Formação continuada e o processo de desenvolvimento profissional de professores

 

                                                                                                     Amanda Monteiro Ferreira

                                                                       Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER)

 

                                                                                                                         Mara Pereira da Silva                                                                             Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER)

                                                                                                                                                                                              

 

 

Resumo:

Este artigo analisará a formação continuada e o processo de desenvolvimento profissional de professores levando em consideração a lei 11.769/2008 que torna obrigatório os conteúdos musicais na educação básica,tendo como ponto o Art. 2 que foi vetado pelo presidente da republica o qual trata sobre a formação específica de professores para o ensino da música.

                O artigo esta fundamentado em fontes bibliográficas e experiência das autoras, articulando teoria e prática, ou seja, os conteúdos estudados irão fundamentar a realidade das escritoras e as análises realizadas, fazendo uma ligação com o pensamento de educadores variados.

Palavras chaves: Educação Musical, Lei 11.769/2008, Formação continuada, Formação de professores.

 

 

             

 

                 A formação continuada docente é importante para que o profissional venha estar atualizado no mundo de trabalho, e que o ensino nas instituições possa melhorar a cada dia. Esta pode ser feita de várias formas, tanto presencial como a distância.

                Com o avanço das tecnologias educacionais, existem cursos variados para que o professor que não dispõe de um tempo hábil possa se qualificar na modalidade à distância, fazendo o seu próprio horário de estudo.

               Ao vivenciar esta questão da formação continuada em minha prática pedagógica digo que apesar da pouca experiência, em sala de aula tento fazer cursos bastante diversificados não apenas específicos da minha área, mais de outras áreas ou afins.

         Através destes cursos tenho aprendido bastantes coisas que tem     contribuído para a construção da minha profissão de professor. O profissional da educação tem que estar ciente de que seu trabalho não é apenas transmitir conhecimentos mais também levar o alunado a pensar, e pensar certo.

De acordo com Paulo Freire (1996):

                      

“O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade critica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão” (pg. 28).

 

 

A criticidade é importante não apenas do educando, mais também do educador em relação a sua prática. Para FREIRE: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática (pg.39).”

Ao longo da história podemos ver e rever vários movimentos para melhores condições de trabalho para a categoria, os professores, que têm que trabalhar em salas sem preparo para a ocupação de alunos.

A profissão de professor é uma das mais importantes, pois a sua participação não acaba na sala de aula, vai além. Digo como exemplo,quando temos um aluno que falta muito, ou que vem e não quer participar das atividades, nos sentimos na obrigação de descobrir o que estar acontecendo com aquele aluno para podermos ajudá-lo no seu desenvolvimento dentro e fora da sala de aula.

Como fala Romanowski(2007):

 

 “As marcas de identidade dessa profissão apontam para um fazer vocacionado, como um ato de fé, mas que, no decorrer do desenvolvimento da escola, assume a condição de profissão. Uma das características fundamentais da profissão docente é acreditar na educabilidade de seus alunos. A maioria dos professores considera muito importante gostar do que faz, ou seja, além do conhecimento, essa profissão envolve sentimentos.” (Pg.17).

 

 

A partir do momento que a educação vai para o ambiente escolar, ela toma pra si o papel de profissão, pois encontramos a mesma em outros ambientes sendo exercidas por pessoas que tem vocação para o oficio de ensinar, que não possuem graduação, mas acreditam na educabilidade.

Não basta apenas conhecer métodos, conteúdos, técnicas de ensino, o profissional da educação precisa ter sensibilidade, percepção, compreensão, saber ouvir os alunos indistintivamente, ou seja, ter a faculdade de receber sensações e além de tudo isso acreditar na aprendizagem do aluno, confiar na educação do educando.

Não só na sala de aula, como fora dela estamos em contato com o alunado, e temos como “obrigação” a formação dessas pessoas que nos ouvem, tanto no sentido do conhecimento específico da disciplina como também em relação a questão da construção do caráter.

Na sala de aula ocorre à troca de informações entre o professor e os alunos, não estamos ali apenas para ensinarmos, mas para aprender com eles, pois como fala Romanowski “o professor também pode aprender quando ensina...” (Pg. 18).

Paulo Freire em sua Pedagogia da autonomia nos fala o seguinte: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (Pg. 23). Em classe, como professora de Educação  Musical, em alguns momentos, o ritmo que é ensinado aos alunos não esta totalmente fixado na mente, e ao ser repassado várias vezes para a classe aprender, vou deixando de lado o planejamento escrito, e a atividade fica completamente fixada, e quando chega o momento(hora) de outra turma ter aula não é mais necessário o apoio escrito,  tudo é ensinado com mais segurança.

Apesar de todas as dificuldades encontradas pela categoria, o ensino está mais acessível a todos, pois desde a Grécia Antiga só alguns poucos escolhidos tinham o privilégio de aprender, mesmo sendo preparados apenas para questões políticas. No Brasil o ensino era voltado inicialmente pelas ordens religiosas, o que mais tarde foi dando espaço para que outras aulas fossem ministradas alem desse ensino.

Ao longo da história podemos ver que os professores lutam para conseguir valorização da categoria e por melhores condições de trabalho, como aperfeiçoamento das remunerações e um bom espaço físico, onde seja possível o desenvolvimento das aulas.

Na área musical são fundamentais  que as salas de aula tenham revestimento acústico, materiais disponíveis como:aparelho de som, microfone,televisão, aparelho de DVD, quadro magnético com pentagrama, cadernos próprios para o ensino musical, instrumentos musicais, computadores, caixa amplificada e que o ensino nas escolas regulares seja sistematizado, ou seja, que as aulas ocorram pelo menos uma vez na semana como subtende acontecer com as outras disciplinas do currículo.

De acordo com Alicia Loureiro (2003):

 

“São muitos os problemas enfrentados pela área de Educação Musical. Dentre eles consideramos como os de maior importância a falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do currículo escolar” (Pg.109)

 

 

Para se compreender o problemático presente no ensino da música, é necessário o conhecimento dos diversos fatores que estão envolvidos, avaliar e saber de que maneira influenciam no processo ensino-aprendizagem.

            Ao falarmos de formação musical, vem o  surgimento do manifesto pela implantação da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que altera a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, Lei da Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na Educação Básica, a qual foi aprovada no senado pelas comissões: Educação, cultura e desportos,constituição justiça e cidadania, como projeto de lei.  O ensino da música, não será mais constituinte e sim obrigatória no currículo escolar, e as escolas terão três anos para se adaptarem ao novo processo.

Ao ser aprovado pelo presidente da republica, o mesmo vetou o art.2 o qual trata sobre a formação especifica de professores para o ensino da música. De acordo com Sílvia sobreira (2008):

 

“Na justificativa para veto há a alegação de que a música é uma prática social e que os diversos profissionais atuantes na área não possuem formação acadêmica, embora tenham competência reconhecida” (Pg. 46).

E SOBREIRA diz mais ainda:

 

“A justificativa para o veto comprova que o ensino de música e a educação musical no Brasil são vistos por nossos governantes sob uma ótica estreita e desfigurada de seus reais propósitos” (Pg. 46).

 

Se o ensino da música for ministrado por pessoas sem nem uma qualificação pedagógica, o mesmo acaba gerando controvérsias em relação à Educação musical que se quer nas escolas, tornando a mesma desvalorizada em relação as outras disciplinas do currículo. O projeto aguarda a implantação pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Em relação à obrigatoriedade do ensino de música como conteúdo curricular obrigatório em toda a Educação Básica, se faz necessário os professores da área se profissionalizarem, pois só a lei não vai garantir um ensino de música com qualidade.

Diante desta lei, espera-se que as escolas tenham vontade de implantar a música, planejar-se em termos de docentes qualificados, além de verificar os recursos e as salas disponíveis e definir o projeto pedagógico para a disciplina e que este projeto tenha a participação do profissional da área.

            É importante para o educador observar, anotar e refletir sobre sua prática para melhor compreender a diversidade de questões envolvidas no seu aperfeiçoamento profissional.

O educador recém formado, para que possa fazer um ótimo trabalho em sala de aula, deve buscar não apenas fazer leituras e cursos de aperfeiçoamento, mas também orientação com os mais experientes.

O ensino nas instituições só acontece, de fato, quando o aluno aprende de uma forma que desperte a sua criticidade em relação ao assunto tratado. E o mesmo, só tem valor quando a aprendizagem estiver sendo construída pelo aluno.

            O processo ensino aprendizagem na Educação Musical tem sido interrompido por diversas questões que poderiam ser solucionadas através de uma ação maior dos nossos governantes. É preciso uma maior negociação entre União, Estados, Municípios e professores.

Com a Obrigatoriedade do Ensino Musical, espera-se que o MEC faça valer a lei dentro do prazo estimado e que as escolas contratem profissionais graduados na área, pois o professor, além de educador, exerce ofícios como mediador de conflitos que aparecem em sala de aula e muitas vezes assumem papel de conselheiro, ouvidor, instrutor, pai e de professor psicólogo.

O profissional da Educação deve ser um conhecedor da Psicologia Educacional, além do conhecimento especifico de sua área de atuação, tornando seus alunos mais ativos no processo de aprender.

O professor deve ter respeito pelo educando dando lhe oportunidade de construir seu aprendizado de uma forma independente, sem receitas prontas, abrindo um caminho para o diálogo.

Em fim, ensinar é mais do que apresentar conteúdos externos aplicando-os ao cotidiano. Ensinar é partilhar a realidade e centralizar nos conflitos diários, conscientizando os alunos de que para todos eles há resposta, cabe ao professor a tarefa de instruir seus alunos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências Bibliográficas:

 

ANDRÉ, M. A. (Org.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. São Paulo: Ed. Papirus, 2001.

 

BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96). Diário Oficial da União, Brasília, 1996.

 

BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei do Senado 330/2006. Altera a Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica. Brasília, 2006.

 

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Leis Ordinárias de 2008. Lei nº 11.769/2008. Altera a Lei n° 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica. Brasília, 2008.

 

LACOMY, Ana Maria. Teorias Cognitivas da Aprendizagem. Curitiba: ED. IBPEX, 2007.

 

LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de Música na Escola Fundamental. Campinas, SP: Papirus, 2003.

 

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SP: Paz e Terra, 1996.

 

ROMANOWSKI, J. P. Formação e Profissionalização Docente. Curitiba: ED. IBPEX, 2007.