Adilson Boell

Edemar Mengarda

Prof. Ademir Moretto

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Licenciatura em Matemática 27/11/08

RESUMO

Neste trabalho realizamos, mesmo que de forma muito insipiente o estudo e algumas reflexões, sobre a trajetória da construção do processo educacional no Brasil. Nossa análise tem inicio no período de "colonização" e se estende até os dias de hoje. Devido à brevidade do trabalho fizemos uma rápida reflexão sobre os três principais modelos de desenvolvimento, que nortearam as disputas políticas do século XX. Os projetos societários que analisamos neste trabalho foram o liberal e/ou neoliberal, o projeto do "nacional-desenvolvimentismo" ou "desenvolvimentismo conservador" e o projeto de "desenvolvimento econômico nacional e popular". Realizamos uma análise ainda que de forma muito superficial do trabalho desenvolvido pelo professor Dermeval Santos Cerqueira e a equipe de formadores de professores de matemática, este projeto foi desenvolvido pelo Centro de Ciências Exatas da PUC/SP e a Secretaria do Estado de São Paulo em 2002 e sob o nosso ponto de vista representa uma importante contribuição, como iniciativa de formação continuada. Finalmente encerramos o nosso trabalho apresentando nossas considerações e contribuições na parte final deste trabalho.

Palavras-chave: Projeto Educacional para o Brasil; Formação Continuada; Professores de Matemática.

1 INTRODUÇÃO

Através de pesquisas bibliográficas, analise de textos e documentos, buscamos primeiramente traçar um histórico da profissionalização docente no Brasil, e em seguida fazer uma reflexão sobre os modelos, de projetos de desenvolvimento que o país passou no século XX e suas influências sobre a educação brasileira. Faremos ainda uma resumida apresentação do trabalho realizado pelo Centro de Ciências Exatas da PUC/SP e a Secretaria do Estado de São Paulo, que desenvolveu um projeto de formação de professor de matemática no ano de 2002. O projeto denominava-se Construindo Propostas de Trabalho para a Área de Professores do Ensino Médio, e envolveu cerca de 1.800 professores de matemática que atuavam no ensino médio em escolas da Rede Pública Estadual. Deste trabalho de formação, resultou a obra do professor Dermeval Santos Cerqueira, obra que escolhemos para ser a base sobre a qual realizamos nosso estudo.

Nosso trabalho é uma singela tentativa de contribuir com a discussão sobre a importância da educação continuada na formação dos professores das licenciaturas, em especial os professores de matemática.

Não temos a presunção de acreditar que apresentamos a solução para este ou aquele problema. Nosso objetivo central é o de despertar o interesse para a discussão e a busca de alternativas que levem, ao crescimento do interesse pela formação continuada, principalmente a dos professores de matemática, e contribuir desta forma para a melhoria das condições do ensino desta disciplina tão importante no contexto da educação brasileira.

2HISTÓRICO DA PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE NO BRASIL

Iniciamos nossa reflexão sobre a profissionalização da docência no Brasil, com o histórico da vinda dos Jesuítas. Até então o ensino no Brasil, era enraizada nos povos indígenas, estava no Pajé à figura do Ensinador, e a educação se dava dos adultos para os mais jovens.

O objetivo dos jesuítas ao fundar a Companhia de Jesus, remete ao espírito de seu fundador Inácio de Loyola. Loyola era militar, convertido ao catolicismo tinha como objetivo formar um exército (Exército de Cristo) com bons soldados da igreja católica de Roma, com o intuito de combater a heresia e também os rebeldes na Europa e no resto do mundo, e converter os pagãos. Essa educação a princípio objetivava criar bons soldados e purificá-los do mal.

No princípio, não era atribuído aos jesuítas o ensino da elite. Foram escalados para a educação dos pobres, principalmente nas colônias de Portugal.

O ensino não era tratado como um ensino para todos, e sim um ensino elitista, aristocrático, seria uma obra de caridade ensinar a ler e escrever os ignorantes. No início a preocupação era em ensinar os que não detinham o poder político e econômico na Europa.

No Brasil, a primeira expedição de que se tem notícia, foi no ano de 1549. Com sua chegada os jesuítas levaram a todas as regiões a sua prática pedagógica. Uma rede de ensino foi criada, com ensino gratuito, tudo sustentado pela pecuária e por agro-explorações, criando assim um patrimônio dos centros de ensino, colégios e escolas se espalharam por todo o nosso território, esses colégios chegaram a conceder graus acadêmicos. Durante duzentos anos os jesuítas estiveram à frente do ensino escolar do Brasil, e José de Anchieta foi o maior expoente jesuíta no Brasil.

No ano de 1759, o domínio dos jesuítas na educação foi interrompido, principalmente por Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal. Suas medidas reduzem gradativamente a ação dos jesuítas em Portugal e, sobretudo no Brasil. O Marques de Pombal se empenhou na expulsão dos jesuítas de todos os territórios portugueses.

Ensino Estatal, esta foi à tentativa de Pombal, porém sem êxito. Com a expulsão dos jesuítas, padres de outras ordens religiosas e até mesmo leigos tomaram a frente. Com uma política centralizadora, conselhos municipais da administração da colônia trabalhavam para impedir a criação de centros de cultura superior no Brasil, pois assim, os brasileiros eram obrigados a buscar o ensino superior em Portugal.

As demandas emanadas pelas forças armadas ajudaram a superar essa amarra, se fez necessário à criação de cursos de matemática, o que foi a base do ensino superior técnico no Brasil. Com a formação do clero, vieram os seminários, alguns com nível muito próximo do universitário, e a transferência da corte para o Brasil tratou de alargar os horizontes culturais.

Nesse período, com o ensino público controlado pelo Estado, em Portugal, e no Brasil, os professores brasileiros começaram a receber pagamento pelo seu trabalhado através das aulas régias.

Com a chegada da Corte portuguesa em 1808, o ensino foi estruturado. Escolas primárias, ginásios e até universidades foram criadas, tentando formar assim um sistema nacional de educação. Nessa época apareceu pela primeira vez em nossa história o problema da falta de professores. O Decreto 7.247 instituiu a liberdade para o ensino primário e secundário na Corte e também a liberdade do ensino superior em todo país, surgindo assim uma legião de professores sem formação docente. A mesma lei não considerava o professor como cargo profissional.

Novos sistemas e métodos de ensino surgiram na década de 20, algumas reformas educacionais em estados da união aconteceram, levando assim a uma ampliação da rede de ensino e também buscando uma maior clientela escolar. Os estabelecimentos escolares até então, casas velhas de aluguel, são substituídos por grandes construções. Apesar dessa animação com a renovação da educação no Brasil, a década de 20 terminou sem a resolução do grande problema que era a educação do povo.

No dia 24 de outubro de 1930 o Presidente Washington Luís Pereira de Sousa era deposto. Uma junta militar assume as funções do executivo. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas é empossado na chefia do Governo Provisório.

Segundo Niskier (1995, p.246), "Getúlio prometera em sua plataforma, entre outras medidas, zelar pelos problemas relacionados com a assistência aos trabalhadores e a educação nacional".

Uma das primeiras ações de Getúlio Vargas na área do ensino foi criar o Ministério dos Negócios da Educação e saúde Pública. Uma das medidas que chamou a atenção nessa época, foi o Decreto nº. 19.404 que determinava a aprovação escolar por freqüência, independente de notas ou exames, medida essa tomada devido a uma situação de anormalidade em que se encontrava o país com o movimento revolucionário.

Uma nova estrutura de ensino surgia. No mês de Janeiro de 1930 foi aprovado o regulamento que organizou a dissolução do conselho superior de belas artes. No mês de março o museu nacional passou a contar com um novo regulamento e foi criado também o Conselho Nacional da Educação, este com o objetivo de atender o Ministério da Educação e Saúde Pública nos assuntos relacionados ao ensino. A criação do Conselho era uma tentativa de elevar o nível da cultura brasileira, o estatuto das Universidades Brasileiras foi criado neste mesmo ano.

Na constituição de 1934 a parte referente à educação destacava, "cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes e a cultura em geral, proteger os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do país, bem como prestar assistência ao trabalhador intelectual". O Plano Nacional de Educação respeitaria normas como: ensino primário integral e gratuito e de freqüência obrigatória, extensivo aos adultos, liberdade de ensino em todos os graus e ramos, tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de torná-lo mais acessível. No ano de 1934 o artigo 150 fixava o Plano Nacional de Educação.

Outro fato importante na história da educação no Brasil aconteceu em 20 de dezembro de 1961, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) foi aprovada. Esta lei trouxe em seus artigos uma linha para uma educação mais democrática.

Em 21 de novembro de 1968 foi criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, com a finalidade de captar recursos e canalizá-los para o financiamento da educação.

Segundo Romanelli (1984):

Quanto às medidas relativas à estruturação do ensino, saliente-se que o governo, além de cuidar de acelerar mais a implantação da reforma universitária, estabeleceu critérios mais racionais, exigindo, pelo Decreto nº 63.341 de 1º de outubro de 1968, que a expansão fosse evitada nas áreas já saturadas e que unidades de ensino destinadas à formação de pessoal para essas áreas pudessem ser transformadas em escolas voltadas para as carreiras nas quais houvesse déficit de profissionais. (ROMANELL, 1984, p. 227)

Em 11 de agosto de 1971 a promulgação da lei nº. 5.692/71 trouxe muita esperança para a educação brasileira, e foi uma das marcas da chamada "Revolução pela educação", destacava-se o art. 1º, que dizia: "O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elementos de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania".

Em 15 de março de 1985 foi criado o Ministério da Cultura. Neste mesmo ano o programa denominado "Educação para todos" trouxe mudanças e melhorias, dentre as quais, destacaram-se a valorização do magistério de educação básica, ampliação das oportunidades de acesso e retorno à escola de 1º grau e assistência a todo aluno carente.

Entre 1985 e 1995 as principais mudanças aconteceram na estrutura no Ministério da educação, o MEC passou a contar com diversos órgãos específicos, entre eles, o Conselho Nacional da Educação, a Secretaria de Educação Fundamental, a Secretaria da Educação Especial, o Instituto Benjamin Constant entre outros.

Entre 1990 e 1995 algumas leis importantes foram criadas, decretos fixando o número de dias letivos, a carga horária de 800 horas para alunos do ensino fundamental e médio, autorizando o exército a ministrar ensino preparatório para matrículas em suas escolas de formação de oficiais.

3PROJETOS DE SOCIEDADES DO SÉCULO XX

Devido à brevidade de nosso trabalho, iremos iniciar fazendo uma rápida reflexão sobre os tipos de projetos de educação, que estiveram em disputa durante o século XX.

Depois de nossa "colonização" e quatro séculos de escravidão o Brasil ainda continua marcado pelas grandes diferenças sociais, entre ricos e pobres. Estas diferenças são os reflexos de uma Sociedade Capitalista excludente, que busca na acumulação, na concentração de renda, e domínio dos meios de produção a sua perpetuação.

Ao longo do século XX, como assinala Luiz Fiori, três projetos de desenvolvimento, com bases ideológicas e teóricas conflitantes, "conviveram e lutaram entre si". Trata-se dos projetos liberal e/ou neoliberal, o projeto do "nacional-desenvolvimentismo" ou "desenvolvimentismo conservador" e o projeto de "desenvolvimento econômico nacional e popular" (FIORI, 2002, p.2).

O projeto que mais se destacou e de certa maneira se sobre pos aos outros dois, foi o Projeto Liberal/ou Neoliberal. Para Fiori, "sua formulação econômica e moderna foi dada pela política monetarista e ortodoxa e pela defesa intransigente do equilíbrio fiscal e do padrão-ouro, dos governos paulistas Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves". Durante o período militar (ditadura 1964) esta concepção persistiu e como destaca Fiori, "foi o berço da estratégia econômica do governo Cardoso".

Segundo Gaudêncio Frigotto (2002, p. 2):

Este projeto dominante contrapõe-se, inicialmente, ao "nacional-desenvolvimentismo" ou "desenvolvimentismo conservador" presente na Constituinte de 1891 e, especialmente, praticado no período ditatorial e populista do governo Getúlio Vargas, a partir nos anos 1930. O ideário liberal não é abandonado, é apenas contrabalançado por uma intervenção estatal que enfatiza uma perspectiva de ênfase na industrial nacional, sem, contudo romper com a estrutura de classe. As alianças de classe, de um lado, e as políticas populistas, de outro, caracterizam este projeto de desenvolvimento que incorpora amplos setores populares, mas de forma subserviente e desigual. (FRIGOTO, 2002, p. 2)

Em 1930 tem fim a República Velha, onde a educação era um privilégio de poucos e o domínio era das oligarquias agrárias.

Em 1930 Getulio Vargas assume o poder e dá inicio ao projeto de "nacional-desenvolvimentismo" ou "desenvolvimentismo conservador". No âmbito mais geral, o campo educacional é afetado pelo ideário populista, cuja marca fundamental é estender às massas populares o direito à educação escolar, dando-lhe, porém, uma educação aligeirada e de segunda categoria (NOSELLA, 2002, p.59).

Com o fim da ditadura militar em 1946 tem inicio a uma série de movimentos da sociedade brasileira em busca da construção de uma nova identidade para o Brasil, nossa cultura e principalmente a construção de uma identidade Educacional para o país.

O fim da ditadura Vargas, 1946, permite que aflore uma ampla mobilização da sociedade brasileira em todos os campos, liderada pelo conjunto de forças político-ideológicas que almejavam um projeto de "desenvolvimento econômico nacional e popular". No campo cultural, ganham espaço o Cinema Novo, o teatro popular, a música popular e as lutas pela escola pública, universal, gratuita e laica. Projetos como "de pé no chão se aprende ler", no Rio Grande do Norte, o Movimento de Educação de Base (MEB) ganham densidade. A síntese destes movimentos é protagonizada por Paulo Freire com a Pedagogia do oprimido. . .(FRIGOTO, 2002, p.3)

Com o golpe militar de 1964 e o retorno à ditadura militar este processo de transformação sofre um duro golpe em suas bases.

Como na lenda grega do castigo de Sísifo, todavia, uma longa ditadura civil-militar de 20 anos interrompe pela força esse processo. Sob os auspícios de um novo ciclo da ideologia do liberalismo econômico, paradoxalmente sob um regime de Estado ditatorial, o campo educacional é alvo de duas reformas que o alteram profundamente – a reforma universitária de 1968 e a reforma dos ensinos primário e secundário de 1971. (FRIGOTO, 2002, p.3)

Durante a ditadura militar que teve inicio em 1964 a sociedade brasileira luta por um projeto de desenvolvimento democrático e popular e busca construiu uma nova proposta para a educação brasileira.

O fruto contraditório por excelência da ditadura foi à criação de um amplo sistema de pós-graduação em todas as áreas de ensino superior. Criado para apoiar e desenvolver um projeto de "Brasil grande", o sistema ampliou os quadros intelectuais do país, que vieram a desenvolver grande massa crítica em torno dos problemas brasileiros. É neste contexto que os educadores – mediante suas instituições científicas, culturais, sindicais e políticas, que resistiram no período ditatorial – protagonizam inúmeras experiências em prefeituras e depois em alguns estados(....) (FRIGOTO, 2002, p.3)

Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso a burguesia encontra o seu mais fiel representante. A burguesia brasileira, pela primeira vez, busca um projeto de longo prazo, já que até o presente nossa história é uma sucessão de ditaduras e golpes institucionais.

A dimensão, certamente mais profunda e de conseqüências mais graves, no plano do desmonte da esfera pública, é a privatização do pensamento pedagógico. Esta privatização foi efetivada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, através do Ministério da Educação, ao adotar as teses do neoliberalismo e do mundo dos negócios, veiculadas nos convênios com o Banco Mundial, como o pensamento educacional do Estado. Trata-se, aqui, de transformar a ideologia privada do capital, do mercado e dos homens de negócio, através dos parâmetros curriculares e dos processos de avaliação, em política oficial com força de norma ou de lei para todos.

(FRIGOTO, 2002, p.4)

Com a eleição do Presidente Lula, tem inicio o terceiro projeto, o de "desenvolvimento econômico nacional e popular".

As forças políticas que em outubro de 2002 elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora num arco de alianças de matiz ideológica eclética que engloba representantes das três tendências de projetos de desenvolvimento acima assinalados, majoritariamente tem sua gênese no ideário do projeto de desenvolvimento nacional-popular. Por isso pela primeira vez o Brasil teria a possibilidade de experimentar as teses básicas deste terceiro projeto. (FRIGOTO, 2002, p.2)

4FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Para iniciarmos a reflexão sobre este tema, busca-se em Garcia (1998, p.26) uma definição do que significa falar em Educação de professores:

"A formação de professores é a área de conhecimento, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização escolar, estuda os processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício – se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e d escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem." (GARCIA, 1998, p.26).

Garcia (1998, p. 26 a 29) relata como seria ou pelo menos deveria ser a formação de professores. Neste belíssimo trabalho o autor descreve os princípios, que sob seu ponto de vista deveriam nortear a formação de professores.

Os sete princípios norteadores da formação de professores apresentados por Garcia são:

·Conceber a formação de professores como contínua;

·Necessidade de integrar a formação de professores em processos de mudanças, inovação e desenvolvimento curricular;

·Necessidade de ligar os processos de formação de professores com o desenvolvimento organizacional da escola;

·Necessária articulação, integração entre formação de professores em relação aos conteúdos propriamente acadêmicos e disciplinares e a formação pedagógica dos professores;

·Necessidade de integração teórico-prática na formação de professores;

·Necessidade de procurar o isomorfismo entre formação recebida pelo professor e o tipo de educação que posteriormente lhe será pedido que desenvolva;

·Individualização como elemento integrante de qualquer programa de formação de professores.

Devido à brevidade do nosso trabalho não iremos comentar os sete princípios apresentados por Garcia, o objetivo aqui é o de chamar a atenção para a complexidade do tema e deixar como referencia o trabalho desteautor.

O Centro de Ciências Exatas da PUC/SP e a Secretaria do Estado de São Paulo desenvolveram um projeto de formação de professor de matemática. O projeto denominava-se Construindo Propostas de Trabalho para a Área de Professores do Ensino Médio, e envolveu cerca de 1.800 professores de matemática que atuam no ensino médio em escolas da Rede Pública Estadual.

O professor Dermeval Santos Cerqueira foi convidado a participar do projeto como Formador de professores e como resultado do trabalho, escreveu a sua dissertação de Mestrado em Educação Matemática.

A proposta apresentada pelo Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da PUC/SP indicava Segundo o Cerqueira (2003, p.23) "a formação deveria orientar-se pelo rol de competências profissionais, consideradas essenciais ao docente", destacando-se:

a) Competências gerais do professor:

·atuar com base numa visão abrangente do papel social do educador

·trabalhar em equipes multidisciplinares;

·desenvolver aprendizagem continuada, sendo sua prática também fonte de conhecimento;

·compreender, criticar e utilizar novas tecnologias;

·expressar-se escrita e oralmente, com clareza e precisão;

·analisar e selecionar material didático e elaborar propostas alternativas para a sala de aula;

·planejar cursos com criatividade, fazendo necessárias adaptações metodológicas e de seqüências didáticas;

·compreender a área do conhecimento com a qual trabalha, com base em uma visão histórica e crítica, tanto no estado atual como nas várias fases de sua evolução;

b) Competências específicas do professor de matemática

·ter disposição para explorar situações problemas, procurar regularidades, fazer conjecturas, fazer generalizações, pensar de maneira lógica;

·ter confiança pessoal em desenvolver atividades matemáticas e em usar diferentes procedimentos para resolve problemas;

·comunicar-se matematicamente por meio de diferentes linguagens;

·compreender diferentes formas de pensamento matemático – indutivo, dedutivo, analógico e relacional, etc;

·examinar conseqüências da escolha de diferentes definições, de diferentes axiomas, etc;

·analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas;

·decidir sobre a razoavibilidade de um resultado de cálculo;

·apreciar a estrutura abstrata que está presente na Matemática, ao lado de suas aplicações práticas.

Para facilitar o aprendizado a formação de professores de matemática foi dividida em duas partes: Formação presencial e Formação virtual.

Na formação presencial segundo Cerqueira (2003, p. 37)

Nos encontros presenciais, os professores em formação participaram de ampla programação composta por palestras e oficinas, mediadas por um professor coordenador e um monitor. O enfoque do projeto era a prática na saca de aula, buscando o estabelecimento da articulação entre a teoria e a prática. Havia também uma programação de atividades culturais e de integração social. Nestas oficinas, os professores em formação estudavam, preparavam, analisavam e discutiam as propostas que desenvolveriam com seus alunos em sala de aula. Trazendo retorno aos colegas. (CERQUEIRA, 2003, p. 37)

Cerqueira (2003, p.38) destaca que "a coordenação e a equipe de formadores pretendia que cada professor pudesse ser um construtor de seu próprio conhecimento, numa perspectiva crítica analítica e reflexiva, condição indispensável, para a profissionalização do professor.".

Entre os anos de 2002 e 2003 foram realizadas três palestras de formação dos professores com os seguintes temas;

1ª palestra, abril de 2002:

·A história da geometria e as novas tecnologias;

·Os desafios do ensino médio;

·Tecnologia e educação.

2ª palestra, agosto de 2003:

·A organização curricular no ensino médio;

·Ética e cidadania no ensino médio;

·Informática no ensino.

3ª palestra, outubro de 2003:

·Projetos de trabalho no ensino médio;

·Competências e habilidades: desafios do ensino médio;

·Avaliação do projeto.

Como estratégia para enfrentar as dificuldades ocasionadas pelos intervalos entre os encontros presenciais a solução adotada foi à interação à distância, um site foi especialmente criado para auxiliar nos trabalhos de formação.

Cerqueira (2003, p. 39) destaca que "O uso da tecnologia permitiu uma interação entre o grupo, de um lado, formadores e professores da rede pública discutiam sua prática e aprofundavam seus conhecimentos; de outro se criou uma relação bastante dinâmica entre os professores da rede pública que formaram uma comunidade virtual, "on line".".

Cerqueira (2003, p. 47), busca em Gonzáles (1999) a definição para o profissional em formação: "O professor de Matemática dever ser um profissional de grande competência para formular questões que estimulem a reflexão de seus alunos, que possua sensibilidade para apreciar a originalidade e a diversidade na elaboração de hipóteses e de proposições de soluções aos problemas. Além disso, deve ser criativo para criar ambientes e situações de aprendizagem matematicamente ricos. Também terá que possuir uma ampla capacidade para dar respostas ao imprevisto e desenhar modelos que se adaptem às incertas e mutantes condições de aprendizagem que ocorrem nas aulas de matemática."

O trabalho de Cerqueira é uma importante contribuição para a formação de professores de matemática e certamente nossa analise é muito superficial para o aprofundamento deste tema. Nossa expectativa é a de que com esta amostra, do trabalho deste importante autor, possamos despertar o interesse dos leitores por esta problemática, que aqui apresentamos.

5CONCLUSÃO

Após mais de quinhentos anos de dominação imperialista o Brasil passou por muitas transformações, hoje vivemos um novo modelo de desenvolvimento para o nosso país, no entanto é necessário avançar no sentido de construirmos um projeto de educação verdadeiramente brasileiro, que possa atender as nossas necessidades e expectativas. Um projeto educacional que de conta de modificar a dualidade educacional atual. Dualidade marcada pela diferença entre uma educação humanista destinada a desenvolver a cultura geral do indivíduo das classes dominantes e outra, preparando os alunos oriundos das classes dominadas para o exercício de profissões. Será necessário avançarmos muito para que esta superação seja possível. O Brasil precisa reconhecer seus intelectuais a sua cultura, investir na construção de um projeto conjunto, entre o Governo e a sociedade civil, um projeto democrático e popular que possa construir de forma sólida, os alicerces para a revalorização da educação em nosso país.

Será necessário o empenho de todos os profissionais da educação, na construção das soluções necessárias para os problemas educacionais do Brasil.

Neste sentido a Educação continuada aparece como uma importante alternativa, não só para a melhoria da capacidade dos profissionais da educação, no desempenho de suas competências, mas também como uma possibilidade de buscar capacitação, para a resolução de problemas mais gerais. Problemas que atingem todo o sistema educacional do Brasil.

Somente com a formação continuada será possível preparar os nossos intelectuais para de forma conjunta, desenvolvam, alternativa que possam resultar em um modelo de projeto educacional para o Brasil.

Experiências como a do Centro de Ciências Exatas da PUC/SP e a Secretaria do Estado de São Paulo, e o trabalho desenvolvido pelo professor Dermeval Santos Cerqueira e a equipe de formadores de professores de matemática que atuaram no projeto que relatamos neste trabalho, são experiências que servem como modelo. Esperamos que no futuro outras instituições, desenvolvam iniciativas de maneira a contribuir com a melhoria da qualidade do ensino nas mais diversas áreas e também com a construção de profissionais, que tenham condições, a partir destas capacitações permanentes, de repensar e propor um novo projeto de educação para o Brasil.

6REFERÊNCIAS

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