APRESENTAÇÃO DE ARTIGO     

FORMAÇÃO E PRÁTICA DO PROFESSOR NA ÁREA DE INFORMÁTICA

ADJILDO JESO VIEIRA

Boa Vista-RR 05 de outubro de 2011.

# Introdução

              Este artigo aborda sobre o histórico da formação continuada, seu objetivo, a formação do professor e sua prática docente, aonde vem mostrando as vantagens que possui um professor que busca sua auto-formação, pois, o seu conhecimento está sempre à altura da sua docência. Sabe-se que o professor não deve estar ausente da tecnologia, pois sabemos que a formação continuada dá suporte ao mesmo para tal realidade para que ambos caminhem juntos para a melhoria da educação. Ela mostra também que o professor que participa da formação continuada além de desenvolver sua docência com clareza, competência e responsabilidade, ele também pode estar em constantes mudanças nos aspectos pedagógico, técnico e político, revendo suas metodologias e melhorando o seu ensino e a aprendizagem dos alunos, preparando-os melhor para atuar na sociedade como cidadãos críticos e reflexíveis. Ele também procura conhecer a realidade do aluno e compreender o seu comportamento diante dos colegas e todo o corpo da escola. Este artigo procura mostrar que o professor que busca sua auto-formação tem um melhor domínio na sala de aula e também em sua docência, pois tem um conhecimento mais amplo dos conteúdos a ser ministrados. Ele não se limita apenas em conteúdos, mas sim, em esclarecer as dúvidas que por ventura o aluno venha a trazer para a classe. Ele tem consciência de que para exercer a prática docente é necessário muito estudo, pesquisa e troca de experiências. 

Prática e formação de professores 

              Atualmente, o mundo está passando por uma era tecnológica. A educação em si, também deve acompanhar essa era, pois sofre transformações que sem dúvidas beneficiam todos os que estão envolvidos no processo educacional. 

              É diante de todas essas mudanças, oriundas das transformações sociais e do avanço das tecnologias, que percebemos as mudanças que estão ocorrendo com o comportamento dos homens e das mulheres, os quais são ingredientes dessas mudanças. 

              É necessária a formação de um novo homem. O perfil do novo profissional não é mais o especialista. O importante é saber lidar com diferentes situações, resolver problemas imprevistos, ser flexível e multifuncional e estar sempre aprendendo.

                     Como marco do novo milênio, temos a internet que, a partir de 1995, penetrou no mercado, iniciando uma nova revolução, a revolução digital, a era da inteligência em rede, na qual seres humanos combinam sua inteligência, conhecimento e criatividade para revoluções na produção de riquezas e desenvolvimento social. Essa revolução atinge todos os empreendimentos da humanidade-aprendizagem, saúde, trabalho, entretenimento (TAPSCOTT, 1997). 

              É preciso visualizar essa situação social que estamos vivendo. A educação necessita estar atenta às suas propostas e não marginalizar, tornando-se obsoleta e sem flexibilidade. Algumas dessas mudanças podem ser realizadas pelo professor que, tendo uma visão de futuro e possuindo mente aberta para refletir criticamente sobre sua prática no processo de ensino aprendizagem, torna-se um agente ativo no sistema educacional.

              Essas mudanças tecnológicas exigem também uma mudança constante no processo educacional, pois para se trabalhar a tecnologia, é necessário que haja novos investimentos na educação, permitindo assim maiores desenvolvimentos e garantindo uma formação de educadores para que possam usufruir dessa tecnologia possibilitando uma formação crítica do educando. 

              Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade educacional. O professor deverá estar capacitado de tal forma que perceba como deve efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. Cabe a cada professor descobrir a sua própria forma de utilizá-la conforme o seu interesse educacional, pois, como já sabemos, não existe uma forma universal para a utilização dos computadores na sala de aula. 

         O professor deve estar aberto para as mudanças, principalmente em relação a sua nova postura: o de facilitador e coordenador do processo de ensino aprendizagem; ele precisa aprender a aprender, a lidar com as rápidas mudanças, se3r dinâmico e flexível. Acabou a espera educacional de detenção de conhecimento, do professor “sabe tudo” (TAJRA, 2008, p.105).             

              A capacitação do professor deverá envolver uma série de vivências e conceitos, tais como: conhecimentos básicos de informática; conhecimento pedagógico; integração de tecnologia com as propostas pedagógicas, formas de gerenciamento da sala de aula com os novos recursos tecnológicos em relação aos recursos físicos disponíveis e ao “novo” aluno, que passa a incorporar e assumir uma atitude ativa no processo; revisão das teorias de aprendizagem, didática, projetos multi, inter e trans disciplinares.

              Na abordagem construcionista cabe ao professor promover a aprendizagem do aluno para que este possa construir o conhecimento dentro de um ambiente que o desafie e o motive para e exploração, a reflexão, a depuração de idéias e a descoberta. Antes de propor um plano _ que deverá ser resultado de um trabalho cooperativo dos que estão envolvidos na aprendizagem _ o professor precisa conhecer as potencialidades de seus alunos e suas experiências anteriores. Além disso, o professor cria situações para usar o microcomputador como instrumento de cultura, para propiciar o pensar - com e o pensar-sobre-o-pensar e identificar o nível de desenvolvimento do aluno e seu estilo de pensar.

 

         Ao mesmo tempo, o educador é um eterno aprendiz, que realiza uma “leitura” e uma reflexão sobre sua própria prática. O professor procura constantemente depurar a sua prática, o seu conhecimento. Sua atitude transforma-se em um modelo para o educando, uma vez que “vivencia e compartilha com os alunos a metodologia que está preconizando” (VALENTE, 1994, p.19). 

              As atitudes do professor de propor diálogos criam condições para que a aprendizagem ocorra como um processo dinâmico, que envolve múltiplos elementos: a reflexão defendida por Dewey; a construção do conhecimento explicitada por Piaget; um ambiente em que o aluno é o sujeito da aprendizagem, conforme Freire, e em que o professor atua como mediador, segundo o conceito de Zona Proximal de Desenvolvimento (ZPD) definido por Vigotsky.

 

         Ao saber que o conhecimento se constrói com reflexões e depurações, o professor, mediador da aprendizagem do aluno, atua segundo o ciclo ação-execução-reflexão-depuração e o emprega tanto na interação com o aluno como na análise de sua prática (ALMEIDA, 2000, p.78).

 

              O professor atua entre os limites de duas situações: num extremo, deixar o aluno totalmente livre para agir e correr o risco de tornar sua prática um laissez-faire; no outro, ensinar tudo o tempo todo (Valente: 1994). Na primeira situação, o aluno fica tentado a “redescobrir a roda” ou a desenvolver ações que repetem o que já descobriu. Na segunda, o professor assume o controle do processo, fornece todas as informações aos alunos e restringe-lhes a criatividade e a iniciativa.

 

         A prática do professor desenvolve-se no intervalo entre esses dois extremos e altera-se constantemente, de acordo com os interesses e as necessidades de cada aluno e diante de cada situação, pois é importante que o professor seja o responsável pelo processo, “mas é necessário adquirir o sabedoria da espera, o saber ver no aluno aquilo que nem o próprio aluno havia lido nele mesmo, ou em suas produções” (FAZENDA, 1994, p.45).

 

 

              Há professores que se situam freqüentemente mais próximos de um dos limites do intervalo, mas que muitas vezes não têm a consciência da sua forma de atuação. O computador, empregado como ferramenta de reflexão pedagógica, pode ajudar o professor a tomar consciência de sua prática e tentar modificá-la. Mas para isso é necessário que o professor faça uma “leitura” dessa prática, fundamentado em teorias que lhe permitam identificar os problemas, as limitações e o estilo assumido em seu modo de agir e ainda buscar formas de atuação que promovam um maior desenvolvimento de seus alunos.

 

         Assim, o professor mediador procura reconhecer o momento propício de intervir para “promover o pensamento do sujeito e engajar-se com ele na implementação de seus projetos, compartilhando problemas, sem apontar soluções; respeitando os estilos de pensamentos e interesses individuais; estimulando a formalização do processo empregado; ajudando assim o sujeito entender, analisar testar e corrigir os erros” (ALMEIDA, 1991, p.2.29).

 

              Nesse processo estão implícitos a dimensão afetiva, a insegurança e a incerteza para enfrentar o erro e os conflitos inerentes a toda situação de aprendizagem. O professor precisa reconhecer os conflitos dos alunos e os seus próprios conflitos, para que cada um descubra a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros.

              A ação do professor está sempre impregnada de teorias, muitas vezes ele não tem consciência disso, ou então sua visão teórica é incoerente com a sua prática. Assim, suas reflexões devem permitir a busca de teorias que facilitem apreender o significado de sua prática, problematizá-la e identificar o seu estilo de atuação. À medida que estabelece um movimento entre a teoria e a prática, o professor constrói uma nova teoria de acordo com seu contexto e com a sua prática transformada e conservadora. Ao assumi essa nova postura, vai propiciar ao aluno a formação de sua identidade, o desenvolvimento de sua capacidade crítica, de sua autoconfiança e de sua criatividade.

 

              Porém, se o professor não adquiriu uma visão teórica coerente com a sua prática, sua compreensão sobre o processo de conhecimento e de aprendizagem é reduzida a limites estreitos, e suas ações pedagógicas serão caracterizadas pela contingência.

 

              É comum perceber que a informática inova o sistema educacional, e isso na maioria das vezes nos deixa sem sabermos que atitudes tomarmos. Assim, é importante que os educadores busquem sempre estar interados nesse processo tecnológico.            

         As inovações na área de informática deixam-nos sempre em defasagem. É impossível acompanhar todas elas. Estamos em constante estágio de ignorância tecnológica. Se não nos lançarmos a essas inovações, com certeza, ficaremos cada vez mais atrasados. Devemos estar convictos de que estamos diante de um imperativo tecnológico. Devemos sempre questionar tais alterações e nem sempre adotá-las. O questionamento é imprescindível; precisamos ser críticos e saber usar a criticidade. As mudanças não se limitam aos instrumentos físicos, mas às mudanças na sociedade, na cultura, na economia, na forma de produção, na forma de aprender, nos sistemas de comunicação e nas atividades mais simples do nosso cotidiano (TAJRA, 2008, p.119).

 

              É fácil concluirmos que os professores precisam estar abertos para incorporar essa nova realidade, entretanto, entre o momento da percepção da necessidade de mudar e ter resultados com as mudanças adotadas existe um espaço “espaço/intervalo” em que estamos processando as mudanças de paradigmas. Sabemos que todo processo de aprendizagem é doloroso, e somente após certo tempo nos sentimos mais seguros e conseguimos atingir mais uma etapa no nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

 

              A incorporação das novas tecnologias de comunicação e informação nos ambientes educacionais provoca um processo de mudança contínuo, não permitindo mais uma parada, visto que as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente e em curtíssimo espaço de tempo.

 

              Portanto, vivemos em uma era onde as inovações tecnológicas digitais podem facilitar nossas vidas. As novas tecnologias estão criando uma forma diferente de organização social. A sociedade global de informações está criando uma nova forma de congregação de pessoas: as ricas e as pobres de informações, as com e as sem acesso às informações e, por fim as que sabem lidar e criticar as informações obtidas e as que ingerem sem saber e de forma ingênua o que lhes aparece. Assim, cabe aos educadores se prepararem para lidar com essa era tecnológica.

 

            Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer seja, e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiada contrastante com a concretude da prática educativa (FREIRE, 1997).

A atuação e a formação de professores:

 

            A formação de professor em informática na educação vem ocorrendo, na maioria das vezes, através de cursos de capacitação de um número x de horas, que se desenvolvem na própria instituição de ensino, em universidades e centros de informática. Esses cursos são extremamente importantes e necessários para a implantação da informática na escola, mas nem sempre são suficientes em termos de propiciar mudanças reais no contexto da prática do professor.    

        

         Por essa razão a formação de professore em informática na educação precisa ser vista além do tempo do curso, contemplando nesse processo a dimensão do contexto do dia-a-dia do professor. Nesse enfoque a preparação do professor envolve muito mais do que ele aprender a lidar com as ferramentas computacionais. O professor também precisa aprender a contextualizar o uso do computador, integrando-o às suas atividades pedagógicas. Isto significa que o processo de formação deve propiciar ao professor construir novos conhecimentos, relacionar diferentes conteúdos e reconstruir um novo referencial pedagógico. 

           

            Entretanto, a grande dificuldade do professor em formação é a reconstrução da sua prática pedagógica, principalmente quando os pressupostos educacionais que orientam o uso do computador se diferem da concepção de ensino e aprendizagem do sistema da escola. A visão educacional tecnicista do sistema da escola privilegia o ensino através da instrução e a aprendizagem do aluno através de um produto (padronizado). Já abordagem, construcionista que fundamenta o uso do computador enfatiza a aprendizagem, através das interações e o processo de construção do conhecimento do aluno na elaboração de um produto que lhe seja significativo.  

À medida que o professor reflete sobre sua prática e compreende os princípios da abordagem construcionista, ele modifica sua ação pedagógica. De forma que o ensino não desaparece, mas toma uma nova dimensão e o produto passa a ter uma conotação diferente. O produto passa a ser visto como um meio para refletir e depurar o processo de ensinar e aprender.    

            Nessa perspectiva, a questão é como preparar o professor para que ele possa integrar o uso do computador, baseado na abordagem construcionista com os conteúdos curriculares, na sua vivência, na sua realidade. A realidade de uma instituição de ensino se constitui de uma estrutura, uma organização de tempo, espaço, uma grade curricular, que muitas vezes dificulta o desenvolvimento de uma nova prática pedagógica. São as amarras institucionais que refletem nas amarras pessoais. Portanto não basta o professor querer mudar. É preciso alimentara a sua vontade de estar construindo algo novo, de estar compartilhando os momentos de dúvidas, questionamentos e incertezas, de estar encorajando seu processo de reconstrução de uma nova prática. Uma prática reflexiva onde a tecnologia possa ser utilizada no sentido de reverter o processo educativo, que se expressa de forma agonizante na sociedade atual.     

            Atualmente, esse aspecto da formação do professor tem sido uma das preocupações dos pesquisadores do Núcleo de Informática Aplicada á Educação (Nied) da Unicamp que atuam nessa área. Uma forma de intervir no processo de reconstrução de uma nova prática pedagógica tem sido através da formação em serviço. Nessa proposta de formação os cursos são, geralmente, realizados no laboratório da própria instituição e o trabalho dos professores em sala de aula com seus alunos são acompanhados pelos formadores. Nesse processo de formação, o professor também aprende no seu contexto (considerando as especificidades da realidade) a integrar o uso do computador nas atividades pedagógicas.  

 

            Para valente (1997), esta formação se caracteriza pela construção contextualizada do conhecimento (da prática do professor). Essa fase do processo de formação constitui de um trabalho compartilhado (formadores e professores em formação), que envolve “estar junto” com o professor, considerando as especificidades do seu dia-a-dia. “Estar junto” na busca de caminhos possíveis para o uso integrado do computador com os conteúdos curriculares seja através de tópicos específico ou de um tema aglutinador de vários conteúdos. De nada adianta possuirmos computadores de última geração e programas moderníssimos se não sabermos utilizá-los. O professor precisa ser reciclado e iniciado na informática educativa para que possa utilizá-la como um instrumento de ensino-aprendizagem. Será dessa forma que o computador poderá ajudar ao professor a se tornar um orientador do processo de aprendizagem, podendo dispor de meios para atender aos alunos de forma diversificada de acordo com suas necessidades, Nesse enfoque, é a informática que deve ser posta a serviço da educação e não o contrario.         

            Enfrentar essa nova realidade significa ter como perspectiva cidadãos abertos e conscientes, que saibam tomar decisões e trabalhar em equipe. Cidadãos que tenham capacidades de aprender a aprender e de utilizar tecnologia para a busca, a seleção, a análise e a articulação entre informações e, dessa forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos, utilizando-se de todos os meios disponíveis, em especial dos recursos do computador. Pessoas que atuam em sua realidade tendo em vista a construção de uma sociedade mais humana e menos desigual.

 

WWW.cidade.usp.br/impressaodigital

WWW.oeducador.net/...86-formacao-e-invecao-do-professor

WWW.revistanegocios.com.br

VALENTE, JA & Almeida, F.J. (1997). Visão Analítica da Informática na Educação: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação,

CARNEIROS, Raquel. Informática na educação: Representações sócias do cotidiano. 2ª edição Paulo. Cortez.2002.

Salto para o Futuro: TV e Informática na Educação / Secretaria de Educação a Distancia. Brasília: Ministério da Educação e do desporto, SEED 1998. Da Atuação À Formação de Professores.