Durante a massagem conta-me que a governanta de suas filhas trouxe consigo um atlas de história da civilização, em que havia estampas – uns índios disfarçados de animais – “que a assustaram muito”.

Pergunto-lhe porque as fotos lhe assustaram tanto, e reponde-me que lhe recordam visões. Pergunto-lhe também se sempre falou interrompendo-se e gaguejando de quando em quando e desde quando sofre aquele tique[1]. Responde que a gagueira é um fenômeno de sua enfermidade, e que o “tique” o tem desde quando, há cinco anos, se achava velando a filha menor, gravemente doente, e se propôs guardar absoluto silêncio[2].

Pela primeira vez encontro-a alegra e gracejadora. Diz um gracejo que eu não suspeitara em mulher continente tão severo e, revelando plena consciência de suas melhoras, zomba do tratamento prescrito pelo meu antecessor.

Relata diversas situações de exposição a traumas (outros sucessos que a atemorizaram). Durante sua narrativa a paciente dá sinais corporais (denota que vê plasticamente tudo) sobre o que fala.
Por último, conta que levantou uma pedra e havia um sapo sob a mesma, perdeu a fala durante algumas horas.

Convenço-me de que a paciente sabe de tudo que ocorreu na sessão anterior, ao passo que em estado de vigília de nada se recorda.

Notas:

[1] Em estado de vigília, já havia interrogado sobre a origem do “tique”. Sua resposta foi: Não sei. Há muito que o tenho.

[2] O tique volta sempre que se assusta ou tem sobressalto.

Referências:

Obras Completas de Freud.

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