Filhos do Coração

 

            Algumas pessoas já devem ter ouvido esta expressão... “Filhos do coração”. Filho do coração não é aquele filho “preferido da mãe ou do pai”. Filhos do coração é a denominação que algumas pessoas dão aos chamados “filhos adotivos”.

            Esta expressão tem todo sentido, pois não se trata dos filhos gerados no ventre da mãe, mas daquele que foi escolhido pelo coração de quem os adotou.

            Muitas pessoas têm restrições quanto à adoção. Alguns têm o sonho de ter seus próprios filhos, outros recorrem aos tratamentos de fecundação, pois ainda preferem que seu filho seja fruto de seu próprio material genético e tantos outros métodos cada vez mais avançados na medicina para poder ser pais e/ou mães. Costumo aconselhar aqueles que me procuram por ajuda neste sentido, quando percebo, que ainda não estão prontos para serem pais dos chamados filhos do coração que, tentem todas as alternativas, esgotem todas as possibilidades de poderem ter os seus próprios filhos e, se ainda assim, não obtiverem sucesso... Que possam pensar com bastante carinho se haveria a possibilidade de criar, amar e educar um filho do coração tanto quanto fariam como se fosse seu próprio filho.

            Muitas vezes este sentimento de reserva quanto à adoção de uma criança, está ligado ao receio do futuro dessa criança. Se poderá vir a ser um filho problemático. Por vezes, por não conhecerem a procedência dos pais biológicos. Como por exemplo: doenças graves e genéticas, problemas com alcoolismo ou drogas, comportamentais e etc.

"Adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino".

Lidia Weber.

 

Muitos medos e dúvidas permeiam a tomada de atitude de qualquer pessoa na hora de fazer uma adoção. Inclusive, o medo de não conseguir amar como verdadeiros pais uma criança adotada. A este respeito, afirma a especialista Cintia Liana que:

“Seja na maternidade ou no abrigo, o vínculo se concretiza com a primeira apresentação”. Não existe diferença entre o vínculo materno biológico e o vínculo materno adotivo. Todas as crianças só se tornam filhos se, de fato, são acolhidas, consideradas, ou seja, adotadas.

É isto mesmo que você entendeu... Até mesmo o filho natural precisa ser adotado e, nós temos conhecimento de muitos casos em que quando essa adoção de fato não se realiza no primeiro contato ao nascimento do bebê, acontece o que chamamos de “rejeição”. Este fato, não é desconhecido, pois acontecem muitos casos em que as mães abandonam seus filhos das mais variadas formas, até que os mesmos sejam encontrados por outras pessoas, ou não...

“O pré-requisito para uma adoção de sucesso é o desejo de amar”. Cintia Liana.

Existe ainda, outra grande dúvida quanto ao que fazer ou dizer quando a criança começar a fazer perguntas sobre a sua história, sobre seus pais biológicos etc. Primeiro é preciso ir informando a essa criança como ela chegou à vida desses pais. Nunca omitir ou mentir em relação a isto, mesmo que seja muito difícil. Haverá, sempre, a possibilidade de este filho descobrir sozinho a sua verdadeira origem. E, dessa forma, ocorrer à quebra dos laços de confiabilidade deste núcleo.

Outro ponto importante... A maioria dos filhos do coração vai querer saber não somente a sua história, como conhecer quem foram seus pais biológicos. É fato.

No entanto, este fato não deverá causar pânico, por tratar-se apenas de uma questão de entender o que aconteceu e reconhecer-se, apropriar-se de sua verdadeira identidade.

É muito importante que esta criança seja tratada normalmente, como qualquer outra, sem nenhuma restrição, vantagens ou favoritismo. Afinal o que ela tem de diferente é que nasceu do coração e não do ventre da mãe atual, nada mais. Contudo, é preciso que os pais tenham o conhecimento que o filho do coração, por si só, poderá sentir-se diferente e ser uma pessoa um pouco mais difícil de lidar: "Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac

Edjane Aniceto da Rocha.