Filhinho do Papai e da Mamãe

Antônio Padilha de Carvalho

Não dividia os seus brinquedos, os pais orgulhavam do seu egoísmo;Era filhinho da mamãe.

Batia em todos os seus amiguinhos, ocasionando risos daqueles que o achavam muito forte e destemido; Era filhinho do Papai.

Pulou o portão de sua casa para roubar a bicicleta do vizinho, o pai era rico, podia comprar a fábrica de bicicletas; Na delegacia os próprios policiais falaram: O menino é gente boa, não fez por maldade... Era filhinho da Mamãe.

Nos primeiros dias da juventude foi apanhado com maconha e os seus olhos estavam vermelhos, seu caminhar lento, largadão... A polícia foi entregar o garoto em casa... não existia celas para todos jovens. Era filhinho do Papai.

Casou-se na adolescência, euforia total. Divorciou-se em tempo recorde com apoio da família. Era o filhinho da Mamãe.

Entrou no mundo das drogas, bebia em demasia, fumava destabelado, vivia a sexolatria, cheirava em escala industrial, brigava, quebrava tudo, era o tal.

Clínicas e mais clínicas de nada adiantou, psicólogos, psiquiatras, drogas medicamentosas... No manicômio ouvem-se gritos animalescos diuturnos: - Eu sou filhinho do Papai... eu sou filhinho da mamãe, tirem-me daqui!

Ele não sabe que foram eles que o colocaram ali.