A formação Profissional realizada no ambiente de trabalho deve ser analisada sob os seguintes aspectos:

 

a) Muitas empresas mantêm em seus ambientes centros de formação profissional para formar desenvolver, aperfeiçoar, especializar e atualizar sua mão-de-obra. A formação profissional realizada no trabalho ou relacionada com o emprego da pessoa fornece dados imediatos acerca dos requisitos variáveis a serem preenchidos pelos programas de formação profissional. É mais apta a atender às necessidades do empregador, à medida que ocupações desaparecem e outras surgem. A sociedade sofrerá menos perdas e os indivíduos menos frustrações, decorrentes da formação profissional inútil, em ocupações inexistentes ou a falta de treinamento em novas ocupações.

 

b) Outro fator analisado é a capacidade dos agentes formadores de assimilar com rapidez as mudanças tecnológicas e manterem os conteúdos desenvolvidos atualizados úteis para o exercício profissional. As escolas de formação profissional são lentas e não acompanharem as mudanças tecnológicas. A formação profissional realizada na empresa tende a ser mais relevante e atual. Pode se desenvolver diretamente com os novos métodos, novas técnicas, novos procedimentos e instrumentos de trabalho que vão sendo introduzidos no sistema produtivo.

 

c) A formação profissional realizada no ambiente de no trabalho tende a ser mais realista. É impossível para a escola do sistema regular reproduzir o ambiente de trabalho pelo alto custo, pela inviabilidade de se transferir para a sala de aula uma situação de trabalho que só o exercício efetivo de uma ocupação pode oferecer com suas características, imprevisibilidade e particularidade dos problemas.

 

A atividade didática das escolas regulares se caracteriza por um ensino monótono, desinteressante e desmotivador, baseada quase exclusivamente em aulas expositivas. No interior de uma fábrica, de um escritório, ou de qualquer unidade produtora, distribuidora de bens ou serviços, a aprendizagem pode ser muito mais interessante e significativa.

 

O aprendiz passa a viver experiência real de trabalho, é estimulado a formular questões e resolver problemas relativos a manejo de ferramentas, funcionamento de máquinas, processos de produção, relacionamento interpessoal, e outros elementos com os quais ele é permanentemente posto em contato em sua rotina de trabalho. Pode avaliar seu desempenho na execução de suas tarefas, obter respostas imediatas sobre a evolução de sua aprendizagem e dos progressos que está conseguindo.

 

A avaliação é mais eficiente como reforço da aprendizagem do que a propiciada no interior do sistema escolar regular voltada, predominantemente, para a realização de provas finais e para a concessão de diplomas e certificados. Outra fonte de motivação para a aprendizagem pode estar no sistema de promoção vigente na empresa.

 

Se, os desempenhos satisfatórios em tarefas de complexidade crescente e que exigem maiores responsabilidades, estiverem associadas ascensões na escala ocupacional e/ou recompensas salariais, o educando sentir-se-á estimulado a aplicar-se em seu aperfeiçoamento profissional e esforçar-se por adquirir os conhecimentos e habilidades necessárias para apresentar tal desempenho.

 

d) Outro aspecto a ser considerado é que na formação profissional realizada no emprego, o aprendiz aprende e produz, diminuindo custos de sua formação. A remuneração que o aprendiz percebe, enquanto aprende um ofício, é significativa, principalmente àqueles originários das camadas de nível socioeconômico baixo, pois, de outra forma estaria privado da formação profissional, por faltar-lhe condições de freqüentar a escola e trabalhar e também de poder contribuir para o sustento da família.

 

A ação do sistema produtivo na formação profissional específica é relevante para o estado e para a sociedade pelo o alto custo que representa. Os recursos que os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento destinam ao sistema escolar não são suficientes para cobrir as despesas com a educação geral. Manter, no sistema regular, o ensino profissional específico, mais dispendioso que a educação geral constitui-se intenção praticamente impossível de ser concretizada.

 

Transferir para os empresários a responsabilidade pela formação profissional específica foi à solução encontrada no Brasil, através do Sistema S, e da formação profissional realizada no próprio emprego.

No tocante ao aprendiz, cabe observar que na atividade laboral as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando deve prevalecer sobre o aspecto produtivo .

 

e) Outro importante fator deve ser considerado é a capacidade de organização e sistematização da aprendizagem que cada agência formadora pode apresentar. O ensino no ambiente de trabalho pode apresentar sérias dificuldades, pelo fato de estarem as empresas organizadas para a produção ou a circulação de bens ou de serviços e não para o ensino, razão pela qual, deve despender esforços para organizar a aprendizagem de modo a que ela se realize eficientemente, sem interferir no ritmo da atividade da empresa.

 

Trata-sede uma tarefa complexa, pois as empresas não foram concebidas para o ensino.