Baseadas em elementos cristãos e mitológicos, As Crônicas de Nárnia é uma série de sete livros escritos por C. S. Lewis. A obra é a mais conhecida do autor britânico, que vendeu mais de 120 milhões de cópias por todo o mundo.

As Crônicas de Nárnia são histórias fantasiosas, fantásticas; um clássico da literatura infanto-juvenil. Aventuras de crianças submersas em um mundo surreal e repleto de magia (há tanta magia que ela torna-se corriqueira, comum). 

As crianças, personagens do mundo real, são transportadas para Nárnia de um modo transcendente como, simplesmente, abrir a porta de um guarda-roupas. Lá são direcionadas e instruídas por Aslam, grande leão e rei do fantasioso país. Aslam, além de soberano, é o criador de Nárnia e dos narnianos. 

O incrível é a sagacidade de Lewis em descrever o grande leão. Em sua composição há claros elementos cristãos, como, por exemplo, o próprio fato dele ser um leão, ter criado todas as coisas através do canto, possuir um reino próprio, ter repetido diversas vezes “Também sou conhecido no seu mundo, mas por outro nome"; particularidades que demonstran uma tonalidade bíblica aos escritos e revela Lewis como grande apologético (Não sabe o que é Apologética?). 

Outra curiosidade é que no último livro intitulado “A última batalha”, Susana Pevensie (uma das personagens que conhece Nárnia no “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas”) não aparece no mundo de Aslam após toda Nárnia ser destruída. Todos os personagens se encontram neste mundo superior, menos Susana que havia “esquecido-se” das fantasias de crianças, apegado-se às coisas materiais, desenvolvido sua sexualidade e, desta forma, preferiu os batons, os náilons e os convites, ou seja, perdeu a fé.

Ao todo são sete histórias (algumas já foram, inclusive, adaptadas para a TV, rádio e cinema): O sobrinho do mago; O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa; O cavalo e seu menino; Príncipe Caspian; A viagem do Peregrino da Alvorada; A cadeira de prata e A última batalha.  Durante toda a série, é perceptível uma aproximação à vida real e acontecimentos históricos.  

Durante as diversas crônicas, Lewis critica o Absolutismo europeu, a utilização de bombas atômicas e possíveis guerras nucleares. Aslam até mesmo aconselha: 

“Não é impossível que um homem perverso de sua raça descubra um segredo tão pavoroso quanto o da Palavra Execrável; use este segredo para destruir todas as coisas vivas. Breve, muito em breve, antes que envelheçam, grandes nações em seu mundo serão governadas por tiranos parecidos com a imperatriz Jadis: indiferentes à alegria, à justiça e ao perdão. Avisem seu mundo deste grande perigo”. 

Neste trecho relata sobre o poderio sanguinário de alguns líderes e sobre a destruição causada pela bomba atômica. A imperatriz Jadis, a rainha branca, destruiu toda uma dimensão com um feitiço chamado “Palavra Execrável”. Este feitiço seria uma forte crítica aos procedimentos nucleares vistos pelo autor na Guerra Fria, momento histórico em que desenvolveu as histórias.

Sobretudo, As Crônicas de Nárnia é um convite à imaginação, é permitir que as fantasias e os desejos infantis sejam aflorados. Um mundo de eternas crianças, repleto de magia e aventuras.

Texto: Breno Alves