Fixing of boundaries: a technique used in family therapy

Lamarquiliania Neiler Lacerda Vieira*
¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬

Resumo: Este artigo apresenta algumas das técnicas de fixação de fronteiras, instrumento de intervenção terapêutica, desenvolvido pelo psicólogo e terapeuta familiar, Salvador Minuchin.

Palavras chave: Fronteira. Sistema. Técnicas

Abstract: This article presents some techniques for setting boundaries, therapeutic intervention tool, developed by psychologist and family therapist, Salvador Minuchin.

Keywords: Border. System. Techiques.

O individuo exerce uma influencia sob o meio onde vive, mas é também influenciado por ele, a partir dessa idéia pode-se elucidar a importância do atendimento sistêmico, e do estabelecimento de limites claros dentro dos sistemas. É fundamental para o bom funcionamento de um sistema, que as fronteiras entre seus indivíduos estejam nitidamente delineadas. Pretendemos aqui apresentar apenas algumas dessas técnicas que auxiliam o terapeuta á fixar fronteiras dentro de um sistema ou de um subsistema.
As técnicas de fixação de fronteiras são frequentemente usadas nos atendimentos com famílias. Elas buscam fazer uma regulagem à permeabilidade das
__________________________
* Graduando em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
¹ holon é uma unidade que pode ser concebida como um todo em si mesma, ou enquanto, parte integrante de um todo maior (MINUCHIN e FISHMAN, 1990, p. 145).

fronteiras, possibilitando assim, uma separação entre os ¹holons. Também é possível, utilizando-se, delas apontar a "[...] distância psicológica entre os membros da família e a duração da interação dentro de um ¹holons significativo". (MINUCHI e FISHMAN, 1990, p. 145).


FRONTEIRAS

A família pode ser caracterizada como um determinado grupo de pessoas com regras e padrões de funcionamento próprios, que regulam o comportamento de todos os seus integrantes. Dentro do sistema família existem, os subsistemas, e eles também possuem suas regras. O contexto familiar exerce uma forte influência sob os sujeitos que o integram. Nesse sentindo, Gomes ressalta:


A razão de se incluir toda a família no tratamento de problemas de ajustamento baseia-se no fato de que o que ocorre num indivíduo que vive numa família não decorre apenas de condições internas a ele, mas também de um intenso intercâmbio com o contexto mais amplo no qual está inserido. Ele não só recebe o impacto desse ambiente como atua sobre ele, influenciando-o. (MINUCHIN apud GOMES, 2003, p.)


As fronteiras são o conjunto de regras que determinam quais serão os participantes de cada subsistema da família, são as fronteiras que protegem a distinção do sistema e garantem sua particularidade, possibilitando o funcionamento eficaz do sistema familiar. "As fronteiras de um subsistema são as regras que definem quem participa de cada subsistema e como participa. Para que o funcionamento familiar seja adequado, estas fronteiras devem ser nítidas". (MINUCHI apud CARNEIRO, 2005, p. 4). Ainda segundo ele as fronteiras nítidas, são responsáveis pela construção de relações esclarecidas, onde as pessoas dizem "sim" ou "não" objetivamente e de acordo com as demandas surgidas. Já as fronteiras difusas são constituídas por relações complexas e papéis confusos, não é estabelecida de forma clara a função de cada membro, há também um excesso de preocupação e de comunicação entre eles. No que diz respeito as fronteiras rígidas, elas são composta por relações distantes, e as pessoas não se conhecem muito bem.


TÉCNICAS DE FIXAÇÃO DE FRONTEIRAS

O construto cognitivo é uma técnica que pode ser utilizada para estabelecer novas fronteiras dentro de um sistema, ou de um subsistema. De acordo com Minuchin e Frishman (1990), o terapeuta pode utilizar metáforas, ou mesmo frases diretas, que apontem a necessidade de se delinear uma nova fronteira dentro do subsistema, de forma, que possibilite á seus membros resolverem os conflitos apenas entre si. Pode-se também optar por introduzir uma terceira pessoa no conflito, e este, será o delimitador da fronteira. Outra opção é criar um novo subsistema para separar as pessoas envolvidas no conflito. As manobras espaciais concretas também são uma forma de traçar fronteiras.
Acerca desse assunto Minuchi e Fishman nos fornecem um exemplo, da necessidade de se estabelecer fronteiras:

Um padrão comum é uma criança desobediente, uma mãe incompetente e um pai autoritário. Sua dança é uma variação do tema: a criança desobedece, a mãe exerce sobre ela um controle por excesso ou por falta, o filho torna a desobedecer, o pai entra com uma voz severa ou um olhar feio e o filho obedece. A mãe permanece incompetente, a criança desobediente e o pai autoritário. (MINUCHI e FISHMAN, 1990, p. 146).


Nesta situação exemplo, considerando que o pai passa o dia todo no trabalho, o terapeuta pode sugerir-lhe que se tornasse apenas um observador, enquanto, mãe e filho resolvem o conflito entre eles. Outra opção seria passar uma tarefa para o casal realizar juntos, visando aumentar a proximidade, entre eles, e ao mesmo tempo, convocar o apoio do subsistema paterno, aumentando assim, a distância psicológica entre a genitora e o filho. Para Minuchin e Fishman (1990), os conflitos mal resolvidos entre os pais influenciam o mal comportamento dos filhos. Ao promover a interação entre o casal, aumenta-se a distancia entre os membros do sistema conflituoso e dificulta as ações de retorno, neste exemplo, do filho.
Nos subsistemas também há a necessidade de se estabelecer fronteiras. Se filhos interferem na relação dos pais, ou pais na relação dos irmãos, se avós unem-se aos netos para desqualificar os pais, é necessário introduzir novas regras e delimitar fronteiras. A regra mais importante é não querer ser o outro; sempre falando por ele, sentindo por ele, ou pensando por ele. O terapeuta deve estabelecer um limite para participação de casa um; "[...] bloquear as intromissões, alianças e coalizões dizendo que isso é falar em lugar do outro ou imaginar os pensamentos e as ações futuras da outra pessoa." (MINUCHIN e FISHMAN, 1990, p. 148).
As manobras espaciais concreta funcionam como um delimitador de fronteiras. De acordo com Minuchin e Fishman, (1990) o terapeuta pode usar seu próprio corpo para bloquear um contato visual, realinhar ou reordenar o espaço físico aproximando ou distanciando as pessoas, em algumas sessões atender apenas certos membros da família, o terapeuta pode fazer uso de diferentes técnicas segundo, a necessidade do atendimento.
As tarefas paradoxais são utilizadas para estabelecer fronteiras em situações em que os envolvidos estão extremamente unidos; elas articulam uma aproximação ainda maior entre os membros de um subsistema. Por exemplo, em certa situação "[...] orientar uma mãe super-protetora a aumentar sua atenção ás pequenas necessidades de seu filho, ou instruir um cônjuge demasiadamente envolvido que siga os passos de seu companheiro." (MINUCHIN e FISHMAN, 1990, p.152). Essa técnica objetiva justamente intensificar os conflitos, para que assim, os participantes se distancie uns dos outros.

Conclusão

As técnicas de fixação de fronteiras são instrumentos utilizados pra mediar e solucionar os conflitos localizados nos sistemas e nos subsistemas familiares, e são desenvolvidas de acordo com a demanda de cada situação. O terapeuta deve conhecer bem os conflitos da família, deve fazer um mapeamento para identificar os problemas, e assim propor ações efetivas e adequadas as demandas apresentadas. Neste artigo foram apresentadas apenas algumas das possibilidades de uso dessas técnicas, a partir de alguns exemplos de situações hipotéticas.

Referências

MINUCHI, S. ; FISHMAN H, C. Fronteiras. In: MINUCHI, S. Técnicas de Terapia Familiar. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1990. Cap. 11, p. 145 ? 157.

GOMES. H. S. R. Terapia de família. Psicologia Ciência e Profissão. Brasília. v. 6, n. 2,1986. Disponível em <http://pepsic.bvspsi.org.br/scielo.php?script=sciarttext &pid=S141498931986000200011&lng=pt&nrm=is> Acesso em 28 ago.2010.
CARNEIRO. F. T. Terapia familiar: das divergências às possibilidades de articulação dos diferentes enfoques. Psicologia Ciência e Profissão.Brasília. vol.16, n.1,1996. Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1414-98931996000100007&script=sci_arttext&tlng=pt> Acesso em 28 ago. 2010.
PENSO. M. A. Pensando sobre famílias numa perspectiva sistêmica. Rede Viva, 2007. Disponível em <http://www.ifpb.edu.br/redeviva/arquivos/palestras/ Pensando _familias.pdf> Acesso em 29 ago. 2010.
PAROLIN. I. Fronteiras. 2009. Disponível em < http://observandoeaprendendo-jacquelinegp.blogspot.com/2009/07/segundo-minuchin-1990-temos-fronteira.html> Acesso em 29 ago. 2010.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Padrão PUC Minas para normalização: normas da ABNT para apresentação de artigos em periódicos científicos. Belo Horizonte. 2010. Disponível em < http://www.pucminas.br/documentos/normalizacao_artigos.pdf > Acesso em 29 ago. 2010.