FILOSOFIAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

            A aprendizagem esta ligada aos conhecimentos que as pessoas adquirem através de sua cultura, os quais são transmitidos de geração em geração, e através de cada ser humano. Todo indivíduo possui habilidade de aprender e desenvolver sua capacidade, no entanto é preciso entender o modo como cada um vive para podermos avaliar como irão adquirir este conhecimento. Para entendermos melhor o processo de aquisição dos conhecimentos é preciso buscar o seu desenvolvimento através das teorias escritas por vários pensadores. O processo de aprendizagem é constituído das experiências que vivemos durante toda a vida, estas experiências possuem significados diferentes diante do pensamento de cada filósofo.

Muitas são as filosofias, a transmissão do conhecimento sempre foi vista como um fator importante para a perpetuação e evolução de nossa espécie.

Sócrates

            Sócrates nasceu em470 a.C. em Atenas, filho de Sofrônico, escultor, e de Fenáreta, parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma, apesar de sua pobreza. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados.

Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular e inimizades pessoais. Diante da tirania popular aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria, introduzindo outros. Declarado culpado por uma pequena minoria foi condenado à pena de morte. Morreu Sócrates em399 a.C. com 71 anos de idade.

Para Sócrates o objeto da ciência não é o sensível, o particular, o indivíduo que passa; é o inteligível, o conceito que se exprime pela definição. Este conceito ou idéia geral obtém-se por um processo dialético por ele chamado indução e que consiste em comparar vários indivíduos da mesma espécie, eliminar-lhes as diferenças individuais, as qualidades mutáveis e reter-lhes o elemento comum, estável, permanente, a natureza, a essência da coisa. A indução socrática não tem o caráter demonstrativo do moderno processo lógico, que vai do fenômeno à lei, mas é um meio de generalização, que remonta do indivíduo à noção universal. Sua filosofia era “Conhece - te a ti mesmo”.

Platão

 

            Platão nasceu em Atenas, em427 a.C., filho de pais aristocráticos e ricos. Possuía temperamento artístico e dialético - manifestação característica e suma do gênio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética de seus escritos; entretanto isto prejudicou sem dúvida a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias partes de suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico.

Durante sua vida obteve grandes êxitos, como em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundava a sua célebre escola, Jardins de Academo, onde tomou o nome famoso de Academia. Dedicou-se inteiramente para o estudo da metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte.

            Platão define o sistema educacional, apresentando assim as suas idéias sobre a educação, o valor da poesia e da música, a utilidade das ciências, da filosofia e do filósofo. Acreditava-o que somente indivíduos dotados podiam chegar à filosofia, sendo que esses indivíduos tinham que passar por um período preparatório para desenvolver a forma harmoniosa do espírito, do corpo e da alma. Para ele a educação deveria se tornar algo público, ser igual tanto para meninos como para meninas, mas somente até aos seis anos de idade, a partir dessa idade eles tomariam rumos diferentes, defendendo os estudos que deveriam durar uns 50 anos.

Para Platão, as matemáticas deveriam encontrar o seu lugar em todos os níveis, começando pelo mais elementar, sendo aprofundada a partir dos 16 anos e prolongada nos estudos superiores. As matemáticas são o instrumento da formação dos filósofos, que através dos problemas elementares de cálculo, devem ser encaminhados para um grau superior de abstração. Platão diz que as matemáticas não devem preencher a memória com conhecimentos úteis, mas formar um espírito capaz de receber a verdade inteligível.

Aristóteles

   Aristóteles, filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia, no litoral setentrional do mar Egeu, em384 a.C. Aos dezoito anos, em 367, foi para Atenas e ingressou na academia platônica, onde ficou por vinte anos, até à morte do Mestre. 

   Em 335, fundou sua escola perto do templo de Apolo Lício, daí o nome de Liceu, onde havia o costume de dar lições, em amena palestra, passeando nos umbrosos caminhos do ginásio de Apolo. Esta escola seria a grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa academia platônica.

   Pode considerar-se como o autor da metodologia e tecnologia científicas. Sua metodologia implica que para estudo de uma questão deve-se proceder por partes: a) começar a definir o objeto; b) enumerar as soluções históricas; c) propor dúvidas; d) indicar, em seguida, a própria solução; e) refutar, por último, as sentenças contrárias.

   Aristóteles foi essencialmente um homem de cultura, de estudo, de pesquisas, de pensamento, que se foi isolando da vida prática, social e política, para se dedicar à investigação científica.

 

Pestalozzi

            João Pestalozzi nasceu em Zurique, Suíça, em 1746 e faleceu em 1827. Influenciou profundamente a educação fazendo uma grande adaptação na educação pública. Na épocaem que Pestalozzicomeçou a divulgar suas idéias sobre uma reforma educacional, era a Igreja que controlava todas as escolas, a qual não se preocupava em melhorar o seu padrão de qualidade. A situação que reinava era a seguinte: dava-se à memória um enorme valor, os professores não possuíam habilitação, as classes privilegiadas desprezavam o povo; os prédios escolares eram pouquíssimos. 

Suas idéias traziam uma prática pedagógica que sempre valorizaria o ideal do educador, isto é, de que a educação poderia mudar a terrível condição de vida do povo. Para Pestalozzi, o desenvolvimento é orgânico, sendo que a criança se desenvolve por leis definidas; os poderes infantis brotam de dentro para fora; os poderes inatos, uma vez despertados, lutam para se desenvolver até a maturidade. Para ele o professor é comparado ao jardineiro que providencia as condições para a planta crescer; a educação sensorial é fundamental e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos; a mente é ativa.

Piaget

   Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra em 17 de setembro de 1980.  Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo.

  Como epistemólogo, investigou o processo de construção do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático. Em 1919 começou a fazer estudos experimentais sobre a mente humana e tendo conhecimento de biologia, começou a pesquisar o desenvolvimento de habilidades cognitivas. Piaget não aponta respostas sobre o que e como ensinar, mas elabora uma teoria de conhecimento e investigações para poder compreender como a criança e adolescente aprende fornecendo um referencial.

A epistemologia genética de Piaget tem como ponto central a estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio. Níveis diferentes de desenvolvimento cognitivo.

 

Vygotsky

 

            Lev S. Vygotsky nasceu em 17 de novembro de 1986, em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia, professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget, viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, em 1934 quando tinha 37 anos. Ele construiu a sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.

As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de aprendizagem remetem o papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana.

A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas. Vygotsky teve contato com a obra de Piaget e, embora teça elogios a ela em muitos aspectos, também a critica, por considerar que Piaget não deu a devida importância à situação social e ao meio. Ambos atribuem grande importância ao organismo ativo, mas Vygotsky destaca o papel do contexto histórico e cultural nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, sendo chamado de socio-interacionista, e não apenas de interacionista como Piaget. Piaget coloca ênfase nos aspectos estruturais e nas leis de caráter universal (de origem biológica) do desenvolvimento, enquanto Vygotsky destaca as contribuições da cultura, da interação social e a dimensão histórica do desenvolvimento mental.

            Mas, ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio.

Papert

 

Seymour Papert nasceu e foi educado na África do Sul, onde participou ativamente do movimento antiapartheid, engajou-se em pesquisas na área de matemática na Cambridge University no período de 1954-1958. Então trabalhou com Jean Piaget na University of Geneva de1958 a1963. Sua colaboração principal era considerar o uso da matemática no serviço para entender como as crianças podem aprender e pensar.

Papert é matemático e é considerado um dos pais do campo da Inteligência Artificial. Além disso, ele é internacionalmente reconhecido como um dos principais pensadores sobre as formas pelas quais a tecnologia pode modificar a aprendizagem.

 Criou, na década de1970, alinguagem de programação Logo, de fácil compreensão e manipulação por crianças ou por pessoas leigas em computação e sem domínioem matemática. Essalinguagem foi criada quando os computadores ainda eram muitos limitados, não existiam a interface gráfica nem a internet.

Na educação, adotou o termo construcionismo como sendo a abordagem do construtivismo que permite ao educando construir o seu próprio conhecimento por intermédio de alguma ferramenta, como o computador, por exemplo.  Papert viu na Informática a possibilidade de realizar seu desejo de criar condições para mudanças significativas no desenvolvimento intelectual dos sujeitos.

Construcionismo é uma reconstrução teórica a partir do construtivismo piagetiano. A atitude construcionista implica na meta de ensinar, de tal forma a produzir o máximo de aprendizagem, com o mínimo de ensino. A busca do construcionismo é alcançar meios de aprendizagem fortes que valorizem a construção mental do sujeito, apoiada em suas próprias construções no mundo.

Freire

 

            Paulo Freire nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. Publicou várias obras, onde as mesmas foram traduzidas em várias línguas e comentadas em outros países, sendo ele considerado um dos grandes pedagogos da atualidade. Para Freire, vivemos em uma sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns, impedem que a maioria, usufrua dos bens produzidos e, coloca como um desses bens produzidos e necessários para concretizar a vocação humana de ser mais, a educação, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo. Sendo que a pedagogia é dividida em duas partes entre os dominantes que são os que estão à frente, e é fundamentada em uma concepção bancária de educação, predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador e a pedagogia dos oprimidos que estão lutando por uma liberdade, vendo-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade; trata-se de um trabalho de conscientização e politização.

            Para Freire é necessário para ensinar que se tenha a ética junto com a estética para que tudo possa se tornar imprescindível, sendo do ponto de vista do pensar certo não é possível mudar e fazer de conta que não mudou, todo pensar certo é radicalmente coerente.

 

Gardner

 

Howard Gardner nasceu em Scranton, Pennsylvania, em 1943, é um psicólogo cognitivo e educacional estado-unidense, conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas, que foi desenvolvida a partir de 1990 juntamente com uma equipe de pesquisadores da universidade de Harvard.

Gardner identificou sete maneiras distintas de se conhecer como são as coisas no mundo e de como são vistas essas coisas nas pessoas, sendo que para ele a inteligência se baseia em competências de vários tipos, de como se podem ver as capacidades e as ações, de como as pessoas agem. Para ele no processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo final, que é o aprendizado de determinado conteúdo.

As sete dimensões da inteligência identificadas por Gardner são: lógico/ matemática; verbal/lingüística; visual/espacial; musical/rítmica; físico/cinestésica; Intrapessoal e Interpessoal. Recentemente foram acrescentados mais dois tipos de inteligências a lista: Naturalista e Existencial.

 Bibliografia

ANTUNES,C. As inteligências múltiplas e seus estímulos.Campinas, SP: Papirus, 1998

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15.

ed. São Paulo : Paz e Terra, 2000. p 36-37.