A causa de toda a pobreza é a ignorância. E não há outra forma de combatê-la que não seja através da educação. Neste sentido, muitos países ditos em desenvolvimento vão de encontro à história pelo mau exemplo de seus governantes que privilegiam o assistencialismo inócuo que mergulha o povo na inércia ao invés de estimular o estudo e a iniciativa.

Não há maior inimigo da liberdade que a ignorância. E não há maior ignorância que a ausência de si mesmo, a inconsciência dos que se encarceram por detrás dos barrotes dos preconceitos e de idéias medievais e retrógradas.

Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que o homem traz dentro de si o anseio por liberdade, também traz a tendência à submissão, por acreditar em coisas inverossímeis, por cultivar ídolos, por idolatrar místicos fantasiosos, apesar de todos os homens, sem exceção, trazerem dentro de si o anelo de serem felizes.

Essas tendências aparentemente paradoxais a de dominação e a de submissão - são frutos psicológicos de uma característica inerente a todo o ser humano: a de se vincular aos outros seres humanos, não ser uma pessoa isolada, comunicar-se. Dominar e ser dominado, ser chefe, empregado, súdito, pastor, rebanho. Talvez aí a explicação das seitas, das religiões, das ideologias, do fanatismo de toda a espécie que não justifica a tendência mencionada.

A lição da pobreza ensina que o maior cego não é o que não pode ou não quer ver, senão aquele que não quer entender; e que ajudar os outros é a melhor maneira de ajudar a si mesmo. E que mais que dar o peixe ou ensinar a pescar, o fundamental é ensinar a pensar. E nunca pretender ensinar antes de haver bem aprendido. E que pensar é, antes de tudo, criar.

Os déspotas, os impostores e os predicadores são os inimigos da liberdade que não querem que o homem pense e seja livre.

O ser humano não nasceu para viver isolado e nem acorrentado. E a maior das escravidões é a mental, fruto da ignorância.

O ideal de fraternidade é que permitirá, através da união das mentes e corações humanos, que o homem se aproxime cada vez mais de seus semelhantes e de Deus, através do conhecimento e da cultura, únicas riquezas capazes de tirá-lo do sofrimento, do isolamento e da ignorância.


Nagib Anderáos Neto
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