Foucault foi considerado por muitos, durante muito tempo como o novo Kant, porém, uma comparação um tanto quanto exagerada, pois, sendo forjada sobre esse filósofo uma tremenda responsabilidade, pois, tinha idéias autênticas. Mas, foi profundamente influenciado pela filosofia clássica—tentou objetivar, criar e transcrever os vários caminhos percorridos pela filosofia até chegar a uma versão acabada de verdade, delimitando contornos e pressupostos que proporcionariam uma determinação de uma possível verdade, através das relações entre saber-poder.

Foi através de fatos históricos que a história tradicional negou e das práticas a-sociais que ele pode fazer uma arqueologia. A investigação filosófica de Foucault não se aplica a nenhum modo tradicional de se produzir história, criando uma união entre filosofar e pesquisar fatos históricos. Todo o emaranhado de postulados como verdade sobre o homem, a loucura, poder, sexualidade e medicina deveriam ser determinados por elementos mais simples que a razão e a história tradicional aplicavam como filosofia clássica. Revelando verdades, saberes e valores presentes na realidade e sua estrutura social, construídas nas relações de poder e domínio.

Foucault contestou valores tradicionais, determinando na vida cotidiana uma evolução que poderia determinar o que éramos e o que viríamos a ser.

O poder foi concebido, como um emaranhado de relações de força que teriam sua Genesis nos seres e na classe a que pertenciam, partindo das relações de força, saber e poder, a partir do discurso proferido.

Ele está difuso na sociedade, presente em todos os setores sociais, se relacionando diretamente com o discurso, como o poder e o saber constituído a partir de um discurso se articulam? Na visão de Foucault o poder e o saber se constituem e se articulam através do discurso, havendo assim uma diversidade de discursos, produzindo diversos tipos de poderes, será que as mudanças no discurso ao longo dos tempos conduziram a sociedade racional a um determinado saber?

Este poder só pode deriva das partes presentes nas mais diversas e dispersas relações de força e domínio através da disciplina do corpo, mantido por mudanças abstratas, porque a sociedade se desenvolve através do movimento de inda e vinda, construindo um leque de afirmação ou destruição no tocante da dominação e da construção desta força.

A história foi conceituada como não estática, criando a possibilidade de uma modificação pelo uso das forças e domínios, foi possível haver uma manipulação e inversão dos valores sociais enquanto verdade dominante. Houve um deslocamento histórico para essa compreensão.

As análises arqueológicas partem de problemas específicos que a história negou para si, em suas concepções tradicionais fazendo uma negação das ideias, do saber e do poder.

O modo analítico da arqueologia de Foucault parte da investigação histórica dos problemas mais específicos como: loucura, lepra, medicina clínica e social, sexualidade e as suas relações discursivas da teoria social. Visando estabelecer a noção de verdade entre o que foi pesquisado e o que realmente aconteceu, porque os fatos estão intrinsecamente ligados através de práticas específicas, mesmo que em caráter provisório os acontecimentos e as ideias em torno destes são verdadeiros.

Nesta tentativa de elucidar a verdade ele descobriu que existia uma classe social que determinava através das formações discursivas o que pode e o que deve ser dito ou feito.

A sociedade ocidental, através de seu discurso cria regras, dizem o que deve ou não ser dito ou feito, criando uma sociedade disciplinada e submissa. Criando um poder único e abusivo.

Havendo uma delimitação aos espaços e as coisas, possibilitando um distanciamento entre o discurso do médico com a verdade do louco, invertendo as relações sociais estabelecidas entre médico e doente. Criando uma limitação a certos espaços. Mas, foi graças a história das idéias que podemos ver certos procedimentos invertidos e a verdade esclarecida.

Enquanto a história natural tinha por objetivo maior a análise das datas e das opiniões, Foucault através do seu método mostra as conseqüências do silêncio criado em torno das ideias, dos saberes, em fim como os discursos si modificam e agem de forma diferente em mais de um campo de atuação. Foi assim, que houve a possibilidade de se transformar uma loucura moral, social, religiosa e social em doença mental (a luz da ciência moderna), mostrando que houve inversão de valores, que se constituindo em doença a partir das transformações morais, dos saberes religiosos e jurídicos (como forma de punição moral e social) para o saber médico-psiquiátrico, havendo uma arqueologia dos fatos, conflitos, signos e linguagem de toda a trajetória da loucura. Portanto o método arqueológico se constitui em elemento de analise do discurso em detrimento de um determinado saber e seu conjunto de práticas estabelecidas ao longo da história convencional.