Funcionalismo Britânico

 Orlando Rocha Machado (UFC)

As três metafunções de Halliday: Ideacional  (Experiencial e Lógica),  Interpessoal e Textual. A metafunção ideacional ou experiencial relaciona-se à interpretação e à  expressão de nossas experiências com o   mundo interno e externo,  através da transitividade, ou seja, da  realização de escolhas entre tipos de processos representados por elementos verbais, participantes e circunstâncias. Ex.: Maria fez o jantar. Temos aí, um exemplo de processo material, no sentido de fazer. A metafunção interpessoal é aquela que usamos a linguagem na situação de fala para expressar um julgamento pessoal, uma atitude e para estabelecer determinado papel comunicativo como perguntar, declarar, ordenar, etc. Ex.: Ana, Maria fez o jantar? Enquanto a metafunção textual organiza a mensagem através da materialização das anteriores, ou seja, é a que nos habilita a criar um texto. Ex.:- Ana fez o jantar? – Não, Maria fez o jantar.

A oração: Maria fez o jantar. Sob a perspectiva da metafunção experiencial, a sentença é vista como uma representação do mundo exterior do falante, evidenciando-se um processo material, tem-se o ator, o processo material e a meta. Com relação à função interpessoal, a oração é vista como um ato de fala, uma declaração, composta por modo oracional: sujeito e finito; resíduo: predicador e complemento. Finalmente, temos a metafunção textual em que investigamos a mensagem expressa no afirmativo.

O Cavalo e o burro, ilustração de Frances Barlow, metade do século XVII.

O cavalo e o burro

Monteiro Lobato

O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo, contente da vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado! gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:

– Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o peso irmãmente, seis arrobas para cada um.

O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.

– Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso tão bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?

O burro gemeu:

– Egoísta. Lembre-se de que se eu morrer você terá que seguir com a carga de quatro arrobas e mais a minha.

O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e rebenta.

Chegam os tropeiros, maldizem a sorte e sem demora arrumam com as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.

– Bem feito! exclamou o papagaio. Quem mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora…

***

Em: Criança Brasileira, Theobaldo Miranda Santos, Quarto Livro de Leitura: de acordo com os novos programas do ensino primário. Rio de Janeiro, Agir: 19

49.

Disponível em: http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/06/25/o-cavalo-e-o-burro-fabula-texto-de-monteiro-lobato/. Acesso em: 13/12/2012

 Tipos de processo descritos pelos verbos em destaque nas orações abaixo.
a) O cavalo e o burro seguiam juntos para a cidade. 

Processo Material.
b) Em certo ponto, o burro parou e disse:...

Processo Verbal.


c) O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.

Processo Comportamental.
d) Quem mandou ser mais burro que o pobre burro...

Processo Relacional.
e) ...e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? 

Processo Mental.