico. Na tragédia cabem-se todos os excessos dionisíacos, ou seja, o herói não pode esquecer que ele está alojado no mito e nas próprias características mentais da cultura grega, como Nietzsche afirmava que na encenação não cabe somente ao mito, mas ao sentimento do mito que expressa, no caso, nas grandes batalhas as habilidades fundamentais como a força, capacidade de enfrentar a dor e a própria coragem do combate.[81]  

A referência que Nietzsche dá ao mito é que neste existe seu sentimento, do qual Dionísio se torna a própria multiplicidade do qual emana toda a alegoria, evidenciando assim todo um simbolismo sobre o aspecto de se “lançar com”, ou seja, pelas tragédias o mito trás deus o mais próximo possível, para tal processo equivale a vários processos simbólicos da encenação.

[...] Pela tragédia, o mito chega a seu conteúdo mais profundo, a sua força mais expressiva; mais uma vez ele (o mito) se levanta, como um herói ferido e, todo o excedente de força, ao lado da sábia tranqüilidade do moribundo, queima em seu olho com ultima, poderosa Luminosidade. [82]

 

Por conseguinte, Nietzsche aponta a vontade de poder na força que a tragédia grega tem ao resgatar o mito que é revivido ao entrar em contato com o cidadão grego. No caso, o de Dionísio sustenta ao homem da pólis toda uma embriagues que abri horizontes à vontade e poder, acompanhando a própria arte que deve ser estimulante e prazerosa.[83] 

 A influência do filósofo Nietzsche e do próprio mito de Dionísioem Jim Morrisonserá de raízes profundas e até mesmo niilistas, haja vista que esta manifestação reflexiva marcara profundamente a personalidade de Jim, tanto quanto a própria concepção ritualística do grupo, que era muito bem demarcada na musicalidade, nas letras, na apresentação e por que não na própria pratica cotidiana no que tange as estruturas sociais, religiosas, culturais, econômicas e transcendentais, esferas próprias da realidade humana.

No entanto, o poeta que mais o influenciará, tanto em sua música quanto em sua vida é o jovem poeta “maldito”, Rimbaund [84]que tem por máxima “O poeta torna-se vidente após um longo, desmensurado e sistemático desregramento dos sentidos”.[85] Nota-se que Jim era um jovem que lia fluentemente, chegando a um certo momento em sua vida a ler livros até do séc. XVI e XVII, a notável importância de retratar este período literário da vida de Jim é que é neste momento que ele começa a escrever suas poesias.[86]

Em contraposição aos desejos dos pais, em fazer com que o filho (Jim Morrison) cursasse a faculdade na Universidade da Flórida, Jim resolve contrapor os pais, e parte para estudar cinema na Universidade da Califórnia – UCLA. Jim Ingressa-se na Universidade, especificamente no Departamento de Cinema somente em 1964, durante o curso que era avaliado sempre no final do ano por uma projeção feita pelos alunos, Jim recebe uma nota baixa, passando assim grande parte de seu tempo no campi universitário onde acabará por conhecer o tecladista de um pequeno grupo chamado “Rick and the Ravens”, de nome Ray Manzarek que também estudava cinema. Ray pede a Jim que tocasse no grupo, pois um dos músicos desistia de tocar, e estando as vésperas de um pequeno show, Ray pede que o ajude. Jim não sabia tocar nada, mas Ray o convence, pois, bastava empunhar uma guitarra que não estaria ligada ao amplificador. Jim comentara mais tarde que este teria sido o modo de ganhar dinheiro mais fácil de sua vida.[87]

Jim resolve deixar a faculdade, passando a morar na cidade de Los Angeles (EUA), em um pequeno quarto na praia de Venice. Sabendo que tinha de ser chamado ao serviço Militar, pois, já não estava mais estudando. Jim escreve-se a variados cursos da UCLA, mais sem a maior intenção de freqüentá-los. O ano de 1965 é marcado pelas composições musicais de Jim, que encontra Ray na praia e mostra algumas de suas canções, como a música “Moonligt Drive”, desta identifica-se um de seus trechos;

 

Nademos até a Lua.

Subamos pela maré.

Penetramos a noite

Onde a cidade dorme

A velar-se (...)[88]

 

Ray fica entusiasmado, chegando a dizer que nunca ouvirá palavras como estas que acompanhava ao estilo do rock, assim Jim e Ray resolvem fundar um grupo, que cujo nome seria “The Doors” (As Portas). Ray trás consigo um velho amigo o baterista Jonh Densmore, se juntando mais tarde ao grupo, o guitarrista Robbie Krieger, que estudara Física e Psicologia na UCLA.

A primeira aparição dos Doors foi realizada em dezembro daquele mesmo ano, contando, desde já, com um repertório de mais de 40 músicas. Jim desenvolvera um método que fora logo introduzido ao grupo, tanto nos ensaios quanto nos shows, o método coexistia em um ritual dionisíaco, em que os componentes ingeriam LSD para se soltarem, agindo assim, por pura inspiração, sob o âmbito do espírito da música que passava então a possuí-los, o método de Jim foi denominado pelo grupo como “Mente Comunal”. Torna-se relevante notar a relação do LSD ao espírito musical do grupo, em que a droga passava a funcionar como um catalisador, fazendo do grupo não só fiéis aos rituais dionisíacos, mas a própria máxima de Rimbaud. “Embriaguês sagrada: te afirmamos método”[89]   

No ano de 1966, os Doors apresentam-se em um night club de nome “Whiskey a Go Go”, embora, sob grande antipatia do proprietário (um ex-policial), causa que fizera dos Doors a serem varias vezes despejados do local. Embora eram despejados sempre voltavam a pedido do próprio proprietário, pois, os Doors traziam o povo a night, já que estes eram movidos por extrema curiosidade, surgindo varias frases como: “Vamos ver aquele cantor transtornado dos Doors”,[90] do qual, inflamava toda aquela juventude.

Em uma semana comum de apresentação a Whishey, os Doors são procurados por um pequeno proprietário de uma gravadora, a Elektra, que ao visitar o local se entusiasmou com o som inovador do grupo, passando assim a oferecer um contrato de gravação ao grupo.

Assim, o grupo lança o seu primeiro LP no ano de 1967, intitulado com o nome da banda “The Doors”, contendo músicas como “The End”, referindo ao complexo de Édipo, pois, Jim odiava seu pai que trabalhava para o exercito americano em plena guerra do Vietnã. Destaca-se deste LP, outra música: “Ligth My Fire”; esta alcançou o Record nas próprias rádios. Composta por Krieger sendo uma fusão entre rock musica indígena e bossa nova brasileira. Tal era o sucesso de Ligth My Fire que a Elektra em 25 de junho comunica aos Doors a escala de primeira colocação, a ponto de serem chamados a tocar em rede nacional, de alta repercutibilidade.

Devido a tal sucesso no ano de 1967 o grupo não se apresentava por menos de 10.000 dólares, passados mais seis meses o preço atingia o dobro. Embora sobre altas quantias, Jim não gostava de dinheiro, como a maioria dos outros cantores de rock, Jim gastava seu dinheiro em bares e roupas feitas sobre medida de material não muito comum até então, como couro de largato, destaca-se ainda deste período é que, nesta época Jim troca os alucinógenos pelo álcool.  [91]       

Em 1968, aatividade poética de Jim atinge o estado máximo de sua vida. Compõe a música “King Lizard” (Rei Largato), que seria o nome do próximo LP, tendo ainda a capa em coro de largato, contudo o produtor não permitiu, sendo lançado somente em Julho de 1968, com o nome de “Waiting For The Sun” (Esperando pelo Sol).[92]

No ano de 1969 Jim radicaliza seu método de provocações ao público e as autoridades. Demonstrando sua frustração pela “vegetação” destes, diante das injustiças sociais. Assim Jim se transformava num verdadeiro largato rei nos palcos, onde aprontava suas loucuras.

 No ano de 1969, aprimeiro de março, o grupo The Doors, marcaria mais um de seus espetáculos em Miami estado da Flórida, de onde Jim se originava. A noite estava quente e úmida, e Miami trazia para Morrison enormes traumas, tanto da juventude quanto a seus próprios pais, que almejavam a Jim uma vida promissora. O lugar do show era conhecido como “Dinner Key” que acomodava no máximo 7 mil pessoas, o local estava lotado atingindo o número de 13 mil pessoas, assim o atraso por parte de Ray, Robbie e Densmore deixa a platéia inquieta. Ao começar o show, Jim aparece trajado de couro negro, acompanhado por um chapéu de pirata com uma caveira, o fato é que, Jim nunca estivera tão bêbado diante do público, pois, a cada tentativa da banda tocar, Morrison atacava a platéia chamando-a de idiotas e escravos e tenta tirar as calças, a platéia explode aos urros até que um dos fãs consegue subir ao palco com uma pequena ovelha e a entrega para Jim, que faz o seguinte comentário: “Se não fosse tão jovem, foderia com ela”.[93]A multidão responde com uma vaia e Morrison apela para o sentimento de bairrista da platéia dizendo: “Nasci aqui na Flórida, mas logo me toquei e parti para o lindo estado da Califórnia!”,[94] surgem novas vaias, a banda tenta tocar outra música, Morrison para os instrumentos ordenando que a platéia tire a roupa, voltando a atacá-los: “Vocês são um bando de idiotas, suas faces estão enfiadas na merda do mundo(...) querem ver meu (...)?”[95]  Provoca a platéia mais ainda ao tirar seu membro para fora, (embora há discussões se Morrison realmente os expôs para o público).

A grande loucura de Morrison viria quando ele se aproxima de Kreiger e simula uma copulação oral, o público veio abaixo, destruindo tudo, minutos mais tarde o show fora suspenso. No chão se via centenas de latinhas de cerveja entre calcinhas e sutiens. O escândalo foi tão grande que Morrison é processado por indecência, a imprensa que nunca fora verdadeiramente a favor do grupo, fazia varias criticas. Disto, vários shows foram cancelados. Por conta disso, Jim bebia cada vez mais, ficando com seu corpo totalmente inchado, pois, as coisas não andavam muito bem, pelos próprios processos e a prematura morte dos amigos, Jimmy Hendrix e Janis Joplin, que o deixava em um estado altamente depressivo, Morrison chegava até a comentar em uma mesa de bar, “Vocês agora estão bebendo com o número três” [96]·.

Jim é julgado como culpado em 30 de outubro de 1970 causa, indecência. Após o requerimento dos advogados Jim é solto ao pagar uma fiança de 50.000 dólares.

Vivendo totalmente angustiado, Jim resolve partir para Paris (França), em busca de encontrar novas inspirações para a vida. A Elektra lança o ultimo LP, gravado pela banda meses atrás, o LP foi denominado como “L.A. Woman”, que foi um sucesso.[97]

 Na França, Jim freqüentava um bar da night, denominado como “Rock and Roll Circus”, local ideal para os jovens parisienses. Na noite de 2 de julho de 1971, Jim é visto a procura de heroína, na madrugada do dia 3 de julho, Pamela esposa de Jim, o encontra morto na banheira do apartamento.A pedido de Jim somente o médico viu seu corpo.O mundo perdia assim, o rei do rock orgástico o seu herói metamórfico que através de sua energia e coragem emocionou multidões.[98]   

      No entanto, após a morte de Jim Morrison foi encontrado seu ultimo poema, composto na mesma noite de sua morte:

 

Todo o humano

se esvai

de sua face

logo desaparecerá

no calmo

pântano vegetal

Fique!

Meu amor selvagem![99]

 

  2.7 Entre a Terra e o Céu: O Festival de Woodstock

A partir da segunda metade da década de 60 retratada pelo grande impulso contracultura, que vinha, por parte, dos próprios festivais, um deles é histórico, para esta geração, era o grandioso festival de Woodstock.

O ano de 1969 foi um ano bastante conturbado, pela própria guerra-fria que se personificava no próprio Vietnã. Jovens manifestantes alarmados pelos ideais contra culturais voltam-se seus olhares para a pequena cidade de Bethel, Nova York.

Os idealizadores de Woodstock eram John Roberts que bancava com as finanças, tendo na época ainda 26 anos; Joel Roserman com 24 anos e já havia sido um hippie; Artie Konfed, 25 anos que na época era vice-presidente da Capital Records, fazendo varias conexões entre os cantores; Michael Land um dos maiores produtores de show de rock, chegando a criar em 1968 o Miami Pop Festival, que durou 2 dias contando com até um número de 40.000 pessoas, na época de Woodstock, Michael contava com 24 anos.         

Pensa-se aqui, jovens que idealizavam apenas um pouco de diversão, sexo, drogas, e rock’n roll, (talvez também uma boa quantia de lucro).

O terreno escolhido para o festival foi um campo aberto, em Bethel localizada a 8horas da capital Nova York (EUA). O festival foi uma verdadeira cerimônia a então “sagrada contracultura”, tendo como pano de fundo fazer o que se desejasse. Vinham jovens de todos os lados, de idade entre 16 e 25 anos, estes em sua grande maioria nem tinha convites, o que se frutificou na derrubada da cerca, lotando definitivamente aquele estabelecimento, em que tinha como fundamental regra, a trilogia contracultural, repito, o sexo, as drogas e o rock’n roll. Estes eram vistos pelos conformistas tradicionais, como causadores de um mundo que havia virado de ponta cabeça, pois, instantaneamente homens e mulheres, gays e lésbicas deixavam para trás séculos de repressão, pela alegre nação de Woodstock, que fora realizado em um fim de semana, entre os dias 15 a17 de agosto de 1969, três dias intensos de paz e amor.Aqui se torna relevante ainda analisar, as próprias atitudes daquela juventude, que era tomada e definida como mais um bando de loucos, pela sociedade tradicional, no entanto, esta juventude conseguia por parte contribuir para o fim da própria guerra do Vietnã, bem como ao próprio desfio de se romper com todos os laços e tabus daquela sociedade.[100]

      O festival de Woodstock foram dias e noites de grandes intensidades musicais, sexuais e entrega às drogas, o sexo rolou sem parar, diante de meio milhão de pessoas, cantando, com as próprias referências, vozes da contracultura como Jimmy Hendrix arrancando de sua guitarra explosões que refletiam uma nova maneira de sentir o mundo, provando e definindo com clareza as participações musicais, que alimentava os próprios ideais da contracultura. O festival contou ainda com a grande Musa da contracultura Janis Joplin que, embarcou no festival no dia 16 de agosto, era explosões musicais. Tanto Hendrix como Janis, sentia a total, e urgente necessidade de soltar a voz diante daquela nova nação, infligiam modificações profundas que perpassam a partir de então a novas maneiras de se relacionar, vestir e a própria oposição a qualquer tipo de preconceito. Jovens que inauguraram uma nova história mostravam ao mundo uma nova maneira de sentir o próprio mundo, o fato é que em Woodstock formavam uma grande e verdadeira família Hippie.[101]        

 

2.8 A Política Contracultural: O Movimento Yippie.        

 

A contracultura estava presente em todos os lugares desafiando o próprio sistema tradicional, no entanto, surge no ar um novo desejo de transformação da própria contracultura, sob o aspecto de um novo mundo, que pressupõe um novo homem, surge assim no espaço contra cultural uma “nova consciência”, trata-se aqui de uma nova sensibilidade de sentir o próprio mundo.  

Diante destes propósitos, surge o hippismo que passam a se manifestar em acontecimentos altamente significativos. O hippismo surge na década de 1960 buscava um novo espaço no interior, nas estruturas do próprio sistema, pois, infiltravam-se a começar da política chegando às estruturas da cultura dominante; seus adeptos eram conhecidos como Yippie, misturavam, reinventavam, uma nova política de esquerda, ou seja, saiam da “marginalidade” para buscarem, canalizarem os próprios aspectos políticos da época.

Aqui se destaca, os principais aderentes e fundadores, desse movimento, destes são: Abbie Hoffman e Jerry Rubin, dos quais, dão origem ao movimento YIP (Partido Internacional da Juventude).

O fato de destaque deste movimento ocorrerá, em agosto de 1968, na cidade de Chicago (EUA), em que fora realizado alguma convenção do Partido Democrático, dando origem a grandes repressões, demonstrações de violência que o próprio era permanentemente capaz de gerar, aos próprios protestos dos yippies (Hippies politizados), foram três dias de intensos conflitos.[102] 

 Nascia uma nova esquerda totalmente desenfreada, com uma maneira inovadora de se observar e contestar notava-se, uma verdadeira revolta estudantil que marcava o país (EUA), desde 1962. No entanto desta geração origina-se o movimento SDS (Students For a Democratic Society), esta era representada como a maior força organizacional dos estudantes dos EUA, alcançando até a grandes repercutibilidade internacional.[103]                       

Por conseguinte, nota-se uma juventude que se demonstrava totalmente contra o sistema tecnocrático que assolava o espaço social; das manifestações estudantis surgiam frases, como: “Sejam realistas peçam o impossível, ou até, O sonho é realidade”.[104]

Nota-se uma juventude que queria investir toda a sua energia na transformação, construção e reinventação de uma nova sociedade, trata-se aqui de uma geração que lutaria a todo e qualquer custo, para tomar definitivamente o poder. Tal ideologia era fruto do próprio sistema vigente, pois, este era tido por esta juventude como um imenso pau podre, do qual, se brotava vários tipos de cogumelos, refletindo assim, com total clareza a morte do próprio sistema, que se fazia brotar por uma nova sociedade, ou seja, aqueles hippies politizados simbolizavam, a partir de então, anos de luta, esta já se fazia presente também, aos quatro ventos do mundo.

 

2.9 Os ventos da Contracultura: Brasil

 

O Brasil na década de 60 vivia o Tropicalismo, que fora antes o ponto culminante do novo cinema brasileiro, que buscava, representar aos olhos do mundo uma característica totalmente inovadora, critica e revolucionária pela própria indignação da fome e da miséria que solapava a América Latina. Assim sendo, o cinema brasileiro, faria a adoção de uma nova Antropologia brasileira do qual se passava a retratar a própria cultura do Brasil, em meio à própria miséria. Tal comportamento por parte do cinema brasileiro era tido em solo Europeucomo um estranho comportamento e vivencia “surrealista tropical”, o fato é que o cinema assumia um importante papel de condução política, que delineava profundamente o solo cultural do Brasil, ou seja, o cinema atuava nas próprias estruturas do país, se direcionando sempre a um desejo de uma superação qualitativa, para o beneficio do povo latino. [105]

 É neste aspecto que o cinema brasileiro, juntamente com a figura contracultural norte-americana (EUA), como Bob Dylan ou Janis Joplin, viria a todo o vapor na década de 60, ou seja, o tropicalismo viria a ser um movimento capaz de transformar o Brasil e o mundo, tal transformação viria em primeira instância transformar as próprias estruturas culturais deste país.

Tomo como foco deste presente estudo, a transformação musical proposta pelos tropicalistas, destacando-se o trio, da banda denominada Os Mutantes, composto por Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee.

O trio tinha desde inicio uma grande referência contra-cultural, a boca desta geração, o rock. Arnaldo era baixista de uma banda de cujo nome era (The Wooden Faces), Rita (que ainda era apelidada por Danny), se dividia entre os grupos (Rhytm n’ blues Teenage Singers, e ao trio Danny, Chester & Ginny). Rita e Arnaldo se conheceram durante um show, que se originou mais tarde em um intenso namoro, a fato é que, mais tarde conhecem o guitarrista Serginho Dias, do qual, se concretizará na formação de um grupo, este fora primeiramente intitulado como: (Six Sided Rockers), no entanto em maio de 1966, durante a primeira gravação pela Continental que acreditava que um nome em português daria maior credibilidade na divulgação da banda, com isso, o nome que fora escolhido pelo trio foi O’Seis, uma versão “acaipirada de voceis” assemelhada ao trocadilho de “ocêis”, no entanto, as portas não se abriam, pelo fracasso de vendas do disco.

Em pouco espaço de tempo, o trio notava que o Brasil, bem como ao movimento Tropicalista necessitava de uma voz ativa, sob o próprio aspecto musical, assim o grupo passava a explorar os clássicos-beat, uma mistura dos próprios blues ao rock, acompanhado de guitarra elétrica e bateria, embora sob tais transformações surgiam vários conflitos, tanto pessoais como profissionais, entre a banda e a empresa de gravação, tal desmembramento frutificava ao termino do patrocínio de O’ Seis, no entanto nenhum dos integrantes queria parar de tocar, pois, o trio estava convicto em dar ao movimento Tropicalista um maior impulso de contestação, assim, no dia 15 de outubro de 1966 surgia uma nova referência musical, o trio passava a se chamar de Os Mutantes.[106] 

Já em 1968, os Mutantes participam de um festival, enfrentado grandes surtos de vaias, por parte dos estudantes tradicionalistas, entre os Mutantes estavam presentes outros cantores aderentes do tropicalismo como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Geraldo Vandré, no entanto, os Mutantes não esperavam uma reação tão violenta por parte de seus adversários “ortodoxos”, com isso, os Mutantes não pensaram duas vezes, sem parar de tocar viram-se de costas ao público, notificando que não era somente a banda que estava em jogo, mas o próprio espírito ideológico contracultural. Tal era a referência que, em 26 de setembro deste mesmo ano, Os Mutantes abalaram definitivamente o Maracanãzinho, Rio de Janeiro, tal era a perspectiva que todos esperavam mais uma seção de vaias, mas o trio paulista surpreendeu, revertendo as expectativas, com novos arranjos, bem definidos tecnicamente, equivale relatar o surgimento de pequenos grupos isolados de vaias, que eram totalmente sufocados aos pedidos de “bis”, de quase toda a platéia, fazendo destes três tropicalistas grandes heróis populares, deste mesmo festival, ganharam o premio de melhor interpretação musical, definindo com clareza, a grande repercussão dos ideais contra-culturais que assolava uma grande parte daquela juventude.[107]       

                

CÁPITULO III

 

 

AS BASES FILOSÓFICAS DO FENÕMENO CONTRACULTURA: A CONTRIBUIÇÃO DE HERBERT MARCUSE

 

 

Este capítulo busca fornecer bases suficientes a contracultura, destaca-se ainda os escritos filosóficos de Herbert Marcuse, que tanto participou das manifestações como forneceu bases suficientes a luta daquela juventude, decretando assim o fim da própria Utopia, passando a formular filosoficamente, as próprias manifestações da geração contracultural, deste refletiremos mais afundo.

 

3.1Quem é Marcuse: Vida e obra.

 

Em agosto de 1898 na cidade de Berlim (Alemanha), nasce Herbert Marcuse.

Já no ano de 1922, Marcuse inicia seus estudos filosóficos, formando-se no ano de 1925 por Berlim e Frieburgo, no qual dedicou seu primeiro trabalho aos estudos do filósofo Schiller (uma espécie de apresentação bibliográfica). Em 1932 Marcuse dedica seus estudos ao filósofo Hegel, sob o auxílio do então filósofo Martin Heidegger, tal esforço o levará ao doutorado de filosofia.[108]

No entanto, com a ascensão do nazismo[109] Marcuse se instala nos Estados Unidos da América, ao lado dos então filósofos e amigos Max Horkheimer e Theodor Wiesengrund Adorno. Marcuse, bem como seus amigos, eram integrantes da escola de Frankfurt[110].  Foi um grande colaborador desta escola em especial com a obra “Autoridade e Família” em 1936. Apesar do prestígio desta escola, Marcuse só ganhará grande repercutibilidade após seu afastamento, devido a vários conflitos.[111]

      Em 1941, Marcuse, púbica a obra “Razão e Revolução”, lançando em 1955 o “Eros da Civilização” e em 1964 “A Ideologia na Sociedade Industrial”, e em 1967 “O fim da Utopia”, fazendo-se um filósofo de grande prestígio e popularidade intelectual.

Morando nos EUA lecionou na Universidade de San Diego (Califórnia), em que se caracterizava inteiramente com aquela juventude que desencadeava naquele ambiente uma verdadeira frente esquerda estadunidense. Marcuse fascinado por tamanha força sob o aspecto de balançar com as estruturas tradicionais, se tornaria a partir de então umas das referências desta esquerda, tal é seu envolvimento que chega a participar de várias manifestações estudantis esta em favor dos mais primitivos direitos civis e a total oposição à inumana guerra do Vietnã. [112]   

 

3.2 As realidades da Utopia

 

Marcuse é um filosofo que fornece bases suficientes ao processo contra cultural, pois elabora sua reflexão sob o princípio criador do homem que transforma a própria vida na terra, tanto sob o aspecto técnico quanto ao natural, transformações estas que carregam em si uma total possibilidade de se realizar passando assim a ocupar seu papel na história.

O fato é que podemos fazer do mundo um inferno. Segundo Marcuse caminhamos para este fim. A partir desta reflexão o filósofo chama a atenção sobre o fato de que, se podemos arruinar com o mundo, podemos também fazer o oposto e é aqui que se caracteriza o fim da utopia, ou seja, trata-se sobre o aspecto de recusar-se a todos os tipos de idéias que ainda se servem de utopias, para assim adquirirmos o próprio aspecto de indicar a determinadas transformações histórico-sociais. Podemos assim a cada momento realizá-las, já que estas não se tratam mais de idéias utópicas, mas com reais possibilidades de concretização. Tendo como base esta reflexão que Marcuse decreta o fim da utopia.[113]

O conceito utópico que Marcuse nos fornece a utopia refere-se a idéias que cuja realização aos projetos de transformação social é considerada impossível, aqui o filósofo nos lança um problema, sobre o fato de que, quais são as razões para tais idéias serem consideradas impossíveis de auto realizar-se?

Marcuse obtém a seguinte reflexão: o termo da resposta é muitas vezes confundido, pois, irrealizabilidade se difere de imaturidade. Desta última refere-se à incapacidade de traduzir os próprios projetos de uma sociedade, que se opõe subjetivamente e objetivamente impossibilitando a própria concretização de determinados projetos. Marcuse só define irrealizabilidade ou utopia quando o projeto de uma sociedade se opõe às leis científicas, ou melhor, biológicas, físicas, e etc, sendo elas fatores que determinam a condição natural do ser.

Com efeito, Marcuse busca discutir a proposta do primeiro grupo dos quais as idéias podem ser realizadas. No entanto, se não o são, podem ser definidos como irrealização provisória. Não se pode considerar seus princípios totalmente irrealizáveis somente sobre o fato de não haver dados históricos anteriores ao mesmo, pois cabe a cada indivíduo em suas capacidades aliar-se sob o próprio aspecto de pensar. Trata-se aqui de ir além das necessidades e barreiras que esta encontrará para sua realização, Marcuse definiria aqui o fim da utopia, assim o reflete:

 

[...] acredito que haja um critério valido o qual consiste em estabelecer se as forças materiais e intelectuais necessárias à realização da transformação estão tecnicamente presentes, apesar dos obstáculos colocados à sua utilização racional pela organização das forças produtivas. Eu creio, aliás, que seja este o sentido no qual se pode hoje falar efetivamente de um fim da utopia”.[114]

 

Para uma maior reflexão, Marcuse coloca dois conceitos distintos sobre o âmbito do reino da liberdade e da necessidade, destes o reino da liberdade implica no próprio ato de pensar (o critério de força material e intelectual, necessárias à transformação social), esta, pode ir além do reino da necessidade, pois, este último (o reino da necessidade), permanece somente como tal, fazendo do sujeito um ser alienado as próprias condições sociais.

Com efeito, Marcuse fornece o meio social como principal causa para a realização dos projetos de transformação, assim parte do seguinte princípio: não se pode determinar como irrealizável um projeto de transformação social somente pelo fato de não haver fatos ou dados históricos anteriores ao mesmo, pois, cabe a cada indivíduo a aliar-se sob seu próprio aspecto de pensar, concretizando-se a busca da transformação desejada. Trata-se de ir além das próprias necessidades e barreiras que este encontrará para sua realização. É neste aspecto que Marcuse acreditava efetivamente em um fim da utopia.

Segundo Marcuse, para a realização de uma sociedade livre exigem-se forças necessárias, estas tanto sob aspecto de forças materiais quanto intelectuais, que podem também ser vistas como meio de alienação, quando estas estão sob a posse da classe privilegiada.

Diante de tal reflexão, o filósofo parte do seguinte princípio: todo economista burguês que se preze sabe e pode muito bem articular a luta pela eliminação da fome e da miséria, aos próprios meios das forças produtivas materiais e intelectuais existentes tecnicamente, no entanto, este estado é condição e resultado sócio político do próprio mundo.[115]  

Marcuse passa então a instauração de uma “Nova Antropologia”, não somente teórica, mas prática, sendo esta um modo de vida que seja capaz de expressar as necessidades humanas qualitativamente novas, e vitais de uma liberdade não fundamentada ao trabalho e à vida alienada. Esta deve ser o ideal e a luta que para manter-se exige da classe revolucionaria, uma oposição livre de todas as ilusões, que busque manter-se sempre na realidade, para assim, evidenciar as devidas possibilidades da liberdade no contexto social em que estão inseridos.                               Devem unir uns aos outros, afinco dos mesmos ideais, buscando o fim da alienação, da fome e da miséria, para assim adquirirem maior repercutibilidade diante da própria sociedade.

Marcuse cita um exemplo, desta repercussão, a própria contracultura nos EUA, a geração Beat, bem como os próprios hippies, anunciam a sociedade americana uma total ruptura diante das necessidades dominantes, simbolizam a própria desagregação no interior do sistema, pois, agem de maneira inovadora e oposta ao sistema tradicional. Prega uma nova rebelião ético-sexual que, se contrapõe a própria moral dominante dos EUA, tal atitude por parte desta juventude anuncia a ascensão de um grande poder revolucionário.[116]

Com isso, Marcuse considera a oposição estudantil dos EUA, elemento decisivo da era contemporânea, sob o aspecto de uma futura força revolucionária capaz de transformar, não somente seus modos de vida como vestir ou de se comportar, mas carregam um poder possivelmente transformador que é capaz de modificar as próprias estruturas de um sistema capitalista super avançado.[117] 

Uma juventude que se coloca contra as próprias estruturas políticas deste país (EUA), tendo ao seu lado um grande poder de contestação literária, destacando-se Allen Ginsberg que exerce uma total influência sob está nova esquerda estadunidense. Assim sendo, esta nova geração age no sistema com uma total urgência, pois, são o verdadeiro reflexo de uma consciência livre. Que fragmente o condicionamento social, e se não o faz, pelo menos podem escapar dele. É uma geração que luta pelos seus ideais, sobre o próprio fato que, transformando ou não o sistema em que vivem, saem fora dele, assim concretizam sua filosofia conhecida como “drop out”, ou seja, saem de todas as amarras sociais e privadas, deixam tudo, família, escola, a busca por um futuro promissor, tudo a fim de se dedicarem integralmente à luta.

Uma oposição que acarreta uma característica própria, que não se baseia no terror, que luta contra as próprias estruturas onipresentes do sistema norte-americano, representado pela expressão “American way of life”, que quer significar um modo americanizado de ser, pela qual o ser humano se faz pela própria mercadoria a lei de compra (compra e venda), um sistema que faz da felicidade uma produtividade caracteristicamente capitalista. Além do mais, estes jovens lutam contra o próprio terror que reina dentro e fora das metrópoles, lutam a favor dos direitos civis, e, posterior a este ao fim da desumana guerra do Vietnã. Num primeiro momento lutam a favor dos direitos civis, uma juventude que em sua grande maioria advém da classe média, marca uma oposição inovadora, pois age na defesa aos negros que são nesta sociedade (tradicional) condicionalmente discriminados, (lutam contra o racismo). Com a repercussão da guerra do Vietnã, reflete aos olhos desta juventude, um sistema totalmente imperialista que busca a qualquer preço e de qualquer modo se sobressair. No caso do Vietnã, este sistema buscava mais uma vez instaurar seus interesses de ordem capitalista até mesmo sob o aspecto internacional. O fato é que esta juventude passava a ver a guerra do Vietnã como uma agressão à liberdade de qualquer comunidade. [118]

E é justamente esta juventude que idealizará uma maneira inovadora de protestar e de se colocar fora do sistema para repercutir nele mesmo, ou seja, são os desesperançados que darão valor crítico a esperança, assim reflete Marcuse:

 

[...] Quando eles se reúnem e saem às ruas, sem armas, sem proteção, para reivindicar os mais primitivos direitos civis, sabem que enfrentam cães, pedras e bombas, cadeia, campos de concentração e até a morte. Sua força está por trás de toda manifestação política para as vitimas da lei e da ordem.O fato de eles começarem a recusar a jogar o jogo pode ser o fato que marca o começo e o fim de um período[119].

 

Nota-se que Marcuse fornece a esta juventude bases suficientes para a própria realização de seus ideais, uma perfeita assimilação entre rebelião política e rebelião ético-estética, que é manifestada por um esquema totalmente espontâneo e anárquico. É marcada por uma atitude que rompe com todas as regras do jogo, ou seja, esta juventude luta em primeira instância em se libertar de todas as amarras do sistema tradicional para enfim se opor ao próprio sistema estabelecido deixando Exercer sua marca sob o sistema vigente, fazendo-o um sistema falido e recusa, enfim, totalmente a estrutura tradicional.[120]  

 

  

CONCLUSÃO

 

Nota-se neste presente estudo um período totalmente conturbado, tanto no campo dos aspectos exteriores quanto interiores. Estes gerados pelo próprio regime ideológico e econômico que se permanecia na sociedade daquela época. Entre tantos, a guerra-fria alarmando a era atômica, bem como a guerra do Vietnã demonstrando a supremacia imperialista por parte dos EUA, que ameaçava a partir de então, o regime de qualquer comunidade que tenha a esperança de um mundo que se contraponha às garras deste sistema. Por fim, o regime tecnocrático, que faz do homem mera condição técnica, sob o aspecto de transformação do humano em uma mercadoria de consumo de massa.

Surge deste ambiente uma geração que busca de qualquer forma e modo ultrapassar as barreiras de seu tempo. Esta se caracteriza pela força jovem, que traz consigo uma inovadora forma, de se protestar, não tão somente a guerra, mas passam a partir de então, a posicionarem contra qualquer pensamento ortodoxo tradicional de sua época.

Acreditam em seus potenciais, dedicam-se inteiramente às lutas, desligam-se totalmente da sociedade vigente, crendo fielmente na expressão, paz e amor. Uma juventude que marcará o presente e o futuro, chegando até os dias atuais, pela sua revolução e herança, ético-sexuais, libertação desenfreada como o psicodelismo e a própria manifestação musical, destacando, o rock.

São vários e relevantes os caminhos que esta geração nos fornece, portanto não ousaríamos aqui esgotá-lo. Porém, cabe aqui elencar alguns pontos fundamentais, para o fechamento deste presente estudo.

Uma juventude transviada que age de qualquer forma e modo romper com as amarras tradicionais do sistema, (primeiramente) dos EUA, em um segundo momento, a exportação para o mundo, tal é sua importância que passam a incomodar a vida daquela sociedade tradicionalista. Jovens que se desligam inteiramente desprezando com total e confiante apresso o seu cotidiano social, este, preconceituoso e alienante. Para tal sustentabilidade de seus ideais destaca-se o filosofo Herbert Marcuse, fornecendo chaves culminantes para tais manifestações, exemplificando o fim da utopia, passando assim a demonstrar com clareza o que aquela juventude queria; sonho é realidade, a transformação de um novo mundo é possível.

Jovens que lutam de qualquer forma e preço, pelos seus ideais, nos deixam raízes profundas que são testemunhadas e vivenciadas até os dias atuais. Caracteriza uma nova maneira de protestar, esta contra qualquer tipo de criminalidade imperialista que alarma o mundo, das palavras do filósofo Herbert Marcuse, saem do sistema para agirem dentro dele. Uma nova manifestação, cuja bandeira tem por pano de fundo, os próprios ideais paz e amor, caracterizados pelo tripé contra cultural, sexo, drogas e rock n’roll.

Equivale aqui demarcar a herança que esta juventude fornece, como novas e sustentáveis maneiras de relacionar, vestir e pensar, diante de todo e qualquer tabu que nos são impostos. Uma recusa total a cultura antiga, para isto pregam uma anticultura que tem como fundamento, a busca em romper com as amarras tradicionalistas, passando a exportar ao mundo um caráter juvenil de anarquismo e revolta, diante das realidades que amedronta a própria vida na terra.

Porém, esta juventude que despreza totalmente o conformismo de seus pais, já não protesta com tanto fervor, pois, boa parte passa a aceitar, ou até a desacreditar em seus próprios potenciais. Equivale aqui relatar, que aquela juventude agia com uma total certeza, cravava no seio da sociedade marcas profundas, do qual jamais ousaríamos em esquecê-la, já que daí por diante sempre que nos deparamos com as transformações que esta geração demarcou no mundo, sempre voltaremos os olhos para aquela juventude. 

“Já faz tempo eu vi você na rua,

 cabelo ao vento gente jovem reunida.

Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais.

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais” (Belchior)          

         BIBLIOGRAFIA

 

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 SWEARING, Rodger. Comunismo no Vietname: Rio de Janeiro: Bloch, 1967. 238p.

 


[1] N.E II - Guerra –Mundial, foi o maior conflito histórico da humanidade, frutificando grandes perdas de riquezas e vidas, durou aproximadamente seis anos, tendo inicio em 1 de setembro de 1939 a 14 de agosto de 1945. A grande causa geradora deste conflito se dá ao poder de Adolf Hitler sob a Alemanha em janeiro de 1933, fazendo assim resistência a um velho conflito da Alemanha à França fato ocorrido pela própria denuncia ao Nazismo. Deste fato surgem novas marcas que marcarão não só a Europa, mas todo o mundo, Hitler queria um domínio total do mundo. Supostamente tal programa duraria um milênio, uma expansão ilimitada que visava todos os paises, neste se concebe a busca de uma nova raça (perfeita), tal processo é denominado como o III Reich.  Cf. ENCICLOPEDIA Mirador. Enciclopédia Luso-Brasileira de cultura, vol.11 p.5563.     

 

[2] Cf. RÉMOND, René: Introdução à História do nosso tempo do antigo ao novo regime, p.385.

 

[3] N.E. O golpe de praga frutifica-se de uma coligação da qual o partido comunista propõe ao partido socialista uma unificação, embora surjam grandes barreiras, os comunistas interagem em frentes de comandos da sociedade que hesitavam ao plano, afastando os próprios liberais desacreditados ao regime, diante de tal processo dará ao partido comunista a detenção do poder, denominado assim, golpe de praga.  Cf. Ibiden p.387.

 

[4] N.E. Harry Truman ocupava a vice-presidência dos EUA tendo como presidente Roosevelt, contudo, com a morte de Roosevelt em 12/04/1945, Harry Truman assume a presidência colocando-se na história como um dos 33 presidentes norte-americanos. Truman deixou a presidência somente em 20/01/1953 Cf. ENCICLOPÉDIA Mirador. Enciclopédia Luso-Brasileira de cultura, vol.18 p. 179-180.      

 

[5] N.E. Churchill, Estadista inglês, nasceu no palácio de Blenhein, Oxfordshire, a 30 de novembro de 1874 e morreu em Londres a 24 de Janeiro de 1965. Cf. ENCICLOPÉDIA Mirador, Enciclopédia Internacional. Enciclopédia Britânica do Brasil, vol. 5 p. 2376.  

 

[6] N.E. Stalin político e líder soviético nasceu em Gori, na Geórgia, a 21 de dezembro de 1879, e morreu em Moscou, a 5 de março de 1953. Cf. ENCICLOPÉDIA Mirador, Enciclopédia Internacional. Enciclopédia Britânica do Brasil, vol.19. p. 10602.  

 

[7] NE O acordo de Ialta aconteceu no ano de 1945 de 7 a 11 de fevereiro em Criméia, do qual Roosevelt (EUA), Churchill (Inglês) e Stalin (URSS) decidiram o futuro das nações e conseqüentemente de centenas de povos, a reunião vinha a ser a própria vitória entre os aliados tornando inevitável o planejamento do pós-guerra, formavam um clube fechado, só podia fazer parte como exigia Stalin “quem tivesse mais de 5 milhões de soldados”, desta conferência frutificou- se a divisão da Alemanha em quatro zonas militares, entre os mesmos, e a França. Decidiram ainda o futuro de varias outras nações sob domínio de cada um, é ainda nesta conferencia que as potências concordaram em se reunirem nos Estados Unidos para formar uma Organização das Nações Unidas (ONU).Todavia, Roosevelt morre de derrame cerebral no mesmo ano a 12 de abril. Cf. SELLERS, Charles, HENRY, May, MCMILLEN, R., Neil. Uma Reavaliação Da História Dos Estados Unidos, p. 357.

 

[8] N.E. Termo impregnado primeiramente por Churchill, do qual refletia o próprio antagonismo ideológico que percorria a Europa, destes o capitalismo x comunismo, frutificando a própria divisão ideológica, econômica, política da Europa, dividindo-a em duas, tal processo é caracterizado como cortina de ferro.Cf. RÉMOND, René. Introdução da história do nosso tempo do Antigo ao novo regime, p. 388.

 

[9] Cf. HOBSBAWM, Eric: Era dos extremos, p. 231.

 

[10] Cf. SELLERS, Charles, HENRY, May, MCMILLEN, R., Neil. Uma Reavaliação Da História Dos Estados Unidos, p. 367.

 

[11] N.E Compreende-se que com a tentativa de um bloqueio entre a Berlim oriental a Berlim ocidental, Stalin pretendia fazer com que os Estados Unidos perdessem sua supremacia territorial aos demais paises da Europa. Os Estados Unidos responde rompendo ao bloqueio por uma ponte aérea levando suprimentos a Berlim ocidental. Os soviéticos em 1958 tentam um novo bloqueio à Alemanha ocidental, levando em 1961 a construção do muro de Berlim. Cf. ENCICLOPÉDIA Nova Enciclopédia Ilustrada Folha. Folha de São Paulo. p.111.

 

[12]Cf. Ibiden, p. 292.

 

[13] NE Há posições que se divergem ao se falar sobre Stalin, o fato é que o autor René Rémond refere 1953 um ano assinalado pelo simultâneo desaparecimento de Stalin. Já o autor Eric Hobsbawm relata em sua obra, o ano de 1953 como marco da própria morte de Stalin.Cf. RÉMOND, René: Introdução da história do nosso tempo do Antigo ao novo regime. p. 393. HOBSBAWM, Eric: A era dos extremos, p. 239.

 

[14] Cf. BIBLIOTECA DE HISTÓRIA, Grandes Personagens de Todos os Tempos, Stalin,  p. 221

 

[15] N.E John Fitzgerald Kennedy (democrata), é eleito presidente dos EUA em 1960, contava na ocasião com 42 anos de idade, refletia ao povo norte-americano um grande otimismo de prosperidade em por seu país novamente em movimento de crescimento econômico. Kennedy vence a eleição sob o republicano Nixon que fora vice-presidente do governo anterior de Eisenhower 1952 e reeleito em 1956. Contudo, Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963, assumindo o governo seu sucessor Lyndon Baines Johnson. Cf. SELLERS, Charles, HENRY, May, MCMILLEN, R., Neil. Uma Reavaliação Da História Dos Estados Unidos,  p 393-394.

 

[16] Cf. RÉMOND, René. Introdução da história do nosso tempo do Antigo ao novo regime, p. 393.

 

[17] N.E. Viet Mihn, movimento nacionalista fundado por Ho Chi Min “líder comunista”, que tinha por meta a independência do Vietnã. Cf. ALVEAR, Carlos Torcuato de,: Viet-Name Trincheira e Caminho Para o mundo livre, p. 33.

 

[18] Cf. IBIDEN, p. 32-34.

 

[19] Cf. IBIDEN, p. 37.

 

[20] Cf. IBIDEN, p. 38-39.

 

[21] Cf. SWEARINGEN, Rodger. ROLPH, Hammond  Comunismo no Vietname, p. 58-59.

 

[22] Cf. HANH, Thich, Nhat. Vietnã Flor de Lótus em Mar de Fogo, p. 80.

 

[23] Cf. SELLERS, Charles, HENRY, May, MCMILLEN, R., Neil. Uma Reavaliação Da História Dos Estados Unidos, p. 403.

 

[24] Cf. HANH, Thich, Nhat. Vietnã Flor de Lótus em Mar de Fogo, p. 81.

 

[25] Cf. IBIDEN, p. 95.

 

[26] Cf. ROSZAK, Theodore. A Contracultura, p. 19.

 

[27] Cf. IBIDEN, p. 28.

 

[28] Cf. IBIDEN, p. 20-21.

 

[29] Cf. IBIDEN, p. 23-24.

 

[30] Cf. KUJAWSKI, Mello de, Gilberto. A Crise do Século XX, p. 14.

 

[31] Cf. ROSZAK, Theodore. A Contracultura, p. 29.

 

[32] Cf. IBIDEN, p. 31.

 

[33] Cf. IBIDEN, p. 32-33.

 

[34] NE Sputnik nave soviética lançada para o espaço nos anos 50. Cf. GALVÃO, Walter, (1999) Geração Beat. Disponível em: <http://www.aartedapalavra.com.br/ensaiogeracaobeat7.htp>. Acesso em: 04 abr. 2009.

 

[35] NE Kerouac morreu isolado, no ano de 1969 Cf. CONTRACULTURA. Disponível em: <http://geocites.yahoo.com.br/psicoderia/beat.htm>. Acesso em: 04 abr. 2009.

 

[36] Cf. GALVÃO, Walter, (1999) Geração Beat. Disponível em: <http://www.aartedapalavra.com.br/ensaiogeracaobeat7.htp>. Acesso em: 04 abr. 2009.

 

 

[37] NE. Ginsberg morreu no começo de 97, na cidade de Nova Iorque (EUA). Cf. Ibiden.

 

[38] Cf. PEREIRA, Carlos Alberto M.O que é Contracultura, p. 34.

 

[39] Cf. KEROAK, Jack. On The Road: pé na Estrada. Tradução de Eduardo Bueno, p. 20.

 

[40] Cf. KEROAK, Jack. On The Road: pé na Estrada. Tradução de Eduardo Bueno, p. 309.

 

[41] Cf. ROSZAK, Theodore. A Contracultura, p. 134.

 

[42] Cf. Ibidem, p. 135.

 

[43] Cf. Ibidem, p. 136.

 

[44] Cf. PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é Contracultura, p. 28-29.

 

[45] Cf. Ibiden, p. 35-36.

 

[46] Cf. ibiden, p. 24-25.

 

[47] NE. O mito dos Centauros registra a invasão ao templo de Zeus em Olímpia do quais bêbados e enfurecidos, os Centauros interrompem com as festividades estabelecidas segundo o costume da época. No entanto o severo Apolo guardião da cultura ortodoxa luta para retirá-los do ambiente re-estabelecendo a ordem.Assim quer-se dizer através do mito, o Grande Apolo como sendo tratado no texto como o próprio sistema que se passava na sociedade estadunidense exportado aos quatro ventos do mundo, era o American way of life.Sendo assim os Centauros referem-se a própria manifestação contra-cultural que demarcava o próprio sistema americano. Cf. ROSZAK, Theodore. A Contracultura, p.54-55.   

 

[48]Cf. FILOSOFIA. Disponível em: <http://www.sofilosofia.hpg.ig.com.br/cultura_e_curiosidades/53/index_int_9.html > Acesso em 05 mai. 2009.

 

[49] Cf. Ibidem.

 

[50] Cf. Ibidem.

 

[51] NE. Elvis Presley nasceu em Tupelo, Minessoure em 8 de Janeiro de 1935, cantor e guitarrista norte-americano. Formou um trio em 1950, com o guitarrista Scott Moore e o baixista Bill Black, alcançando grande sucesso em especial a gravação intitulada como “That’s all right”, destacando-se no rock por um estilo nunca visto, estes eram marcados pelos seus rebolados. Elvis morreu em 16 de agosto de 1977. Cf. ENCICLOPÉDIA Mirador, Enciclopédia Internacional. Enciclopédia Britânica do Brasil. vol.15 p. 7983. 

 

[52] Cf. PEREIRA, Carlos Aberto M. A Contracultura, p. 52.

 

[53] Cf. Ibiden, p. 52-54.

 

[54] Cf. Ibiden, p. 52-53.

 

[55] Cf. Ibiden, p. 54.

 

[56] Cf. Ibiden, p. 55.

 

[57] Cf. Ibiden, p. 55-58.

 

[58] Cf. SOUZA, Tiago. Vida de Jimi Hendrix.Disponível em: <http://www.geocities.yahoo.com.br/Tiago/Jimi.htm>. Acesso em: 24 mai. 2009.

 

[59] Cf. SOUZA, Tiago. Os heróis do Rock.  Disponível em:  <http://www.heyrock.hpg.ig.com.br/Jimihendrix.htm> 24 mai. 2009.

 

[60] Cf. Ibidem.

 

[61] Cf. Ibidem.

 

[62] Cf. SOUZA, Tiago. Vida de Jimi Hendrix. Disponível em: <http://www.geocities.yahoo.com.br/Tiago/Jimi.htm>. Acesso em: 24 mai. 2009.

 

[63] Cf.PEREIRA, Carlos Aberto M. A Contracultura, p. 63-72.

 

[64] Cf. SOUZA, Tiago. Vida de Jimi Hendrix. Disponível em: <http://www.geocities.yahoo.com.br/Tiago/Jimi.htm>. Acesso em: 24 mai. 2009.

 

[65] Cf. SOUZA, Tiago. Os heróis do Rock.  Disponível em:  <http://www.heyrock.hpg.ig.com.br/Jimihendrix.htm> 24 mai. 2009.

 

[66] Cf. COSME, Atanásio. Janis Joplin: Por ela mesma, p. 35-37.

 

[67] Cf. Ibidem, p. 133.

 

[68] Cf. Ibidem, p. 194-135.

 

[69] Cf. PEREIRA, Carlos Aberto M. A Contracultura, p. 67.

 

[70] Cf.COSME, Atanásio. Janis Joplin: Por ela mesma, p.137.

 

[71] Cf. Ibidem, p. 138.

 

[72] Cf. Ibidem, p.138.

 

[73] Cf. Ibidem, p. 63.

 

[74] Cf. Ibidem, p.127.

 

[75] Cf. Ibidem, p.140-141.

 

[76] Cf. MARSICANO, Alberto. Jim Morrison: Por ele mesmo, p. 33.

 

[77] Cf. Ibidem, 34.

 

[78] Cf. Ibidem, 35.

 

[79] NE Friedrich Wilhelm Nietzsche filósofo Alemão, nasceu no ano de 1844, e faleceu em 1900, após escrever variadas obras. Cf. GILES, Ranson Thomas. Dicionário de filosofia. Termos filosóficos.EPU Editora Pedagogica e Universitária. São Paulo1993, p. 229.   

 

[80] Cf. GAZOLLA, Rachel. O Belo e a Arte, p. 60.  

 

[81] Cf. Ibidem, p.59-65.

 

[82] Cf. Ibidem, p.66.

 

[83] Cf. Ibidem, p.68-69.

 

[84] NE. Arthur Rimbaund nasceu em Charleville (França), em 20 de outubro de 1854, morreu em 10 de novembro de 1891. Rimbaud começa a escrever em 1870, manifestando grande ódio e rebeldia, chegando varias vezes a fugir de casa. Cf. ENCICLOPÉDIA Mirador, Enciclopédia Internacional. Enciclopédia Britânica do Brasil, vol. 18 p. 9895.  

 

[85] Cf. MARSICANO, Alberto. Jim Morrison: Por ele mesmo, p 35.

 

[86] Cf. Ibidem, p.36.

 

[87] Cf. Ibidem, p. 37.

 

[88] Cf. Ibidem, p. 38.

 

[89] Cf. Ibidem, p. 40.

 

[90] Cf. Ibidem, p. 41.

 

[91] Cf. Ibidem, p. 45.

 

[92] Cf. Ibidem, p. 46.

 

[93] Cf. Ibidem, p. 49.

 

[94] Cf. Ibidem, p. 49.

 

[95] Cf. Ibidem, p. 49.

 

[96] Cf. SOUZA, Tiago. Disponível em: Os heróis do Rock.  <http://www.heyrock.hpg.ig.com.br/Jimmorrison.htm> 24 mai. 2009.

 

[97] Cf. MARSICANO, Alberto. Jim Morrison: Por ele mesmo, p. 61.

 

[98] Cf. Ibidem, p. 54-55.

 

[99] Cf. Ibidem, p. 56.

 

[100] Cf. GALVÃO, Walter, (1999) Geração Beat. Disponível em: <http://geocites.yahoo.com.br/psicoderia/beat.htm>. Acesso 4 abr. 2009. 

 

[101] Cf Ibidem

 

[102] Cf PEREIRA, Carlos Aberto M. A Contracultura, p 88.

 

[103] Cf Ibidem p. 90-91.

 

[104] Cf Ibidem p. 89.

 

[105] Cf HOLANDA, B. de Heloisa. GONÇALVES, A. Marcos. Cultura e Participação nos anos 60, vol 41 p.43-44.

 

[106] Cf CALADO, Carlos. Tropicália, a história de uma revolução musical, p.126-128.

 

[107] Cf Ibidem p.219-227.

 

[108] Cf. DORIA, Antonio Francisco. Marcuse Vida e Obra, p.13.

 

[109] N.E O Nazismo teve origem na Alemanha na década de 1920, foi um movimento político que teve maior repercutibilidade com a ascensão de Adolf Hitler, que, de cujo poder resultou na segunda guerra mundial. Cf. ENCICLOPÉDIA MIRADOR, Enciclopédia Internacional. Enciclopédia Britânica do Brasil. vol.15 p. 8034   

 

[110] N.E A escola de Frankfort, foi fundada em 1924 por Félix Weil, filho de um negociante agrícola da Argentina, entretanto antes mesmo de ser cogitada por tal denominação, esta já nomeada por Horkheimer como Instituto para o Marxismo, mas acabou por denominá-lo de pesquisa social, mas tarde no após 1931, Horkheimer já com titulo acadêmico, pode exercer a diretoria do instituto que se associava a Universidade de Frankfort, este reuniu vários filósofos, em destaque Adorno, Benjamin e Marcuse, tratavam-se em sua grande maioria sob as lacunas do movimento trabalhista e do próprio socialismo, esta escola se se constitui em um período de esperanças revolucionarias, e as próprias, decepções históricas. Cf. DORIA, Antonio Francisco. Marcuse Vida e Obra, p. 12-13.      

 

[111]Cf. Ibidem. p.14-15.

 

[112]Cf. MATOS, C.F. Olgaria. A escola de Frankfurt, Luzes e sombra do Iluminismo, p.77-78.

 

[113]Cf. HERBERT, Marcuse.O Fim da Utopia, p.13.

 

[114] Cf. Ibidem p.16.

 

[115] Cf. Ibidem p.17.

 

[116] Cf. Ibidem p.23-25.

 

[117] Cf. Ibidem p.51.

 

[118] Cf. Ibidem p.151.

 

[119] Cf. HERBERT, Marcuse. A ideologia da Sociedade Industrial, O Homem Unidimensional, p.235. (Ver Também) REALE, Giovanni.ANTISERI, Dario.Historia da filosofia, Vol.III p.856.

 

[120]Cf. HERBERT, Marcuse. O Fim da Utopia, p.62-64.