Acredita-se que a cultura urbana, literalmente falando, caracteriza-se pela desorganização sócio-cultural e individualista. Sabe-se, no entanto, que a cultura social urbana não mudou totalmente, mas apenas adaptaram-se as exigências do mundo moderno.

Entretanto, no Brasil, os fenômenos como paternalista e o clientelismo adaptarem-se ao mundo urbano-industrial, convivendo naturalmente com as relações impessoais. A relação entre patrão e cliente visa o interesse em obter bens valorizados, favores e proteção política, que a posição de ambas as partes pode favorecer ao outro. É aí que reside um tipo de capitalismo dependente, onde o "tradicional" e o "moderno" se articulam e desenvolvem um novo tipo de sociedade sob forma desigual, porém combinada.

Outro tipo de sobrevivência observada nos países da América Latina é o uso da reciprocidade. Esta funciona de forma a beneficiar as relações de troca de bens e serviços entre iguais. Este método é bem diferente da relação patrão/cliente, onde o patrão utiliza-se de seus parentes e conhecidos para criar um meio de produção.

Numa rede de reciprocidade (entre iguais) a troca depende muito da sociabilidade entre a família-membros-vizinhos que são utilizados dentro do intercambio recíproco. São alguns deles: informação, ajuda trabalhista, empréstimos, serviços e apoio moral.

Porém, no que diz respeito às relações patrão/cliente, a rede possui um mecanismo que é utilizado por qualquer membro empreendedor para atingir os seus fins e atingir o progresso coletivo do grupo.

Entretanto, não se deve pensar que a reciprocidade concentra-se somente nas classes baixas. As classes altas também utilizam-se de mecanismos de reciprocidade. Já no Brasil observa-se a importância de tais métodos como a famosa "panelinha" e "Q.I." (Quem Indique), que são bastante utilizadas pela classe média para conseguir emprego em redes públicas ou privadas, como também para a resolução de problemas. Estes relacionamentos são de grande importância para a classe média.

Os resultados indicam que, ao contrário do que se pensava, a previsão de que a urbanização "enfraqueceria os laços de parentescos e seria o declínio do significado social de família", não cumpriu-se. Diferente do que previu-se, os laços familiares tornaram-se mais fortes com a urbanização, sendo uma instituição de grande importância e significado na América Latina, desempenhando grandes funções dentro da estrutura social.

Mesmo que tenham ocorrido os processos de urbanização e industrialização, as relações entre patrão-cliente e de reciprocidade não enfraqueceu. A troca de informação, a ajuda mútua e o apoio moral, continuam sendo meios de estabelecer laços extensos entre cada um desses dois tipos de redes.