FACULDADES BATISTA DO PARANÁ

MESTRADO PROFISSIONAL EM TEOLOGIA

FICHA DE LEITURA

Professor:Antônio Renato Gusso.

Disciplina:Leitura e interpretação.

Mestrando:Claudio José Bezerra de Aguiar.

  1. 1.      ANOTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA:

LOPES, Augustus Nicodemos. A Bíblia e seus interpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura cristã, 2007.

 

 

  1. 2.      CONTEÚDO RESUMIDO DA OBRA:

A presente obra trata da história da interpretação. Dando início com a problemática de distanciamento histórico, cultural, físico e idiomático existente na interpretação. Passando para as fontes utilizadas pelos próprios autores da bíblia no momento da edição de seus escritos. Em seguida são apresentadas as interpretações existentes no Israel pós- exílico, como os rabinos empregavam o midrash, midrashim, mishma, talmude e o peshat. Foi observada a interpretação da comunidade de Qumram, a interpretação de Filo e Flávio Josefo juntamente com suas influências sobre os pais da igreja e as duas escolas posteriores, Alexandria que se fundamentou pela alegorização, e Antioquia que deu os primeiros passos da interpretação histórico-gramatical. Uma ênfase foi atribuída na forma como os autores do Novo Testamento interpretaram o Antigo Testamento. Continuando com a interpretação realizada pelos pais da igreja e a influência da escola de Alexandria na idade média. Depois se tratou da busca pelo retorno para centralidade das escrituras no cristianismo, com o movimento da Reforma, introduzindo uma analise interpretativa dos escolásticos, puritanos e o movimento católico da pós- reforma. Na idade Média a influência interpretativa foi o iluminismo, representado por cristãos filósofos que tentaram criar uma ponte entre fé e razão. No entanto recorreram para razão e deixaram e fé de lado, passando a rejeitar tudo que não entrasse no crivo da razão. No final são tratadas as interpretações pós- modernas. Estas partem do relativismo secular para as escrituras, e buscam o ecumenismo. Suas interpretações se tornam semelhantes a de Filo de Alexandria.

  1. 3.      AVALIAÇÃO CRÍTICA DA OBRA:

3.1  Avaliação de questões de forma:

 

O autor apresenta os temas de sua obra em ordem cronológica seguindo uma linha raciocino coerente. Com sua apresentação facilmente o leitor é levado a concordar ou apenas entender qual é o objetivo do autor. Seus posicionamentos estão bem embasados seguindo um padrão acadêmico.

 

 

 

3.2  Avaliação de questões de conteúdo:

O autorexpõe um tema central conforme sua obra sugere, uma análise dos interpretes e das interpretações da bíblia numa forma sucinta. Com esta exibição pretende mostrar a importância e a funcionalidade o método histórico- gramatical. Para alcançar seu objetivo ele mostrou as interpretações que ocorreram no início da história do cristianismo. A alegorização dos textos bíblicos de forma descontrolada serviu de amparo para realização dos desejos humanos e não os desejos de Deus. Para combater estes exageros, a busca pelo que a bíblia realmente tem a dizer começou a trajetória do método histórico- gramatical. Rabinos, Filo e a escola de Alexandria em geral representaram interpretação alegórica. Em reposta a esta maneira de interpretar aparecem a escola de Antioquia e os reformadores. Estes utilizaram os princípios do método histórico- gramatical, mostrando a importância do método para permanência da instituição igreja, como comunidade de fiéis na terra a serviço do reino de Deus. Na modernidade a razão assume o patamar da interpretação. A pós- modernidade o centro da interpretação é o relativismo e uma volta à alegorização. O autor alcança seu propósito mostrando autores que usam o método histórico- gramatical e conseguem manter a unidade da igreja.

3.3  Avaliação de posicionamento:

O autor parte do principio que o método histórico-gramatical é o melhor para se conseguir uma interpretação mais coerente com o que as escrituras diziam e tem a dizer na atualidade. Em sua apresentação conseguiu fundamentar sua posição, mostrando os deslizes da igreja quando não utilizou o método e a conquista quando se utilizou do mesmo.

Concordo com o autor, no entanto entendo que não existe um método inerrante. De modo que todos os métodos tem algo que, se observados com cuidado, podem ser útil para ajudar a chegar melhor ou mais próximo do que realmente a bíblia tem à nos mostrar, posição que o próprio autor vai defender no final de sua obra.

 

  1. 4.      APLICAÇÕES PRÁTICAS DO CONTEÚDO DA OBRA:

 

A obra de Augustus Nicodemos trás uma aplicação muito importante. Os reformadores mostraram a importância da bíblia e a forma de melhor se conseguir usar as escrituras. As pessoas que buscaram levar a sério a bíblia e o que ela realmente tem a dizer sem se deixar influenciar por seus próprios preconceitos foram realmente reformadores. Esta geração precisa de um reforma, e esta obra impulsiona as pessoas a se colocarem como reformadores. Mas fica a pergunta, que são as pessoas que estão dispostas a perder seus prestígios, a saírem de sua zona de conforto, a proclamarem uma volta para o que realmente as escritura tem a dizer para este povo?