No decorrer do século XXI, já se tornou senso comum a idéia de que o mundo contemporâneo está vivendo uma crise de valores de dimensões surpreendentes nunca jamais vistas na história humana. Pesquisadores de diversas áreas do conhecimento estão empenhados em estudos sobre as causas e os efeitos da crise da modernidade, bem como os males que dela decorrem: o terrorismo, fanatismo, a ameaça atômica, destruição do meio ambiente, lutas étnicas e raciais, etc; E todos os estudiosos que se dedicam a estuda-las estão de acordo quanto a compreensão da crise e a busca de possíveis saídas para os problemas decorrentes dessa crise obriga a assumir um posicionamento crítico em relação ao projeto de educação, de homem e de sociedade que tem sua origem na modernidade.
A Escola é atravessada e marcada pela configuração social com o papel principal de constituir o sujeito, seja por meio das relações de poder entre professores e alunos, seja na forma pela qual concebe a aprendizagem e transmite o saber.
A educação é uma atividade humana que funciona como um instrumento de preservação dos valores de uma sociedade, e também como um meio por onde se realizam as transformações sociais. Por este motivo, ela precisa de pressupostos e conceitos que fundamentem e orientem seus caminhos. Sendo assim, a educação dentro de uma sociedade é uma prática que se encontra direcionada por uma concepção teórica específica, que por sua vez, determina a prática educacional. Conclui-se que a educação é uma prática social, presente na sociedade e cuja finalidade varia de acordo com os valores e necessidades presentes na comunidade em cada um vive.
Na sociedade atual, a idéia de educação está associada à mudança social. É por meio da educação que se busca o pleno desenvolvimento intelectual, social e, principalmente, financeiro. As constantes transformações do mundo moderno exigem cada vez mais, de todos os indivíduos, uma constante reciclagem de seus conhecimentos e um processo de educação permanente, destinado à integração e funcionalidade da sociedade, de forma conformista e adaptativa.
Então, nota-se que, a filosofia funciona como interpretação teórica das aspirações, desejos e anseios de um grupo humano, e a educação como instrumento mediante o qual se dá a veiculação dessa interpretação. É por meio da reflexão filosófica que a educação pode se constituir num instrumento de transformação de uma sociedade. Sendo assim, quando a educação é realizada com base numa reflexão filosófica consciente e crítica, a educação se converte num instrumento de transformação e ascensão da sociedade. Porém, se a reflexão filosófica não for realizada crítica e conscientemente, a educação resultante reproduzirá conceitos e valores baseados no senso comum que a sociedade propõe e impõe, funcionando como um instrumento de estagnação e manutenção permanente do conhecimento humano.
A tarefa proposta por Foucault em seus estudos de ??recusarmos o que somos e nos livrarmos da individualização que nos submete??, faz-se necessário aplicar às práticas pedagógicas, que por sua vez encontra-se articulada com uma concepção filosófica da educação, gerando um ordenamento dos elementos que direcionam a prática educacional, sendo por vezes indissociáveis. Cabe aos profissionais que estão envolvidos no processo educacional, indagar sobre as técnicas e práticas pedagógicas que eles próprios aderem, sem ao menos buscar conhecer que tipo de reflexões estão provocando em seus alunos. Assim, com este trabalho, pretendo promover um estudo que possibilite um despertar nos agentes da prática pedagógica e, principalmente, dos indivíduos que a ela se encontram submetidos, para a realização de uma reflexão sobre o processo educacional, a partir do qual resultasse um posicionamento crítico diante das práticas e discursos pedagógicos que direcionam e legitimam a prática educacional.
Apesar de seu caráter eminentemente informativo e descritivo, onde Foucault procura demonstrar imparcialidade em relação ao que descreve, seu texto pode ser pensado, atualmente, como uma severa crítica à utilização indiscriminada da educação como simples meio de reprodução de condições sociais, políticas, econômicas, culturais e organizacionais, que visam à geração de um estado estagnado e de controle total entre os membros da mesma.