FRAGMENTOS

 

Há um tempo em que se abrem as caixas

Revelando sulcos de trajetória

Expondo fatos, fragmentos de um todo

Arquivos guardados na memória

 

Vasculham-se os cantos

Da realidade velada

Descobrem-se os espaços vazios

Apenas restos  de vida quebrada,

Fracionada

 

No despertado sentimento

Retrato da desagregação interior

Saudade e dor revivida

Sobram migalhas do tempo

 

Só uma história insepulta

De vácuos não reenchidos

Esvaziados de lembranças

De sonhos não revividos

 

Poder de morte sobre o instante

De um momento perdido, distante

Quando se edificou os sonhos

Sobre templos de papel

 

Detalhes que não se quer lembrar

Fortalezas amorfas da  ideia

Imagens estilhaçadas

Jogadas para a platéia

 

Aos poucos, recolho meus cacos pelo chão!