Como versos,

crispam o poema

─ pardacento mar─

ondas ritmadas

a repetir a mensagem

líquida e remota

dos mares sem fim...

 

E o céu estende seu véu

─ amplíssima página─

no dia

de cristal vívido em mim...

*

*

 

 

O poema desabrochou

silencioso em cada pétala.

Sílaba por sílaba

apresentou-se sob a cúpula

azul de mais um dia.

O beija-flor bica-lhe,

extrai-lhe o doce néctar

e deixa-lhe/leva-lhe

a essência

         do afeto mais sublime.

*

*

 

 

 

 

 

 

 

 

Oblíqua, bisbilhoteiramente,

assoma a Lua

em sua redonda forma

e, por entre nuvens fofas,

galhos enganchados

e a tépida temperatura do bosque,

penetra brandamente

nos segredos enamorados

dos amantes florescentes.

No céu quase azul cerúleo,

levitando estática,

esta uma lua iluminada.

Embaixo, em duas mãos,

trêmulas,

estas outras duas luas nuas

com a maciez do sonho

e o sabor da voluptuosa deusa

que nasceu das espumas do mar.