FORMAÇÃO DE MESTRES E APRENDIZES NA EJA

Cristiane S. de Amorim – Acadêmica de Pedagogia – Centro Universitário Metodista, IPA – [email protected]

RESUMO MÍNIMO

Este artigo apresenta reflexões sobre o tema Identidades e Saberes na Educação de Jovens e Adultos. As questões analisadas neste trabalho têm como foco a prática do/a educador/a, bem como o planejamento e as situações didáticas desenvolvidas nesta modalidade da Educação Básica que, muitas vezes, infantilizam os/as educandos/as na sala de aula. Refletindo sobre uma proposta de trabalho na perspectiva de uma educação para todos, subsidiada pela perspectiva conceitual e epistêmica de Paulo Freire. As reflexões desenvolvidas neste texto buscam promover as práticas educativas fundamentadas em processos de conscientização, emancipação e libertação dos/das educandos/as para uma atuação de cidadão crítico, reflexiva e cidadã na sociedade como trabalhadores/as e formadores de opiniões. Procedendo como o educador é fundamental na vida do educando da EJA, o educador deve adquirir sua identidade diante do grupo sem inibições ou um faz de conta. A prática tem como sustentação a teoria podendo auxiliar no crescimento do educando junto com o educador, o papel do educador como, mediador do crescimento do sujeito, dentro da sociedade. Tendo a transformação do mundo e do homem, para que o educando da EJA, seja um sujeito de atuação crítica e significativa dentro da sociedade de acordo com sua realidade.

 Palavras-chave: Educação; formação; EJA

INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta reflexões sobre o tema Identidades e Saberes na Educação de Jovens e Adultos.

Em uma longa caminha de estudos sobre as práticas e metodologias de ensino no EJA educação de jovens e adultos, está sendo um desafio para os educadores e educando. Mediante ao contexto de vida de cada um, como não pensar em uma prática de reflexão sob aquele que estamos formando e quem está formando esses sujeitos.

A razão que leva o jovem e o adulto à escola está voltada ao resgate de um tempo passado em que os estudos não puderam se concluídos, onde incluem vários aspectos do contexto sociocultural e econômico, uma parte destes alunos, busca uma qualificação para um crescimento profissional, afim de atuar no mercado de trabalho, e desenvolver atividades que possam ser de lucros particulares e melhor qualidade de vida.

Observa-se a ausência de planos e projetos específicos para as aulas e as práticas que infantilizam o ambiente de alfabetização, a falta da utilização de materiais específicos para alfabetização da EJA, determina um fato marcante onde acontece a perda do interesse em estar presente na sala de aula, o professor tem que atender a necessidade do aluno que estás lidando, sabe-se que a permanência desses alunos em sala é limitada, alguns abandonam por vergonha, problemas familiares e outros...

Este artigo trás uma reflexão entre a metodologia e a prática desenvolvida em sala de aula, pensando em uma perspectiva específica para o ensino, voltado para esses sujeitos, levando em consideração sua característica sociocultural e todo o seu contexto de vida passada e atual.

O artigo tem como referencial Vygotski, ao dar uma relevância à contextualização sócio-histórica do conhecimento, tudo que o aluno trás de sua trajetória de vida e sua aquisição cognitiva. E Paulo Freire, que as práticas e metodologias partam da realidade e do interesse do educando que vise a sua conscientização e autonomia como possibilidades de formar cidadão de valor significativo, que possa atuar dentro de uma mudança social sem exclusão e transformação do sujeito.

Formação docente

A qualificação da formação dos educadores do ensino na EJA, visa que o professor tende a ter uma formação especifica na área e continuada para melhoria da prática e metodologia dentro do ambiente escolar, para poder atuar de acordo com a necessidade do aluno, resgatando seus conhecimentos prévios.

Para Paulo Freire, "A teoria sem a prática é puro verbalismo inoperante, a prática sem a teoria é um atavismo cego", a teoria e a prática vêm sendo um equívoco na formação dos educadores. Não se pode ser criador da prática, sem que aconteça uma ligação com a teoria, a teoria é por fim a resposta de nossas práticas, o educador tende a ser um pesquisador dentro da teoria, para que possa atuar com dignidade e sabedoria com o contexto do ambiente onde acontecem as suas práticas e metodologias de ensino.

Quando falado em formação continuada pretende-se que o educador busque especializar-se na área de ensino para dar subsídio e alternativas para manter o educando em sala de aula, fazendo com que a atuação do professor seja um elemento de recurso pré-estabelecido de auxílio à aprendizagem do aluno, para que o mesmo não perca o interesse dentro do ambiente escolar, segundo Paulo Freire,

"Por isso a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas com a colaboração do educador"."Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si, mediados pelo mundo". (2000 pg.79)

Construir alternativas para que a prática esteja relacionada com a teoria, este equívoco nasce de uma visão autoritária, onde o professor que deve ter a autoridade se torna autoritário, perde-se o verdadeiro valor do real professor

O processo educativo que desconhece a condição do sujeito do educando, as pessoas não são instrumentos que podem ser usadas para qualquer tarefa através de um processo de formação. O equívoco da teoria e da prática já vem pré-estabelecido diante da sociedade, a sociedade separa isso visivelmente como os sujeitos que possuem a prática fazem a mão de obra barata, os que têm a teoria e pensam se tornam superiores. Mas não se justifica que o indivíduo que saiba a prática não possui teoria, a teoria subsidia a prática, como maneira de saber chegar ao esperado por meio que sustenta aquilo que somos, fizemos e atuamos.

Formação discente

Quando se fala em jovens e adultos, a referência não é quaisquer jovens e adultos são sujeitos de uma faixa etária especifica não escolarizada, classe social baixa e média-baixa, que por motivos não concluíram sua trajetória no ensino regular e buscam uma colocação no mercado atual de trabalho e dentro da sociedade.

Como nunca freqüentaram a escola ou tiveram uma freqüência bastante limitada, os educandos têm uma dificuldade na compreensão dos conteúdos escolares, e dificuldades para se expressar em rodas de diálogos na apresentação de trabalhos, onde a voz do mesmo se torna o centro e respectivamente na interação com o grupo. Conforme Oliveira (1999),

(...) O problema da educação de jovens e adultos remete, primordialmente, a uma questão de especificidade cultural. É necessário historicizar o objeto de reflexão, pois, do contrário, se falarmos de um personagem abstrato, poderemos incluir, involuntariamente, um julgamento de valor na descrição do jovem e do adulto em questão (..) o primeiro traço cultural relevante para esses jovens e adultos é a sua condição de excluído de escola regular(...). (p.61).

No entanto, os alunos da EJA precisam de uma atenção especial na escolha dos conteúdos programáticos e estratégias nos trabalhos propostos, direcionado especificamente para esses sujeitos.

A dificuldade de pensamento e expressão depende muito do professor promover situações onde força o educando a pensar, ser sujeito de suas ações. O aluno do EJA, já vem com sua opinião formada, os educadores devem resgatar esses conhecimentos prévios e trabalhar em cima dos mesmos, como recurso de alfabetização. Se usarem materiais de acesso fácil ou de manuseio dos educandos, estarão positivamente trabalhando com a realidade deles e mais próximos de chegar a um alcance de valor significativo, na aquisição da cognição para o educador e o educando.

Somos seres humanos de mudanças constantes, guardamos sabedorias em nosso inconsciente que afloram resgatando o que já existe, conhecimentos prévios adquiridos durante sua vida, para Vigotsky, "concebe ao homem um ser histórico e produto de um conjunto de relações sociais". Os alunos do ensino da EJA, precisam saber que seus conhecimentos são de grande importância, tanto nas suas aulas, quanto para sua vida, eles precisam relacionar suas atividades com suas aprendizagens, dentro do ambiente escolar, para sim acontecer uma aprendizagem de valor significativo para o educando. Para Paulo Freire, "a palavra ajuda o homem a tornar-se homem. Assim a linguagem passa a ser cultura".A cultura dos alunos do ensino na EJA, está presente na sua fala, comportamento e postura. Cabe ao professor acolher o educando da forma que ele necessita e aceitá-lo como é. A permanência do mesmo em continuar é remota perto de suas tarefas cotidianas, o professor é uma figura de referência para o mesmo, deve-se transmitir amor e carinho ao educando, quando o educador está satisfeito em estar no ambiente, todo o contexto se transforma. Lida-se com a alta estima dos alunos, o educando tem que entender que ele é um ser com capacidades como todos os outros, não menos que o professor e nem que o seu colega. Para que seja um ambiente de prazer e satisfação o educador deve ter autoridade e respeito sobre a turma, respeitando-os da sua maneira e acontece reciprocamente para o educador. Para Paulo Freire e Shor (1986 pg.116) "A autoridade do professor deve estar sempre presente, porém sua forma deve mudar quando os alunos mudam, ou seja, recriar a cada situação". A afetividade dentro deste ambiente é significante e marcante para os educandos, toda a sua história de vida, suas cicatrizes dentro do coração e lembranças na mente, há, às vezes fatos significantes de valor pessoal, mas outros que nemquerem relembrar. Como pode-se julgar ou menosprezar um sujeito tão rico em sabedoria, suas posições e decisões fazem parte do seu dia a dia,além disso seu interesse é tão pequeno perto do que realmente pode adquirir, suas respostas são as mesma, pretende ser pessoas alfabetizadas, regra básica para atuar sem exclusão dentro da sociedade, que cobra tanto de cada um, sem ao menos conhecer. Considere que todos têm um papel fundamental dentro de cada local em que vivem, se todos fizerem por todos, caminharão todos juntos para frente, sem medo de errar, de cair ou se perder. Por que estarão todos juntos buscando um só objetivo, um só desejo com um propósito próprio para si mesmo, e para o mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando as questões apresentadas no artigo, pressuponho que é à base da construção, sabedoria e da aprendizagem o ser humano acreditar na capacidade de si mesmo, ser um individuo pensante para assim atuar dentro de uma sociedade digna de seu caráter pessoal, podendo assim estar contribuindo para o crescimento do mundo e de onde o educando da EJA convive.

Falando em diversidades falamos em diferentes, caminhos, tempos, lugares e olhares, quando o educador tem a possibilidade de trabalhar com esses sujeitos, desvendamos valores que muitas vezes antes de conhecer eram utopias, mas quando se vive o real, passamos a ter outro olhar diante dos mesmos. Pode-se relatar que o ato de educar com amor é essencial, para a construção de seu desenvolvimento pessoal e cultural. Para Paulo Freire, "Não existe educação sem amor". Todo o ato de educar deve ser de afeto e coragem para que haja uma mudança constante no educando, o mundo não transforma ninguém mas o homem transforma o mundo, segundo Paulo Freire "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".

Com a educação, o mundo revela a sociedade em que habitamos, a alfabetização é uma luta constante em transição da mudança.

É almejante na vida do ser humano ele humanizar-se perante a sociedade em que vivemos.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15° ed. São Paulo : Paz e Terra, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 6° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978

VYGOTSKY, Luria. - Psicologia e Pedagogia. Lisboa, Estampa, 1977.