Para se alcançar uma prática de qualidade, é preciso refletir, replanejar, teorizar, discutir a prática docente criando estratégias coerentes para alcançar desempenhos satisfatórios. Como também criar ambientes estimuladores do processo de aprendizagem dos professores e, por fim, contar com a responsabilidade, boa vontade e disposição deles em assumir um compromisso de qualidade na aprendizagem e formação dos alunos.
É importante, neste caso, oportunizar ao corpo docente momentos de discussão e focos de reflexão conjunta, capazes de realimentar as ações exercidas pelos diferentes agentes educacionais e proteger ações eficientes já desenvolvidas no contexto escolar.
Na concepção de Falsarella: 2004:50, "a formação continuada é vista como proposta intencional e planejada, que visa à mudança do educador através de um processo reflexivo, critico e criativo, concluindo-se que ela deva motivar o professor a ser ativo agente na pesquisa de sua própria prática pedagógica, produzindo conhecimento intervindo na realidade".
No momento em que a formação continuada é incorporada pela escola, periodicamente, considerando as reais necessidades dos educadores e buscando no trabalho diário subsídios e propostas de estudo coletivo de forma reflexiva, muitas novas e eficientes maneiras de ensinar são incorporadas na prática de sala de aula, pois fazem sentido para toda equipe escolar. Pois, é construída e constituída no cotidiano da escola.
A relação entre formação continuada oferecida ao professor e sua prática não acontece de forma linear. Há uma construção e reconstruções gradativas, considerando que o professor acumula vivências e práticas ao longo da sua trajetória profissional. Em momento algum estas práticas e vivências devem ser descartadas. Mas sim, analisadas e reelaboradas. E a escola é o melhor cenário onde tudo isto pode acontecer de forma natural e contextualizada.
"O professor não chega a um programa de formação como folha em branco a ser preenchida com novos conhecimentos. ele traz uma bagagem de conhecimentos teóricos e práticos e de representações sobre quais sejam a função da escola e o seu papel dentro dela. As estratégias que ele lança mão em sala de aula foram formadas no decorrer de anos de trabalho, testadas e retestadas no dia-a-dia. Todas essas representações e estratégias de atuação prática configuram a cultura docente." (FALSARELLA: 2004)
E a partir desta cultura formada por vastas experiências, que o professor se desenvolve no lócus do trabalho cotidiano, sem interrupções, e incorporam esta cultura docente ao conjunto de saberes de sua profissão numa visão mais rica, completa e menos fragmentada.
Não é o caso de descartar os programas de capacitação, eles tem seu valor e sua eficácia. O que se defende é o fato de não serem suficientes para uma prática de qualidade na educação. Apesar das opções que oferecem, são limitados no sentido de que expressam a visão dos especialistas e não dos próprios educadores.
Sendo assim, se são adequados para mostrar os caminhos percorridos, o que já está estabelecido, não são igualmente adequados para demarcar os caminhos a percorrer a partir daí. ? o processo contínuo de construção coletiva de conhecimentos. Daí a necessidade da escola incorporar no seu planejamento a continuidade desta formação.