Formação docente e limitações na EJA

Márcio Antonio Rodrigues

O trabalho na área da Educação de Jovens e Adultos requer dos profissionais coragem e determinação, pois es­ses educandos já aprenderam e apreenderam vários conceitos de vida, e sistematizá-los não é tarefa fácil. Muitos deles, quando re­tornam à sala de aula, trazem consigo tabus, estigmas e paradigmas que se transformam em barreiras ao aprendizado. Romper com os modelos já existentes é o primeiro passo para garantir o acesso, a permanência e a qualidade de ensino na Educação de Jovens e Adul­tos. Refletir sobre a prática pedagógica diária é à base do trabalho do professor, sobretudo ao diagnosticar os problemas para os quais deve buscar soluções eficazes e produtivas.

A formação docente constitui-se uma necessidade para o bom desempenho da prática educativa. E no que tange ao trabalho com a EJA, a formação docente aparece como uma premissa para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

Nesta perspectiva,

é necessário possibilitar ao professor a capacidade de refletir sobre sua atuação profissional, objetivando entender a forma como se apresentam os problemas da prática, uma vez que na EJA há uma diversidade de situações problemáticas relacionadas ao contexto social, político e econômico que estão co-relacionados aos problemas da prática pedagógica em si (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2008, p. 79).

 

Assim, cabe ao professor da EJA muito mais do que o domínio dos conteúdos constantes na matriz curricular, mas saber como engendrar tais conteúdos em sua prática, de modo que os educandos compreendam sua pertinência e tornem-se capazes de, pouco a pouco, construir os conhecimentos necessários não somente à sua progressão escolar como também à sua formação humana.

Existe um esforço em colocar em prática a legislação da EJA, mas sabemos que ela esbarra em profissionais desqualificados e muitas vezes desmotivados pelo sistema educacional, que “as vezes” é punitivo em relação ao professor/educador. As escolas tiveram que se adequar a uma demanda, muitas vezes, não esperada.

A escola em que trabalho tem professores motivados por uma direção tratar a EJA com estrema importância e respeito. Todos os professores recebem um organograma das ações na EJA. A carga horária definida pela legislação e seguida de forma clara e objetiva. Os educandos da EJA têm um horário de saída diferenciado – saem no 4º horário – respeito à legislação que afirma a necessidade de se criar condições especiais de horário para o educando que já trabalhou o dia inteiro e merece um descanso mais cedo.

Tirando a questão de falta de melhor qualificação educacional do corpo docente, para ensino nesta modalidade, o que considerado uma das grandes limitações é, com certeza, é a falta de material didático pedagógico. Algumas disciplinas articulam a utilização de apostila, por não ter na escola material especifico, acabam esbarrando na quantidade de cópias limitada por professor. A escola até que faz “das tripas coração” (para utilizar uma expressão popular) no que se refere a isso. Mas, todos sabem como é o sistema público de ensino estadual – há estabelecimentos de ensino que não possuem nem quadro negro e giz branco, que dirá máquina copiadora. Então, considero que mesmo com limitações de estrutura, material didático e falta de melhor qualificação dos professores, conseguimos manter uma prática educativa embasada nas qualidades citadas nas primeiras linhas desse texto.         

 Referência Bibliográfica

SCORTEGAGNA, Paola Andressa; OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. A formação do professor da Educação de Jovens e Adultos: um processo contínuo e reflexivo. Dialogia, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 77-84, 2008. Disponível em http://portal.uninove.br/marketing/cope/pdfs_revistas/dialogia/dialogia_v7n1/dialogia_v7n1_4e13.pdfv  Acesso em 19 agosto 2012.