Eu gosto de final feliz. Beijo no final. Gosto da certeza de amores reunidos.
Acredito com sinceridade que a vida já é por demasiado triste para que também na ficção exista tragédia.
Acho engraçado essas pessoas que dizem: Ah! Esse filme denota realidade! O mocinho morre no final! Muito mais real!
Eu acho estranho porque desde 1996 todos os filmes tem um final meio triste (tá bom, nem todos, todos), pelo menos uma grande maioria. Parece a nova mania que insiste em não passar: Vamos matar o mocinho e nos vingar que nós homens de hoje não sabemos amar com intensidade e entrega!
Tudo bem que não é de hoje que o mocinho cisma em morrer no final. Teve Shakespeare, e seu Romeu e Julieta, que é uma história linda, mas se eu pudesse, eu reescreveria o final. Eu faria com que a carta de Julieta chegasse a tempo. Eu o faria chorar mais um pouco antes de morrer nos braços de sua amada ainda viva e adormecida. Eu a faria acordar antes. Fugir antes com ele.
Eu sei que não sou ninguém para reescrever Shakespeare, só estou dizendo que gosto de finais felizes.
Eu aceito que de vez em quando é necessário que o Jack morra em Titanic, ou que o Keanu Reeves não fique com a mocinha em Doce Novembro, acontece que isso é bom de vez em quando, e não todas as vezes.
Hoje nós já estamos tão acostumados ao final triste e a falta do romantismo doce que o cara romântico da nossa geração é um vampiro fraco, que prefere deixar sua amada ser mortal e fraca do conceder o presente da imortalidade. Tudo bem. Pelo menos ele existe. Ele é de um romantismo machista, mas é romântico.
Esses dias eu estava lendo uma crônica do Jabor e ele dizia que o romantismo nunca existiu, que foi inventado pelos poetas do século... não lembro, XIV? Eu não posso acreditar nisso.
Eu vejo o amor todos os dias.
Eu vivo o amor.
Eu mataria e morreria pela minha amada.
Eu a amo com uma intensidade maior do que a minha vida.
E não me acho assim tão boa a ponto de ter inventado um sentimento tão puro.
O amor podia ter outro nome antes do século XIV, mas estou certa de que ele existia.
E eu sinto saudades do Renato Russo cantando que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, que hoje a noite não tem luar é breguinha mas é bonita, quero ver um filme, ou ler um livro que fale da minha situação, de uma vida quente e feliz, cercada de brigas e crises e repleta de amor.
Por isso eu sempre escrevo livros com final feliz. Eu já cheguei a mudar todo o sentido de uma história só para que o final fosse feliz.
Esses dias escrevendo o texto O Ultimo Beijo, eu quase tive um colapso nervoso porque a história não acabava bem. Ai eu escrevi Regresso e as forças do universo voltaram a caminhar em paz.
É difícil para mim aceitar que as coisas sempre tem que dar errado. Não tem. As vezes o Harry Potter pode matar o Voldemort, as vezes a Rose pode ficar com o Dimitri Belicov*, vai ver que o Pequeno Príncipe não morreu e só voltou para sua casa, seu pequeno planeta, onde amara sua linda rosa pela eternidade.

*Academia de Vampiros- Richele Mead