Encontro-a de expressão mal humorada e contraída, queixando-se de frio e dores. Minha influência sobre a paciente já se manifesta desde o início. Recobra a tranqüilidade e a clareza intelectual e encontra, sem necessidade de interrogá-la, os motivos de seu mal-estar (reprodução quase completa das reminiscências e novas impressões que a tem influenciado, e recai com freqüência, inesperadamente, sobre recordações patógenas, que a própria paciente se proíbe). Sua narrativa, desenrola-se acompanhada de “gestos de espanto” e repetida exclamação da “fórmula” protetora: FIQUE QUIETO! NÃO FALE! NÃO ME TOQUE!

VOLTA DEPOIS A SERENAR-SE A FISIONOMIA E MOSTRAR-SE ALEGRE E CONTENTE.

Pergunto a significação de sua fórmula protetora.

Ela responde: quando tenho idéias angustiosas, i) temo ser interrompida, caso isso ocorra aumenta significativamente o mal-estar; e ii) devida a lembranças (“traumas”).

VENDO QUE A FUNÇÃO DA FÓRMULA PROTETORA É RESGARDÁ-LA DA REPETIÇÃO DE SUCESSOS SEMELHANTES, FAÇO DESAPARECER POR SUGESTÃO TAL TEMOR E CONSIGO ASSIM QUE NÃO TORNEA PRONUNCIÁ-LA...

Ao voltar à tarde, a encontro muito contente, observo, todavia, nela certa excitação interna, que só desaparece depois de indagar-me se me desagradou um observação que me fez no dia anterior e negá-lo eu.

Como a encontro bem disposta a proporcionar-me esclarecimentos, pergunto-lhe também porque outros fatos de sua vida assustaram igualmente, a ponto de conservar sua lembrança plástica; responde: i) devido a traumas (muitas vezes meras alucinações); ii)

 

DA MELHORA DO SEU ESTADO GERAL É PROVA A OBSERVAÇÃO:

NÃO DEDICOU UM SÓ MOMENTO A LEITURA!!! ELA, QUE LEVADA ANTES PELA SUA INTRANQUILIDADE INTERIOR, TINHA SEMPRE QUE ESTAR FAZENDO ALGO, VIVE AGORA EM FELIZ SONHO...

 

Notas:

A resposta “não sei” pode ser exata, mas também pode significar que seja desagradável falar. Observo nos pacientes que é recordar é tão difícil quanto o esforço que fizeram para esquecer (expulsar da consciência o acontecimento correspondente).

Nem sempre os traumas estão apoiados em fatos reais, muitas vezes podem ser meras alucinações, razão pela qual se deve orientar o paciente no sentido de utilizar o bom senso para interpretar o ocorrido tentando fazer desaparecer de sua fisionomia todo sinal de alteração.

Igualmente não é possível garantir a recordação de fatos, mesmo quando existe um pequeno intervalo de tempo entre as sessões.

Pequenos traumas (“simples sustos”) podem ter profundas repercussões no aparelho psíquico.

 

Referências:

Obras completas de Freud

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