FORMAÇÃO DE PROFESSOR: UM SONHO A SER CONSTRUÍDO

O mundo passa por transformações que vêm exigindo da educação através de seus principais agentes - os docentes uma postura crítica , reflexiva e de pesquisa. É necessário que os docentes busquem um saber que ultrapasse os limites da prática de sala de aula. A sociedade cada vez mais complexa precisa de um gestor de conhecimento, um pesquisador de saberes.

A partir desse grito da sociedade nos perguntamos: Como formar um docente que corrresponda ao perfil estabelecido pelas novas exigências sociais? Que fatores interferem no processo de formação contibuada dos docentes?

Segundo (PIMENTA, 2000) o saber docente não é formado apenas da prática, sendo também nutrido pelas teorias educacionais. Compreeende-se que formar docentes intelectuais não é tarefa fácil. É preciso que o docente tenha primeiro uma inquietude, uma insatifação, uma vontade de buscar conhecimento. O docente não deve se contentar com o saber adquido durante a sua formação nas instituições. Buscar conhecimento é se antecipar aos possíveis problemas.

Para Sacristán ( 2010), um professor antes de mais nada é uma pessoa de cultura que quando é culta, ensina muito melhor. No entanto, constata-se através de pesquisas e de experiencias vivenciadas que o deocente não tem o hábito de ler. O docente que busca uma educação de qualidade tem que se conscientizar que é através das leituras realizadas diariamente que podemos dialogar com pesquisadores e buscar possíveis soluções para o enfrentamentos dos problemas da sala de aula e de todo ambiente escolar.

É verdade que a sociedade vive muitas transformações e a velocidade com que ocorrem chega a ser assustadora. O docente se depara com o avanço das tecnologias da informação e comunicação, com o uso de drogas indiscrimidado por parte dos jovens, com a violência escolar e doméstica, com as mudanças econômicas no cenário da economia mundial etc.

Enquanto esse movimento ocorre com uma velocidade incontrolável, as transformações das práticas pedagógicas pelos docentes são lentamente adaptadas e não acompanham a velocidade das mudanças sociais ( TARDIF E LESSARD, 2000).

Assim, para satisfazer as exigências estabelecidas pela sociedade moderna o docente deve se munir de conhecimento. Conhecimento crítico adquirido através da pesquisa, da investigação e da própria prática. Nas pesquisas de Brito (2007), a autora reflete que (...) a pesquisa e a reflexão são imprescindíveis ao desenvolvimento profissional dos professsores.

Contudo o sucesso da educação não depende somente da formação de docentes reflexivos, investigadores e pesquisadores. Existem fatores de ordem econômica, institucional, familiar etc. que requerem um olhar investigativo por parte dos pesquisadores em educação. É certo que ao longo desse caminho muitos fatores dificultam a formação continuada dos docentes.

Segundo (CHARLOT, 2010) o trabalho do professor não é ensinar é fazer o aluno aprender. Essa ação complexa seria concretizada com menos dificuldade se a sociedade acreditasse na força que a eduação tem. Com o saber sistematizado e independência intelectual as possibilidades de ascensão social poderiam trazer-lhes grandes mudanças na área pessoal e social e consequentemente um mundo mais justo.

Nota-se uma descrença, um grau elevado de inércia. Esse estado de acomodação por parte da sociedade moderna muitas vezes desistimula o professor fazendo-o refletir: para que investir na formação intelectual se o público não o exige? aconteceu um caso interessante no qual considera-se pertinente comentar: numa certa classe de alfabetização do Ensino de Jovens e Adultos a professora planejava suas aulas, avaliava que como o tempo era curto o melhor seria xerocar as atividades. Incluia no seu plano de aula também uma exposição de vídeo e discussão sobre o que foi trabalhado. Logo surgiram insatisfações como: " eu não escrevo nada no meu caderno, eu não para a escola assistir televisão".

Dessa forma, compreende-se que ainda está enraizada a cultura tradicionalista onde acreditava-se que somente através da pratica é que podemos adquirir saberes. Não que o enfoque tradicional esteja fora de moda, mas percebe-se uma contradição entre os anseios da nova ordem social munida de altas tecnologias e a abertura por parte do público estudantil em aceitar as novas metodologias educacionais.

As intituições de ensino responsáveis pela formação dos docentes ao longo dos tempos tiveram avanço significativo em elaborar um currículo onde a teoria e a prática tivesse espaço para se confrontarem dentro das classes. No entanto, ainda estamos longe de atingir o ápice da formação onde o docente esteja realmente preparado para assumir com criticidade o seu dificil ofício. Até porque o professor tem o papel de médico, psicólogo, conciliador familiar, juiz e elaborar um currílo que contemple todos esses requisitos sería inviável. Embora seja desse multiprofissional que as classes dos novos tempos necessitem.

Ao questionarmos sobre os fatorem que interferem na formação do docente elencaremos alguns pontos considerados pelos docentes através de leituras e pesquisas realizadas como sendo entraves para a sua formação. Dentre eles estão os baixos salários que muitas vezes não dá nem para o sustento da família quanto mais para pagar cursos, comprar livros e investir na formação docente de qualidade, a excessiva jornada de trabalho que deixa o professor cansado e indisposto para os estudos, a desmotivação dos alunos que não priorizam a educação, a falta de investimento por parte do poder público.

Contreras(2007), aponta ainda o fato do professor limitar seu mundo de ação e reflexão à aula. Essa reflexão comtempla a realidade de muitos docentes que baseiam-se na experiencia adquirida ao londo do seu oficio para resolver problemas nas classes. Assim, o docente esquece das valiosas contribuições que os pesquisadores pode dar através de seus estudos. O docente vira um mero transmissor de conteúdo.

Nos países como Espanha e Portugal ocorreram transformações relevantes nas condições de formação dos docentes como a jornada de trabalho e salários compatíveis com o exercício crítico reflexivo e de pesquisa contribuindo dessa forma para o estatuto de ofício docente ( PIMENTA, 2010). No Brasil precisa-se avançar nos pontos relacionados como também em outros que não foram citados para que a formação seja realizada de forma eficaz, investitiva e de qualidade, de forma que, o oficio de professor de fato seja valorizado.

Nesse processo de aprender a ensinar, os docentes precisam trilhar o caminho da ação reflexiva, da ação pesquisada, da ação investigada. Conscientizar-se de que os conhecimentos adquiridos com o diploma universário não serão suficientes para abarcar e solucionar os problemas que surgem diariamente no cotidiano escolar. Aceitar que ser professor é um ofício longo e complexo e que necessita ser alimentado pelo conhecimento.

Dentro dessa perspectiva transformadora entendemos que educação de qualidade deve ser subsidiada de elementos como: formação de professores adequada às novas exigências da sociedade moderna, investimento por parte do poder público, família atuante e principalmente uma sociedade que valorize a cultura do saber ter, do saber fazer e do saber ser.