RESUMO DO LIVRO

O livro traz ao debate bases para se consolidarem experiências de ensino de filosofia às crianças, trabalhando com temas e habilidades filosóficas, como uma forma de educação para o pensar. Trata-se do desafio de desenvolver estratégias que possibilitem operacionalizar didaticamente a opção pedagógica de incentivar uma cultura do pensamento nas crianças, desde suas primeiras experiências escolares. Apresentam-se formas de juntar o trabalho com as habilidades próprias do filosofar à discussão de questões temáticas relevantes ao processo de formação da consciência de si e do mundo em volta da criança. Para este desafio propõem-se dinâmicas de conversação filosófica, que permitam abordar questões de fundo contidas nas perguntas do cotidiano das crianças. O fundamento buscado neste desafio de filosofar com crianças que estão aprendendo a falar e a pensar é instrumentalizar a intervenção das professoras para desequilibrar as conversações na direção de um diálogo entre emoções e razões.

 

INTRODUÇÃO

            O aprendizado filosófico acontece a partir do momento em que são oferecidas oportunidades para desenvolver habilidades específicas de raciocínio e aplicá-las a temas de valores.

Através do diálogo, desenvolve-se habilidades de raciocínio, como a realização de conversões lógicas, a interpretação de validades, o reconhecimento da consistência e da contradição em narrativas e descrições.

            Com a iniciação filosófica, adquirimos instrumentos para lidar com ambigüidades, formular perguntas, compreender as conexões entre as partes e o todo, treinar o raciocínio analógico, formular relações de causa e efeito e construir hipóteses.

            Com o objetivo de incentivar o pensamento reflexivo e crítico, a metodologia da Filosofia educacional  propõe a criação de comunidades de investigação. Através do diálogo, podemos expor idéias, escutar-se uns aos outros, questionar-se, comparar pontos de vista e, enfim, travar um processo de cooperação intelectual, afetiva e criativa. Nesse diálogo são praticados o respeito mútuo, interesse por objetivos comuns e avaliação crítica, elementos indispensáveis para o exercício democrático na sociedade.

             Em sala de aula, é proposta uma situação fictícia como objeto de discussão, levando os alunos a descobrir regras nos exemplos. Havendo sempre o incentivo a reflexão filosófica. E esta, deve ser uma reflexão feita em profundidade. Rigorosa, porque não pode ser uma reflexão feita de qualquer jeito, dispersa, fragmentada, ametódica. E deve também ser de conjunto, ou seja, no sentido de que não pode ser parcial, tendenciosa, mas sim relacionada com os demais aspectos do contexto em que está inserida.   

            Se a filosofia é uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto que se faz a partir dos problemas propostos pelo nosso existir, é inevitável que entre esses problemas estejam os que se referem à educação. Portanto, cabe ao filósofo acompanhar reflexiva e criticamente a ação pedagógica, de modo a promover a passagem “de uma educação assistemática (guiada pelo senso comum) para uma educação sistematizada (alçada ao nível da consciência filosófica).

  O PENSAMENTO RIGOROSO CONSIGO MESMO

            De acordo com Kant, a principal tarefa da educação comprometida com a maioridade da razão e com a liberdade da vontade humana é educar o pensamento para apoiar-se em suas próprias bases.

            Cunha faz referência a Kant que afirma à educação apoiada na liberdade e autonomia que gera cultura acerca da dignidade humana. E diz que esse é o ponto de apoio para a discussão sobre o quanto se pode aprender a pensar e se há idéias ou critérios a respeito do que seja educar o pensamento.

            O ensino da filosofia enquanto conhecimento e habilidade humana nasceu com o propósito de educar o pensamento, isto é, orientar um ser a ter essência determinada, e que, por isso, pode tomar diferentes direções, apropriando-se de leis e princípios e buscar bases para a universalização das descobertas do todo do pensamento humano.

             Tornar os indivíduos cidadãos do mundo, da humanidade, eis o sonho da filosofia!

            Nenhum ato pedagógico, ainda que seja arte de educar, pode se dar sem uma finalidade ética. Assim, qualquer idéia de Filosofia  tem de se basear numa concepção otimista de que o ser humano já traz em si as potencialidades de reflexão crítica e aplicação prática das virtudes morais e basta desenvolvê-las com uma orientação pedagógica adequada.Dessa forma, o autor não deixa de suscitar questionamentos como por exemplo: convém educar o pensamento nas crianças? Convém pretender torná-las cidadãs do mundo, ao invés de meros personagens de seus cotidianos particulares?que implicações traz essas pretensões?

            Mas então, o que é o pensar? O filósofo Heidegger entendeu que pensar filosoficamente corresponde a repensar o já pensado, para pensar o ainda não pensado. Dessa forma, estão propostos dois modos de pensamento, que são: o pensamento crítico e o criativo. O primeiro se dá sobre o que já foi pensado e o segundo sobre o que ainda não foi pensado.

            Assim, segundo o autor, se forma a tarefa cultural da filosofia ao longo da história, crenças e costumes. São construídas explicações que regulam a vida das instituições sociais e dos indivíduos que vivem nelas, podendo dessa forma, alcançar a felicidade, ou seja, atributo do ser livre, capaz de escolher aquilo pelo que quer ser julgado. Isto implica dizer que, naturalmente possuem impulsos para a busca da autonomia frente ao meio. Autonomia é a base da educação. Educação para a liberdade seria não resistir a esse impulso, proporcionando o bem comum.

            A espécie humana tem sido a única cuja sobrevivência necessita de cuidados. Uma geração anterior cuida da geração posterior até o ponto em que esta aprende a cuidar de si mesma. Atentando para dois tipos de cuidados: Habilidades corporais (médicos) e habilidades do pensamento (educacionais).

            Nas palavras do autor: “o que isto tudo tem a ver com educação do pensamento e ensino de filosofia?”

            A educação do pensamento é o principal problema filosófico da educação. Neste sentido, a filosofia se constitui como um conjunto de conhecimentos sobre as bases para pensar a vida, de um modo válido. Para estabelecer estas bases, de modo válido, livre e autônomo, o pensamento filosófico precisa ser rigoroso consigo mesmo. Precisa ser rigoroso, tanto na crítica daquilo que ele mesmo aceita como base segura quanto na criação daquilo que pode ser aceito como base melhor, crença mais digna da liberdade e felicidade humana. Rigoroso, porque não pode ser uma reflexão feita de qualquer jeito, dispersa, fragmentada, ametódica.

            Portanto, o desafio de ensinar filosofia é preparar as novas gerações para serem melhores que as anteriores. Este é o propósito de filosofia na educação infantil. As crianças aprendem a pensar, enquanto aprendem a falar, falando, conversando com os adultos e com outras crianças, e consigo mesmas. Isto significa que aprendem a refletir. O aprendizado do pensamento reflexivo e, além disto, rigoroso consigo mesmo, é o que busca uma educação filosófica do pensamento.

  A PRÁTICA DO PERGUNTAR PELA MELHOR FORMA DO PENSAR.

            Cunha começa o texto afirmando que filosofia corresponde ao ato de filosofar. Segundo o mesmo, essa é uma atitude própria da filosofia, já que, se trata de uma atividade do pensamento. O texto segue argumentando que a reflexão de uma forma ampla tem um notável grau de filosofia. E que, esta forma de conhecimento fundamenta-se sobre uma alta atividade reflexiva. Portanto, para cunha entender filosofia corresponde ao ato de aprender filosofar.

             Agora, a partir desse momento do texto o autor faz uma indagação: e o que é filosofia? Discorre sobre o fato de que muitos professores de filosofia usam a mesma como conteúdo e não como método na aplicação de suas aulas.ou seja, o filosofar fica reduzido a condição de subproduto,onde sua ausência não faz a menor diferença no valor do que se é ensinado.

             Cunha segue falando da importância da compreensão deste fazer para a construção do conhecimento. O aprender a aprender é a melhor forma de aprender a conhecer. Todo esse processo mental se encontra na atitude do filosofar, local onde as informações são processadas e elaboradas no objetivo de tecer o conhecimento no intuito de se resolver questões práticas da vida.

            A análise continua e o autor diz que no caso do conhecimento filosófico, as informações são categorias e conceitos, substâncias com que se permite a construção de princípios para se pensar dentro de um quadro teórico ou dentro de um modelo de comportamento. Ou seja, é a oportunidade de se refletir sobre os fundamentos daquilo que aceitamos por verdadeiro, válido, correto, certo, justo.

            O ato de filosofar para o autor é uma espécie de exercício de habilidades na manipulação de conceitos, categorias e princípios; ou seja, é a capacidade que se tem de interpretar e julgar as afirmações ou negações acerca das verdades estabelecidas por meio do conhecimento. Assim, é que a análise filosófica se constitui em uma crítica de como se está interpretando ou julgando o pensamento válido. E para ser filosófica essa análise precisa de argumentação coerente e crítica com fundamentos.

            A partir desse momento do capítulo dois, Cunha faz uma interrogação acerca da capacidade da criança em fazer reflexões e argumentações. E também se essas habilidades podem ser ensinadas para essas crianças. A pretensão é iniciá-las na prática do pensar e conseqüentemente habilitá-las desde cedo a trabalhar este aspecto. Assim, como se trabalha aspectos de coordenações como: andar, correr, saltar, etc.

            Segundo Cunha, o pensamento evolui alterando dúvida e crenças. A ausência da dúvida ocasiona o não pensamento; partindo desse princípio é que se age automaticamente. Acreditar simplesmente torna a pessoa presa intelectualmente em um processo mental seja de julgamento, percepção de mundo ou escolhas. O autor faz o seguinte questionamento: o que pode gerar a dúvida na inteligência senão a questão?

             O autor afirma que esta é uma fase propícia para se ambientar as crianças em discussões que as levem a reflexões e argumentações, em virtude de suas relações interativas com outras e também das descobertas que se faz neste período da vida. O que eles precisam é de incentivo no uso das perguntas, mais do que de respostas. Educar uma criança a pensar é proporcionar a mesma a capacidade perceber outro pensamento e outro sentimento.

A crítica que o autor faz a alguns professores em relação a certo desprezo pela reflexão na aplicação das aulas é pertinente e nos leva a pensar em nossa práxis em sala de aula. E a referência a esta reflexão direcionada aos alunos das séries iniciais é de grande relevância para um pensar mais acurado sobre o que se objetiva de fato na educação de nossas crianças. É um texto bastante positivo.  

BASES DA ATITUDE FILOSÓFICA APRENDER A APRENDE, APRENDER A AUTOMOTIVAR-SE PARA AS REGRA, APRENDER A DIALOGAR .

 Aprender a filosofar é aprender a cuidar do pensamento, de seus hábitos de crença e dúvidas, seus hábitos de crítica e investigação. Isto implica cultivar o aprimoramento de seus procedimentos criando habilidades. E essas habilidades permitem que se compreenda mentalmente aquilo que ainda não foi objeto da experiência real. Por isto, diz-se que o homem é habitante de dois mundos, o imaginário e o real.

            Com sua inteligência o homem pode relacionar-se com o meio e orientado pode alcançar a mais prudente e razoável condição de equilíbrio entre o aumento da potencia vital do próprio homem em seu contínuo crescimento e aumento de vitalidade do meio.

            Deve-se cuidar da inteligência, pelo menos tão bem quanto cuidamos do corpo. Com isso rapidamente as crianças descobrem que sua inteligência precisa ser alimentada com informações sobre si mesma, seus desejos, impulsos necessidades e interesses, e também informações sobre o meio. São essas informações que fazem a inteligência funcionar despertando sua atividade de julgamento, interpretação ou escolha e essas informações são de natureza emocional assim sendo a atividade da inteligência, o pensamento, torna-se um diálogo entre emoções e razões.      

            As emoções combinadas com razões orientam ações. Estas funcionam como regras subjetivas de conduta, uma espécie de manifestação de hábito mensal-corporal, integrador do eu individual com o meio social.

            Determinadas atitudes são necessárias para a atividade de pensar filosoficamente como a atitude de maravilhamento, o estar diante de algo novo mesmo em se tratando do óbvio cotidiano. O maravilhamento inclui um estranhamento, atitude pelo qual o eu, sujeito do pensamento, distancia-se de sua realidade imediata, como se esta se lhe fosse repentinamente estranha, embora, até então, tenha sido óbvia.

            No entanto, maravilhamento é mais que simples estranhamento. Há, no maravilhamento uma dimensão de encantamento, de estar intimamente e emocionalmente envolvido com aquilo que se estranha. As crianças são mestras na atitude de maravilhamento esta é a atitude filosófica mais básica e que mais precisa ser cultivada nas crianças que começam a filosofar. Por isso é importante permitir às crianças cumplicidades emocionais com que escutam, vêem ou lêem. È bom expor as crianças a narrativas ricas em intrigas e pedir a expressão dessas intrigas em linguagem verbal, cênica, figurativa, musical ou outra acessível.

            A expressão através da linguagem verbal é a que abre as portas da filosofia, permitindo a formulação de perguntas filosóficas originário, aqueles em que as crianças refletem sobre o que alimenta seu pensamento e como as idéias chegaram a suas mentes. Como elas primeiramente são metáforas associadas a estados emocionais e como, depois tornam-se conceitos.

            A passagem da metáfora ao conceito exige a intervenção da atitude filosófica de maravilhamento, ou seja, de estranhamento e encantamento. Portanto não é filosófico reprimir nas crianças o prevalecimento das atitudes de encantamento. Devem ser estimulados a tirar o máximo proveito do encantamento com o mundo para povoar seu universo interior de elementos dramáticos mais densos e o imaginário mais criativo.

            Apoiado nesta atitude filosófica básica, o pensamento pode interessar-se a aprender a aprender, cuidando de como se aprende, ou seja, refletindo sobre como julga interpreta e escolhe seus objetivos.

            Outra característica é a atitude diante de regras, ou das normas que a sancionam, uma atitude de autonomia- busca estar automotivado para seguir a regra considerada justa.

            A terceira característica própria de pensamento filosófico é a predisposição para o diálogo, na perspectiva do cuidado recíproco em bases razoáveis.

             O ensino da filosofia deve ser cultivado sim desde a infância e essas bases filosóficas, como aprender a aprender a automotivar-se para as regras da sociedade e principalmente aprender a dialogar para assim com o exercício de sua inteligência o homem pode relacionar-se com o próprio homem e com o meio numa condição de equilíbrio. Essa é uma das mais difíceis tarefas do ensino da filosofia e deve ser cuidadosamente ensinada e exercitada desde a infância pois só assim teremos adultos capazes de julgar, escolher e atuar em benefício do outro e do meio em que vive.      

BASES DA EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO RIGOROSO

O Pensamento do Cuidado, mediador do Pensamento Crítico e do Criativo. A preocupação com o cuidado é presente em todas as culturas, mas a filosofia elaborou uma proposta de ensino de filosofia para crianças apoiada no tripé: pensamento crítico e criativo, mediados pelo pensamento do cuidado.

Cunha (2002) defende a idéia que o pensamento do cuidado, como base da investigação filosófica, exige escuta atenta e autêntica das subjetividades envolvidas. Pois o pensamento cuidadoso pode desenvolver no individuo a capacidade da escuta que vai além dos critérios de julgamento, interpretação e escolha, mas a preocupação com os outros, com os sentimentos envolvidos e com as razões permanentes. Assim a busca de um novo paradigma. De que o filosofar vá além da racionalidade pura, mas em busca de uma razoabilidade constante. Possível a partir do diálogo original e atento, entre o pathos e os logos.

A filosofia na educação infantil abre a primeira porta do ato de filosofar com a criança. Mas ela necessita de sentimentos como o amor, afeto positivo, pathos compartilhado - empatia que consiste em perceber a referência interno do outro com os significados e componentes emocionais que contém, como se fosse a outra pessoa, mas sem perder essa condição.

O diálogo baseado no pensamento cuidadoso envolve habilidades como: “sinceridade recíproca em cada parte de um diálogo, interesse pela verdade a ser insistentemente buscada e interesse em uma real concordância em bases razoáveis”. E ainda outras habilidades de diálogo a serem buscadas na vertente do pensamento do cuidado, são as de prudência, equidade e isonomia. O uso dessas habilidades justifica-se com o objetivo de cultivar por meio das aulas de filosofia para crianças e jovens novas descobertas e resignificações.

 

 PEDAGOGIA DA PERGUNTA, DO DIÁLOGO E DA INVESTIGAÇÃO SOBRE SIGNIFICADOS, CRENÇAS E VALORES.

 

             A pedagogia envolve, não somente a transmissão de conteúdos, mas, sobretudo, a prática de atitudes e procedimentos que tornem possível a aprendizagem, levando em consideração as condições de tempo e os recursos didáticos disponíveis. E no que tange a Pedagogia Filosófica, ela precisa ter clareza de como ambientar, incentivar e intervir no processo de aprendizagem.

            Quando esta pedagogia filosófica se inclina a filosofar com as crianças, ela deve ser uma pedagogia da pergunta, ou seja, quando as crianças estão com varias interrogações na cabeça. A proposta é que se façam questões com significados para as crianças, pois na verdade o que esta ocorrendo é que na maioria das vezes as perguntas não são formuladas por elas, e ainda por cima são respondidas pelos adultos e estes não aceitam questionamentos. A pedagogia da pergunta quer crianças que perguntem, interroguem, tenhas duvidas e criticas, e que as questões tenham significado para elas.

            A pedagogia da pergunta objetiva que se dê oportunidade a criança de vivenciar suas duvidas, para que a partir da experiência ela possa tirar suas conclusões e por fim criar sua própria resposta. Esta criança precisa acostumar  se a preservar suas teorias, para que possa saber avaliar as diferentes respostas dadas aos seu questionamentos, bem como para amadurecer e aprimorar sua próprias perguntas.

            A pedagogia da pergunta filosófica baseia-se na busca pela concordância de um grupo de pessoas que investigam sobre o que concordam ser a resposta melhor. Para Lipman (1990), a pergunta filosófica serve à educação para a autonomia quando feita em comunidade de conversação e investigação, valendo frisar que o termo comunidade aqui, esta no sentido de compartilhamento de um mesmo ambiente, de mesmos critérios de entendimentos e objetivos. Baseando-se nisso precisaríamos transformar a sala de aula numa comunidade de aprendizagem, de investigação, de perguntas filosóficas. Nesta comunidade as perguntas seriam geradoras de conversações e resolver-se-iam no dialogo.

            Sendo assim, pára ensinar filosofia na educação infantil exigi-se a prática de uma pedagogia da pergunta e do diálogo. Por isso, é preciso que se acrescente uma terceira pedagogia, a da investigação sobre os significados implicados em suas crenças e normas, princípios e valores. Perguntando sempre pelo significado, tanto do que se quer dizer quanto do que solicita nossa concordância e crença. Como as questões filosóficas para as crianças não podem ser as mesmas que se fazem para os adultos, é preciso que elas sejam formuladas no contexto e linguagem infantil, precisando assim corresponder às habilidades das quais as crianças já dispõem.

            Os critérios de justiça e verdade, implicados pela pedagogia da investigação embora gerais e universais, possuem sua compressão e aplicação limitadas pelos variados contextos, valendo assim também os requisitos da prudência e razoabilidade. Não soa as razões gerais devem ser consideradas, mas também as emoções particulares. Pois o dialogo entre razão e emoção, é a base do pensamento reflexivo e rigoroso, próprio da filosofia.

 

  COMPETÊNCIAS, TEMAS E HABILIDADES FILOSÓFICAS

            Este texto tem como objetivo trabalhar competências, temas e habilidades filosóficas, como uma forma de educação para o pensar. Trata-se do desafio de desenvolver estratégias que possibilitem operacionalizar didaticamente a opção pedagógica de incentivar uma cultura do pensamento para cada idade escolar, desde primeiras experiências escolares cultivando o desenvolvimento das habilidades de raciocínio através da discussão de tópicos filosóficos.

            Com a promulgação, em 20 de dezembro de 1996, da Nova Lei de Diretrizes e Base, o estudo da Filosofia se fortaleceu ainda mais. Diz-se isso, pois a importância dos conteúdos de Filosofia na formação integral da pessoa humana foi reconhecida na nova LDB. A lei prevê como finalidade do ensino de filosofia, a preparação para o exercício crítico e autônomo da cidadania. Segundo o autor, o conhecimento filosófico desenvolve competências do pensamento cuidadoso, crítico e criativo, em bases livres, autônomas e progressivas.

            O currículo de aprendizagem em filosofia tem como objetivo as competências filosóficas, pois articulam conceitos e habilidades a serem aprendidas no contexto da investigação, em torno de problemas ou perguntas filosóficas, cujo fim não é fornecer respostas, mas, pelo contrário, questionar as respostas. Dito de outra forma, a filosofia possui uma natureza crítica, cujo aprendizado consiste em avaliar e discutir argumentos, teorias e problemas, a levantar objeções e atracar distinções, a testar intuições, a confrontar as nossas idéias com outras idéias. Tais questões são trabalhadas com diferentes graus de complexidade variando de acordo com as faixas etárias.

            Assim, segundo o autor, um currículo de filosofia na educação infantil deverá conter o estudo de determinados campos temáticos, selecionados por sua pertinência ao momento de desenvolvimento da consciência de si mesmos nos pequenos. Por outro lado, deverá conter objetivos quanto à ambientação e prática de habilidades de conversação e diálogos cuidadosos, habilidades de pensamento crítico e criativo, e , finalmente, habilidades de investigação filosófica. Nesta perspectiva, as aulas de Filosofia devem estar voltadas para uma análise da realidade, perpassando por questões acerca dos próprios alunos e do professor. Mas, isso não acontece sem intencionalidade por parte do educador, que para chegar a este objetivo, deve criar um ambiente, em sua sala de aula, questionador, concreto, no qual o aluno tenha a liberdade de pensamento, autonomia e seja visto como um ser capaz de produzir e transformar a realidade em que vive.

 ESTRUTURA CURRICULAR  DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E AULA DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

            No capitulo VII e VIII Cunha (2002) trás à luz a questão da estrutura  curricular  da filosofia na educação infantil e a aula de filosofia na educação infantil. Segundo o autor o currículo de filosofia na educação infantil deverá ter como eixo  atitudes reflexivas, questões temáticas, habilidades filosóficas. Cada professora deverá elaborar um programa de atitudes que procurando desenvolver determinado temas e habilidade no aluno.

            Segundo Cunha as questões temáticas podem versar sobre os seguintes campos temáticos: Sensações ou pulsões do gostar; Amizade ou pulsão ética; Coragem ou pulsão libertária; e a tolerância ante a diferença ou a pulsão democrática. Deve-se retirar palavras- geradores de conversão ou discussão as quais devem sugerir intrigas à essas criança,. Deve corresponder ao interesse sócio-emocional e intelectual da criança ( dúvida, medo, suspense, curiosidade etc.).

            A professora deve provocar o desenvolvimento de habilidades filosóficas por meio de determinados operadores que segundo autor são expressões usuais, que aparecem nas perguntas das professoras incentivando o desenvolvimento de certas habilidades ( Quem estava em tal lugar? O que você entendeu por isso?)

            Os operados devem provocar os alunos a produzirem respostas construídas a partir de determinadas ferramentas de pensamentos que são as  expressões que os alunos utilizam para organizarem suas respostas às perguntas iniciadas pelos operadores.

            No capitulo XIII o autor sugere como deverá ser uma aula de Filosofia na Educação Infantil colocando pontos importantes como: Disposição física das crianças; deverá ser feito um aquecimento emocional; as crianças podem ser convidadas a falar do que gostaram ou o que as deixou intrigadas; deverá ser  escolhidas as palavras-geradoras( ela funciona como eixo comum das perguntas e discussões) e Iniciar a conversação entre as crianças( na conversação explora-se o pensamento divergente importando a ampliação de significados). Para o autor há intervenção pedagógica da professora, através de roteiro de perguntas A professora deve ter em mente os “operadores” para compor o roteiro da conversação ou do diálogo; estimular a utilização de ferramentas para atividade de pensar mais rigoroso e avaliar o quanto os alunos estão se apropriando dos resultados das discussões

A ESCOLHA DE TEMAS PARA A CONVERSAÇÃO FILOSÓFICA  

            A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança. Segundo o autor esta faixa etária requer que tenhamos cuidado com a escolha da temática para a conversação filosófica adequada na faixa etária que vária de 0(zero) a 6(seis) anos de idade.Ainda a autora diz que a criança começa a ter contato com a realidade por meio da palavra,não distinguindo o significado real que esta representa.

             A temática para a conversação filosófica na educação infantil é feita por meio de uma conexão de palavras-geradoras de discussões de maneira que essas instiguem e envolva as crianças. Isso é feito por meio de alguma associação com algo como uma cena de um filme que a criança já tenha assistido ou uma história contada pelo professor (a).

            A proposta doe José Auri Cunha, no texto citado apresenta muitos pontos positivos, os quais podem ser aplicados e adaptados por aqueles que lidam com a educação infantil. Este argumenta que os temas para ser trabalhados na Educação Infantil ou sala de aula deve partir daquilo que a criança já vivenciou como a narrativa de certo conto para servi de um conhecimento para gerar outro conhecimento novo a ser adquirido pela criança. Ai surge às palavras- geradoras palavras com sentido real para a criança devendo ser relacionadas com os objetivos dos temas propostos para cada nível, podendo levar a reflexão filosóficas no ambiente escolar.

            As palavras surgidas a partir das palavras- geradoras devem ser discutidas e dialogadas. Isso será feito de maneira que a conversação amplie e estimule o pensamento, para tal a temática deve ser estimulador e amplo. Concordo quando o autor diz que o professor (a) deve priorizar assuntos que crie possibilidades dos alunos estarem refletindo sobre o que estão estudando ou o que      lhes é ensinado.

            Ainda o autor argumenta que para ser trabalhar com palavras geradoras é preciso escolher assuntos que estejam ligados com as temáticas desenvolvidas no decorre do ano letivo não se perdendo de vista os objetivos específicos de cada assunto.

             Na Educação Infantil os temas são trabalhados de modo que a criança desenvolva atos reflexivos como a descoberta das sensações prazerosas, amizade, a coragem-pulsão libertária e a diferença-a pulsão democrática. Creio que a escolha adequada de temas para a conversação filosófica seja de grande importância para todos aqueles que trabalham na educação infantil e educação de modo geral. Temos que relacionar determinado conhecimento com a realidade, com o conhecimento que aluno possui para partir daí a criança possa está desenvolvendo o seu conhecimento de forma coerente e consciente. Por meio da conversação filosófica a criança vai sendo desde cedo estimulada a ter noções de seus direitos e deveres como cidadã, por exemplo. A questionar, perceber a realidade que as cercam.

 

 A INTERVENÇÃO DA PROFESSORA NAS CONVERSAÇÕES

            Para o ato de filosofar é imprescindível a conversação, ou seja, o ato de conversar. Aqui a professora deve estabelecer uma relação coerente e cuidadosa com o fala de outras pessoas. Esta tem que ter o cuidado de organizar o pensamento da criança, o seu discurso e reflexões. Concordo quando o autor diz que para a professora da educação infantil possa esta intervinda é preciso que estas conversem com seus alunos, possibilitando a estes um diálogo filosófico. A professora não pode ficar na sala sem estimular as crianças a perguntarem, a terem dúvidas.

            Outro ponto bem delimitado pelo autor é quando ele diz que a professora é uma autoridade na sala de aula e essa tem que fazer fale o seu papel, dando possibilidades a questionamentos de sua conduta quando for preciso. O ensino de Filosofia pela professora dar condições para que seus alunos possam está, buscando  questionamento próprios,manifeste idéias e pensamentos que  serem  até vagos para a sua faixa etária,porem mais no futuro poderá ganha aprofundamento.

             Com relação a aulas convencionais, o autor argumenta que a professora  deve exerce uma atitude de arbítrio, ou seja,fazer com que regras estabelecidas sejam cumpridas para que o ambiente que essas crianças se encontram  seja agradável a todos a facilitador do conhecimento e da aprendizagem.

            A professora deve buscar procedimentos de organização que viabilizem as dinâmicas convencionais, mostrando para as crianças que terão vantagens. 

            Constatamos que, a principal intervenção das professoras na intervenção das conversações é ir elaborando com as crianças as normas que serão praticadas  e entendidas no decorrer da convivência em grupo e individual pela criança.

            Por meio das dinâmicas convencionais, as professoras desenvolverão mecanismos que desenvolva a apreciação pela conversação. Estas mostrarão as crianças que é muito bom ter o direito de expressar as suas idéias. 

            O que se espera da intervenção real da professora ao ensinar Filosofia para a Educação Infantil é fortalecer o pensamento que a criança tem, estimulando a aprendizagem por si mesmo, de modo correta e coerente. Concordo que a professora não pode pensar no lugar das crianças, dizendo tudo tem que ser realizado como se estas fossem incapazes de pensar. Isso causa na criança falta de autonomia descrença em si mesmo.

            Assim, cabe dizer que a intervenção da professora é a mediação também das falas das crianças diante das questões discutidas e de criar um ambiente significativo para que o desenvolvimento do pensamento e a dinâmica da conversação sejam alcançados.

            Partido disso pensou que a dimensão da intervenção por parte do professor é de fundamental importância de maneira que esta possa está estimulando o pensamento e ensinar aos alunos a enfrentar situações de seus dia-a-dia, nas quais a inteligência rotineira ou mecânica possa ser insuficiente para a aquisição de seu aprendizado. Acreditamos que com a noção desses conhecimentos relacionados a Filosofia podemos está colocando em prática em sala como instrumento para está facilitando o processo pedagógico no ambiente escolar,na educação.  

CONCLUSÃO

 Diante das questões colocadas pelo autor percebemos a importância de se ensinar a Filosofia, e isto deve ser feito desde a primeira infância ou seja na Educação infantil, pois mesmo que muitos educadores pensem que a criança é incapaz de pensar e ser reflexivo o autor mostra que este pensamento está totalmente errado e que realmente devemos levar nossos alunos a refletir por meio do diálogo, cabendo ao educador desenvolver didaticamente as aulas de filosofia de forma a contribuir e facilitar o desenvolvimentos das habilidades filosóficas na criança.