INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano se processa pela ação do tempo sobre os indivíduos. Tempo individual da vida de cada um, que se esgota na finitude objetivada na morte biológica, e tempo inesgotável da infinitude subjetivada nas possibilidades de produzir eternidades, que cada imaginário possui, onde pesquisamos alguns assuntos que mais se identifiquem com o tema abordado os quais são: a dimensão da temporalidade na vida humana, as identificações e desamparo no envelhecimento, a ruptura das dimensões do tempo e morte na velhice e os idosos são nossos mestres.

2 FINITUDE E MORTE DO IDOSO

2.1 Definição

- Finitude: Está fixada no corpo físico, ou seja, na cotidianidade da aventura humana.
- Infinitude: Atravessa o imaginário, nas ilusões do desejo.

3 A DIMENSÃO DA TEMPORALIDADE NA VIDA HUMANA

A compreensão do sentido o do ser idoso deve ser colocada no contexto dos seres humanos, seres históricos e temporais ? o processo de acumular anos, do qual o idoso é uma parte, é uma expressão concreta do tempo.

Ser gente é estar situado no tempo. A temporalidade é constitutiva da existência humana. Se o acumular anos fosse somente uma série de momentos atômicos, então poderíamos escolher os que nos são mais significativos, e o período final da velhice não teria sentido. Hoje, temos uma compreensão mais positiva da temporalidade humana. Podemos interpretar positivamente o processo de envelhecimento como a expressão existencial mais clara do processo da temporalidade.

Todo o sentido da vida está na questão do futuro que nos aguarda: se não sabemos o que queremos, então não podemos saber o que somos.

Os humanos não são simplesmente vítimas da velhice; esta não é uma experiência puramente passiva, que acontece. Pelo contrário, envelhecer requer autopossessão e integração quanto qualquer outro estágio da vida, tal como a adolescência ou a meia-idade.

A velhice terá um sentido no fim somente se a vida tem um sentido no seu todo. O inevitável é que, nos últimos anos, existe uma perda, diminuição dos talentos e capacidades. Deve-se encontrar um novo sentido de vida que sustente tal experiência.
Freqüentemente, entendemos a velhice como direcionada para a morte, mas não devemos esquecer que ela é também direcionada para o crescimento. Muitos só conseguem ver a vida como um todo na velhice.

4 IDENTIFICAÇÕES E DESAMPAROS NO ENVELHECIMENTO

No mundo ocupado com a complexidade e a sofisticação do quantitativo de questões em ascensão e urgência contínuas, a concretização do alongamento da vida se contrapõe à carência das condições de qualidade de vida e da valorização simbólica da velhice. Esse contexto acirra a resposta defensiva do ser humano, expressa numa recusa a identificar-se e reconhecer-se na sua atualidade de homem velho ou de mulher velha. Sobressaem os mecanismos de negação da realidade da velhice, que se revelam nos níveis pessoal e social.

Essa situação demonstra a origem e o produto, a um, só tempo, do medo da velhice fundido no medo da morte. Medo lincado no horror e na repulsa, sentimentos de que o meio sociocultural se utiliza para forjar, no indivíduo, o trabalho psíquico de representação negativa da velhice, ao longo do seu processo de identificação.

Porém, na velhice, o ser humano prossegue nas transformações vitais a que todo ser vivo está determinado. Agora,, para além da consciência da finitude, característica dos tempos da maturidade, a percepção da proximidade da morte pessoal, aliada a experiência vivida ao longo dos anos, redimensiona as perspectivas dos tempos passado, presente e futuro.

Fantasias desmanchadas, particularmente na velhice, descortinam a realidade e causam sofrimento. Porém, prescrevem para o indivíduo idoso a realização de algo mais próximo das suas possibilidades de realização, que o mantenha na ação de prosseguir em seu projeto de vida e na procura do seu lugar de senhor das próprias decisões.



5 RUPTURA DAS DIMENSÕES DO TEMPO E MORTE NA VELHICE

Para pensar a finitude e a infinitude na perspectiva do envelhecimento humano, fomos buscar fundamentos para o tempo e encontramos a ruptura do tempo. Em meio às crises que vivemos, triunfa a transição entre o desmoronamento da realidade e o desmoronamento de uma outra, vivida no dilaceramento e no alívio pelo que vamos perdendo, contrapondo-se à ameaça e a esperança no novo que nos vem invadindo. A ruptura do tempo é de outrora da supremacia do homem sobre o mundo físico, a biologia e a história, supremacia que rege o processo de transição para um tempo que é outro.

5.1 Experiência da transição na dimensão física do tempo

O ponto de partida para pensar essa transição é o entendimento do tempo como realidade física do corpo, humano e mortal.

O tempo passa e impõe sua condição ao organismo. Nesse sentido, vida e morte são contingências corpóreas físicas.

Alcançamos o adiamento da velhice e da morte no adiamento dos caracteres do envelhecimento. A manutenção da capacidade funcional dos órgãos atesta a autonomia e a independência. A remodelagem do corpo, por partes dos aplicadores cosméticos e da cirurgia plástica, mimetiza a constância da juventude.

A realidade nos vai escapando, na negação advinda da manipulação do tempo que provoca os sinais de envelhecimento do corpo. A ação do tempo já é passível de ser aplacada pela engenhosidade da tecnologia virtual; e não conseguimos imaginar até onde podemos chegar, embaladas pelo arsenal de protelação da velhice e, por extensão, da morte.

5.2 Experiência da transição na dimensão biológica do tempo

O objetivo de partida para pensar essa é o entendimento do tempo como realidade biológica do corpo humano, que se constitui na dualidade física-simbólica, se reproduz e atravessa a existência no eixo saúde ? doenças, até a morte.

O corpo, enquanto em sistema vivo, faz a percepção da passagem do tempo, na organicidade dos seus ritmos biológicos. Enquanto que inconsciente não reconhece a passagem do tempo e, por conseguinte, não reconhece o fim de uma existência, cujo único propósito é a satisfação do desejo.

Onde os profissionais, tem que estarem atentos para olhar, a escuta e a ação, ou seja, o olhar observador capta a realidade do homem na cura da morte, a escuta compreensiva abre os canais da auto percepção e a ação, que se faz compartilhada na formação do par profissional ? idoso. Se a morte triunfa sobre a vida, que as se prepare para recebê-la, mostrando-se na glória das suas realizações.

5.3 Experiência da transição na dimensão histórica do tempo

O ponto de partida para pensar essa transição é o entendimento do tempo como realidade histórica do ser humano, este ser que produz a ciência e o sistema sociocultural, fazendo uma experiência do tempo que ultrapassa as fronteiras da finitude.

Recorrendo à história, encontramos nos estudos de Ariés (1981) uma relação de familiaridade do homem com a morte, no primeiro milênio da história ocidental. A partir daí, até o século XV, a preocupação com a particularidade do indivíduo evidencia o sentimento de fracasso, que se confunde com a mortalidade. Já nos séculos XV e XX, o erotismo e a transgressão dramatizam a morte, tornando-a arrebatadora na separação inadmissível do outro. No século XX, a morte apaga-se do cenário social, oculta-se na assepsia dos hospitalais, numa estratégia de negação utilizada pelo social, regida pela exigência voraz do consumo.

A ocultação social da condição de finitude humana inviabiliza a relação do homem com a morte.

6 OS IDOSOS SÃO NOSSOS MESTRES

O processo de envelhecer é a gradual plenificação do ciclo da vida. Ele não precisa ser escondido ou negado, mas deve ser compreendido, afirmado e experimentado como um processo de crescimento pelo qual o mistério da vida lentamente nos revela.

Sem a presença dos idosos poderíamos esquecer que estamos envelhecendo. Eles são os nossos profetas, eles nos lembram de que o que vemos tão claramente neles é um processo do qual todos, sem exceção, participamos.

Muito já se escreveu sobre o idoso, sobre seus problemas físicos, mentais, afetivos, espirituais.

Para muitas pessoas, o envelhecer está intimamente ligado ao medo e ao sofrimento. Milhões são deixados sozinhos, e o fim do seu ciclo da vida torna-se uma fonte de amargura e desespero. Talvez estejamos tentando arduamente silenciar a voz daqueles que nos lembram do nosso próprio destino e que se tornam nossos críticos implacáveis, pela sua simples presença.

Portanto, nossa primeira e mais importante missão é ajudar o idoso a ser nosso mestre novamente, e restaurar a comunicação interrompida entre as gerações.

7 TRATAMENTO

Cuidar dos idosos significa, antes de tudo, entrar em contato com o nosso próprio processo de envelhecimento: sentir a dimensão do tempo, realidade nos constituindo como ser, e estar consciente dos movimentos do ciclo da vida.

O geriatra freqüentemente assiste o paciente em paralelo a outros colegas de especialidades como a:

- Reumatologia
- Cardiologia
- Enfermeiros
- Assistentes sociais
- Nutricionistas
- Terapeutas ocupacionais
- Fisioterapeutas
- Psicólogos, etc.

8 ATUAÇÃO DO T. O.

- Orientar quanto a postura no leito (hospitalar / casa).
- Promover atividades (social / familiar).
- Estimular a auto-estima.
- Promover atividades auto-expressivas.
- Estimular e promover maior independência em suas AVD?S e AVP?s.
- Estimular integração social, familiar.
- Estimular a sua auto-aceitação (eu)
- Promover a humanização do ambiente (hospitalar / casa).
- Orientar / modificar o ambiente se preciso.
- Oferecer cuidados domiciliares.
- Orientar familiares.
- Orientar a equipe hospitalar.

9 ESTUDO DE CASO

A senhora J. S. R. C., de 91 anos de idade, tem várias patologias como nevralgia (inflamação no nervo trigêmeo, no lado direito do rosto, tem uma lente permanente no olho direito devido a retirada da catarata e sofre também de um problema de artrose no joelho (algia) do lado direito. Como se não bastasse todas essas doenças, ela tem uma baixa?estima, tem dificuldadedes para aceitar a velhice.

Ela já foi atendida e médica por médicos especialistas para cada problema, porém está precisando de uma intervenção pelo terapeuta ocupacional.

Objetivo: diminuir as algias no rosto, joelho e olho.

- Orientar quanto a postura e o uso da bengala;
- Orientar quanto ao tamanho da bengala;
- Estimular e manter a marcha;
- Avaliar postura;
- Orientar quanto a postura ao deitar-se;
- Promover e estimular a auto-estima;
- Fazer adaptação no piso da casa;
- Diminuir algia e edema;

Recursos: poderíamos utilizar os seguintes materiais (recursos):

- Bengala ? facilitar na marcha;
- Óculos ? proteger quanto a luminosidade;
- Tela, papel ? atividades auto-expressivas;
- Tinta, massa de modelar;
- Passeios as praias, ao shopping, aos asilos ? integração social, familiar;
- Aceitação da sua nova condição de vida, visando a sua melhoria;
- Atividades em grupo: como dança para promover a sua socialização.

10 CONCLUSÃO

No decorrer do desenvolvimento do trabalho, podemos constatar que a experiência do tempo, vivida na contemporaneidade, revela a ruptura das dimensões física, biológica e histórica do tempo, pela ação do homem. Com tantos avanços de modernidade, tecnologias, que estamos esquecendo valores e respeito pelos idosos em suas experiências, no árduo trabalho de adequar-se às situações da modernidade.

Finitude no contexto do envelhecimento evidencia-se, fundamentalmente, na prática profissional, quando a tenção peculiar devida ao idoso terminal viabiliza a construção de um tempo compartilhado, gerando a reciprocidade que abre o campo de trabalho para o luto antecipatório, ou seja, os profissionais e os familiares da pessoa idosa.

REFERÊNCIAS

Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.

CARVALHO FILHO, Eurico Tomáz de; PAPALÉO NETTO, Mateus. Geriatria: fundamento, clínica e terapêutica. São Paulo: Atheneu, 2000.