O estudo dos nomes compostos nas línguas bantu constitui um campo dentro da morfologia que requer de um trabalho mais cuidadoso dado a sua pouca investigação assim como o seu carácter diferenciado quando comparado com a morfologia do português. Assim o presente estudo centra-se no estudo de alguns nomes compostos de origem bantu que são topónimos em duas línguas moçambicanas, Elomwe e Echuwabu. De acordo com Guthrie (1967-71) citado por Ngunga (2004:46), “as línguas bantu de Moçambique, distribuem-se por quatro zonas diferentes, a saber: G, P, N e S (de norte a sul). Assim de acordo com esta distribuição as línguas Elomwe e Echuwabo pertencem a zona P30., Grupo Makhuwa-Lomwe, sendo P32: Elomwe e P34: Echuwabo, respectivamente. Acresce-se que essas duas línguas localizam-se na região central do país, sendo Elomwe uma língua transfronteiriça falada em Moçambique e Malawi. As duas línguas são mutuamente inteligíveis, quer dizer, apresentam maior proximidade entre si, por vezes sendo consideradas como a mesma língua, mas uma, o Echuwabo, difere da outra principalmente pelo vozeamento. Preocupa-nos saber que tipo de composição obedecem os topónimos de origem bantu em particular nas línguas Elomwe e Echuwabo­ na formação de palavras?

 O objectivo é compreender o funcionamento da morfologia bantu em materia de formação dos nomes compostos. Talvez alguns nomes (topónimos), são compostos que resultam da unificação de um sintagma nominal por genitivização e que pela elisão do extra-prefixo dependente passam a constituir uma palavra composta, já que a morfologia se encarrega a compô-las. Para a sua materialização socorremo-nos ao método de pesquisa qualitativa. O estudo é importante, pois contribuirá para o conhecimento do funcionamento da morfologia bantu em matéria de formação dos nomes compostos e vai permitir que os falantes dessas línguas saibam como os nomes que hoje designam localidades surgiram.

Após a independência, a opção pelo português foi reiterada (já que era vista como a língua de unificação entre os combatentes integrantes da luta de libertação que levou Moçambique a independência em 1975 e assim era fácil generalizar o seu uso pelo resto do povo deste país) e impôs-se que a única língua comum assumisse uma nova dimensão para os vários desafios da jovem e progressiva nação. Contudo, Machel (1979:6) recordou que “as diferentes línguas bantu tinham resistido e sobrevivido ao longo dos tempos e contribuíram no enriquecimento do português quer nos aspectos fonético, fonológico, morfológico, sintáctico e semântico.” É do ponto de vista morfológico que o estudo pretende se debruçar, tendo em conta aos seguintes nomes geográficos: Namacurra, Nicoadala, Inhassunge, Namarroi, Namarebo e Namagila. Os nomes apresentados são de origem bantu e são palavras compostas que seguem uma morfologia tipicamente bantu...